Afonso, Inês e Rita são hoje os rostos do sucesso do projeto de combate ao insucesso escolar da EPIS (Empresários Pela Inclusão Social). Passaram de um percurso escolar de risco, com notas baixas e desinteresse pelas aulas, para o grupo que mais melhorou as notas. Depois de três anos apoiados pelos mediadores, os três estudantes garantem estar prontos para continuar o caminho das boas notas.
Afonso Azevedo, tem 16 anos, é de Sintra e já decidiu que vai seguir o curso de Design Gráfico, agora que vai começar o ensino secundário. Natural do Barreiro, Inês Gomes, tem 14 anos, e escolheu a área do Turismo. Rita Oliveira, setubalenses de 15 anos, ainda não se matriculou no 10.º ano por estar indecisa entre "receção hoteleira e desporto". A jovem confessa que estava à espera de participar na Expedição EPIS para perceber melhor o que esperar do mundo do trabalho.
Os três fizeram parte do grupo de 50 selecionados entre os 7129 estudantes acompanhados neste ano, para integrar um roteiro pelo mundo das empresas que decorrer na primeira semana de julho. O objetivo desta iniciativa é "premiar os alunos que conseguiram reverter a sua situação de insucesso escolar, proporcionando-lhes o contacto direto com o mundo empresarial e potenciando a descoberta da vocação profissional de cada um".
Uma das empresas visitadas - e que é também a responsável por organizar o jantar que encerra este evento - foi o Pestana Pousada Palmela. "O grupo Pestana entrou em 2015 muito pela meritocracia do projeto", explica Nuno Ferreira Pires, Membro da Comissão Executiva do Pestana Hotel Group. "Este programa tenta atenuar as desigualdades sociais. Queremos garantir que damos um empurrão para que quem, por qualquer razão, nasce num contexto que à partida pode ser uma desvantagem. Fazemos parte ativa do programa e de várias maneiras com as bolsas sociais, os estágios de mérito e depois o voluntariado e com estadias", explica o responsável do grupo hoteleiro.
Além do hotel, outras empresas associadas permitiram a visita às suas instalações como a EPAL, Navigator, Polymer, Repsol ou REN. "Conhecemos os métodos de trabalho", explica Rita. "Na escola Naval experimentámos um simulador, estivemos numa fragata e no centro de comandos", acrescenta Afonso. Uma semana em que os jovens, vindos de todo o país, "passado uma hora já estavam todos a chatear uns aos outros, mas foi muito giro", acrescenta o futuro designer gráfico.
Afonso e Inês chegaram à EPIS depois de querem "saber de outras coisas que não a escola". "Eles fizeram-me crescer, mudaram a minha forma de pensar. Estavam atentos ao que fazia e isso ajudou-me", admite Inês. Na sua opinião, os mediadores que acompanham os alunos, fazem "um controlo, mas é positivo".
Afonso também faz um balanço positivo do trabalho de três anos com a EPIS, embora tenha havido uma fase em que "queria desistir do programa". Já Rita começou a ter ajuda do programa idealizado pelo antigo presidente da República Aníbal Cavaco Silva por causa do contexto familiar. "Não tinha muito apoio em casa e eles fizeram o papel dos meus pais a acompanhar a escola e acompanhavam-me mesmo fora da escola, queriam saber como iam as coisas em casa e os amigos", descreve.
Agora todos chegaram ao sucesso e não querem parar. "Eles não estavam a descobrir a fórmula e que de repente descobriram e depois é mais fácil porque o sucesso é uma coisa viciante", explica Diogo Simões Pereira, diretor-geral da EPIS.
No seu 11.º ano de vida, a EPIS ajudou a recuperar sete mil alunos, um número que o maior projeto privado de combate ao insucesso quer manter. O projeto nasceu para o 3.º ciclo (do 7.º ao 9.º anos), mas neste momento já se estendeu ao 1.º e 2.º ciclos e está presente em 166 escolas públicas. "Fizemos um estudo ao 3.º ciclo e ficou demonstrado que um aluno acompanhado da EPIS aumenta a probabilidade do sucesso escolar ao longo do ciclo entre 11 e 22%", explica Diogo Simões Pereira.
Fonte: DN por indicação de Livresco
Sem comentários:
Enviar um comentário