O psiquiatra Daniel Sampaio afirma que só numa situação grave é que a transferência de escola de um aluno se deve ser considerada.
A transferência de escola, no âmbito de procedimentos disciplinares, é uma medida pedagogicamente aceitável?
Eu vejo-a como uma medida extrema. Antes dessa medida ser executada há muitas coisas que podem ser feitas, desde a admoestação, falar com o aluno, procurar um compromisso, falar com os pais. Ou mudar de turma, porque há muitos focos de indisciplina que têm a ver com a dinâmica de turma. Só numa situação grave, é que é uma medida aceitável.
E é sempre uma punição ou pode ser uma solução?
Sim. Como medida extrema mas, sim, pode ser. De facto, cada escola tem um clima escolar diferente. A mudança para outra escola, para outro clima escolar, pode favorecer a mudança do aluno.
Na maioria dos casos, trata-se de adolescentes. Por vezes a rebeldia, alguma instabilidade emocional comum nessas idades, pode ser confundida com intencionalidade?
Por vezes há psicopatologia associada, como nós dizemos. Podem haver sinais de ansiedade, de depressão, que dificultam a integração do aluno e o tornam mais agressivo. Mas na maioria dos casos são situações que derivam da relação professor/aluno ou dos alunos entre si. As medidas devem ser menos dos campos da psicologia e psiquiatria e mais de pedagogia.
A descida acentuada do número destas transferências compulsivas é um bom sinal?
Acho que é positivo. Apesar de tudo, significa que estão a ser tomadas outras medidas e não estamos a recorrer tanto às medidas extremas.
A Direção-Geral de Educação só aprovou metade dos pedidos das escolas. Não há também uma opção assumida?
Isso não sei. Provavelmente há aqui um filtro da DGE. É uma medida extrema, não convém que exista muitas vezes. É preciso dizer que a indisciplina é muito grande nas nossas escolas, particularmente no 3.º ciclo. São precisos mais estudos para se perceberem as razões.
Fonte: DN
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