A coordenadora da Unidade de Neurodesenvolvimento do serviço de pediatria do Hospital de São João, no Porto, Micaela Guardiano, alerta que os problemas relacionados com a linguagem e aprendizagem são cada vez mais comuns, e que a subida no número de casos não se explica apenas por uma melhor capacidade de diagnóstico. São também consequência do uso excessivo dos dispositivos digitais.
"A pandemia foi um período muito crítico e recebemos uma menina com cerca de 18 meses, que veio com atraso de linguagem. Era uma menina não verbal, não estabelecia contacto com os cuidadores, não reagia ao nome, não tinha um brincar simbólico. Portanto, havia ali vários sinais de alarme em termos do desenvolvimento psicomotor saudável", conta Micaela Guardiano.
“Esta menina foi orientada para intervenção terapêutica logo na primeira consulta e foi dada indicação aos pais de retirada da exposição aos ecrãs. A verdade é que a menina passava muitas horas exposta a ecrãs", explica a médica pediatra.
"Seis meses depois, numa consulta de reavaliação, eu vi a mesma menina totalmente normal.
A principal intervenção que a mãe fez com esta criança pequena foi brincar muito com ela todos os dias. E de facto a criança normalizou totalmente”, conclui a coordenadora da Unidade de Neurodesenvolvimento do serviço de pediatria do Hospital de São João, entrevistada no âmbito da Grande Reportagem SIC “Agarrados ao Ecrã”, que será transmitida no Jornal da Noite esta segunda-feira, 8 de janeiro.
Grande Reportagem “Agarrados ao Ecrã”
Na Grande Reportagem SIC “Agarrados ao Ecrã” fomos perceber qual o impacto que o uso dos dispositivos digitais tem na saúde, no cérebro e no desenvolvimento.
Os telemóveis são, hoje em dia, quase um prolongamento do corpo. As novas gerações nascem e crescem cercadas por ecrãs, e soam constantes alarmes sobre os riscos desta exposição.
O tempo que as crianças dedicam aos dispositivos digitais contraria, de forma clara, as recomendações da Organização Mundial da Saúde, e os conteúdos aos quais os mais novos estão expostos são muitas vezes desadequados para o seu nível de desenvolvimento.
Os problemas relacionados com a linguagem e aprendizagem são cada vez mais comuns. Especialistas alertam para o facto das crianças estarem mais agitadas e terem mais dificuldade em conseguir estar atentas. Aumentaram também os casos de obesidade e ansiedade entre os mais novos.
Várias escolas já proibiram o uso do telemóvel nos intervalos para promover o convívio entre os alunos e a atividade física.
Por outro lado, ouvem-se argumentos sobre os benefícios da utilização da tecnologia, nomeadamente como ferramenta de ensino. Em todo o mundo pediatras, psicólogos e cientistas debruçam-se sobre o tema.
Fonte: app sic noticias por indicação de Livresco
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