O primeiro Observatório para a Sobredotação e Talento pretende identificar os alunos sobredotados e formar os professores para garantir que existe inclusão destas crianças e jovens.
Números exatos não existem. Não se sabe ao certo quantos alunos sobredotados frequentam as escolas portuguesas, mas estima-se que entre 3% a 5% da população tenha esta característica. “Não estão é identificados” estes alunos, alertou ao i Alberto Rocha, presidente da Associação Nacional para o Estudo e Intervenção na Sobredotação (ANEIS), sediada em Braga.
Em Portugal, há poucos estudos sobre as especificidades e sobre as necessidades destes alunos, mas esta é uma realidade que pode mudar nos próximos anos. É que há pouco mais de um mês foi criado o Observatório para a Sobredotação e Talento, um projeto da Associação Nacional para o Estudo e Intervenção na Sobredotação, e o primeiro na área da sobredotação em Portugal. O objetivo é fazer um levantamento das crianças e jovens sobredotados que frequentam os estabelecimentos escolares do país, conhecer a realidade em que estão inseridos e criar mecanismos para garantir a inclusão destes alunos.
No âmbito deste observatório, e até ao final deste ano, a ANEIS espera ter pronto um kit de sobredotado para distribuir por oito distritos. Numa fase inicial, serão distribuídos os kits, em formato tecnológico, pelas escolas de Braga, Porto, Évora, Lisboa, Coimbra, Viseu, Açores e Madeira. “O objetivo é chegar a todas as escolas do país”, explicou Alberto Rocha, acrescentando que o kit é um conjunto de orientações para que os professores consigam identificar os alunos sobredotados. “O kit terá instrumentos de despiste, vídeos de demonstração e exercícios que podem fazer com os alunos. É um conjunto de ferramentas para que os professores possam fazer a identificação”. Com este kit, e feita a identificação dos alunos, a ANEIS espera começar a dar formação aos professores para que estes consigam responder às necessidades das crianças e jovens.
Só depois da identificação, defendeu o presidente da ANEIS, é que podem ser criados os mecanismos certos. Acontece, por exemplo, que “alguns casos são confundidos com hiperatividade” por falta de conhecimento e estes jovens “são incompreendidos”. Alberto Rocha concorda com as medidas e atenção dadas aos alunos com mais dificuldades de aprendizagem, mas alerta para a urgência em criar as mesmas medidas para os alunos que têm mais capacidades. “Devemos puxar os que estão abaixo da média para cima, mas não podemos puxar os que estão acima da média para baixo, para ficarem na média”, explicou.
Fonte: Jornal I
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