quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Aumentam casos de "bullying" sobre professores e há "sensação de impunidade"

A falta de professores em certas escolas é justificada pelos alunos difíceis que as frequentam, admite à Renascença o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, que denúncia que as escolas não têm mecanismos para travar o mau comportamento dos alunos.


No dia em que chegou aos mais de 800 agrupamentos de escolas o inquérito sobre "bullying" dirigido a professores, a Renascença falou com o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), que sublinha que um estudo deste género tem como objetivo “confirmar aquilo que é a perceção pública”.

Manuel Pereira, que está no setor da educação há mais de 40 anos, não tem dúvidas em afirmar que, “à medida que os anos vão passando, cada vez há mais situações de alunos que faltam ao respeito aos professores e a todos os profissionais de educação em geral”.

Por outro lado, Manuel Pereira refere que, “muitas vezes, os encarregados de educação não tomam as medidas necessárias e, em alguns casos, eles próprios têm dificuldades em proteger-se desse tipo de comportamento dos seus educandos”.

Este diretor não tem dúvidas em dizer que “a situação tem vindo a agudizar-se nos últimos anos, não é geral, mas há muitas escolas onde estas situações acontecem regularmente”.

Nestas declarações à Renascença, este dirigente escolar admite que a falta de professores em certas escolas é justificada pelos alunos difíceis que as frequentam, porque “professores informados não querem trabalhar nessas escolas, porque sabem que é muito difícil trabalhar e que boa parte das aulas são passadas a tentar pôr regras na sala”.

Manuel Pereira acrescenta que “todos nós conhecemos situações destas e percebemos as dificuldades que os professores têm, em alguns casos, em fazer o seu trabalho de forma produtiva”.

Escolas não têm mecanismos para travar o mau comportamento

O presidente da ANDE admite que as escolas não têm mecanismos legais para tomar decisões que possam limitar algum tipo de comportamento menos correto.

A este propósito, Manuel Pereira sublinha que o Estatuto do Aluno “não dá instrumentos às direções das escolas, nem aos professores para poderem tomar atitudes ou decisões que de alguma forma possam limitar algum tipo de comportamentos”.

Este dirigente escolar lamenta que “não haja mecanismos legais para poder parar determinado tipo de mau comportamento nas escolas”, que muitas vezes, admite “é mesmo 'bullying' contra profissionais de educação, sabemos que isso existe”.

Manuel Pereira denuncia ainda a “sensação de impunidade por parte de jovens e às vezes por parte de alguns adultos, que sabem ou que percebem que quase podem fazer tudo”.

Nestas declarações à Renascença, o presidente da ANDE admite que “para além da suspensão que o Estatuto do Aluno permite, quando não há solução e quando os pais não tomam as medidas que devem tomar, aquilo que sobra à escola é apenas entrar em contacto com o Ministério Público. Depois, conclui Manuel Pereira resta “esperar que (o Ministério Público) faça alguma coisa junto das famílias”.

Fonte: RR por indicação de Livresco

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