Por ocasião do Dia Internacional do Asperger que se assinala amanhã, a Associação Portuguesa de Síndrome de Asperger adverte que crianças e jovens com esta patologia são muitas vezes incompreendidos e maltratados na escola.
As crianças e jovens com síndrome de Asperger, uma disfunção neurocomportamental da família do autismo, são muitas vezes incompreendidos e maltratados na escola porque os professores, os auxiliares e os restantes alunos não estão ainda familiarizados com a patologia.
A denúncia parte da presidente da Associação Portuguesa de Síndrome de Asperger (APSA) que, em entrevista à Lusa, por ocasião do Dia Internacional do Asperger, que se assinala quinta-feira, revelou: "Ainda há muitos miúdos que são incompreendidos".
"Algumas [crianças] são alvo de bullying [ameaça ou agressão de forma intencional e repetida] sem sombra de dúvida, não só na violência física, mas na psicológica que é muito pior porque os professores, muitos deles, não estão familiarizados com a problemática ou mesmo que estejam, não são os olhos dos meninos todos no intervalo", adiantou Maria Piedade Monteiro.
De acordo com a presidente da APSA, mãe de um jovem de 17 anos com a síndrome, os doentes de Asperger têm uma grande dificuldade no relacionamento social e na interacção com os seus pares, o que leva a que "qualquer coisa que se lhes faça" tenha repercussões no seu comportamento.
"Basta ser gozado uma ou duas vezes, mesmo em contexto de sala de aula, para nunca mais abrir a boca", exemplificou.
Admite que "às vezes há maus-tratos" sobre estas crianças e jovens e pede "a maior atenção aos pais, educadores, aos auxiliares de apoio educativo".
Em caso de suspeitarem de bullying, os pais devem dizer-lhes que nunca fiquem sozinhos na escola. Que se mantenham perto de um grupo, por muito difícil que seja, ou que fiquem próximos de uma auxiliar de apoio educativo, avisou, recordando que "os olhos dos auxiliares não estão em todo o lado".
Entende, por isso, ser "urgente" que os profissionais recebam formação "consistente e uniformizada", apesar de lembrar que o Ministério da Educação fez "uma grande divulgação e uma grande formação do espectro do autismo e síndrome de Asperger".
Não só para os portadores de síndrome de Asperger, mas para todos os alunos com necessidades educativas especiais, defende que cada agrupamento de escolas tenha "forçosamente" uma equipa multidisciplinar que englobe uma psicóloga e uma assistente social.
"Isto é fundamental porque vivemos hoje uma juventude muito, muito problemática em termos de comportamento e as famílias precisam de ajuda para se estruturarem", sublinhou Maria Piedade Monteiro.
Segundo a presidente da APSA, a síndrome de Asperger manifesta-se "por alterações sobretudo na interacção social, na comunicação e no comportamento", é de transmissão genética, afecta maioritariamente rapazes e são cerca de 40 mil as pessoas em Portugal que têm esta patologia.
Os sintomas podem passar por atraso na linguagem, dificuldade no relacionamento social e na interacção com os pares, dificuldade na compreensão das regras sociais e desajuste social e emocional, dificuldade na expressão não verbal e em compreender expressões faciais, atitudes bizarras ou excêntricas, hipersensibilidade sensorial, entre outras.
A APSA propõe-se esclarecer os pais, tanto através do site www.apsa.org.pt como da linha telefónica, numa entrevista presencial ou até mesmo durante as reuniões mensais, nos primeiros sábados de cada mês, na Junta de Freguesia do Estoril.
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