O relatório “Portugal e o Elevador Social: Nascer pobre é uma fatalidade?” foi publicado pela Fundação “La Caixa”, pelo banco BPI e pela universidade Nova SBE. Com base no inquérito às condições de vida e do rendimento de 2019 em Portugal, os investigadores concluíram que “a escolaridade do pai tem um impacto determinante na situação de pobreza dos filhos” quando estes chegam a adultos. Por exemplo, as pessoas cujo pai completou apenas o ensino básico são duas vezes mais afetadas pela pobreza do que aquelas cujo pai completou o ensino secundário.
Na mesma lógica, entre os adultos cujo pai tinha ensino básico, apenas 20% completam o ensino superior. Esta percentagem sobe para 58,5% e 75,6% para adultos com pais com ensino secundário ou superior, respetivamente. Assim, “ter um pai com ensino superior quase quadruplica a probabilidade” de um adulto concluir uma licenciatura, aponta o relatório.
A escolaridade dos pais não é o único fator que desencadeia a pobreza, pois a situação laboral do agregado familiar também é decisiva. O estudo revela que “um em cada quatro adultos que, aos 14 anos, tinham um pai desempregado, é pobre”. No entanto, ter o pai empregado, por si só, não baixa muito a probabilidade de se ser pobre. Tudo depende do tipo de emprego, pois “os filhos de agricultores e de trabalhadores não qualificados têm uma taxa de risco de pobreza três vezes maior do que os filhos de especialistas das atividades intelectuais (22% e 7%, respetivamente)”, sublinha o estudo.
Há ainda outros fatores que podem constituir uma agravante. Os adultos oriundos de famílias monoparentais têm uma probabilidade de 20% de ser pobres, mas os que são oriundos de famílias numerosas estão ainda pior (23%). A falta de contacto com o pai também agrava em 23% o risco de viver na pobreza.
A situação financeira do agregado também é determinante na transmissão intergeracional da pobreza. Um terço dos adultos cuja família não conseguia comprar todo o material escolar aos 14 anos é, hoje, pobre, enquanto que a taxa de pobreza baixa para metade nas restantes famílias. A falta de uma refeição proteica diária também faz aumentar o risco de pobreza de 10% para 22%.
Nas outras variáveis sociodemográficas, destaque para o facto de a nacionalidade ser um fator influenciador (um quarto dos filhos de imigrantes são pobres), bem como o grau de urbanização do concelho onde vivem (os adultos que cresceram em áreas rurais têm maior risco de pobreza).
Hoje é o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, uma efeméride assinalada desde 1987 e que visa sensibilizar os decisores políticos e a sociedade para a necessidade de se adotarem medidas que mitiguem as causas deste problema social.
Fonte: JN
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