Simone tem sete anos e, ao contrário de grande parte das crianças com a mesma idade, não vai à escola. São as aulas que vão até ela. Ou melhor, não vão. Aprende livremente, por iniciativa própria. Os seus dias passam entre brincadeiras com o irmão Henrique, de 3 anos. Gosta de escrever e tocar piano. Às vezes, quando a vontade espreita, ajuda a mãe, Lara, nas tarefas domésticas, corta os legumes para salada ou cozinha a bolonhesa para o almoço. Legal e oficialmente, a família segue o ensino doméstico. Na prática, são unschoolers. A desescolarização (uma tradução literal de unschooling) “é o respeito total pela aprendizagem autónoma”.
Os Ferreira moram na zona de Coimbra. Mudaram-se há pouco mais de um ano e fugiram da cidade para o campo. A chegada da família à casa nova coincidiu com a entrada de Simone para o primeiro ano e com a reestruturação da rede escolar, em que as escolas com menos de 21 alunos foram encerradas. Lara não queria que Simone “fosse para uma escola grande, de cento e tal alunos”. Além disso, não estava muito contente “com o que era ensinado” nem com o grande distanciamento entre o que se aprende na escola e o que é realmente a vida.“Não vejo na escola conhecimento a ser realmente útil. Desconfio que chegamos ao 5º ou 6º ano e não precisamos de mais nada da matemática. Obviamente, há profissões que exigem mais matemática, mas aí isso chegaria na faculdade. Por exemplo, sabemos que a Constituição foi feita no ano tal mas alguém sabe o que está lá escrito? O que fica para utilizarmos no dia a dia? A maior parte das coisas que hoje uso e o meus valores aprendi-os por auto pesquisa ”, justifica a mãe das duas crianças.
Uma coisa levou à outra, e Lara pediu uma licença para assistência ao filho e ficou em casa a educar Simone e Henrique. É, explica, uma forma de “escapar a uma sociedade que está toda mal”, em que considera que “não há tempo”, “há filas para tudo”, “há muita expectativa em relação às crianças” e “não se vive o presente”.
UMA REAÇÃO A UM SISTEMA QUE JÁ “DEVIA TER FECHADO PARA OBRAS”
Tal como uma criança em ensino dito normal, Simone está matriculada na escola. Na altura de preencher os papeis foi quase tudo igual, exceto duas coisas: a mãe colocou uma cruzinha na opção “Indiv./Dom.” [ensino individual/ ensino doméstico] e entregou o seu certificado de habilitações.
Qualquer progenitor pode tornar-se o “responsável pelo percurso educativo em ensino doméstico”. Basta apenas que o adulto tenha um grau superior ao que leciona. Por exemplo, para a criança fazer o ensino primário em casa, o responsável tem de ter pelo menos o quinto ano. Já no caso do secundário, o adulto terá de ter formação superior. É possível fazer os 12 anos da escolaridade obrigatória em casa.Por norma, o ensino doméstico pressupõe que as aulas sejam dadas em casa. Mas no caso de Simone, Henrique e Lara, estas não existem de todo. Seguem a vertente do unschooling. “É viver a vida sem que a escola seja a única coisa que importa na vida deles. Estão o dia todo em atividades lideradas por eles ou então participam em outras comigo. Não faço nem replico a escola em casa”, explica Lara.
As crianças aprendem de uma forma natural, em que o “foco é dado à cooperação, e não à coerção”. A aprendizagem acontece envolvida na vida real, resulta de experiências reais e da motivação de cada criança.
Os especialistas parecem estar de acordo: ir à escola é (quase) sempre o melhor. Embora admitam que para algumas crianças, as pedagogias alternativas possam ser uma “escolha mais viável”. Mário Cordeiro, membro da Sociedade Portuguesa de Pediatria e da British Association for Community Child Health, considera que alguns pais possam “desconfiar da escola” ou acreditam que “uma filosofia de 'regresso aos básicos' é mais eficaz”. “São opções e, porventura, os resultados até podem ser bons”, defendeu.
O psicólogo Eduardo Sá é mais definitivo nas palavras: “Não acho que os benefícios sejam tão maiores que os custos que justifiquem medidas destas. Tenho noção da preciosidade que significa ter aulas e professores mas também tenho a noção que o recreio é uma escola de vida absolutamente fantástica”. benefícios sejam tão maiores que os custos que justifiquem medidas destas. Tenho noção da preciosidade que significa ter aulas e professores mas também tenho a noção que o recreio é uma escola de vida absolutamente fantástica”.Se, por um lado, existe a “ideia demasiado tecnocrática da educação”, o unschooling surge no extremo oposto, com uma visão “aparentemente muito ecológica, em que as crianças parecem ter o direito a uma liberdade sem limites ”. Eduardo Sá defende que “estes dois extremos tocam na mesma questão”: a necessidade de repensar a escola como hoje se conhece.
“Compreendo que a determinada altura haja muitos pais – e fico contente com isso - que comecem a desenvolver o seu direito à rebelião: queremos uma escola mais viva, menos tecnocrática e mais humana”, sublinha o psicólogo, que receia que o unschooling possa ser uma “reação extrema” ao sistema de ensino português, que, em jeito de brincadeira, diz, já “devia fechar para obras”.
“Há razões para debater até às raízes o sistema educativo, que muitas vezes é um sistema formal, massificante, aborrecido e que desperdiça tempo precioso das crianças – em muitas escolas, o verdadeiro tempo de aprendizagem é o recreio”, acrescenta o pediatra.
HÁ CADA VEZ MAIS “EXPLORADORES MULTIFACETADOS”
No último ano, o número de crianças em ensino doméstico quase triplicou (os dados disponibilizados são apenas referentes ao ensino doméstico, não sendo possível apurar quantas são as famílias em unschooling). Se em 2014/2015 eram 199, em 2015/2016 esse número aumentou para 564. Segundo dados do Ministério da Educação, este é o ano com mais alunos em ensino doméstico desde 2012.
No entanto, Sofia Gallis, do Movimento Educação Livre (MEL), acredita que estes números não correspondem à realidade. São muito mais, defende. “Há muitas transferências feitas e não sei se são tomadas em conta. A nossa realidade é que os pedidos de transferência para ensino doméstico após o ano letivo ter começado são superiores”.
Segundo a presidente da MEL, as famílias não sabem que é possível fazer ensino doméstico nem conhecem os procedimentos a adotar e só quando já têm os filhos na escola é que percebem que existem outras opções. “A partir de setembro é o caos, toda a gente quer saber o que é o ensino doméstico. Como ainda estão no início das aulas, sentem-se confortáveis para fazer a transferência. Por vezes, as escolas dificultam o processo, porque no ato de inscrição é automático - está lá a cruzinha e está feito -, já uma transferência implica um pedido e um deferimento. Dá mais trabalho”, explica.
Explicar o porquê do aumento do número de “crianças livres” neste ano letivo não é fácil. Aliás não há propriamente uma justificação oficial ou certa para o fenómeno. A MEL confirmou que dos seus associados grande parte seguia o ensino doméstico e que cada vez há mais pais a procurar “pedagogias alternativas, o que não é muito fácil de encontrar em Portugal”.
“Está relacionado com um processo de tomada de decisão, de uma consciência ponderada. Reparamos também que nos últimos dois anos temos muitos alunos a entrar pela primeira vez em ensino doméstico no 2º ou 3º ciclos, e até no 10º. São casos em que sempre andaram na escola e agora os pais e os filhos já não aguentam mais”, conta Sofia Gallis.
Outra das razões apontadas pela associação está relacionada com o surgimento de mais estruturas e projetos que dão apoio às famílias, como por exemplo os centros de explicações. As famílias poderiam não ter tempo suficiente para acompanhar o filho e assim, sabem que, por exemplo, três vezes por semana eles podem estar ali num espaço e fazer atividades académicas ou lúdicas. “Isso também dá um suporte maior aos pais”, justifica.
CADA FAMÍLIA, CADA ABORDAGEM PEDAGÓGICA
“O ensino doméstico é lecionado no domicílio do aluno por um familiar ou por pessoa que com ele habite. A responsabilidade pelo percurso formativo do aluno é do respetivo encarregado de educação, ou do próprio, quando maior”, esclarece (...) o Ministério da Educação.
A lei define que o aluno tem de estar inscrito num agrupamento de ensino e precisa de ser avaliado no final de ciclo, para atestar que aprendeu os conteúdos. E os unschoolers cumprem a lei. Ao longo ano “escolhem abordagem pedagógica”, que pode ser a de não dar aulas.
Foi sobretudo a nível comportamental e emocional que Lara notou mudanças nos filhos. Se Henrique era uma criança mais irrequieta e “que fazia birra para ir para a escola”, Simone era mais calma e o desafio foi fazê-la perceber “que tinha voz”. “É mais fácil educar uma crianças que obedece e não faz asneiras. Com ela, fiz o processo contrário porque acredito que é com os pais que aprendem que têm voz e que podem contrariar. Não contrariar só porque sim mas porque têm uma opinião e fazem valer e compreender que a sua opinião vai à frente se for argumentada”, diz Lara.
Agora, birra é coisa rara lá por casa. Desde de que estamos em casa é uma criança totalmente diferente, pois “há tempo e a atenção necessária”. Já Simone aprendeu as expressar as opiniões e a argumentar. “A ligação que eles agora têm comigo é muito melhor. Não tem comparação”, comenta.
Se não vão à escola e não fazem testes, como é que as “crianças livres” têm notas e passam de ano? Até aqui, todos estes alunos tinham a obrigação de realizar os exames às disciplinas nucleares no final de cada ciclo, tal como no ensino regular. A estes acrescentavam-se as provas de equivalência a frequência a todas as outras disciplinas. Era a aprovação ou chumbo nestes testes que definia a transição para o ciclo letivo seguinte.
Mas agora não há exames nacionais para o 4º e 6º ano. Foram substituídos pelas provas de aferição no 2º, 5º e 8º anos. Ninguém parece saber ao certo em que situação ficam os meninos e meninas em ensino doméstico.BRINCAR, BRINCAR, BRINCAR
É esta a palavra de ordem. No quarto de Henrique, Simone e o irmão construíram uma tenda: “Não tem nada que saber”, é apenas preciso “umas cadeiras, uns lençóis” e voilá.
Henrique é o grande companheiro dos dias de Simone, mas claro “também há momentos em que não se podem ver à frente”. A menina lê, escreve, faz judo, toca piano, brinca com bonecas... Tudo tal qual uma criança de sete anos. A diferença é que o faz quando quer. E em todas estas atividades está a aprender, garante a mãe.
“Fazemos coisas que surgem por iniciativa dela. A obrigatoriedade tira-nos o interesse para as coisas, por mais que antes tenhamos esse interesse. As duas já escrevemos um livro: 'Se eu fosse'”, conta Lara. “Não mostres mãe!”, interrompe Simone meio envergonhada, bem ao jeito de um artista que não quer mostrar a obra de arte antes de terminada.
O psicólogo Eduardo Sá admite que a aprendizagem com aquilo que se tem à mão não é “necessariamente pior” do que ir à escola. No entanto é mais complicado e implica estratégias pedagógicas muito pensadas. “Acho muito importante que as crianças convivam com vida à volta delas mas penso que também é muito importante que, além de tocarem na realidade em que aprendem, ponham nomes a tudo isso. Temos de conjugar a vida e os livros”.Não há nenhuma casa de bonecas igual à que Simone tem no quarto. A menina e os pais aproveitaram o espaço que outrora fora de uma porta ou de um armário e prenderam na aduela plaquinhas na horizontal e vertical. Assim se definiram as várias divisões. Lá dentro, os móveis são maioritariamente de esferovite e madeira. Só por acaso encontramos um ou outro de plástico e no típico cor-de-rosa forte (que tanto se vê à venda nas superfícies comerciais).
Este é o segundo ano que Simone está no sistema de ensino doméstico. Nos primeiros tempos, Lara pediu emprestados os manuais a uma amiga que é professora, sentou Simone numa cadeira e começou a dar aulas. Bastaram dois meses para perceber que não estava a resultar.
Até aí, Simone tinha aptidão para as letras (começou a escrever as primeiras linhas aos 3 anos). Com as aulas, que nem eram diárias, a mãe começou a reparar que a menina parecia estar a ganhar “relutância” a algo que gostava. “Quando me pergunta qual é aquela letra eu não vou negar a resposta à criança... Eles começam e nós apoiamos. Ela começou a escrever coisas muito interessantes com letras maiúsculas de ouvido. Ouvia, juntava e escrevia”.
ESTAMOS A CRIAR UMA GERAÇÃO COM IMUNODEFICIÊNCIA?
“Proteger as crianças sim. Protegê-las demais, nunca”, afirma Eduardo Sá. O psicólogo teme que o crescimento da tendência do ensino doméstico possa criar uma geração “com alguma imunodeficiência adquirida”. “Protegê-las demais acaba por fragilizá-las a curto e médio prazo e, sinceramente, não acho que por mais que elas possam ter eventualmente conhecimentos mais robustos disto ou daquilo”, explica.Tanto Eduardo Sá como Mário Cordeiro são apologistas da ida à escola, considerando que os ganhos do ensino doméstico não superam as perdas de não estar inserido num maio plural e de socialização como os estabelecimentos de ensino. Com os pais e em casa “ficam comprometidos muitos aspetos da vida” como a competição, a idealização, a gestão de conflitos e rejeição e o afastamento dos outros. Pode ainda ficar limitada na socialização e no desenvolvimento das suas competências comunicacionais.
“Não competir por um conhecimento não é saudável. Perceber que há colegas que chegam às mesmas soluções por outros caminhos é uma coisa saudável”, diz Eduardo Sá. “A ideia de uma casa na pradaria pode ser muito romântica mas desadequada aos nossos dias. Uma coisa é criticar a vida urbana e tentar modificar, para melhor, o que existe. Outra é voltar atrás, recusar tudo e pensar apenas no passado ou mesmo no hoje, ignorando que há uma coisa chamada futuro, o qual começa a ser construído todos os dias, na vivência do quotidiano”, acrescenta Mário Cordeiro.
A questão da aprendizagem através da realidade e do quotidiano parece ser a maior beneficio do ensino doméstico. Mas isto poderia acontecer em qualquer escola, bastava que a adequar os conteúdos e a forma de conversar com os alunos.
“QUIS SER PROFESSORA PORQUE GOSTAVA DE CRIANÇAS. DEIXEI DE O SER PORQUE GOSTO DE CRIANÇAS”
Às quintas é dia de Quinta. Um grupo de 35 crianças e os pais juntam-se num espaço ao ar livre. Entre as árvores há tendas, trampolins e muito por onde correr e saltar.
Na Quinta, a tenda maior parece um baú do tesouro em ponto gigante. A cada passo pela alcatifa verde, uma nova descoberta. Há cabides com disfarces, cordas para baloiçar, trapézios, bolas, carrinhos e muito mais. Lá dentro cada um pode ser o que quiser. Naquela quinta-feira era o dia dos piratas.
Simone e Henrique chegam com a mãe, Lara, à Quinta pouco depois das 15h. É aí que encontram Agnes Sedlmayr e os três filhos: Timo, de 8 anos, David, de 5 anos e Svenya, com quase um ano. A mãe do trio nasceu na Alemanha, mas chegou a Portugal aos oito anos e foi por cá que viveu e estudou. Hoje, aos 38, e à semelhança de Lara Ferreira, é responsável pelo percurso em ensino doméstico dos filhos.
Antes da maternidade, Agnes foi professora. Deu aulas a miúdos e graúdos. Ensinou inglês, alemão e português, tanto no público como no privado. E todos os dias tinha a sensação do sistema educativo tradicional não contribuir “para o desenvolvimento cognitivo e emocional dos alunos”.
“Deixei a profissão ainda antes de ter filhos. Fui para professora porque gostava de crianças e deixei de ser professora, exatamente porque gosto de crianças. Acho impossível que 25 ou 30 crianças estejam todas fechadas na mesma sala, interessadas ao mesmo tempo pelo mesmo assunto, que por acaso até está no currículo. Para uma aprendizagem ser ao ritmo e de acordo com os talentos e interesses de cada criança, tinha que ser um professor para um aluno. E isso numa escola é impossível”, justifica Agnes.
Timo e David já falam alemão com a mãe, português com o pai e inglês com os amiguinhos do grupo Escolha Livre (uma boa parte das famílias não são portuguesas). Ambos nunca tiveram uma única aula, foram aprendendo "tendo em conta os interesses e a sua personalidade”.
“AS NOTAS NÃO TÊM QUE INFERNIZAR A VIDA DOS FILHOS MAS TÊM QUE PREOCUPAR OS PAIS”
Assim como Simone, também Timo será avaliado. Agnes não duvida que, se o filho fosse a exame neste momento, passaria sem dificuldades. Caso isso não acontecesse, relembra Agnes, o menino poderia sempre repetir as provas, assim como as crianças que frequentam a escola. O exame não “é sinal de competência”, houve outras aprendizagens.
“A nível emocional são muito seguros de si e têm uma auto estima muito boa, são muito sinceros, espontâneos e nada envergonhados. Não pensam que têm de fazer as coisas para agradar aos outros, para fazer boa figura ou porque vão ser avaliados. Conhecem os seus próprios limites e param quando sentem que os estão a ultrapassar, sem para isso necessitarem de castigos, ameaças ou coerção”, conta a antiga professora. Timo “devora livros”.
Por dia lê pelo menos dois. Agnes acredita que talvez o gosto pela leitura não fosse tanto, se o filho andasse na escola. “Aprendem muita coisa. Talvez os outros também aprendam, mas aprendem pela repetição e memorização, por medo de más notas e pela pressão de pais e professores. No ensino doméstico, as crianças têm a possibilidade de aprender por motivação intrínseca. A maioria das crianças da idade deles não gostam e ler”, acrescenta.Numa sociedade em que os rankings fazem parte do quotidiano e as notas expressam alguma importância ao longo do crescimento, o abdicar destas preocupações também é razão de “receio” para o psicólogo Eduardo Sá. “[As notas e avaliações] Não devem servir para infernizar a vida dos filhos mas têm que preocupar os pais. No limite, acho que não estão a proteger os filhos. E não estando a proteger tanto os filhos como deveriam, claro, correm o risco de ser um bocadinho negligentes”, considera.
“Pode não estar preocupado… mas tem de pensar que vive num sistema que, errado ou certo, é onde a criança vai viver. Será que para a poupar do que pensa ser uma violência não a está a orientar para uma vida com problemas de integração?”, questiona Mário Cordeiro.
Lá para as 6h da manhã, os miúdos já estão a pé. Acordam cedo e cheios de “inspiração e vontade de fazer mil e uma coisas”. Passeiam pelo rio e o mato. Trepam às árvores e mergulham nas águas. Em casa, “brincam muito, constroem legos e ajudam na horta”. Um dia na vida de Timo e David não tem espaços em branco.
Na aldeia, já todos sabem que os dois andam sempre por perto. “Eles veem a vida real: nos correios são eles que põem os selos e no café vão ter com a padeira para ver como se faz o pão, ajudam o moleiro a fazer a farinha... São muito amados e mimados por toda a gente, pois são os únicos que andam por lá enquanto todos os outros estão fechados na escola”.
Agnes não prende os filhos e garante que se alguma vez lhe pedirem para irem à escola, irão. Mas por agora nem Timo nem David parecem interessados. “Coitados dos outros meninos, estão ali o dia todo presos, sem poderem fazer o que querem”, dizem os irmãos. “Dizem-me que quando crescerem querem ser exploradores multifacetados, o que na realidade já são. Exploram o mundo real diariamente, em todas as suas vertentes”, conta a mãe.
Fonte: Expresso por indicação de Livresco
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