Os pais de crianças com necessidades educativas especiais da Escola Vasco da Gama, em Lisboa, receberam ontem à noite um e-mail para os avisar de que terão de começar a pagar 10 euros por hora de terapia que os filhos realizem no espaço escolar.
Frederico Wiborg nem queria acreditar quando recebeu a comunicação da direcção da escola. «Há cerca de três anos que a minha filha tem terapia da fala dentro da escola e nunca me tinham pedido qualquer pagamento», contou (...).
Ainda no início do ano lectivo o pai tinha enviado à escola um pedido de autorização por escrito para que a filha de nove anos pudesse usar um espaço da escola para fazer a terapia de que necessita. «E essa autorização foi dada».
Desde que o pedido foi aceite, a criança tem feito as sessões terapêuticas «ou numa sala de apoio ou, quando esta não está disponível, na biblioteca».
O motivo, explica o pai, tem que ver com a compatibilização dos horários escolares da filha com o trabalho dos pais. «Se assim não fosse, tinha de faltar ao trabalho para a levar à terapia e depois voltar a pô-la na escola».
Para evitar várias deslocações e poupar tempo, Frederico paga mesmo «um extra à terapeuta para que esta se desloque à escola».
No e-mail que recebeu, a direcção do Agrupamento Eça de Queirós (a que pertence a Escola Vasco da Gama) explica que considera ser «da sua responsabilidade a rentabilização do espaço público ao seu dispor, razão pela qual irá cobrar 10€/hora pela utilização do espaço usado para a Terapia Ocupacional».
De resto, a direcção explica que o valor em causa é já por si um desconto, já que os pais terão de pagar apenas 10 euros em vez dos «12€/hora que a escola cobra a todas as instituições».
Frederico Wiborg é que não se conforma. «Já pago a terapia, que faz parte do Plano Educativo Individual feito pela escola».
O SOL contactou a direcção do Agrupamento de Escolas Eça de Queirós que disse não estar disponível para prestar esclarecimentos sobre este assunto.
In: Sol online
Comentário:
Creio que a escola, embora tenha autonomia para gerir e rentabilizar os espaços, está a omitir-se da responsabilidade de criar as condições e assegurar a prestação do apoio de terapia da fala.
Como refere a notícia, o programa Educativo Individual foi aprovado pelo Conselho Pedagógico e homologado pelo Diretor. Deste modo, compete à escola assegurar a implementação das medidas e dos apoios previamente estabelecidos e aprovados.
5 comentários:
O dinheiro que o estado poupava se tivesse as terapias na escola em vez dos alunos irem ás clinicas privadas é incalculável e para os pais era uma mais valia porque evitaria as perdas de tempo. No momento atual, pagamos todos com os nossos impostos para os alunos serem atendidos em clinicas privadas que por sua vez recebem quantias elevads da Segurança Social. A maioria das vezes não se sabe como funcionam essas terapias porque não há articulação com a escola.
João, não queres escrever um artigo sobre este assunto para o Público? Na verdade, a não ser os pais das crianças com N.E.E, quase ninguém conhece este gasto de dinheiros públicos....uma vergonha...todos os alunos deveriam ter estes serviços na sua escola com técnicos colocados pelo Ministério da Educação. O Estado pouparia uma "pipa" de massa.
Desculpem, esqueci-me de referir que as terapias são todas "gratuitas", (pagas pela Segurança Social ás clínicas) para todos os alunos os alunos que integram o Decreto-lei 3/2008 e cujas famílias tenham recursos económicos baixos. Ora pela minha experiência uma grande parte dos alunos que estão abrangidos incluem-se neste grupo. Assim, seria muito mais rentável para o estado, que pouparia milhares de Euros, e serviria melhor os alunos se colocassem estes profissionais nos Agrupamentos de escola.
Olá Nelya
Estou completamente de acordo com os comentários. Posso confirmar tudo isso pela minha experiência! Ficaria mais barato ao estado se os apoios fossem prestados ou pelos CRI's ou pela colocação dos técnicos nos agrupamentos. E seria mais rentável para os alunos!
Olá João, todos colegas partilham desta nossa opinião não sei é se o Ministério da Educação tem conhecimento destes dados. No meu Agrupamento é uma série de alunos que andam nas terapias e raramente existe articulação com a escola.
Conheço muitos alunos que faltam ás terapias imensas vezes, não sei como se organizam estes pequenos "lobbies"...
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