quarta-feira, 25 de junho de 2014

Nove em cada dez professores do 3.º ciclo sente que profissão é desvalorizada pela sociedade

A esmagadora maioria dos professores do 3.º ciclo em Portugal considera que a profissão é desvalorizada pela sociedade. No relatório TALIS (Teaching and Learning International Survey) de 2013, publicado nesta quarta-feira pela OCDE, só 10,5% dos inquiridos portugueses é que acha que a sociedade valoriza quem ensina, quando a média dos 34 países analisados se situa nos 30,9%.

Apesar disso, em Portugal, 70,5% dos docentes considera que as vantagens de ser professor claramente ultrapassam as desvantagens – a média é 77,4%. Questionados sobre se pudessem decidir outra vez, continuariam a escolher ser professores, 71,6% acabou por responder afirmativamente (a média é 77,6%). Mas, mesmo assim, há 44,5% que se pergunta se teria sido ou não melhor escolher outra profissão, contra uma média de 31,6%. E há 16, 2% que se arrepende de ter feito esta opção – neste caso, a média é de 9,5%.

Apesar de se sentirem mais desvalorizados pela sociedade do que a média dos restantes países, estes docentes estão mais satisfeitos com a profissão que têm do que a maioria dos colegas estrangeiros. Em Portugal, 94,1% dos docentes portugueses deste nível de ensino estão satisfeitos com a profissão, sendo a média ligeiramente inferior (91,1%).

Desproporção entre professoras e diretoras

O relatório também indica que o típico professor do 7.º ao 9.º ano em Portugal é uma mulher de 45 anos, com 19 anos de experiência em ensinar e com formação em ensino. E que há uma desproporção entre o número de mulheres professoras e aquelas que são diretoras de escolas. Em Portugal, 73,2% destes docentes são mulheres (a média é 68,1%), mas apenas 39,4% são diretoras de escolas (contra 49,4%).

Em Portugal, a idade das mulheres em cargos de direção nas escolas ronda os 52 anos (nos restantes países, é cerca de 51,5) e têm sete anos de experiência naquela função, quando a média é 8,9. Ou seja, as diretoras são ligeiramente mais velhas e ocupam menos tempo aquelas funções.

Na maioria dos países, os diretores frequentam um programa/curso de formação de professores antes de assumirem o cargo, mas em Portugal 45% dos diretores nunca o fez. E só 40% dizem ter tido formação para a liderança (a média é 67.1%).

Em comparação, a maioria dos diretores está satisfeita com o trabalho que tem – 98,1% para uma média de 95,6% e 30,4% acreditam que ser professor é valorizado na sociedade, sendo a média de 44%.

Dobro do tempo em correções

Os professores também são, em média, mais velhos (44,7 anos) do que nos outros países (42,9) e passam mais anos a ensinar – 19,4 anos para uma média de 16,2. Em Portugal, 82,1% dos docentes completaram estudos ou formação na área da educação, quando a média é 89,8%.

Sobre a gestão das aulas, 75,8% do tempo é gasto de facto a ensinar (a média é 78,7%), o que significa que os restantes 24% são gastos em tarefas administrativas (8%) e a manter a ordem na sala de aula (15,7% contra uma média de 12,7%).

Estes professores portugueses têm uma componente lectiva que ronda as 21 horas por semana, acima da média que é 19 horas, e também passam mais tempo a preparar e planear aulas (nove horas por semana, duas acima da média), e dez horas semanais a marcar e corrigir trabalhos, o dobro da média. Portugal é ainda um dos cinco países em que os docentes que dizem ter mais horas de trabalho são também aqueles que tendem a ter níveis mais baixos de satisfação. Segundo o relatório, a média de alunos em Portugal por escola ronda os mil e é quase o dobro da média.

Quase todos os professores portugueses deste ciclo (99%) acreditam que contribuem para os alunos valorizarem a aprendizagem, o que está acima da média (80,7%) e 97,5% considera que ajuda os estudantes a pensar criticamente (a média é de 80,3%).

Para este relatório, foi selecionada, em cada país, uma amostra representativa que incluiu 200 escolas públicas e privadas, com respostas de 20 professores do 3.º ciclo e diretores em cada uma delas.

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