Em 2014, César Casa Nova ingressou na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), trazendo consigo um sonho e uma determinação inabalável. Surdo e com baixa visão, superou os desafios que encontrou pelo caminho e transformou-os em oportunidades para crescer e inspirar todos ao seu redor.
Tudo começou com a paixão pela Matemática. Encontrou desde logo dificuldades de comunicação que foram barreiras à aprendizagem. “Passei a fazer pedidos de ajudas técnicas para melhorar: de tradução adaptada das intérpretes através da tradução em língua gestual tátil; dos materiais de apoio, tal como um monitor maior para ver bem os programas computacionais nas aulas práticas de Geometria e de outras UCs; de quadros brancos e ampliação de letras/imagens e de mudança de tipos de letras/gráficos nos slides dados pelos professores”, lembra.
No ano letivo em que concluiu o curso, 2020/2021, surgiram novos desafios devido à pandemia Covid-19 e à implementação do Ensino a Distância. Com a ajuda de colegas, técnicos e professores, conseguiu um segundo ecrã para poder acompanhar a intérprete durante as aulas, o que tornou a comunicação mais fácil.
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De forma proativa, durante a licenciatura, César ensinou ainda os estudantes e funcionários à sua volta a comunicarem através da Língua Gestual Portuguesa (LGP). O seu trabalho valeu-lhe a o Prémio Cidadania da U.Porto na vertente Humanitária e/ou Solidária, atribuído em 2020.
O jovem natural da Póvoa de Varzim criou também códigos gestuais para serem usados pelas intérpretes de LGP em Matemática e mais tarde os poderem usar para traduzir para outros surdos e surdocegos.
A paixão por aprender levou César Casa Nova a querer saber mais para poder ensinar Matemática aos surdos e surdocegos mais jovens. Por essa razão, entrou no Mestrado em Ensino e Divulgação das Ciências, concluído recentemente com a defesa de dissertação: “Ensino de Matemática e Inclusão: adaptações curriculares para alunos com necessidades educativas especiais”.
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(Foto: DR)
Durante o seu percurso académico, participou em atividades dentro e fora de Portugal sobre a surdocegueira, tendo, por exemplo, participado, no âmbito do Programa Erasmus +, num workshop realizado na Bélgica.
César Casa Nova tem tido um papel ativo em investigações sobre a surdez e a comunidade surda e lutado por uma causa que lhe diz muito: “o reconhecimento da existência de Surdocegos em Portugal e a possível/futura entrada deles nas escolas Secundárias e Universidades”, bem como “a necessidade de criar condições para a sua Vida Ativa”.
Para o futuro, sonha com acessibilidade laboral e mais inclusão e promete não baixar os braços. (...)
Fonte: Notícias UP por indicação de Livresco
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