Se a escola chama os pais para mais reuniões do que as tradicionais três, de cada início de período; se manda recados para casa com frequência, então os pais podem dizer que estão cheios de sorte porque quanto mais informação tiverem sobre os filhos, mais sucesso estes poderão ter na escola.
Pelo menos é isto que nos dizem alguns estudos feitos nesta área da comunicação escola/família. Segundo um estudo de Peter Bergman, da Universidade de Columbia, publicado recentemente, os pais empenham-se mais na educação dos filhos quanto mais informação tiverem sobre eles.
Bergman fez uma experiência numa escola pública de Los Angeles, onde as famílias tinham baixos rendimentos. A amostra abrangia 462 estudantes do 6.º ao 11.º anos e destes foram escolhidos 242 para quem os professores mandavam aos pais mais informação do que aos encarregados de educação dos restantes.
O investigador, especialista em economia da educação, pediu para que sempre que pudessem, os professores fossem muito específicos na informação que enviavam aos pais – que trabalhos não tinham sido entregues, que páginas do manual não tinham sido feitas na escola, as faltas, etc.
Os pais que recebiam mais informação começaram a contactar mais a escola (83%) do que os restantes e também passaram a ir a mais reuniões de pais (53%). Se o relacionamento com a escola melhorou, com os filhos também, já que revelaram ter mais preocupações que os outros, fazendo-lhes mais perguntas e castigando-os quando as coisas corriam menos bem na escola. Os castigos mais utilizados, diz o estudo, começam no tirar o telefone, o acesso à televisão ou à Internet e, por fim, no não poderem estar com os amigos.
Estas famílias de baixos rendimentos também começaram a falar mais sobre a possibilidade de os filhos poderem frequentar a universidade ou fazerem um curso superior.
A escola falava com os pais, os pais com os filhos e estes completavam mais tarefas do que os restantes que não tinham acesso a estas informações. Além disso, faltavam menos às aulas e tinham menos probabilidades de ter maus hábitos de trabalho.
Também no Chile foi levada a cabo uma experiência semelhante com 1500 alunos do 4.º ao 8.º anos, de uma zona metropolitana onde os rendimentos das famílias eram baixos, a que chamaram Papas al Dia ("pais em dia"). Ao longo de quatro meses, os pais recebiam SMS com informação sobre as notas, a assiduidade e o comportamento dos filhos.
Terminado esse período, os investigadores Samuel Berlinski, Matias Busso, Taryn Dinkelman e Claudia Martinez A. concluíram que os resultados académicos dos alunos melhoraram a Matemática, deram menos faltas e o comportamento em sala de aula também melhorou. No final do ano, os filhos dos pais que participaram no projecto tinham menos probabilidades de ficarem retidos.
O economista do Banco Mundial, David Evans, citado pela Quartz, ressalta que estes estudos mostram a importância da comunicação escola/família. Há muito que os estudos apontam para a importância da família no sucesso dos alunos, o que estas duas experiências vêm demonstrar é que se não houver comunicação feita com frequência, dificilmente os pais podem ajudar os filhos a tempo de não chumbarem por faltas ou por insucesso.
Saber as notas no final do período e ter reuniões de pais no início do período seguinte são insuficientes porque não chega aos pais a informação que eles precisam para se comprometerem, acredita David Evans. "Com um boletim escolar é muito difícil saber o que devo fazer para encorajar o meu filho a ter um melhor desempenho, porque a informação é muito agregada", explica Evans. "Mas se eu receber um e-mail que diz que meu filho perdeu uma tarefa, fica mais claro para mim o que preciso fazer", conclui.
Fonte: Público
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