Seja porque deixou de ser atrativa ou por descrença na possibilidade de conseguir um lugar, ser professor do ensino básico e secundário deixou de ser uma opção para os recém-diplomados, como mostra o perfil dos candidatos ao concurso para ingresso na carreira docente que está a decorrer. Concorreram 35.698 candidatos e, destes, apenas 13 têm 22 anos de idade.
As contas foram feitas por Arlindo Ferreira, autor do blogue DeAr Lindo, que se especializou em estatísticas da educação. No outro extremo, com 60 ou mais anos, existem 164 candidatos, dos quais quatro concorreram para o pré-escolar e o 1.º ciclo, ou seja, para ensinar os alunos mais novos, e cinco candidataram-se a dar aulas de Educação Física.
No conjunto há mais de 50 mil candidaturas para apenas 100 vagas no quadro. Mas o número de candidaturas não corresponde ao de candidatos, já que estes podem concorrer a vários grupos de recrutamento (disciplinas que vão lecionar). Segundo Arlindo Ferreira, que avalia em 35.698 o número real de candidatos, foram 16.257 os docentes que concorreram a mais do que um grupo.
Entre os professores contratados que se candidataram, o grupo mais numeroso é o dos 36 anos, com 3100 candidatos. Por intervalos etários, é também nesta faixa, entre os 30 e os 39 anos, que se encontram mais candidatos — 21.107. Segue-se o grupo dos 40 aos 49 anos, com 10.360 e, em terceiro lugar, com 2189 candidatos, figuram os que têm entre 22 a 29 anos. Entre os 50 e 59 anos são também quase dois mil.
Durante os últimos anos saíram das escolas mais de 30 mil professores contratados, o que tem contribuído para o crescente envelhecimento do corpo docente, uma das características destacadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) num relatório recente sobre o exercício da profissão. Uma situação que foi retratada assim pelo diretor do agrupamento de escolas Conde de Oeiras, Carlos Figueira: “As salas de professores estão mais velhas e tristes.”
Segundo o CNE, 6% dos educadores de infância tinham, em 2013/2014, menos de 30 anos, enquanto 38% iam nos 50 ou mais. No 1.º ciclo estas percentagens eram, respectivamente, de 1,9% e 32,3%; no 2.º estavam nos 1,2% e 43,5%; e no 3.º ciclo e secundário os mais novos representavam 1,1% do total, contra 37,3% dos mais velhos.
Fonte: Público
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