segunda-feira, 6 de abril de 2009

Fechado em casa por falta de rampa à porta

Progenitor chamou a atenção de encarregado de obra, que lhe deixou degrau de cimento à porta.
É num misto de revolta e indignação que Domingos Ribeiro, residente em Aldoar há quatro anos, vê a evolução das obras que estão a ser feitas, desde Julho, nas diversas fachadas do bairro. O problema adensou-se na passada sexta--feira quando, ao final do dia, se apercebeu que junto à sua porta, com o piso ainda em terra batida, não ia ficar nenhuma estrutura que facilitasse a saída em cadeira de rodas do seu filho, de 23 anos.
"Fui alertar o encarregado da obra que não podia passar o fim-de-semana sem uma rampa junto à minha casa, porque assim o meu filho não conseguia sair. Mas, ainda fui gozado", desabafou, ao JN, Domingos Ribeiro, que tem intenção de apresentar hoje uma queixa ao provedor do Deficiente.
Domingos explicou que convive com "as dificuldades de mobilidade" do filho Aníbal "praticamente desde a sua nascença".
Por isso mesmo, depois de ter vivido muitos anos "numa casa pequenina" nas Antas, a Câmara do Porto arranjou-lhe uma habitação, num rés-do-chão, disponibilizando-se a autarquia para fazer "as adaptações necessárias na casa de banho".
"Não tenho razões de queixa da Câmara do Porto", sublinha o progenitor, enquanto aponta responsabilidades para o encarregado da obra. "Sinto-me muito magoado, porque quando disse que ia fazer queixa ao Provedor do Deficiente, o responsável da obra perguntou, com ar de troça, se não queria que ele me levasse lá", afirmou Domingos Ribeiro.
O pai de Aníbal esclarece que "também a vizinha, de 78 anos, que anda com a ajuda de duas muletas, não consegue sair de casa".
Aliás, a única solução deixada à porta do prédio onde reside Domingos, com o piso ainda a baixo do nível das tampas de saneamento, é um bloco em cimento, com pouco mais de 20 centímetros de largura, que cumpre provisoriamente o papel de degrau.
Também por isso as saídas de Aníbal não existem. O pai Domingos diz que "tem medo" de forçar a descida da cadeira de rodas, porque o filho "pode cair". Seja como for, uma solução vai ter que ser encontrada, porque Aníbal só esta semana vai ter que ir "quatro vezes ao hospital".
Comentário:
Ainda existem muitas barreiras culturais a ultrapassar para se criar uma sociedade inclusiva!

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