quarta-feira, 18 de abril de 2012

Infantário num contentor para aproximar ciganos

Em Darque, a escola foi ao encontro das mães e crianças do acampamento cigano e instalou um contentor com duas salas de aula para motivar as famílias a deixarem os menores frequentar o pré-escolar. 


É a materialização do popular ditado, segundo o qual "se Maomé não vai à montanha, vai a montanha a Maomé". Em Darque, o agrupamento escolar instalou, junto às bombas da Galp, à entrada do acampamento, um contentor com duas salas de aula para promover o de-senvolvimento infantil dos mais pequenos e motivar as famílias a deixarem as crianças frequentar o pré-escolar.

Para o agrupamento de Darque, a estrutura - atualmente frequentada por sete crianças e respetivas mães -, apresenta-se como o culminar de trabalho iniciado há perto de cinco anos, em plena comunidade cigana, por Zaida Garcez, educadora recentemente falecida, que proporcionou o primeiro contacto dos mais pequenos com livros e cadernos "junto às barracas, debaixo das árvores, no seio da comunidade".

Apoiada pela Junta de Freguesia, Câmara e centro de saúde local, a proposta surgiu "da necessidade de intervir junto da comunidade cigana, para promover o desenvolvimento infantil das crianças até aos 3 anos", explica a subdiretora do agrupamento, Manuela Seromenho, dando conta de que o contentor foi colocado à entrada do acampamento "para que as famílias possam estar mais próximas, dada a resistência em deixar os filhos sair do seio familiar para a escola".

"Incutir-lhes o gosto"

Mãe do pequeno Leandro, Fátima Robalo, de 24 anos, acanha-se com a pergunta do jornalista e olha para as restantes mães, na maioria muito jovens, em jeito de quem procura consentimento. Quando este lhe é dado, não se inibe de responder e dizer que o tempo que ali passa com o filho "será muito bom para ele, no futuro". Livros, marcadores, jogos e brinquedos espalham-se pela mesa de uma das salas e cativam o olhar dos mais pequenos.

"São materiais que queremos explorar com as crianças e com as mães, para incutir- -lhes o gosto", refere Marisa, a educadora que acompanha as famílias, considerando "diferente" o trabalho por si desempenhado: "Aqui, estamos em contacto permanente com as mães, o que é uma mais-valia". Ao lado, Alexandra, de 23 anos, mãe de uma menina com dois anos e meio, acrescenta: "Se não fosse este espaço, as crianças não saíam do acampamento. Era muito difícil".

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