O ensino foi um setor que teve de se readaptar, de um dia para o outro, às circunstâncias de uma pandemia. Num dia, as escolas fecharam e todos os alunos foram para casa. No outro, mudavam-se rotinas, alteravam-se procedimentos, implementava-se o modelo de ensino à distância. Se antes, os pais valorizavam sobretudo o esforço dos filhos e o seu envolvimento no processo de aprendizagem, agora o papel dos professores sobressai e ganha pontos.
A importância dos professores sai reforçada, os pais valorizam mais o papel de quem ensina com um valor médio de 4,49 numa escala de 0 a 5. Este é um dos resultados do estudo “O papel da escola e dos educadores”, realizado entre junho e julho deste ano, a mais de 23 mil encarregados de educação. Uma análise promovida pela Iniciativa Escola Amiga da Criança em parceria com a Porto Business School da Universidade Católica do Porto e Faculdade de Psicologia da Católica do Porto.
Os pais consideram, com uma média de 4,05 valores, que o esforço dos professores foi adequado ao ensino em tempos de pandemia e determinante nas aprendizagens dos alunos. Há, no entanto, uma mudança de perspetiva. No ano passado, num outro estudo da Universidade Católica, o destaque era dado a pais e filhos como os maiores responsáveis pela aprendizagem de quem aprende. As atenções viram-se agora também para os professores.
No confinamento, os pais passaram a conhecer melhor o papel do professor e disseram conseguir contactar os docentes com mais regularidade e de forma mais contínua, numa média de 4,07 valores. No ensino à distância, que começou em meados de março, o mais habitual foram as aulas síncronas (27%), o #EstudoEmCasa TV (21%) e as aulas assíncronas (19%). Mesmo assim, houve alunos desligados da escola. Apenas 86% tiveram ensino à distância, os restantes 14% não tiveram aulas.
A maioria dos pais considerou os filhos autónomos na escola, mas admitiu ter dedicado várias horas por dia a apoiá-los no estudo, prescindindo muitas vezes de tempo de descanso. No total, 74% dos encarregados de educação admitiram que a palavra “autónomo” se adaptava ao filho. Quase metade dos pais (45%) garantiu que os educandos precisavam “frequentemente da presença de um adulto” para a realização de tarefas, enquanto outros 31% disseram que os filhos conseguiam realizar as tarefas sozinhos, mas ficavam sempre a aguardar pela “supervisão final de um adulto”. Apenas 24% realizavam as tarefas sem qualquer ajuda.
Auxiliar nas tarefas, gerir conflitos
Durante a pandemia, o mais habitual foi os alunos terem entre duas a quatro horas de atividades escolares por dia. Um em cada quatro alunos (28%) teve entre quatro a seis horas de aulas diárias. E 40% dos pais dedicaram uma a duas horas por dia a auxiliar os filhos nos estudos e 26% dedicaram mais de duas horas à mesma tarefa.
As maiores dificuldades durante esse tempo foram apoiar as tarefas escolares, acompanhar as crianças na telescola, ocupá-las nos tempos livres e gerir os conflitos familiares. O trabalho dos pais passou a ser a tempo inteiro e mais de 80% reconheceram que, no período de confinamento, tiveram menor disponibilidade de tempo para cuidar de si.
“O papel dos professores na aprendizagem dos alunos foi assumido como determinante e, por isso, a sua missão surge agora valorizada”, refere o psicólogo Eduardo Sá, da Iniciativa Escola Amiga da Criança, em declarações à Lusa. “Numa escala de 1 a 5, os pais consideraram que os professores são determinantes na aprendizagem dos filhos, com uma média de 4,54 valores”, acrescenta.
Neste estudo, quase metade dos inquiridos (46%) tinha filhos que frequentavam o 1.º Ciclo, seguindo-se os encarregados de educação de alunos do 2.º Ciclo (20%), do 3.º Ciclo (18%), do pré-escolar (8%) e do Secundário (7%). Nove em cada dez tinham entre 31 e 50 anos, metade entre 41 e 50.
O projeto Escola Amiga da Criança distingue escolas que concebam e concretizem ideias extraordinárias, para um desenvolvimento mais feliz da criança no espaço escolar, e partilha essas boas práticas.
Fonte: Educare
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