No âmbito do Dia Mundial da Dislexia, dia 10 de outubro, a Associação Portuguesa de Dislexia – DISLEX – alerta para a incapacidade dos professores em identificar e acompanhar os alunos com dislexia. Segundo a Presidente da Assembleia Geral da DISLEX, Helena Serra, “os professores, especialmente os que lecionam no 1º Ciclo, têm de ser formados para saberem lidar com a Dislexia na sala de aula”.
Em Portugal, o único estudo de prevalência da Dislexia, apresentado em 2011, aponta uma taxa de 5,4% de crianças com perturbações da aprendizagem relacionadas com a dislexia. Ou seja, estima-se que haja, pelo menos, um aluno disléxico por turma nas escolas portuguesas e que quase metade das crianças portuguesas que frequentam a Educação Especial – por terem dificuldades específicas da aprendizagem -, são disléxicas.
“Perante estes números, é importante salientar que há ainda muitos casos por identificar e que o único estudo português peca pela falta de representatividade – foram incluídas 1460 crianças, todas do 1º Ciclo. Este é um problema com origem na formação dos professores porque o sistema educativo não prevê um tipo de formação específica de forma obrigatória. Deste modo, muitos casos acabam por ser detetados já numa fase tardia da vida da criança, o que se traduz, posteriormente, em insucesso escolar, em muita frustração, em oposição à frequência da escola, em discriminação por parte dos colegas e em défice de saúde mental”, acrescenta Helena Serra.
Há indicadores que, sendo conhecidos dos docentes, permitem identificar a Dislexia em crianças assim que iniciam o seu percurso escolar, para que possam ser precocemente avaliadas por especialistas. A formação dos professores especializados e de apoio socioeducativo é um fator essencial para garantir uma intervenção adequada nas crianças com dislexia e um acompanhamento que atenue os problemas das crianças com esta condição.
“Só depois da identificação destes casos por parte dos profissionais de educação qualificados é que psicólogos, docentes especializados e terapeutas da fala podem intervir”, reforça, acrescentando que, a par, “os professores em geral necessitam de ferramentas que lhes permitam adaptar os testes e a forma como trabalham os conteúdos com as crianças disléxicas. O apoio ocasional do docente de Educação Especial não é suficiente porque a escola é uma atividade contínua.”
No sentido de contribuir para o aumento da informação e da consciencialização acerca deste tema, a DISLEX vai promover o VIII Congresso Internacional de Dislexia nos dias 1 e 2 de março de 2024, nas instalações da Escola Superior de Educação Paula Frassinetti (ESEPF), parceira da Dislex na organização do evento. Este é destinado a Educadores de Infância e Professores dos Ensinos Básico e Secundário, Professores de Educação Especial, Psicólogos e, ainda, a pais e encarregados de educação. Poderão inscrever-se sócios e não-sócios da DISLEX.
Fonte: Notícias de Coimbra por indicação de Livresco
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