A Confederação de Pais confirmou, este sábado, as denúncias feitas pela Federação Internacional da Diabetes - Região Europa de discriminação de crianças diabéticas em algumas escolas portuguesas.
Em particular, a Confederação das Associações de Pais (CONFAP) aponta os casos de duas crianças, de oito e 13 anos, de escolas das zonas de Gaia e Setúbal, alegadamente discriminadas por serem diabéticas, tendo um dos alunos ameaçado suicidar-se por não aceitar a situação.
"Estes foram os casos que nos chegaram, mas estou convencidíssima que existem muitos mais", disse Maria José Salgueiro, da CONFAP.
Contactada pela Agência Lusa, fonte do Ministério da Educação e Ciência explicou que "este tipo de situações deve ser comunicada às direcções regionais de educação para posterior averiguação e tomada das diligências consideradas adequadas".
"O Ministério da Educação e Ciência promove a igualdade de oportunidades de crianças e jovens", acrescentou a tutela.
Segundo a responsável da CONFAP, nestes casos, "o que se passa é uma falta de conhecimento, de boa vontade e falta de ligação entre equipas, nomeadamente com os centros de saúde".
Casos em Gaia e Setúbal
Numa das escolas onde ocorreu um dos casos, "havia uma desresponsabilização completa". "É uma menina de oito anos que já fazia a injecção, já se auto-injectava, mas precisava que alguém durante o dia fosse ajudando no controle" da medição dos níveis de açúcar no sangue.
"Ninguém na escola queria assumir essa função, o que se tornou um bocadinho dramático para os pais. A mãe estava a pensar deixar de trabalhar e ficar à porta da escola para garantir a vida da filha", disse Maria José Salgueiro.
A criança estava, inclusive, "impedida" de participar em passeios e visitas de estudo, acrescentou.
Na sequência de reuniões com a direcção da escola, associação de pais, centro de saúde e delegado de saúde "conseguiu chegar-se a um entendimento. A escola não necessita de injectar a menina, basta que colabore no controle" do seu estado de saúde, explicou.
Outra situação que a CONFAP ainda está a acompanhar está relacionada com um rapaz de 13 anos que "já foi parar várias vezes ao hospital em coma".
"É um caso dramático, porque era também vítima de 'bullying', o que obrigou à sua transferência para outro estabelecimento de ensino. O rapaz não queria ir à escola e chegou a dizer à mãe que se queria matar. É uma criança muito deprimida e revoltada com a sua doença", disse a mesma responsável.
Maria José Salgueiro lamentou que na escola "ninguém se tenha preocupado com a parte emocional daquela criança. Pelo contrário, preocupavam-se apenas em puni-lo sempre que extravasava a sua revolta".
No estabelecimento de ensino que o acolheu, "as coisas estão a correr melhor" disse, considerando que "os professores não têm de saber dar injecções, mas devem ajudar os seus alunos com os meios que tem à sua volta, como os centros de saúde, por exemplo".
Dia Mundial assinalado segunda-feira
Numa declaração enviada à Lusa, a propósito do Dia Mundial da Diabetes, que se assinala segunda-feira, o presidente da Federação Internacional da Diabetes (IDF) - Região Europa, João Nabais, defendeu que "a discriminação das crianças com diabetes é alarmante e uma realidade que ainda existe".
"Os problemas vão desde a recusa no acesso a creches ou escolas pré-primárias ou não dar as condições necessárias para a administração de insulina ou a medição dos níveis de açúcar no sangue, passando pela exclusão nas actividades desportivas e viagens escolares", acrescentou.
In: JN online
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