quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Só 41,5% dos alunos têm percursos de sucesso escolar no 3.º ciclo

Foram menos de metade os alunos que no ano letivo de 2014/2015 conseguiram chegar ao final do 3.º ciclo com um “percurso de sucesso escolar”. Dos 94.130 que há três anos se inscreveram, pela primeira vez, no 7.º ano, apenas 39.044 chegaram ao verão de 2015 tendo conseguido, em simultâneo, não chumbar em nenhum dos anos do 3.º ciclo e obtido notas positivas nos exames nacionais de Português e Matemática, que se realizam no final do 9.º ano.

No 2.º ciclo esta percentagem sobe para 53%. Dos 91.095 que entraram no 5.º ano em 2013/2014, 48.228 conseguiram não chumbar no 5.º e também ter, em 2015, notas positivas nos exames do 6.º ano.

Estas são algumas das conclusões a que se pode chegar através dos novos dados que a partir desta quarta-feira passarão a estar disponíveis no portal Infoescolas, lançado pelo Ministério da Educação e Ciência no início de 2015. No portal já era possível saber o que se passava com os alunos ao longo do ensino secundário e também do superior.

Agora a Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) passou também a disponibilizar mais informação sobre o trajeto escolar dos alunos do 2.º e do 3.º ciclo. Para além de dados já conhecidos, como o número de inscritos ou as percentagens de chumbos, pode-se também saber, com base no percurso individual de cada aluno, que depois pode ser agregado por escola, concelho e distrito, o que lhes acontece ao longo dos vários ciclos de escolaridade. O primeiro grupo seguido foi o que fez exames do 6.º ano na sua estreia, em 2012, e que entrou depois no 7.º ano em 2012/2013.

Será que concluíram o 9.º ano no tempo considerado normal? E a sua percentagem de sucesso terá sido superior à de outros que, no 6.º ano, tiveram notas semelhantes? Para responder a estas perguntas, a DGEEC criou um novo indicador quer designou de “promoção do sucesso escolar”, no qual é avaliada a percentagem de alunos que não chumbaram no 7.º e 8.º ano e que, neste último ano letivo, tiveram notas positivas nos dois exames do 9.º.

Os distritos com maiores percentagens de sucesso são os de Coimbra (51%), Guarda (47%), Viana do Castelo (47%) e Braga (46%). Na posição inversa estão os de Portalegre (31%), Beja (33%) Setúbal (34%), Faro (36%), Évora e Bragança (ambos com 38%).

Neste indicador compara-se também o desempenho obtido pelas escolas ou regiões com a percentagem de sucesso registada, a nível nacional, por alunos que, há três anos, nas provas finais do 2.º ciclo, tiveram resultados semelhantes aos dos estudantes em causa. Ou seja, frisam os estatísticos do MEC, os dois grupos em comparação “têm o mesmo nível de partida” e por isso é possível perceber melhor se o trabalho desenvolvido ao longo do 3.º ciclo conduziu a resultados iguais, superiores ou inferiores ao de outros alunos. 

Não estando em causa comparações entre médias absolutas, como acontece nos chamados rankings das escolas, que comparam colégios das grandes cidades com escolas do interior, uma distorção já muito criticada, este novo indicador permite assim apurar o que resultou do trabalho feito com a mesma matéria-prima e saber quantos alunos conseguiram ter o que os estatísticos do ministério também designam como “percursos limpos”.

Por outro lado, notam os estatísticos do ministério, como neste indicador entra em conta a percentagem de retenções, também é possível não premiar com melhores taxas de sucesso as escolas que tentam obter melhores resultados nos exames, deixando para trás os alunos mais fracos.

Por exemplo, uma escola que, no princípio do 3.º ciclo, “receba alunos com resultados académicos baixos, pode ter um valor elevado do indicador de promoção do sucesso, bastando para isso que a percentagem de sucesso entre os seus estudantes seja significativamente superior à média nacional para grupos de alunos semelhantes”, explica o MEC.

Lisboa e Porto com maus resultados

Para esta comparação, a nível nacional, entre alunos semelhantes, foram criados três grupos: as escolas e/ou regiões que têm uma percentagem de sucesso que está entre os 25% mais altos do país; os que apresentam um indicador que figura entre os 25% mais baixos e aqueles que estão em linha com a média. Dos 18 distritos de Portugal Continental, os únicos para os quais existem estes dados, nove estão na média, cinco estão nos 25% mais altos e quatro nos 25% mais baixos. Neste último grupo figuram os distritos de Lisboa e de Porto.

No 2.º ciclo, quando o que está em causa é não ter chumbado no 5.º ano e ter tido notas positivas em 2015 nas provas de Português e Matemática, há seis distritos no grupo com maior promoção de sucesso. Em cinco passa-se o inverso, sendo que os restantes sete figuram na média.

De volta ao 3.º ciclo, pode-se constatar que, no distrito de Lisboa, em metade dos seus 16 concelhos os valores da percentagem de sucesso escolar estão entre os 25% mais baixos do país tendo em conta o desempenho de alunos com ponto de partida semelhante. Loures, Oeiras e Sintra figuram entre estes. Na posição inversa figuram Lisboa, Alenquer e Cascais.

No Porto, passa-se o mesmo em 7 dos seus 18 concelhos. Maia, Marco de Canavezes e Vila Nova de Gaia são alguns exemplos deste desempenho negativo. No pólo oposto, apenas figuram Matosinhos e Santo Tirso. Em ambos os distritos, a maioria dos concelhos mantém-se na média.

Como o MEC não divulgou a base de dados com este indicador de promoção do sucesso escolar, não foi possível, a tempo útil desta notícia, agrupar as mais de 1200 escolas que têm 3.º ciclo por cada um dos grupos. 

Para além deste indicador, o MEC também aplicou agora ao ensino básico outro valor já existente no Infoescolas para o secundário. Trata-se do indicador de progressão que, no secundário, compara os resultados que os alunos obtiveram nos exames de Português do 12.º ano com aqueles que os mesmos estudantes tinham tido nas mesmas provas do 9.º ano. No ensino básico são comparados os resultados das provas do 9.º e do 6.º ano obtidos pelos mesmos alunos.

Desta forma é possível saber se uma escola puxou pelos seus estudantes, o que acontece, por exemplo, se um aluno que estava abaixo da média no 6.º ano, conseguiu ter notas iguais ou superiores a esta no 9.º. Este indicador também pode ser calculado por região e distrito.

Dos 18 distritos de Portugal Continental, apenas três conseguiram ficar entre os 25% mais altos no que respeita à evolução da nota do exame de Português do 6.º para o 9.º ano (Braga, Coimbra e Setúbal); e dois estão na mesma situação em relação à disciplina de Matemática (Viana do Castelo e Vila Real). No grupo onde a progressão foi menor figuram oito distritos e Lisboa bisa neste pelotão. Existem quatro nos 25% mais baixos no caso de Português (Aveiro, Beja, Guarda, Lisboa) e outros tantos a Matemática (Beja, Leiria, Lisboa e Porto).

Fonte: Público

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