O presidente da Associação Portuguesa de Deficientes (APD), Humberto Santos, revelou à agência Lusa que existem 14.000 mil pessoas portadoras de todo o tipo de deficiência inscritas nos centros de emprego e formação profissional do continente.
Em entrevista à agência Lusa, Humberto Santos adiantou que os dados facultados à associação pelo Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP) indicam que existem 14.000 deficientes inscritos nos centros de emprego.
Os dados do IEFP indicam também que em setembro deste ano estavam desempregadas 11.465 pessoas com deficiência enquanto em 2011 eram 10.062 os que não tinham trabalho.
Dos 11.465 inscritos nos centros de emprego do continente em setembro deste ano, 1.755 deficientes que pediram emprego no fim do mês tinham menos de 25 anos, 2.858 tinham entre 25 e 34 anos, 5.361 entre os 35 e os 54 anos e 1.491 mais de 55 anos.
De acordo com os mesmos dados cedidos à Lusa pela APD, dos 11.465 inscritos apenas 578 tinham curso superior, 1.926 tinham o ensino secundário e 1051 não tinham o 1º ciclo do ensino básico.
O presidente da APD disse à Lusa que estes dados não mostram a realidade dos números relativos ao desemprego nas pessoas com deficiência, lamentando que não exista em Portugal dados concretos e credíveis sobre os deficientes que são economicamente ativos nem da sua situação laboral.
"Infelizmente aquilo que posso partilhar é apenas a nossa perceção da situação e de números dispersos que vamos recolhendo ou que nos vão dando conta algumas das instituições e pessoas com quem temos contacto porque na realidade não existem em Portugal dados concretos sobre a taxa de desemprego nas pessoas com deficiência", afirmou.
Humberto Santos contou também que na associação existe há muitos anos uma espécie de banco de emprego, que ajuda a fazer a ponte entre a procura e oferta de trabalho para os deficientes.
"Temos vindo a perceber que as ofertas são cada vez menos, mais esporádicas, mais pontuais. Enquanto há uns anos surgiam-nos muitas propostas agora passam-se meses em que não aparece uma única oferta de emprego", disse.
Na opinião de Humberto Santos, o aumento do número de pessoas com deficiência desempregadas não é uma surpresa porque há muito que são consideradas como última escolha ou porque por lei as empresas da administração pública são obrigadas a emprega-los.
"Os privados não têm a obrigatoriedade de os contratar porque a lei nunca foi regulamentada e não tem qualquer aplicação", disse.
O presidente da APD lamenta que as empresas deste país ainda não tenham percebido que ter pessoas com deficiência nos seus quadros não são um encargo mas sim uma mais- valia.
"Estas pessoas têm fatores multifuncionais. Andam anos a tentar encontrar trabalho e quando o conseguem defendem-no com unhas e dentes, dão o seu melhor", disse.
A agência Lusa tentou obter dados sobre a taxa de desemprego nas pessoas portadores de deficiência junto do Instituto Nacional de Estatística (INE) mas uma fonte daquela entidade disse que os dados que possuem são relativos a 2008, esperando-se números mais atualizados com os resultados dos Censos 2011.
Também uma fonte do Ministério da Solidariedade e Segurança Social disse à agência Lusa estar a aguardar os dados sobre a área dos Censos 2011 para "poderem fazer uma análise resultante do cruzamento que possa efetuar, nomeadamente através do Instituto Nacional para a Reabilitação".
In: DN
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