Lançado em 2008 pela Associação EPIS - Empresários pela Inclusão Social, o programa de combate ao abandono e insucesso escolar já conseguiu evitar 2270 retenções. De um total de 22 mil estudantes apoiados, cerca de 10% conseguiu transitar de ano, revela ao JN o diretor-geral da EPIS. No total, foram já investidos 46 milhões de euros.
O pontapé de saída deu-se em 2007, focado no 3.º ciclo (7.º, 8.º e 9.º anos). Foram acompanhados 5812 alunos e, desses, 879 transitaram. Em 2010 dá-se o salto para o segundo ciclo e, passados três anos, é lançado um projeto-piloto no 1.º Ciclo. Uma experiência que vai agora ganhar corpo junto de 1300 crianças, dos seis aos dez anos, em 84 turmas de 47 escolas públicas.
"Todos os anos entram cerca de 100 mil alunos no 1.º ciclo e, passados dois anos, cerca de 10% chumbam", estranha Diogo Simões Pereira. Daí a aposta da EPIS nas bases, através de um rastreio pormenorizado aos seis anos de idade e que lhes diz, logo à partida, que 10 a 15% das crianças apresentam fatores de risco, sejam sociais, de aprendizagem ou de saúde. Daí em diante é desenhado um "plano de trabalho para treinar essas zonas, cujo objetivo último é potenciar essas competências o mais rápido possível para que alinhem com os restantes" colegas, explica.
Porque, alerta o diretor-geral da EPIS, "não faz sentido chumbar alunos até aos dez anos de idade". E desmonta: "As crianças não têm consciência da punição. Não existe um efeito positivo. Pelo contrário, tem é um efeito negativo, porque desvincula-os do seu grupo de influência".
Os principais parceiros da EPIS são as autarquias, seguindo-se o Ministério da Educação e as empresas. O processo é relativamente simples. A Associação coloca um mediador - um professor ou psicólogo com formação dada pela EPIS - nas escolas que irá depois aplicar um questionário (com perguntas sobre a escola, a família, o território) à turma. Conforme explica o mediador da Escola do Cerco (ler em baixo), é "a plataforma que diz quem deve ser apoiado". A partir daí é todo um trabalho feito com a comunidade educativa: alunos, professores, pais, diretores, assistentes sociais.
Ao todo, são 143 mediadores em 166 escolas de 27 concelhos do país, a que se juntam 400 voluntários. Do total investido, 12 milhões de euros foram em contexto de responsabilidade social das empresas (financiam, por exemplo, o salário do mediador EPIS). O custo estimado por "novo bom aluno", aquele que passa de ano, anda na casa dos 3600 euros, explica Diogo Simões Pereira. E sempre com o foco nos grupos mais desfavorecidos. O sonho, esse, admite o diretor-geral da EPIS, seria "eliminar o insucesso escolar logo no final do 2.º ano".
Fonte: JN
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