A criança surda "deverá estar num meio verdadeiramente bilingue" para desenvolver a primeira língua - a Língua Gestual Portuguesa. O Ministério da Educação coloca mais técnicos nas escolas.
Os números são conhecidos. Cerca de 800 alunos surdos distribuídos por vários estabelecimentos de ensino. Este ano lectivo, 65 formadores, mais 12 do que no ano passado, 58 intérpretes de Língua Gestual Portuguesa (LGP), mais 17, além de 146 terapeutas ocupacionais, da fala e fisioterapeutas. O Ministério da Educação (ME) sublinha, no seu site, as melhorias na área da educação especial, e anuncia que há 22 agrupamentos num total de 72 escolas para estudantes surdos profundos e severos. E adianta que em perspectiva está a elaboração de um Programa de Língua Gestual Portuguesa para os alunos surdos que frequentam a educação pré-escolar e os ensinos Básico e Secundário. "A criação de redes de escolas de referência permite uma melhor organização dos recursos humanos, materiais e didáctico-pedagógicos, essencial para responder, nas melhores condições, aos diversos tipos de necessidades", sublinha. Os alunos surdos estão verdadeiramente integrados no ensino regular? "Uma criança surda numa turma de crianças ouvintes está fisicamente na sala, mas o acesso à informação e a todas as aprendizagens que se fazem em sala de aula é muito limitado. Isto acontece porque toda a comunicação na sala, a transmissão dos conhecimentos, é em português oral. A criança não ouve, logo não tem acesso às aprendizagens como os colegas têm", observa Paula Estanqueiro, coordenadora da Unidade de Língua Gestual da Associação Portuguesa de Surdos. A responsável considera que é altura de se avaliar o acesso e sucesso escolares dos alunos surdos, uma vez que "a integração de crianças surdas isoladamente em turmas de crianças ouvintes é uma prática comum em Portugal"."O professor é colocado perante uma turma em que existe uma criança surda, sem nunca ter tido qualquer tipo de preparação que o capacite para trabalhar eficazmente com ela. Tenta dar o seu melhor, mas tem a turma toda para ensinar. A criança surda vai crescendo, passando de ano com poucos conhecimentos reais. Chega ao 9.º ano, ou ao 12.º ano, e apercebe-se de que não tem os conhecimentos que deveria ter, que o certificado escolar não corresponde aos seus conhecimentos reais, como se tivesse sempre sido ensinada numa língua estrangeira, que nunca conseguiu dominar, para apreender as matérias que lhe são passadas nessa língua", realça. Para Paula Estanqueiro, no pré-escolar e no Ensino Básico, a criança surda "deverá estar num meio verdadeiramente bilingue" para desenvolver a primeira língua, a LGP, e iniciar a aprendizagem do português. "O aluno surdo deverá ter acesso pleno a todos os conteúdos curriculares, com o mesmo grau de profundidade e de exigência que se proporciona aos alunos ouvintes." Conhecimentos que, em seu entender, devem ser transmitidos na primeira língua, "a que domina melhor e na qual pode questionar, raciocinar e apreender sentidos". A coordenadora admite, no entanto, a realização de actividades em conjunto, entre alunos surdos e ouvintes, "aprendendo desta forma a conhecer e respeitar as diferenças, conhecendo o outro como diferente mas seu igual, com as mesmas capacidades e direitos". "Para um verdadeiro acesso à língua, é necessário que se dê à LGP o mesmo número de horas que se dá para a aprendizagem do português como primeira língua aos alunos ouvintes", defende.
Os números são conhecidos. Cerca de 800 alunos surdos distribuídos por vários estabelecimentos de ensino. Este ano lectivo, 65 formadores, mais 12 do que no ano passado, 58 intérpretes de Língua Gestual Portuguesa (LGP), mais 17, além de 146 terapeutas ocupacionais, da fala e fisioterapeutas. O Ministério da Educação (ME) sublinha, no seu site, as melhorias na área da educação especial, e anuncia que há 22 agrupamentos num total de 72 escolas para estudantes surdos profundos e severos. E adianta que em perspectiva está a elaboração de um Programa de Língua Gestual Portuguesa para os alunos surdos que frequentam a educação pré-escolar e os ensinos Básico e Secundário. "A criação de redes de escolas de referência permite uma melhor organização dos recursos humanos, materiais e didáctico-pedagógicos, essencial para responder, nas melhores condições, aos diversos tipos de necessidades", sublinha. Os alunos surdos estão verdadeiramente integrados no ensino regular? "Uma criança surda numa turma de crianças ouvintes está fisicamente na sala, mas o acesso à informação e a todas as aprendizagens que se fazem em sala de aula é muito limitado. Isto acontece porque toda a comunicação na sala, a transmissão dos conhecimentos, é em português oral. A criança não ouve, logo não tem acesso às aprendizagens como os colegas têm", observa Paula Estanqueiro, coordenadora da Unidade de Língua Gestual da Associação Portuguesa de Surdos. A responsável considera que é altura de se avaliar o acesso e sucesso escolares dos alunos surdos, uma vez que "a integração de crianças surdas isoladamente em turmas de crianças ouvintes é uma prática comum em Portugal"."O professor é colocado perante uma turma em que existe uma criança surda, sem nunca ter tido qualquer tipo de preparação que o capacite para trabalhar eficazmente com ela. Tenta dar o seu melhor, mas tem a turma toda para ensinar. A criança surda vai crescendo, passando de ano com poucos conhecimentos reais. Chega ao 9.º ano, ou ao 12.º ano, e apercebe-se de que não tem os conhecimentos que deveria ter, que o certificado escolar não corresponde aos seus conhecimentos reais, como se tivesse sempre sido ensinada numa língua estrangeira, que nunca conseguiu dominar, para apreender as matérias que lhe são passadas nessa língua", realça. Para Paula Estanqueiro, no pré-escolar e no Ensino Básico, a criança surda "deverá estar num meio verdadeiramente bilingue" para desenvolver a primeira língua, a LGP, e iniciar a aprendizagem do português. "O aluno surdo deverá ter acesso pleno a todos os conteúdos curriculares, com o mesmo grau de profundidade e de exigência que se proporciona aos alunos ouvintes." Conhecimentos que, em seu entender, devem ser transmitidos na primeira língua, "a que domina melhor e na qual pode questionar, raciocinar e apreender sentidos". A coordenadora admite, no entanto, a realização de actividades em conjunto, entre alunos surdos e ouvintes, "aprendendo desta forma a conhecer e respeitar as diferenças, conhecendo o outro como diferente mas seu igual, com as mesmas capacidades e direitos". "Para um verdadeiro acesso à língua, é necessário que se dê à LGP o mesmo número de horas que se dá para a aprendizagem do português como primeira língua aos alunos ouvintes", defende.
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