A presença de psicólogos escolares nas escolas públicas portuguesas é uma questão que continua a suscitar preocupações.
Em 2023, o rácio de um psicólogo escolar para cada 1000 alunos na rede pública revelou-se insuficiente, ficando aquém das recomendações da National Association of School Psychologists (NASP), que recomenda um profissional para cada 500 a 700 alunos.
Esta disparidade entre a realidade portuguesa e as orientações internacionais levanta questões acerca da qualidade do apoio psicopedagógico disponibilizado no ambiente escolar devido à falta de tempo que o profissional poderá fruir para ajudar o estudante.
A falta de psicólogos escolares nas escolas públicas não é apenas uma estatística, é um obstáculo palpável que afeta diretamente a qualidade do ensino. Com uma capacidade limitada, estes profissionais encontram-se impossibilitados de oferecer o apoio necessário a alunos, professores e famílias, sendo resultado disso uma lacuna na resposta às necessidades emocionais, sociais e académicas dos estudantes.
A sobrecarga destes profissionais é evidente, uma vez que a procura por serviços psicopedagógicos está em crescimento. A natureza multifacetada do seu trabalho exige uma atenção individualizada, mas a falta de recursos humanos impede que cumpram plenamente este propósito.
Desde a avaliação de necessidades especiais até ao apoio na gestão do stress escolar, os psicólogos escolares desempenham uma função irreplicável que vai além da sala de aula convencional.
Apesar destes desafios, é vital reconhecer o papel fundamental que os psicólogos escolares desempenham na promoção do sucesso educativo e do bem-estar psicológico das crianças. O seu trabalho não se limita a questões académicas, estende-se à construção de um ambiente escolar mais inclusivo, saudável e favorável ao desenvolvimento integral dos estudantes.
A importância de uma presença significativa de psicólogos escolares não reside apenas na resolução de problemas existentes, mas também na prevenção de futuros desafios. Ao oferecerem apoio atempadamente, podem identificar sinais precoces de dificuldades académicas, emocionais ou comportamentais. Esta intervenção precoce não apenas melhora o desempenho académico, mas também contribui para o crescimento emocional e social dos alunos.
Investir na presença de psicólogos escolares não é apenas uma decisão pragmática, como é um compromisso com o futuro das gerações vindouras. Estes profissionais capacitam os estudantes a superar obstáculos, promovem uma cultura de respeito e compreensão nas escolas e fornecem às famílias o suporte necessário para enfrentar os desafios educativos.
O futuro governo deve, portanto, ter um Ministro da Educação atento à globalidade dos recursos humanos e consequentemente considerar a ainda insuficiência de psicólogos escolares como um desafio para a legislatura. Investir nestes recursos humanos deve ser percebido como uma afirmação do compromisso governativo com a qualidade do ensino e o bem-estar dos jovens.
Diogo Fernandes Sousa
Fonte: ovar news por indicação de Livresco
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