Há computadores e papéis em cima das mesas de trabalho. E há máquinas que se mexem sozinhas, comandadas por processos complexos mas que têm uma missão bem definida. Um grupo de investigação da Universidade do Minho e a Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Braga andam concentrados num projeto para a utilização de robôs como meio de comunicação e interação com alunos autistas. A aplicação de ferramentas robóticas para melhorar a vida social de alunos com autismo, melhorando as suas habilidades de interação e comunicação com pessoas e em contextos diferenciados, é o grande objetivo de todos os envolvidos nesta operação.
Os resultados obtidos até agora dão conta da relevância da utilização de robôs como mediadores nessa delicada interação. A robótica da Universidade do Minho está assim ao serviço da comunidade e as experiências confirmam que o projeto está no bom caminho. Há alunos autistas que já conseguem realizar novas tarefas como, por exemplo, sentarem-se num local diferente para brincar com o robô ou realizarem uma atividade com outro colega, como o tinham feito com o robô. E essas atividades pretendem incentivar os jovens a interagir e a participar em jogos e iniciativas em conjunto com outras pessoas e não apenas na sala de aula. O processo de conhecimento não para e estão já a ser estudadas novas formas e plataformas mais robustas e com maiores capacidades para interagir com alunos autistas em idade escolar.
Os conceitos estendem-se a outros ambientes e um dos objetivos passa por melhorar a relação com a família. Uma das mais-valias do projeto da Universidade do Minho reside precisamente em trabalhar com contextos diferentes e que permitam o envolvimento das famílias, que assim participam no processo e acabam por beneficiar de uma transferência de competências e de rotinas fundamentais para o contexto familiar.
A equipa anda satisfeita. "Tendo por base a interação, a comunicação e a vocalização, definimos atividades muito simples, com competências bem definidas que quisemos ver desenvolvidas, registando-se a realização de novas tarefas pelos alunos com este tipo de problema, como por exemplo o facto de se sentarem num local diferente na sala de aula para brincar com o robô ou realizarem com outro colega uma atividade previamente realizada com o mesmo robô", adianta Filomena Soares, investigadora responsável pelo projeto, num comunicado enviado à imprensa.
A ideia nasceu a partir dos contactos com a APPACDM de Braga, que tinham sido essenciais e continuam a ser. Constatou-se que havia terreno favorável para que o estudo, apoiado em duas teses de mestrado em eletrónica industrial, avançasse. O papel da APPACDM tem sido fundamental, nomeadamente no que diz respeito ao envolvimento familiar. "Revelou-se determinante o papel da APPACDM, que acabou por facilitar a interação que proporcionou contactos durante o projeto, assim como uma ação de divulgação e partilha onde todos participaram", sublinha Filomena Soares.
O projeto tem pernas para sair de Braga e chegar a outras cidades. O Ministério da Educação serviu de ponte e entrou em contacto com outras unidades de ensino estruturado que podem juntar-se à APPACDM de Braga. Além de Braga, o grupo de investigadores do Minho irá trabalhar, por agora, com utentes de Arouca, Barcelos e Leça da Palmeira.
A equipa deste projeto Robótica-Autismo é constituída por três investigadores e um doutorando da área de engenharia eletrónica industrial, mais um investigador da área de educação, um mestrando de engenharia biomédica, uma psicóloga da APPACDM de Braga e ainda dois bolseiros de investigação.
In: Educare