Não basta criticar um trabalho, sendo também crucial o professor escolher a melhor forma de o fazer, porque, caso isso não aconteça, pode fazer com que um aluno coloque de lado uma disciplina ou unidade curricular, podendo mesmo ganhar mesmo aversão à mesma.
Todos os dias, ouvimos histórias de alunos com pouca confiança em si mesmos, duvidando das suas capacidades e considerando que não conseguirão atingir os seus sonhos nem ter acesso ao curso superior ou profissão que desejam para as suas vidas. Por experiência própria como docente, consigo afirmar com certeza que um professor pode fazer toda a diferença na autoconfiança de um aluno, no sentido positivo e no sentido negativo.
Na verdade, um professor que ama a sua profissão, que a encara como uma missão, é capaz de olhar para um aluno e identificar nele capacidades que o próprio desconhece ter, fazendo-o despertar para um caminho desconhecido até àquele momento. Na verdade, há professores que marcam muito pela positiva, ajudando os seus alunos a vencer os medos e a ultrapassar os obstáculos com que se deparam, fazendo com que não desistam de alcançar os objetivos mais ambiciosos.
Existem muitos professores assim, desde a infância até ao ensino superior, que sabem que o correto, quando apresentam críticas ao desempenho de um aluno, é também valorizar os pontos positivos que demonstrou, é saber falar com clareza, objetividade mas, acima de tudo, sensibilidade, para não ferir nem desmotivar. O que quero dizer é que não basta criticar um trabalho, sendo também crucial o professor escolher a melhor forma de o fazer, porque, caso isso não aconteça, pode fazer com que um aluno coloque de lado uma disciplina ou unidade curricular, podendo mesmo ganhar mesmo aversão à mesma.
Efetivamente, se existem professores excelentes e sensíveis, outros há que, por falta de vocação para a profissão, acabam por, mesmo sem ter consciência, muitas vezes destruir sonhos ou fazer com que um aluno perca a confiança no seu desempenho.
Recordo-me vivamente do caso de uma aluna que pensou em não tentar o acesso ao ensino superior porque a anterior professora de português a diminuíra e fizera acreditar que nunca seria capaz de escrever um texto interessante e corretamente bem escrito. Lembro-me do ouvir isto e ficar revoltada como professora, tendo dado tudo de mim para que essa aluna ultrapassasse as dificuldades da escrita e se aventurasse no exame nacional de português. Trabalhámos em equipa e, no final, não só tirou uma ótima nota como entrou no curso com que sonhava, como também é hoje uma ótima profissional na área que escolheu.
Evidentemente que o aluno também tem de querer trabalhar para que isto seja possível, mas parece-me uma atitude pouco correta que um professor considere que exigência é colocar obstáculos permanentes ao aluno, sem demonstrar interesse ou empenho em ajudá-lo ou em lhe dirigir palavras de motivação.
Por outro lado, cada aluno chega a uma sala de aula ou a um outro ambiente de aprendizagem com uma vida pessoal, por vezes, muito difícil, e, mesmo assim, não desiste de terminar os seus estudos com sucesso e luta diariamente por isso. É muito fácil, como professores, criticarmos as atitudes de um aluno sem ao menos tentarmos perceber o que se esconde por trás das mesmas. Ainda de referir que podemos ser professores cientificamente excelentes e, ainda assim, desmotivarmos os nossos alunos.
É, pois, na minha opinião, essencial que um professor demonstre interesse por cada aluno e o ajude a identificar e a refletir sobre as dificuldades que apresenta, tendo também um papel determinante na evolução positiva que um estudante possa apresentar. Apelo, assim, para que apenas se siga esta profissão tão especial e exigente por vocação. Se assim não for, será melhor escolher outro percurso profissional do que destruir sonhos ou trazer ainda mais pedras a caminhos pessoais já pesados e repletos de obstáculos. Não nos podemos esquecer de que o professor deve presentar o sol, não o dia de chuva. Um professor pode (e deve) ser exigente sem ser frio ou indiferente. O respeito que queremos dos nossos alunos tem de partir também de nós.
Ana Catarina Mesquita
Fonte: Visão por indicação de Livresco
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