segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Programas, metas e provas sobrecarregam alunos com trabalhos para casa

Crianças. Carga horária do 1.º ciclo já é das maiores do mundo. E ainda lhes exigimos mais, alertam pais, diretores, professores e psicólogos

Novos programas e metas curriculares, provas finais nos 4.º e 6.º anos, rankings que levam as escolas a competir pela média. Tudo isto, assumem pais, professores, psicólogos escolares e diretores, torna o quotidiano das crianças portuguesas uma corrida em que até o tempo em casa deixa de lhes pertencer.

Portugal, de acordo com um estudo divulgado recentemente pela OCDE, já é um dos países em que os alunos mais tempo passam na escola. Sobretudo no 1.º ciclo, com uma média anual de 875 horas. Um valor incomparável com as 569 horas da Finlândia, tradicionalmente uma referência em todos os indicadores de sucesso educativo. Mas nem esta carga horária parece chegar para dar resposta às exigências.

João Freire, psicólogo escolar e coordenador do Sindicato Nacional dos Psicólogos para a Educação, confirma a tendência para o reforço dos trabalhos de casa, que atribui ao "modelo cognitivista que tem sido imposto pelo Ministério da Educação", em que imperam as fasquias a atingir. "Se calhar, aquilo que está a acontecer é que está a ir para casa o que não se consegue fazer na escola, da mesma maneira que vai para a escola o que não se consegue resolver em casa", admite. "Temos escolas saturadas, com programas extensíssimos, e famílias também sobrecarregadas de trabalho, com dívidas, com pais que trabalham muitas horas. E é nos trabalhos de casa que se nota o stress em que as famílias estão."

Fonte: DN

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