quarta-feira, 7 de novembro de 2012

“Autorizo as mães de rapazes com paralisia cerebral a levá-los às prostitutas”

Conhecido por levar para o Brasil o debate sobre temas sensíveis, como a possibilidade de abortar fetos sem cérebro, a transexualidade e até o direito ao sexo de quem tem paralisia cerebral, Diaulas Ribeiro assume ser um homem polémico. 

Publico alguns excertos de uma entrevista concedida ao jornal I.


Quando começa a interessar-se pelo direito de quem tem paralisia cerebral ao sexo?
Em primeiro lugar, queria frisar que esta preocupação existe aqui em Portugal. Lembro-me que a SIC fez aqui há uns anos uma matéria sobre isso e eu vim até falar sobre o assunto.

Mas a sua proposta é diferente do que acontece aqui, não são técnicas que sugere, mas sim o direito de essas pessoas recorrerem a prostitutas...
Sim, eu explico. O Brasil tem um crime de que não pretende abrir mão: a intermediação de relações sexuais. Quer haja quer não haja dinheiro. Mas quando o Brasil fez esta lei estava pensando – anos 80 – nos gigolôs, nos homens que exploravam mulheres e viviam da prostituição e até em máfias que ganhavam com isso. Mas uma coisa é você não precisar de um intermediário porque ele explora a vítima, outra coisa é precisar de um intermediário porque de outro modo o homem não consegue chegar na mulher. E é para essas pessoas que eu tenho vindo a trabalhar...

E porquê prostitutas e não técnicas para fazerem esse trabalho?
Bom, temos que ver o contexto. Chegam-me várias cartas de famílias, de mães que querem uma autorização para levar os seus filhos a prostitutas. Para quê isto? Estas mães e pais querem o conforto da legalidade.

E autoriza sempre?
Sim, mas evidente que dos meus enfrentamentos este é o que está tendo os piores resultados, porque não consigo envolver a mulher nos meus debates. Às mães que me procuram eu dou autorização – sem me responsabilizar por gravidez ou doenças –, por isso, o medo de ser apanhado numa batida da polícia deixa de existir. Essa pessoa não será presa. Esta autorização serve mais para o conforto dos pais.

Mas o que idealiza para o Brasil neste campo?
A minha proposta é abrir a discussão, mas há quem defenda que estou a instrumentalizar a mulher. E eu confesso que não estou preparado para esse debate, por isso tenho deixado o assunto em stand by. Se me procuram eu resolvo, mas não consigo ir mais longe sozinho. Até porque entrou o movimento feminista... e aí...


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