A carreira de David Santos é uma demanda por igualdade, ética, inclusão e quebra de preconceitos no desporto. Ser árbitro surdo é espinhoso, mas nem tudo é mau – pelo menos, não ouve os insultos.
A poucos minutos do início de um jogo de futsal, o árbitro David Santos está na zona de acesso à quadra. Encontra-se com os jogadores e informa-os de que é surdo. Nessa medida, solicita que, quando quiserem falar com ele, o façam de frente e de forma pausada – David precisa da leitura labial para entender.
Depois, trata-se de correr de um lado ao outro da quadra de futsal, de apito na mão. Usá-lo para apitos diversos: umas vezes fortes, outras nem tanto – no caso de David, a gestão do jogo e a comunicação dependem ainda mais do uso claro e diferenciado do apito.
Trata-se ainda de ser insultado, mas não ouvir. Comunicar, mas sem verbalizar frases facilmente perceptíveis. Acalmar a ira dos jogadores, mas sem diálogos complexos. Um “tenha calma, senhor jogador. Concentre-se no seu jogo, que eu trato da arbitragem” não faz parte dos predicados de David Santos na gestão de um jogo.
“Eu consigo comunicar verbalmente. Há quem me entenda e há quem não me entenda, devido ao meu sotaque de surdo. Eu sou surdo de nascença, a minha língua materna é a língua gestual portuguesa. Com as mãos também consigo falar, mas há quem me perceba e há quem não me perceba”, explica ao PÚBLICO este técnico de backoffice de farmácia, numa conversa mantida em registo escrito. (...)
Fonte: Continuação da notícia em Público
Sem comentários:
Enviar um comentário