Um autista de 18 anos foi "torturado" com choques elétricos durante sete horas, numa escola do ensino especial nos EUA. André McCollins foi, ainda, privado de comida e bebida. O vídeo, com imagens que podem ferir os mais sensíveis, chegou agora à opinião pública, após longa batalha jurídica.
André McCollins recusou tirar o casaco ao chegar à Escola do ensino especial Juiz Rotemberg (JRS, na sigla original), em Canton, no estado norte-americano de Massachusets. Em poucos segundos, um funcionário agiu, aplicando um choque elétrico, que caiu no chão, contorcendo-se e gritando de dor.
A recusa em despir o casaco continuou e os choques multiplicaram-se. Uma "tortura", nas palavras da mãe de André McCollins, que durou cerca de sete horas. Longos minutos em que foi recusada ao jovem comida, bebida e até a satisfação de necessidades básicas.
"Uma violação brutal das normas de cuidado", argumentou um dos peritos ouvidos no tribunal, terça-feira, nos EUA. Os médicos citados, a pedido da defesa, consideraram que o jovem poderia ter morrido em consequência dos choques elétricos.
O tratamento a que foi submetido deixou André McCollins, então com 18 anos, incapacitado e em coma, durante três dias, no hospital para onde a mãe o levou quando o foi buscar à escola. Os médicos diagnosticaram-lhe "stress agudo", em razão dos choques elétricos.
Durante o procedimento, André McCollins foi amarrado e enxovalhado, com alguns professores a rir, enquanto o jovem se contorcia de dores. O caso remonta a outubro de 2002, mas o vídeo só agora foi tornado público, após uma longa btalha jurídica, com a escola a opôr-se à divulgação das imagens filmadas pelas câmaras de segurança da JRS.
"Não inscrevi o meu filho na escola para ser torturado, aterrorizado e abusado", disse Cheryl McCollins, a mãe de Andre, citada pelo canal de Bosto Fox25. "Não fazia ideia, nenhuma ideia, que torturavam crianças na escola", desabafou.
Em 2010, a ONU considerou que o tratamento com choques elétricos equivalia a tortura e exortou a administração Obama a acabar com este procedimento, que a escola defende. "É tão ridículo chamar à terapia de aversão da JRC (que é aprovada pelo tribunal, caso a caso) tortura como é considerar o ato de um cirurgião cortar a pele de um paciente com um bisturi um ataque com arma perigosa", justifica a escola, numa resposta escrita enviada ao canal de televisão norte-americano ABC News.
"Se um choque elétrico de de dois segundos numa zona da perna ou do braço pode impedir uma criança com problemas de comportamento de furar os próprios olhos, de arrancar os dentes ou de se deixar morrer de fome, nenhuma pessoa sensível deveria recusar um tratamento tão humano", justifica a JRS. "A alternativa é serem drogados até à insensibilidade, serem amarrados e fechados num hospital mental - o que é, de facto, uma forma de tortura", argumenta a escola.
In: JN online
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