terça-feira, 31 de março de 2009

Abaixo-assinado: O "Autismo" não é um adjectivo, não deve ser usado pelos Políticos e Jornalistas de forma Pejorativa

Entre os visitantes do Blog, foi deixado este apelo. Penso que faz todo o sentido. Respondo, desta forma, ao apelo pela sua divulgação. Colaborem!
Vamos lá a ver, que os Politicos andem com troca de palavras que desconheçam o seu significado, eu até posso nem sem como dizer, compreender, pois parecem ser todos ignorantes.
Mas professores que lidam diariamente com as nossas ciranças, venham para a praça pública com este jogo de palavras já me parece indecente.
Meus senhores e senhoras desde País, vamos a ter vergonha e parar com isto.
Autismo, não um novo vocabulário Político. Se gostam tanto desta palavra e se sabem o seu verdadeiro significado, então, por favor, vamos respeitar todos aqueles que sofrem diáriamente com esta doença.
Senhores jornalistas, basta. Continuar a propagar a "moda" do uso da palavra Autismo como adjectivo é uma ofensa moral no minimo para com todos os que têm esta doença.
Querem ajudar?
Façam centros públicos de desenvolviemnto Infantil (...) e tornem as terapias acessiveis a todos os bolsos e deixem as nossas crianças em Paz.
Obrigado

Associação Portuguesa de Deficientes alerta para violação dos direitos

A Associação Portuguesa de Deficientes (APD) alertou ontem para a legislação e práticas que "violam" os direitos das pessoas com deficiência. O presidente da APD, Humberto Santos, referiu a omissão em relação à acessibilidade dos locais de voto e do boletim de voto nos diplomas que regulam a participação política e ainda a escassez dos apoios às crianças com necessidades educativas. Humberto Santos frisou também que "Portugal, nesta área, não está no caminho certo e que as políticas tomadas só têm contribuído para o aumento da exclusão social, pobreza e desemprego".
Público (formato de papel, p. 8)

segunda-feira, 30 de março de 2009

Televisões generalistas com novas regras destinadas a deficientes auditivos e visuais

Projecto em consulta pública aumenta parâmetros de exigência na acessibilidade aos conteúdos televisivos em Portugal, a partir de Julho deste ano
As televisões em Portugal vão ter de aumentar em várias horas semanais os mecanismos que facilitam o acesso à programação por deficientes visuais e auditivos, já a partir de Julho deste ano, de acordo com um novo projecto da deliberação da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), que vai entrar em consulta pública.
As estimativas da ERC apontam para um "núcleo duro" de 300 mil portugueses com deficiências mais profundas, sem contar com os espectadores mais idosos que sentem também dificuldades ao ver e ouvir televisão. Em conjunto, estes serão o público alvo do novo documento, indicou ao PÚBLICO Rui Assis Ferreira, membro do conselho regulador da entidade supervisora dos media. Em causa está um plano que se estende até ao fim de 2012, dividido em duas fases, que aumenta os mínimos de horas de emissão que devem ser acompanhados de legendagem especial (através do teletexto, por exemplo) e introduz a áudio-descrição, entre outras novas regras.
Uma hora semanal
Assim, entre o próximo mês de Julho e o final de 2010, o projecto define que os canais generalistas privados (SIC e TVI) vão emitir uma hora semanal de programas de ficção ou documentários com áudio-descrição - uma ferramenta em que as imagens que surgem no ecrã são oralmente descritas, útil para cegos e amblíopes.
O mesmo género de programas, num mínimo de oito horas por semana, terão de ser emitidos "com legendagem destinada especificamente a pessoas com deficiência auditiva". Este novo mínimo acrescenta três horas às regras actuais, baseadas num protocolo acordado entre os operadores televisivos em 2003 e revisto em 2005. A linguagem gestual passa também a ser obrigatória três horas semanais na grelha de natureza informativa, educativa, recreativa, cultural ou religiosa - mais meia hora por semana do que actualmente. Terá também de incluir, de acordo com o novo projecto de deliberação, a "interpretação integral" de um dos noticiários da noite, "com periodicidade semanal".
Outra novidade, face ao actual protocolo, será a aplicação específica de regras à SIC Notícias, RTP N e TVI 24, uma vez que são canais "temáticos informativos de acesso não condicionado com assinatura": pelo menos estes vão ter de garantir, entre as 19h00 e as 24h00, duas horas por semana de programas informativos acompanhados de linguagem gestual, incluindo "a interpretação integral de um dos serviços noticiosos", indica a ERC.
RTP antecipa
O projecto em consulta pública obriga também a transmitir as mensagem do Presidente da República, do presidente da Assembleia da República ou do primeiro-ministro, tal como comunicações dos serviços de protecção civil, com legendagem especial ou língua gestual. Quanto à RTP, como canal de serviço público, vai ter de antecipar "em pelo menos um ano as condições definidas" para os canais privados, no que respeita à segunda fase do calendário.
Isto significa que já a partir de Julho próximo, com antecedência de um ano e meio, a televisão do Estado deverá duplicar os novos valores semanais aplicados aos privados, que só têm de o fazer a partir de 2011, explicou Rui Assis Ferreira. O novo projecto de deliberação da ERC "destina-se a dar resposta à Lei da Televisão (aprovada em 2007)", de acordo com o mesmo responsável, seguindo-se agora a consulta pública.
Público (formato de papel), p. 9

"Lembras-te daquele gordinho que cheirava mal?"

O recreio da Escola Secundária João de Barros, em Corroios, está animado. Enquanto um grupo de miúdos atira a bola de futebol para fora das grades da escola e acerta em cheio no vidro de um carro que vai a passar, Teresa e Carina, ambas de 14 anos, espreitam curiosas para o auditório onde se anuncia um documentário sobre bullying. Sabem o que é? Claro que sim. "Lembras-te daquele que era da nossa turma, aquele gordo, baixinho, como é que ele se chamava? Aquele com que toda a gente gozava, lembras-te? Que também cheirava mal... Esse era vítima de bullying."
Teresa e Carina acabam de fazer, sem saber, uma boa introdução ao documentário de Manuel Guerra, um estudante do ensino secundário, de 18 anos. Guerra filmou os depoimentos de cinco jovens vítimas de bullying. Um chama-se Diogo. Um dia, os colegas colaram-lhe nas costas um penso higiénico. Andou com ele, sem saber, durante o intervalo todo. Toda a gente no recreio ria e gozava. É apenas um episódio. Mas para Diogo foi um entre tantos com os quais nunca aprendeu a lidar. E ainda hoje, com 17 anos, não consegue estar na escola "como as outras pessoas". Já para Francisco, 18 anos, o pesadelo começava no final do dia. O caminho da escola para casa demorava cerca de meia hora e todos os dias acontecia o mesmo: um grupo de rapazes fazia-lhe uma espera, perseguia-o, ameaçava-o.
Há também as histórias de Catarina, que ainda hoje tem de lidar com o que alguém fez com as suas fotografias na Internet ("Dizem coisas sobre ela, na Net, que não são verdade", explica Guerra), de Tiago e de Mário. São cinco alunos do secundário, colegas de Manuel, que, no documentário, contam as agressões verbais e físicas de que foram alvo, quando andavam no 7.º e 8.º anos. Manuel Guerra, estudante da Escola Secundária Artística António Arroio, em Lisboa, apresentou o documentário há apenas algumas semanas e ficou surpreendido com o impacto que o seu trabalho teve. Tem recebido vários convites para ir a escolas apresentar o vídeo e falar do problema. Nunca foi vítima de bullying (enfim, passou um "mês mau", no 8.º ano, quando o elegeram alvo de todas as piadas, mas passou). Contudo, interessou-se pelo tema quando foi sabendo o que alguns colegas tinham vivido.
O PÚBLICO acompanhou uma dessas visitas: na Secundária João de Barros, Guerra tem mais de 60 miúdos do 7.º ano à frente. Parecem inquietos antes de o filme começar, mas depois faz-se silêncio. "Algum deles enlouqueceu com o bullying, ou coisa assim?", pergunta um, no final, com um ar muito sério. Miguel Guerra pergunta-lhes se alguma vez estiveram envolvidos numa situação parecida. Há quem levante o dedo no ar, mas poucos. Têm vergonha, comenta um professor. Se não tivessem, havia muito mais dedos no ar. Depois, Guerra explica-lhes que devem pedir ajuda aos pais, aos professores, a um adulto em quem confiem. Diz que mais do que concorrer a festivais para apresentar o seu documentário, quer contribuir para que ninguém passe o que os amigos filmados em vídeo passaram.
Público (suporte papel), p. 4-5

domingo, 29 de março de 2009

Escola trilingue vai abrir em Castro Marim com uma parceria público-privado


A antropóloga Eglantina Monteiro e outros pais idealizaram um “oásis no atribulado terreno da educação”: a Escola Internacional de Castro Marim. Será um “projecto contemporâneo”, parceria público-privado, a funcionar numa zona raiana, “equidistante de Faro e de Huelva” e a apostar “nas três línguas mais cosmopolitas para o 3.º milénio – inglês, português, espanhol”.

Segundo Eglantina Monteiro, a escola, que abrirá no próximo ano lectivo, será “um estabelecimento de ensino cooperativo” resultante de uma parceria com a Câmara Municipal de Castro Marim, e que adaptará “o plano curricular inglês”. Em Janeiro do ano passado, um grupo de pais de alunos ou de futuros alunos da Escola de São Bartolomeu, em Castro Marim, criou a Associação da Almoinha – Escola da Gente, sabendo que ela “corria o risco de fechar no ano lectivo seguinte”, pois só havia onze alunos.

Com o apoio do Agrupamento Escolar de Castro Marim, da autarquia e da professora, apresentaram um projecto curricular alternativo. Definiram “uma estratégia com vista ao reforço do corpo docente e um programa de actividades extracurriculares integradas no plano pedagógico geral”.O projecto baseava-se no método do Movimento da Escola Moderna – “aprende-se, fazendo”. Caberia à associação contratar um professor para ter dois por cada dez a 12 alunos. Só que a sociedade não respondeu. E em meados de Agosto havia apenas sete alunos inscritos. A escola fechou.

A associação reinventou-se. Nesse Verão, desenvolveu actividades extracurriculares para crianças entre os 5 e os 12 anos, formação de adultos. Agora, um punhado de pais quer ir mais longe. E a autarquia embarcou no plano, até porque é também uma forma de combater a desertificação, acredita Eglantina.

A câmara cedeu o edifício da antiga escola de Rio Seco para pré-primária e o edifício da antiga escola primária de São Bartolomeu para primeiro e segundo ciclo, requalificados há pouco. E paga a manutenção de ambos, o que inclui água, electricidade, limpeza, transporte, alimentação. A cooperativa paga os professores, com a propina, que ficará muito abaixo do que é típico nos colégios privados.

Entre o 1.º e o 6.º ano, as disciplinas-chave – como Ciências, Geografia, História e Matemática – são em inglês; e as outras – como Música, Teatro, Desporto, Trabalhos Manuais e Artes Visuais – em português. Haverá aulas das 9h00 às 16h00. Entre as 16h00 e as 18h00, a escola abre-se a todas as crianças a comunidade. Podem participar nas actividades previstas para os alunos, dentro do plano: fazer pão, cestos, jardinagem, hortas, tudo orientado por pessoas da terra. “Isto é uma escola para e a partir do lugar”, resume a antropóloga. Aproveita o património que existe, de algum modo recicla-o.

sábado, 28 de março de 2009

Candidato invisual na freguesia de Cedofeita

António Mourão é o primeiro cego a disputar eleições autárquicas no Porto. Candidato (...) aponta casos que limitam circulação de deficientes.
Nasceu em Trás-os-Montes, mas aos nove anos veio estudar para o Porto. Cidade que o acolheu e que hoje, aos 62 anos, António Mourão tem como sua. É nela que o antigo professor de Filosofia não se cansa de calcorrear as ruas para lhe sentir, "atento", o pulso. (...)
Na escadaria da igreja, António elogia o empenho da comunidade na preservação do edifício. "É pena que, neste momento, uma das torres esteja tapada. Mas, a que já está pronta ficou muito bonita", afirmou. Nos passos largos, de braço dado com a mulher, Maria de Fátima, o candidato sabe o que quer mostrar. "Vamos ali à passadeira e descemos para a Rua de Cervantes", aponta António Mourão. (...)
O puxão certeiro da mulher faz com que António perceba que chegou ao "local crítico". "A Rua de Cervantes, sem passeios, é perigosa para os jovens que a atravessam diariamente", sublinha o candidato, enquanto desabafa "que o piso está uma verdadeira vergonha".
A sua condição de cego deixa-o "mais atento às limitações dos deficientes". De carro, António Mourão não precisa das coordenadas da mulher para saber onde está. Na Rua de Brito Capelo, chama a atenção para a cabina telefónica, perpendicular à parede, onde já bateu "muitas vezes". "Conheço todas as ruas da cidade pelas curvas", solta em jeito de graça.
"São imensas as barreiras arquitectónicas", diz o candidato, que lamenta o facto de "o passeio estar sempre cheio de ambulâncias junto ao Hospital Maria Pia" ou de "não haver passeios rebatidos na Rua da Constituição". (...)

sexta-feira, 27 de março de 2009

AR aprovou projecto do CDS-PP para cartão de portadores de doenças raras

A Assembleia da República aprovou hoje por unanimidade um projecto de resolução do CDS-PP, que recomenda ao Governo a criação do Cartão para Protecção Especial dos Portadores de Doença Rara.
De acordo com o diploma, este Cartão da Doença Rara proporcionará aos seus portadores um "acesso diferenciado" aos serviços de urgência e a consultas de especialidade. O Cartão deverá ter um 'chip' onde constarão dados como a identificação do doente e a patologia que padece, a medicação habitual, bem como a medicação a administrar em caso de urgência e o contacto do médico assistente.
Segundo números fornecidos pelo CDS-PP, estima-se que existam entre cinco mil e oito mil doenças raras diferentes, afectando, no seu conjunto, entre seis a oito por cento da população, ou seja, em Portugal deverão existir entre 600 a 800 mil pessoas com este tipo de patologias.

Escola Secundária Quinta das Palmeiras: “Ser um dia para um dia ser”


Gonçalo nunca tinha tido uma experiência como esta que a Escola Secundária Quinta das Palmeiras e o Intermarché da Covilhã lhe proporcionaram. Há dois anos, agarrou o desafio do projecto “Ser um dia para um dia ser”, através de um estágio de transição para a vida activa. Nunca mais o esqueceu.
Colocava ordeiramente os produtos nas prateleiras do supermercado todos os dias. Massas, arroz, enlatados, fruta, legumes. Com alguma nostalgia voltou a exemplificar essas mesmas rotinas. Fez amigos novos, conta sem resistir ao som da música que corre na grande superfície onde trabalhou há dois anos.
Gonçalo tem 21 anos e é um aluno com necessidades educativas especiais de carácter permanente que beneficiou das vantagens deste projecto, uma “invenção” de um estágio pré-profissional, a partir do despiste dos interesses, das necessidades, das aptidões e dos gostos pessoais dos alunos com currículos alternativos e com necessidades educativas especiais de carácter permanente.
Nas palavras do presidente do conselho executivo, João Paulo Mineiro, a experiência com este projecto, que já existe desde os anos 90, “tem-se revelado gratificante, permitindo a muitos alunos encontrarem-se consigo próprios, identificarem uma motivação pessoal para a sua vida, descobrirem a alegria de fazerem o que gostam, perceberem que também podem ser úteis aos outros e à sociedade”.
Com a classificação de Muito Bom em todos os domínios avaliados, distingue-se pela prática de acolhimento de alunos com necessidades educativas especiais e pelos projectos desenvolvidos, bem como pela aposta nas mais diversas parcerias e protocolos com entidades locais, nacionais e internacionais.
Por outro lado, o mérito é valorizado não só através da prática anual de atribuição de prémios aos três melhores alunos de cada ano, como através da valorização dos talentos da escola, prática que já colheu frutos entre muitos alunos, tanto através da edição de livros, como de exposições de pintura e fotografia.
Alguns talentos chegam mesmo a partilhar os seus conhecimentos com o exterior da escola. Tiago Ruas é um apaixonado pela meteorologia, o que já lhe valeu um tempo de antena garantido numa rádio local, através da previsão semanal do estado do tempo, aproveitando ainda para dar explicações científicas e pedagógicas sobre os fenómenos da meteorologia.
Existe, ainda, nesta escola um acentuado trabalho de equipa que envolve mesmo toda a comunidade educativa. Os pais chegam a ter um papel preponderante e activo na vida da escola, designadamente através de palestras que se oferecem para dar relacionadas com as áreas do saber que exercem diariamente. É o caso da mãe do Duarte, relações-públicas, que deu uma aula de etiqueta a diversas turmas. Os alunos gostaram, e os professores também.

Garcia Pereira diz que nova gestão das escolas é ilegal

Depois da avaliação dos professores, o alvo é a forma de gestão das escolas. Num parecer sobre o novo modelo de autonomia e gestão escolar (D.L. 75/2008), do qual o Dn teve acesso a uma síntese, o advogado lisboeta Garcia Pereira não tem dúvidas em considerar que, também aqui, se verificam situações de "inconstitucionalidade" que poderão pôr em causa a validade desta reforma.(...)
E é precisamente a forma de escolha destes directores pelos "conselhos gerais", outra novidade da lei, que o especialista em Direito do Trabalho mais critica..
Garcia Pereira considera que a tutela implementou "um singular, confuso e híbrido sistema" de eleição , que não chega a ser concursal porque, dentro de determinados "requisitos mínimos" permite a escolha "do menos qualificado" dos candidatos. Mas "também não é verdadeiramente electivo" já que, para o advogado, tal só seria possível se a escolha fosse feita "por eleição directa dos membros da comunidade escolar".
Mas são as alegações sobre potenciais inconstitucionalidades, nomeadamente orgânicas -"[O diploma é] produzido pelo Governo no âmbito da matéria de reserva absoluta da competência da Assembleia da República (que assim foi invadida)" - que poderão gerar mais consequências.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Resultados da candidatura para acreditação a Centros de Recursos para a Inclusão (CRI)

A DGIDC disponibiliza para consulta a lista das instituições já acreditadas pelo júri de avaliação, reunido nos termos constantes do n.º 6 do Aviso nº 22914/2008, publicado no Diário da República, 2ª série, nº 170, de 3 de Setembro.

Análise Comportamental Aplicada, Intervenções na Escola, Casa e Contextos Clínicos

A APPDA de Coimbra em conformidade com o Centro ABA – Centro de Terapias Comportamentais, tem o prazer de anunciar o Workshop: “Análise Comportamental Aplicada, Intervenções na Escola, Casa e Contextos Clínicos”.
Este mesmo irá realizar-se na cidade de Coimbra no dia 9 de Maio de 2009, das 10:00 às 13:00 e das 14:00 às 18:00, que terá lugar na Escola Martim de Freitas em Coimbra.
A Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo de Coimbra (APPDA-Coimbra) é uma Instituição Particular de Solidariedade Social que faz parte da Federação Portuguesa de Autismo.
Desde a sua constituição em 1994 que actua nos diversos Distritos da Região Centro.
Esta Instituição tem como objectivos dar respostas a crianças, jovens e adultos com Perturbações do Desenvolvimento do Espectro Autista (PDEA) e seus familiares; apoiar a investigação da etiologia, fenomenologia e terapêutica das PDEA; dar formação aos responsáveis por pessoas com PDEA e por fim colaborar com Instituições congéneres.
O Centro ABA é um espaço dedicado à resolução de problemáticas e/ou patologias comportamentais, cognitivas e emocionais através da intervenção adaptada e individualizada, contribuindo para a mudança social a nível individual, grupal e comunitário.
Este destina-se à investigação na área de intervenção comportamental, assim como, a realização de acções de formação para pais, técnicos, educadores e outros interessados, contribuindo para uma maior consciência pública da eficácia das estratégias comportamentais.
Carregando AQUI poderá descarregar em formato PDF, o folheto com a informação detalhada, folha de inscrição, matrícula, data e local. Para mais informações ou para efectuar o pagamento da formação, por favor contacte APPDA-COIMBRA, 239 822 004 ou via e-mail appdacoimbra@gmail.com.

Petição responsabiliza pais por insucesso dos filhos

A petição está desde segunda-feira na Internet (http://www.peticao.com.pt/responsabilizacao). A ideia é incitar a Assembleia da República a legislar no sentido de se "criar mecanismos administrativos e judiciais, desburocratizados, efectivos e atempados, de responsabilização dos pais e encarregados de educação em casos de indisciplina escolar, absentismo e abandono".
"É um daqueles casos em que o philosophare vem do vivere", diz Luís Braga, professor de História, com pós-graduação em Administração Pública e Administração Escolar, presidente do Conselho Executivo do Agrupamento de Escolas de Darque, freguesia-problema de Viana do Castelo, vogal da direcção nacional da Amnistia Internacional.
Inspirou-se na sua "experiência e consciência prática". E na avó, uma dura professora primária no interior do Portugal dos anos 40/50, que mandava "a GNR a casa dos pais que proibiam rapazes e raparigas de ir à escola". Era já idosa quando Luís assistiu a "algumas cenas comoventes": havia pessoas que choravam ao reencontrá-la e que "lhe agradeciam a coragem de mostrar intransigência na defesa da escola".
A inspiração última: uma notícia oriunda da Califórnia. A semana passada, uma mulher chamada Carla Wig-ginton, de 52 anos, foi condenada a uma pena de prisão por "contribuir para a delinquência dos dois filhos menores, ao deixá-los faltar às aulas". Os rapazes faltaram mais de cem dias às aulas durante o ano lectivo 2007-2008. A mãe foi sentenciada a 90 dias de prisão - 60 dos quais serão suspensos se os miúdos se tornarem assíduos - e a aulas de educação parental. "É capaz de ser duro de mais, mas a verdade é que não cuidar de enviar um filho à escola é roubar-lhe o futuro", comenta Luís Braga.
A petição não defende pena de prisão. Defende mecanismos que se traduzam em "medidas sancionatórias às famílias negligentes", como multas.
Público (26/03/2009, página 8)

quarta-feira, 25 de março de 2009

Hospitais da Universidade de Coimbra realizaram primeiro implante do ouvido médio

Os Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) realizaram este mês, pela primeira vez, uma cirurgia que permite colocar um implante auditivo em pessoas com surdez neurosensorial, melhorando de forma significativa a sua qualidade de vida, foi hoje anunciado. (...)
"A esperança de vida é cada vez maior e, à medida que se vai envelhecendo, a audição vai-se degradando", referiu.
Os implantes do ouvido médio "destinam-se a uma fatia muito importante da população" e representam "uma boa esperança na qualidade de vida destas pessoas", adiantou António Paiva.
Por outro lado, "têm uma grande importância" quando as pessoas não toleram as próteses auditivas convencionais. "Há muita gente a rejeitar as próteses.
Esta é uma alternativa", referiu o otorrinolaringologista, adiantando que estes implantes têm uma qualidade de som "muito superior" à daqueles dispositivos externos.
Através de uma intervenção cirúrgica, o implante é colocado no ouvido médio e a bateria minúscula que o alimenta inserida entre a pele e o osso. Após o processo de cicatrização, um "software" faz o ajustamento e afinação do dispositivo, à semelhança do que se verifica com as próteses auditivas.

"Os maus pais são os que acham que a criança tem direito a tudo"



Entrevista com Aldo Naouri

Já está reformado, mas antes de ter deixado o exercício da pediatra ainda observou os netos de uma das suas primeiras doentes, orgulha-se. Sabe dizer “não tenhas medo” em 48 línguas, tantas quantas as nacionalidades de doentes que recebia no seu consultório, em Paris. Escolheu ser pediatra porque acreditava que não ia lidar com a morte. Enganou-se. Agora dedica-se à escrita de livros. Em Educar os Filhos: Uma Urgência nos Dias Que Correm, publicada pela Livros d´Hoje, defende uma educação sem relações democráticas, onde as crianças são postas no seu lugar, que é o de obedecer sem questionar. Eles não têm direitos, porque não são o centro do mundo. Conservador? “Sim, mas no bom sentido da palavra”, admite.

Defende que os pais são muito permissivos e que devem exercer mais a autoridade. Como é que chegou a essa conclusão?
Quando os bebés vêm ao mundo, passam por um processo muito violento que é o da expulsão do corpo da mãe. Desde o primeiro dia que os pais procuram ajudá-los a adaptar-se e quando o bebé chora, a resposta dos pais é imediata na procura do seu conforto. Os pais acorrem imediatamente e o bebé compreende-o. O que defendo é que o bebé precisa de regras desde cedo, porque se estas não lhe forem ensinadas, ele permanecerá um bebé para o resto da vida.

Não é um cenário exagerado?
Não. A sociedade será constituída por indivíduos que estão centrados sobre si próprios, para os quais as regras e os outros não interessam. O problema da educação é não é só de cada uma das famílias, mas diz respeito directamente a toda a sociedade.

É por isso que defende que uma ordem, dada pelos pais, não deve ser explicada, mas executada?
Os pais e os filhos não estão no mesmo nível geracional, entre o pai e a criança a relação é vertical. Ao educarmos a criança, queremos elevá-la, fazê-la ascender ao nosso nível, ou seja, partimos do bebé para fazermos um adulto. Quando damos uma ordem e a explicamos, a relação vertical torna-se horizontal porque permitimos à criança que possa negociá-la. No entanto, ela precisa de saber que há limites.

Mas se aplicarmos este princípio, não estaremos a criar adultos sem pensamento crítico, que executam ordens sem perceber, nem contestar?
Este é um conceito que deve ser aplicado em qualquer idade: os pais dão a ordem e a criança executa. Claro que a ordem pode ser explicada, mas só depois. Dizer “não” a uma criança é como o parapeito de uma ponte, em cima da qual ela se encontra. Se não houver esse parapeito, a criança cai para o vazio e nenhum pai quer que isso aconteça. O “não” é uma protecção.

Os pais nunca pedem desculpa, nem mesmo quando erram ou são injustos?
Nunca! Os pais nunca pedem desculpa. Devem falar com firmeza e ternura. Nunca temos de nos justificar, nem de dar argumentos à criança. Podemos explicar, mas não justificar. O limite entre ambas é ténue, por isso defendo que na maior parte das vezes nem se explique.

O modo como os pais educam, por vezes, não é em reacção à forma como foram educados? Ou seja, eles tiveram pais rigorosos e autoritários, logo, são mais democráticos?
Justamente, quando os pais se tornam pais, por vezes, recordam que há algum ressentimento em relação aos seus pais e não querem repetir, nem querem que os seus filhos o sintam mais tarde. O que digo a esses pais é que as crianças estão condenadas a amá-los, porque foram eles que as educaram. É inútil entrar no jogo da sedução, esse é que é perigoso. Quando dizemos “não”, estamos a impor limites, estamos a dizer à criança: “O teu percurso é por cima desta ponte e esta tem parapeitos para que não caias à água.” Se os pais disserem “não” com tranquilidade, a criança não vai contestar.

Não haverá uma altura em que a criança quer espreitar por cima do parapeito ou pôr-se em cima dele?
A criança vai querer abanar a ponte, transgredir para ver se a ponte é sólida. Essa transgressão vai ajudá-la. As crianças são extremamente sensíveis aos limites, porque têm medo. A autoridade não é nociva, porque dá-lhes boas indicações sobre como é que devem seguir o seu percurso.

Por isso defende que é preferível educar as crianças de uma forma ditatorial a uma democrática?
Os pais são permissivos porque a ideia da democracia e dos direitos está muito espalhada. Ao criar as crianças de um modo ditatorial e autoritário, estas vão aprender a reprimir. A partir desse momento, compreendem que os outros também existem e, no futuro, serão democratas. Mas, se os criarmos em democracia, como se fossem iguais aos pais, vão crescer centrados sobre si mesmos, vão crescer como fascistas.

O que é um fascista?
É um indivíduo que pensa que tem todos os direitos.

Os pais têm mais direitos do que os filhos?
Hoje os pais procuram o prazer da criança e devia ser ao contrário. Os pais têm mais direitos, mas também mais deveres. O direito de saber o que é que lhes convém e às crianças e o dever de o impor à criança.

Não é isso a ditadura?
Não! Não é ditadura, mas autoridade. Se os pais continuarem a dar todos os direitos à criança, começam a pedir-lhe autorização para sair à noite, para fazer esta ou aquela compra. Em França, 53 por cento das decisões sobre que produtos comprar são decididas pelas crianças. Alerto para o risco de estarmos a criar tiranos.

Que tipo de adultos estamos a criar?
A mensagem do marketing insiste na importância dos filhos, o que paralisa os pais. A mensagem tem como objectivo aumentar o consumo. E estamos a criar crianças tiranas, autocentradas, perversas, que só pensam nelas.

São crianças que não sabem reagir à frustração? Que efeitos pode a actual crise económica ter sobre elas?
A crise económica é já um resultado de uma educação irresponsável. Isso significa que as duas gerações anteriores já foram educadas nesse paradigma de que a criança é o centro do mundo?

Isso significa que as duas gerações anteriores já foram educadas nesse paradigma de que a criança é o centro do mundo?

Sim. As coisas começaram a mudar a partir do momento em que entrámos numa sociedade de abundância. Antes disso, dizíamos: “Não se pode ter tudo.” A partir dos anos de 1955/1960, passámos a dizer: “Temos direito a tudo.” A partir desse momento, começou a crescer a importância do “eu, eu, eu”.


Sempre pensou assim, ou, à medida que foi envelhecendo, foi mudando?
As crianças vão ao meu consultório e não têm problemas. Porquê? Porque trato rapidamente desta dimensão da educação com os pais. Quando estes falam com outros pais, recomendam-me: “Vai falar com Naouri.” E eles vêm. Preciso de duas ou três consultas para resolver os problemas com eles. Porquê? Porque dou este tipo de explicações.

Quais são as principais queixas dos pais?
Falta de disciplina, mau comportamento, desobediência nas horas de comer, tomar banho ou de dormir. Os pais pedem socorro, porque não conseguem reprimir as pulsões das crianças. Seja uma criança de um, três ou sete anos, procedo sempre do mesmo modo. Falo com os pais, escuto o que se passa, agradeço à criança por me ter vindo ver e ter trazido os pais e digo-lhe ainda que me vou ocupar dos pais. Em 80 por cento dos casos, as coisas ficam em ordem.

Como é que os pais sabem que são bons pais?
Os bons pais são os que permitem à criança poder desejar. Os excelentes não existem. Todos os pais têm defeitos, os maus são os que acham que a criança tem direito a tudo.

Qual é a sua opinião sobre as novas famílias, as monoparentais, as homossexuais, as divorciadas que voltam a casar... Podem ou não ser boas educadoras?
Em nome do egoísmo pessoal tomamos decisões que são prejudiciais para as crianças. As crianças filhas de pais divorciados divorciam-se mais rapidamente. As crianças de famílias monoparentais são crianças sós. Quanto aos casais homossexuais, a criança é como que um produto. Temos direito à felicidade, à saúde, a tudo o que queremos e também a uma criança. Isso é desumanizante.

Deviam existir escolas de pais, para estes aprenderem a educar?
Pessoalmente acho que a escola de pais vai ainda paralisá-los mais. Eles recebem demasiadas mensagens, algumas contraditórias e que paralisam. Defendo que os pais devem ser pais, que não tenham medo de o ser e de ter confiança. Se assim agirem, saberão o que fazer.

Disciplinas como Educação para a Cidadania ou Educação Sexual são necessárias?
Tudo é necessário. A função da escola não é educar, a educação deve ser dada nos três primeiros anos de vida, pelos pais. A escola faz isso como paliativo, mas não chega, porque a educação é um problema e responsabilidade dos pais.

Porque é que os pais não são mais firmes? Porque têm medo que os seus filhos os deixem de amar?
As crianças olham para o mundo como os pais o apresentam. A firmeza, quando é usada, vai passar a ser uma dimensão natural do mundo. Por vezes, as coisas não são perfeitas e é preciso gastar mais energia e mais tempo, mas os pais devem manter-se firmes, sem nunca esquecerem a ternura.

No seu livro afirma que as crianças não têm direitos. Porquê?
Explico no livro que quando a França tencionava assinar a Convenção Internacional dos Direitos da Criança, os especialistas reunidos pelo Governo, entre os quais eu me encontrava, recusaram a sua assinatura porque é um documento que não se adequa ao contexto europeu, porque são só direitos, sem enunciar qualquer dever, o que leva ao laxismo. No entanto, o Governo já a havia assinado.

Mas há crianças europeias que vivem na miséria, são vítimas de abusos e de maus tratos. Não precisam de ter direitos?
São poucas as que vivem essas situações. É importante sublinhar que o direito mais importante a que a criança tem direito é à educação. É curioso verificar que "educar" e "seduzir" são construídas a partir da mesma palavra do latim "ducere", que quer dizer, "puxar para si", "conduzir", o que deu "ducare", "educar". Mas "ducere" parte do radical "dux" que quer dizer "chefe". A ideia de chefe ou do exemplo que dele se destaca. Ora "seducere", é exactamente o contrário, é colocar de parte o exemplo do chefe. Educar implica impor à criança um constrangimento ou uma privação que faça sentido em si. E que não é para ter efeito imediato, mas a longo prazo.

Em consultório, já houve pais que discordaram consigo e deixaram de o consultar?
Há pais que ficam chocados com o que digo. Não posso fazer nada. Pelo meu consultório passaram pessoas de 48 línguas diferentes. Quando vejo alguém pela primeira vez cuja língua materna não é o francês, pergunto como é que na sua língua se diz "não tenhas medo" e transcrevo foneticamente. Sei em chinês, grego... E quando pego na criança digo-lhe "não tenhas medo". À criança digo pouca coisa, trato-a com ternura e ela sente-a. Mas falo sobretudo com os pais. O que é surpreendente é a rapidez com que os pais recuperam as suas capacidades de educadores. Falo com eles e é como se se encontrassem e se sentissem autorizados.

Já foi acusado de ser de extrema-direita?
Sim, por uma imprensa que recusa totalmente a possibilidade de educar. Digo que são pessoas que não sabem nada de educação, que me acusam de fazer muito barulho e de querer impor um modelo e de dar uma ideia de catástrofe. Mas é preciso chamar a atenção para os perigos de uma educação permissiva. Contudo, a maior parte das reacções, as centenas de cartas e de e-mails que recebo são de pais que me agradecem.

E os investigadores e outros autores estão de acordo com as suas ideias?
A maior parte está de acordo. Os psicanalistas que conheço, excepto, dois ou três, dizem que o meu trabalho é excelente e necessário.

Os pediatras devem ser mais do que médicos que fazem diagnósticos?
Antigamente, os pais pediam aos pediatras: Faça tudo para que o nosso filho não morra e que tenha uma boa saúde. Agora, pedem-nos para colaborar com eles na educação. Mas os pediatras não sabem responder e é uma pena.

Não sabem responder porque falta formação nessa área?
Sim, há 60 anos que a pediatra continua a ser ensinada da mesma maneira. Os estudos deviam preparar os pediatras para saber responder a todas as dúvidas educacionais dos pais. Um dos problemas da pediatria é que as palavras “pai” e “mãe” não existem e os médicos só conhecem as palavras “bebé” e “criança”.

Os pediatras deveriam ter mais conhecimentos de psicologia e pedagogia?
Absolutamente. Os pediatras deviam perceber que os pais quando têm problemas com o comportamento dos filhos não querem ir falar com um psicólogo, mas com o médico que acompanha os seus filhos. É preciso mudar. Eu estudei psicanálise, mas também antropologia, sociologia, linguística. Fui-me formando e os meus colegas pedem-me para falar com eles sobre estes temas porque percebem que têm essa dificuldade.


terça-feira, 24 de março de 2009

Homem Aranha salva criança autista


Um bombeiro tailandês vestiu-se na terça-feira de Homem Aranha para conseguir uma um rapaz autista de oito anos abandonasse a varanda de um terceiro andar de onde parecia prestes a atirar-se, informou a polícia.
O episódio ocorreu numa escola especial de Banguecoque, onde um professor se deu conta que um dos alunos saíra por uma janela do terceiro piso e não fazia caso dos chamamentos para que saísse dali.
A mãe informou a polícia que o filho era um grande entusiasta de super-heróis e pouco depois um bombeiro apareceu vestido de Homem Aranha na tentativa de resgatar a criança. "Parece incrível, mas o menino lançou-se-lhe nos braços assim que o viu", relatou o sargento Virat Boonsadao.
Boonsadao explicou que o bombeiro guardava o fato de Homem Aranha no seu cacifo e utilizava-o para amenizar os intervalos dos ensaios anti-incêndios.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Sete em cada dez crianças enuréticas não têm apoio


Fazer chichi na cama, a chamada enurese, afecta milhares de crianças, adolescentes e até adultos em Portugal. São muitas as pessoas que, segundo uma especialista, chegam à idade adulta com enurese porque nunca procuraram ajuda.
Do alto dos seus 9 anos, João Pedro (nome fictício) não sabe muito. Mas a experiência de uma vida inteira dominada pelo fantasma da enurese, o mesmo é dizer, a incapacidade de controlar a urina, deu-lhe a certeza de pelo menos uma coisa: não há melhor do que viver longe das fraldas.
Desde cedo, conta a mãe, tornou-se clara a dificuldade em controlar o chichi. E não era só de noite que, traído pelo sono, molhava a cama. O problema acompanhava-o de dia, prendendo-o a uma vergonha que o afastava do contacto com amigos e até família. «Nunca pode ficar em casa de ninguém a dormir, inclusive dos tios, que sabiam do que se passava, mas com quem ele nunca quis falar sobre o tema», explica ao Destak Maria, a mãe.
Durante anos, perderam a conta às consultas, aos medicamentos obrigado a tomar para tratar uma «bexiga hiperactiva». Só agora, graças a uma clínica especializada, ultrapassaram o problema nocturno, sendo a tarefa que se segue a de controlar as perdas de urina, empecilho à normalidade diurna.
Ignorar é errado
Miriam Gonçalves, psicóloga e especialista em enurese da Clínica Pipinho, a primeira dedicada ao tratamento multidisciplinar da enurese, com consultas no Porto, Lisboa e Aveiro, confirma que o chichi na cama «é um problema que atinge e aflige milhares de crianças, adolescentes e até adultos». Por cá, estima-se que cerca de 80 mil sejam enuréticas. A este número acrescenta-se outro: sete em cada dez crianças não recebem apoio médico.
A ideia de que, por ser normal, este é um problema que se resolve sem a intervenção de um especialista é, segundo a médica, errada. «A pior coisa a fazer é esperar que passe por si só. Ninguém sabe ao certo quando é que vai desaparecer. Por isso é que muitas pessoas chegam à idade adulta com enurese, porque nunca procuraram ajuda.»
«As crianças escondem o segredo com vergonha»
O problema da enurese vai para além da roupa que se suja. O sofrimento psicológico, tantas vezes esquecido, é uma realidade para as crianças e famílias. «Os miúdos sentem-se diferentes, podendo ser mesmo gozados ou marginalizados. Podem vir a sofrer graves problemas de auto-estima, autoconfiança e socialização», diz a médica.
Mas há mais. «A enurese pode também limitar uma série de actividades importantes na infância, como o dormir na casa de amigos, campo de férias, excursões, desporto, visitas a familiares. As crianças escondem o seu segredo por vergonha, porque pensam que só eles é que ainda fazem chichi na cama. Mas a realidade é que, numa turma de 30 alunos da primária, cinco escondem este segredo.»
O que é a enurese e como se pode tratar
A enurese é a falta de controlo sobre a micção ou perda urinária involuntária no sono em crianças a partir dos 5 anos, que ocorre, no mínimo, duas vezes por semana, por três meses seguidos. Trata-se de uma disfunção que as crianças não conseguem controlar, sendo várias as formas de tratamento, da medicação às terapias motivacionais.

domingo, 22 de março de 2009

Avaliação de professores: 180 escolas não penalizam docentes que recusem entregar objectivos

Cerca de 180 presidentes de conselhos executivos debateram a avaliação dos professores e definiram princípios para criar uma associação de dirigentes de escolas públicas, reafirmando que a lei não os obriga a penalizar docentes que recusem entregar os objectivos.
Fernando Elias, um dos porta-vozes do grupo e professor do agrupamento de Escolas de Colmeia, em Leiria, disse à Lusa que o encontro em Lisboa reuniu 180 pessoas, de um conjunto de 1200 presidentes de conselhos executivos.
Desta reunião saiu o entendimento de que a legislação actual “não permite que os conselhos executivos possam praticar medidas que penalizem os docentes” caso estes não entreguem os objectivos.
“Nada na lei obriga à entrega de objectivos”, continuou o professor. Por isso, “não estamos obrigados a aplicar medidas” penalizadoras sobre os professores que não o façam, acrescentou.
Comentário:
Perante toda a polémica relacionada com a avaliação, esta posição acaba por ser ponderada. Respeitam a vontade dos professores sem, no entanto, os penalizar, uma vez que nada na legislação impõe a obrigatoriedade da apresentação dos objectivos individuais como passo inicial e determinante para o processo avaliativo.
Como qualquer crítico responsável, este grupo pretende apresentar uma proposta de avaliação. De facto, os conselhos executivos/directores são quem, no terreno, sente as dificuldades e as virtudes (se as há!) do modelo avaliativo imposto a toda a força. Como tal, é de louvar a atitude de criticar mas, sobretudo, de apresentar propostas que se pretedem credíveis e justas!

sábado, 21 de março de 2009

Escolas normais para crianças com trissomia 21


Henri, 18 anos, tem uma motivação invulgar para o trabalho de tratador de cavalos, que adora. De manhã, alegre da vida, apanha um autocarro, um comboio, mais um autocarro e ainda anda 15 minutos a pé para se deslocar sozinho, de Lisboa, para o seu local de trabalho, um centro hípico em Caxias.
Filho de mãe portuguesa e pai francês, Henri personifica o exemplo de alguém que, apesar de ter nascido com síndrome de Down, conseguiu caminhar para a autonomia, estudar até onde as suas possibilidades permitiram, aprender uma profissão e ter um trabalho. Essa é, de resto, a mensagem e o apelo que se procura hoje transmitir com a celebração do Dia Mundial da Trissomia 21.
"Para este nível de desenvolvimento foi determinante o meu filho ter sido sempre rodeado da maior normalidade possível, estudando até ao 8º ano em escolas do ensino regular," acredita a mãe, Carmo Teixeira. "O relacionamento com os outros miúdos correu sempre muito bem. E só se notou um maior desfasamento em matérias como a matemática e a partir de um certo grau de ensino".
Apesar de ser uma firme defensora da integração destas crianças nas escolas regulares, Carmo não dispensa o papel "fundamental"do Centro de Desenvolvimento Infantil Diferenças, onde paga 126 euros por mês, nos progressos do seu filho. Para além das terapias específicas orientadas para o desenvolvimento cognitivo, "a psicóloga do centro deu um apoio excepcional para reforçar a sua autonomia, foi com ele para a rua, ensinou-o a comprar um bilhete de comboio, a cozinhar ou ir às compras", conta Carmo Teixeira.
Francisca, de 3 anos - também nascida com um cromossoma a mais no par 21 -, é acompanhada por terapeutas daquele centro desde os 15 dias de vida. "Ela está óptima", confirma a mãe, Francisca Prieto, que soube da condição da sua filha pelo diagnóstico pré-natal.
Também a Francisca, que entrou este ano para o infantário, tem beneficiado das "vantagens" da escola regular. "Ela sente-se bem, foi recebida de braços abertos pela escola, e são os próprios pais que valorizam a presença da Francisca na escola para educar os seus filhos na aceitação da diferença", disse Francisca Prieto, dirigente da associação Pais 21. No âmbito das recentes alterações ao ensino especial, a quase totalidade das escolas já integra, de resto, este tipo de crianças, adianta aquela responsável.
A pequena Francisca faz terapia ocupacional duas vezes por semana e uma terapeuta do centro desloca-se à escola uma vez por semana para dar formação aos professores e acompanhar a criança. "A colaboração com as escolas de ensino regular é um traço marcante do serviço prestado pelo centro", sublinha o seu presidente, o pediatra Miguel Palha, que gere um dos maiores e maus reputados centros do género na Europa.
Ali são acompanhados por 100 técnicos um total de 9 mil crianças e jovens, sendo que 1200 com trissomia 21 e os restantes com autismo e outras perturbações cognitivas, como deficiências de aprendizagem ou hiperactividade.
Tal como as mães ouvidas pelo DN, Miguel Palha considera que "estas crianças estão cada vez melhores e mais integradas". E dá como exemplo o facto de ali, 80 por cento das crianças até aos oito anos estarem a ler e escrever. "Isto significa que elas poderão vir a exercer uma profissão no futuro", acrescentou o defensor da integração nas escolas regulares.

Crianças com trissomia lêem mais cedo


No Dia Mundial da Trissomia 21, Portugal tem razões de orgulho: estas crianças frequentam o sistema regular de ensino e lêem cada vez mais cedo. Mas ainda é preciso desmistificar a doença e garantir integração profissional.
O retrato optimista é traçado por Miguel Palha, médico e fundador da Associação Portuguesa de Portadores de Trissomia 21 (APPT21), tarefa em que se empenhou depois de ultrapassar o "choque" do nascimento da sua filha Teresa, portadora do síndrome de Down. Hoje com 22 anos, Teresa preside à associação, enquanto o pai assume a direcção clínica do Centro de Desenvolvimento Infantil "Diferenças", um dos mais avançados da Europa e do Mundo, garante o pediatra.
Criado em 2004, em Chelas, Lisboa, o centro desenvolveu vários programas específicos de intervenção para a trissomia 21 e outras perturbações de desenvolvimento. Tem a maior casuística mundial de trissomia (apoia actualmente 1200 crianças) e uma das maiores a nível europeu de dislexia, perturbações da linguagem e perturbações do espectro do autismo. Ao todo, os cerca de 100 profissionais que ali trabalham - entre pediatras do desenvolvimento, psicólogos e terapeutas ocupacionais e da fala - acompanham nove mil crianças de todo o país e são também procurados por pais do estrangeiro.
A aprendizagem da leitura e o desenvolvimento da linguagem são os grandes avanços apontados por Miguel Palha. "Quando começámos a trabalhar, apenas 5% dos miúdos com trissomia 21 liam. Neste momento, 80% estão a ler até aos 8 anos", disse ao JN, congratulando-se com o facto de, aos 10 anos, virtualmente, todos os meninos com trissomia 21 estarem integrados no sistema regular de ensino. "São os melhores resultados em qualquer parte do mundo", afiança.
Contudo, o médico não esconde as dificuldades. "Estes meninos são vulneráveis. Estão em desvantagem na sociedade", nota, lançando um apelo aos pais para se "anteciparem", por forma a iniciar-se uma intervenção "o mais precoce e eficaz possível".
Foi o que fez Francisca Prieto, 37 anos, mãe de uma menina com trissomia 21 e fundadora do grupo Pais 21. Pelo facto de estas crianças serem muito sensíveis a infecções e problemas respiratórios, Francisca decidiu que, nos primeiros dois anos, a filha ficaria com ela em casa. Mas assim que a pequena Francisca atingiu os 3 anos (a menina, terceira de quatro filhos, herdou o nome da mãe), os pais decidiram inscrevê-la no infantário. "Estava na altura de ir brincar com os amigos", explica a mãe, que "todos os dias" se surpreende com o seu desenvolvimento.
Apesar de reconhecer que "hoje as pessoas estão mais abertas para olhar o que é diferente", Francisca não esquece os comentários de espanto dos amigos, quando lhes respondia que ia levar até ao fim a gravidez, mesmo sabendo de ante-mão que a sua bebé teria trissomia 21. Hoje, ainda são muitos os que se surpreendem quando Francisca lhes diz que a menina frequenta o ensino regular.
Foi para combater estes estigmas que, há um ano, juntamente com outros pais, Francisca decidiu constituir a Pais 21. Um grupo de familiares e amigos de portadores de trissomia 21 (actualmente, reúne cerca de 200 pessoas) que comunica diariamente através da internet, troca dúvidas, partilha experiências e organiza actividades, como a campanha que pôs agora na rua, para mostrar as capacidades dos seus filhos.
O seu objectivo é envolver o maior número de pessoas a "trabalhar para a inclusão" e garantir que, tal como conseguiram inscrever os filhos na escola, um dia eles também terão lugar no mercado de trabalho.

Uma vida normal com direito a sexo

Otto Baxter tem 21 anos e trissomia 21. É jovem, frequenta clubes, vai a festas e tem amigos. Falta-lhe o amor. Otto Baxter anseia por uma namorada e não tem vergonha de assumir que gostaria de ter sexo com ela.
Num documentário apresentado pela BBC, Otto e a sua mãe, Lucy, explicaram o teor de uma campanha "caseira", com cartazes e um site na internet, para que o jovem consiga arranjar uma namorada. "Não consigo ver como é que alguém pode ser um indivíduo completo na sociedade sem participar em tudo", argumenta Lucy, que diz que gostaria que o filho tivesse "uma vida normal".
Num certo momento, Otto sentiu-se próximo de Hannah: "Gostaria de tomar um banho com ela, lavar as suas costas e passar um dia inteiro na cama com ela. E também ir ao cinema e fazer coisas assim". Hannah, porém, disse que queria ser apenas sua amiga.
Os pais de filhos com trissomia 21 são frequentemente confrontados com as questões da sexualidade e, segundo Miguel Palha, devem encará-las com normalidade. O médico realça que essa experiência faz parte da vida e terá de fazer parte das descobertas dos portadores de trissomia 21.

"De 'santa' a 'louca' já me chamaram de tudo"

Era um desejo que tinha desde menina: adoptar uma criança. Aos 20 anos, ligou para a Segurança Social para se informar do processo mas disseram-lhe que, tratando-se de uma adopção singular, teria que ter pelo menos 30 anos. Maria João Pereira esperou e, a 7 de Outubro de 2005, então com 34 anos e a certeza de que estava pronta para entrar na grande aventura, entregou os papéis do processo. Sempre disse que "queria uma criança que ninguém quisesse" e nenhuma diferença a faria desistir.
Dada a sua abertura, Maria João saiu da primeira entrevista "com a certeza de que iria ter uma criança de outra etnia e com trissomia 21". A sua previsão confirmou-se: menos de um ano depois, foi contactada com a notícia de que havia um menino pronto a ser adoptado. Bruno, filho de pais guineenses, a quem havia sido retirado pelo tribunal, e portador de trissomia 21, ia fazer três anos e aguardava que alguém o fosse buscar à "Ajuda de Berço" para lhe dar um colo, muito mimo e um lar.
Maria João confessa que teve algumas dúvidas. "Será que tenho capacidade para adoptar uma criança diferente?", questionava-se. Diz que o "maior disparate" que fez na vida foi pedir opinião à família. "Toda a gente estava contra". Só uma amiga, hoje madrinha de baptismo do Bruno, a apoiou sem reservas, embora a alertasse para as dificuldades. "Tens que esperar o pior", dizia-lhe.
As dúvidas dissiparam-se e a 4 de Outubro de 2006, dois dias antes de Bruno fazer três anos, Maria João foi com a mãe conhecê-lo à Ajuda de Berço. "Se eu já achava que o queria, depois de o ver acabou-se". Não se deixou intimidar pelas reacções do menino, que olhava as pessoas de lado, não sabia brincar nem beijar. "Já me tinha apaixonado por aquele menino. Era impossível dizer 'não'".
O processo de adaptação devia demorar um mês, mas uma semana depois Maria João, gestora de qualidade numa empresa de Castanheira do Ribatejo, levava Bruno para casa, no Algueirão, Sintra. "É o meu tesourinho", diz, nome do blogue que criou para o filho. Rapidamente a criança foi acolhida pela família - o avô só lamenta que ainda fale tão pouco - e Bruno aprendeu a dar beijos gostosos. Vai à escola e, para o ano, muito provavelmente, irá para o 1º ano.
Bruno é acompanhado por uma psicóloga e uma terapeuta da fala. A mãe acredita que, um dia, será independente. Não se sente uma mãe-coragem, mas admite que "de santa a louca" já lhe chamaram de tudo. Provavelmente, o que mais lhe custou ouvir foi este comentário discriminatório: "Foi para a cama com um preto e saiu-lhe aquilo". Ela não merecia.

"Seria óptimo que eu fosse professor"


Foi a primeira pessoa com trissomia 21 em Espanha a terminar um curso universitário e, por estes dias, é uma referência e um alento para todos os pais que têm filhos com esta doença. Pablo Pineda, 34 anos, natural de Málaga, fez um curso superior e faltam-lhe apenas quatro cadeiras para se formar em psicopedagogia.
"Seria óptimo para a sociedade que eu fosse professor. As famílias continuam a ter medo das pessoas com Down, que sejam professores, que sejam namorados das suas filhas...", disse ao jornal "El Pais", numa visita recente a uma escola de Córdoba, onde foi falar sobre a sua participação no filme "Yo también" (Eu também).
O filme é uma história de amor parcialmente inspirada na sua vida e, segundo Pablo Pineda, "é uma forma de reafirmar os direitos das pessoas com síndrome de Down: 'eu também posso', 'eu também posso estudar', 'eu também posso apaixonar-me'".
Há 15 anos a dar a cara nos media pela integração e a falar da sua experiência, Pablo Pineda reconhece que isso pode ser "uma faca de dois gumes". "Os pais de meninos com Down podem pensar que todos podem terminar uma carreira e isso nem sempre acontece. As pessoas são diferentes". O importante é educá-los para a autonomia e para que sejam felizes, diz.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Número de agressões a professores e alunos aumentaram

O número de agressões a professores e alunos aumentou 11,3 e 20,6 por cento respectivamente em 2007/08, face ao ano lectivo anterior, segundo dados do programa "Escola Segura".
Já o número total de ocorrências registadas pela "Escola Segura" no último ano lectivo, de acordo com o coordenador do Observatório para a Segurança Escolar, João Sebastião, foi de 6.039, enquanto em 2006/07 situou-se nas 7.028, o que representa uma diminuição de cerca de 14 por cento.
Em 2006/07 verificaram-se 1.092 agressões a alunos, tendo no ano lectivo seguinte aumentado 225, enquanto relativamente aos docentes passaram de 185 para 206 em igual período.
"Necessitamos continuar o trabalho para diminuir este tipo de situações. Não é aceitável que no espaço das escolas possa ser tolerado este tipo de situação. Vamos criar condições para que isso diminua", disse a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, na cerimónia de apresentação do relatório, que contou ainda com a presença do ministro da Administração Interna, Rui Pereira.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Manif de pais exige professor de apoio

Os pais dos alunos da Escola EB1 de Figueira de Lorvão, Penacova, protestaram, esta quarta-feira, contra a falta de professores de apoio. Um abaixo-assinado é entregue na terça-feira na Delegação Regional de Educação do Centro.
O abaixo-assinado, promovido pela Associação de Pais, foi distribuído ontem ao final da tarde à porta da escola, e recolheu cerca de 40 assinaturas. A associação exige a colocação de uma professora de apoio a tempo inteiro, bem como uma tarefeira e uma animadora, considerando que a situação actual não é suficiente. "Foi colocada uma professora de apoio a dar 16 horas, mas por necessidade de serviço está a substituir uma colega por cinco horas, sobrando 11 para apoios", conta o presidente da Associação de Pais, Eduardo Ferreira. Afirma ainda que, para o caso da EB1 de Figueira de Lorvão, seriam necessárias 20 horas semanais, equivalente a duas horas por cada um dos cerca de 10 alunos que precisam de apoio.
Eduardo Ferreira critica o que considera ser "critérios economicistas" do Ministério da Educação. "As mães das crianças dizem que 10 precisam de apoio, mas o Ministério diz que não é nada disso. As mães tratam dos filhos, o Ministério trata dos números", acusa.
Rui Marques tem uma filha de 10 anos na escola, com necessidades educativas especiais, e sublinha que estas não estão a ser suficientes. "Ela tem tido muito pouco apoio, era preciso mais", assegura. A única professora de apoio na escola, prossegue, "dedica-lhe pouco tempo durante a semana, e segundo os especialistas, ela precisava de estar um ou dois dias inteiros com a professora".
Segundo o encarregado de educação, "falta um professor que trabalhe a tempo inteiro com estas crianças", garantindo não ter visto desenvolvimento nenhum na filha ao longo deste ano lectivo. "Ela não sabe ler, e só escreve se copiar", explica.
Situação semelhante vive Graça Costa, mãe de um menino na segunda classe. "Fiquei viúva há dois anos e os psicólogos estão fartos de mandar cartas para a escola a dizer que ele precisa de apoio", conta. Graça refere que o filho "tem dificuldades a Português" e espera que entre uma professora de apoio que dedique mais tempo à escola.
O JN não conseguiu, em tempo útil, obter reacções da DREC.
Comentário:
De facto, ultimamente, os pais têm surgido a reivindicar apoios para os seus educandos. É uma realidade que as DRE conhecem mas, por motivos desconhecidos, não solucionam! Há, de facto, falta de professores de educação especial nas escolas! É tão evidente como o número de vagas criado, no âmbito do concurso de recrutamento, para os grupos de Educação Especial! Mas, mesmo assim, pelo que conheço, continuam a não ser suficientes.
Quanto à falta de psicólogos... é um rosário sem fim! Para quando psicólogos nas escolas?! Não há resposta! No meu agrupamento, tem sido solicitado há anos seguidos!
Uma vez que , através dos órgãos de gestão, as escolas não conseguem os recursos necessários, talvez os pais o consigam!

quarta-feira, 18 de março de 2009

CONDIÇÕES ESPECIAIS DE EXAME: ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS

EXAMES DO ENSINO BÁSICO 2009 ORIENTAÇÕES GERAIS: CONDIÇÕES ESPECIAIS DE EXAME - 2009
A leitura deste guião não dispensa a consulta do Regulamento dos Exames do Ensino Básico e das Normas 01/EB/2009 e 02/EB/2009
CANDIDATOS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO ORIENTAÇÕES GERAIS PARA APLICAÇÃO DE CONDIÇÕES ESPECIAIS DE EXAME - 2009
A leitura deste guião não dispensa a consulta do Regulamento dos Exames do Ensino Secundário e das Normas 01/ES/2009 e 02/ES/2009

Dormir é meio sustento

A dificuldade de atenção não é, obviamente, o único malefício que resulta de um número insuficiente de horas de sono. A privação de sono está também associada ao aumento da ansiedade, dificuldade de aprendizagem, desequilíbrio hormonal, alterações metabólicas e da memória. Um estudo recente realizado no Instituto Holandês de Neurociência demonstrou que, se o sono é interrompido na fase em que é mais profundo, isso vai dificultar o armazenamento de novas informações, tornando mais difícil recordar certos dados e momentos.
Há um ano atrás andava completamente desorientada. O estado de saturação era tal que me dominavam sentimentos de irritação e cansaço. Quando me diziam que a solução para o meu problema era "paciência", ficava profundamente zangada, porque considerava que o que se passava comigo ultrapassava bastante a simples paciência. Até que um dia uma amiga me disse algo que me ajudou imenso: "Não te esqueças de que a privação de sono é uma das formas mais antigas de tortura." Bingo, pensei, agora sei o que se está a passar comigo, estou a ser alvo de tortura! A minha filhota, recém-nascida, não me deixava descansar nem de noite nem de dia e eu não conseguia manter-me equilibrada!
Esta experiência de vida profundamente difícil e desestruturante tem-me levado a estar mais atenta aos hábitos de sono dos alunos que me são encaminhados para o Serviço de Psicologia e Orientação. Curiosamente, tenho constatado o que comprovam os estudos já realizados: que existe efectivamente uma forte correlação entre o reduzido número de horas de sono e a falta de atenção/concentração. Quando, no pedido de atendimento dos alunos encaminhados para o SPO, me é referido que o aluno apresenta falta de atenção nas aulas, imediatamente investigo o número de horas de sono. A correlação que tenho encontrado entre estes dois factores é imensa! Não estou com isto a afirmar que a falta de atenção é sempre o resultado de um reduzido número de horas de sono, mas pode efectivamente ser.
Dormir é uma necessidade básica do organismo humano, do qual depende o seu bem-estar físico e psicológico. Sendo este de primordial importância na nossa vida e saúde, porque estará a ser tão desprezado e esquecido? A maior parte das vezes, tenho constatado que as crianças que vão dormir mais tarde estão inseridas em famílias em que as regras estão em crise. Como sabem todos os pais que têm filhos, ou quase todos, as crianças adoram atrasar a hora de ir dormir, inventando mil e uma coisas para fazer, no momento em que lhes é dito: "Tens de ir para a cama." Se não existirem regras e se os pais não as impuserem de forma firme, a hora de ir dormir é adiada indefinidamente.
Um outro factor que também contribui bastante para que as crianças se deitem cada vez mais tarde é a existência de televisão, computador e consolas de jogos no quarto. Frequentemente crianças e adolescentes admitem que fazem uso do computador e da televisão depois de os pais adormecerem. Se pensarmos que as crianças e jovens raramente reconhecem que estão cansados em consequência de um número diminuto de horas de sono, então teremos ainda mais a noção dos riscos decorrentes da presença de TV e computador no quarto.
A dificuldade de atenção não é, obviamente, o único malefício que resulta de um número insuficiente de horas de sono. A privação de sono está também associada ao aumento da ansiedade, dificuldade de aprendizagem, desequilíbrio hormonal, alterações metabólicas e da memória. Um estudo recente realizado no Instituto Holandês de Neurociência demonstrou que, se o sono é interrompido na fase em que é mais profundo, isso vai dificultar o armazenamento de novas informações, tornando mais difícil recordar certos dados e momentos.Apesar de estarmos numa sociedade tecnologicamente tão avançada, parece que nos andamos a esquecer de condições básicas e fundamentais para o nosso equilíbrio físico e emocional.
Adriana Campos

terça-feira, 17 de março de 2009

Aulas em contentor são “discriminação positiva”


Margarida Moreira defende que o projecto em causa representa mesmo um exemplo de integração social. “Estamos perante uma excelente escola que está a trabalhar de uma forma muito dinâmica, que foi buscar estes meninos ao abandono”, argumenta, acrescentando que a criação desta turma é “a resposta à especificidade deste grupo de jovens”.
Margarida Moreira diz também não entender as críticas da Junta de Freguesia de Barqueiros e assinala que a autarquia terá até apoiado o projecto desenvolvido pela escola.
“A Direcção Regional de Educação do Norte autorizou este projecto em Julho ou Agosto do ano passado por ser de discriminação positiva, um projecto que juntou várias forças vivas e instituições locais, nomeadamente a própria Junta de Freguesia e a Câmara Municipal de Barcelos, entre outras”, refere a responsável.

"É injustificável" separar alunos ciganos em contentores

Associação Nacional de Professores e Confederação Nacional das Associações de Pais contestam isolamento de 17 alunos de etnia cigana. DREN destaca a preocupação do agrupamento na inclusão e respeito da diversidade cultura.
"Separar os alunos ciganos dos restantes não está previsto no sistema educativo e é injustificável, há uma atitude discriminatória e de segregação e falta saber os reais motivos que estão por trás", reagiu ao JN o líder da ANP. João Grancho sustentou que poderiam ter sido encontradas outras soluções não excludentes.
Após vários dias em silêncio, a presidente do agrupamento escolar declarou ontem, à Lusa, que este projecto de educação especial foi pensado para integrar as crianças no sistema de ensino, pois não frequentavam a escola, logo recorreu-se a uma equipa de docentes para os acompanhar. "Não é por recorrer a um contentor que há racismo ou discriminação", afirmou Conceição Lamela. Na vizinha EB1 de Terreiro também há crianças num contentor, devido a obras. "É um absurdo chamar 'racista' a um projecto de inclusão social", realçou. O projecto será, portanto, "para manter". A DREN também reitera as preocupações com a especificidade do grupo.
Porém, João Grancho garante que "a opção tomada é de difícil aceitação e compreensão, a menos que pedagogicamente os miúdos estejam no mesmo nível de conhecimento, frequência e escolaridade e, por outro lado, por parte dos pais e estudantes haja assumpção da responsabilidade e anuência, o que não parece estar a suceder", vincou Grancho.
O dirigente da CONFAP, Albino Almeida, concordou que o modelo aplicado em Barqueiros "é desajustado e ao arrepio do que vem sendo norma", nomeadamente por via de parcerias com instituições que trabalham grupos multiculturais, como o Instituto de Apoio à Criança, presidido por Manuela Ramalho Eanes. "Os ciganos não podem ficar à parte, a escola tem que ser a primeira a promover a socialização", acentuou Albino Almeida.
Notou ainda que a comunidade barcelense "precisa de saber" qual foi a estratégia pedagógica, escolar e social na situação em questão e qual é o plano curricular de turma. Face às circunstâncias, o secretário da Junta de Freguesia local, António Cardoso, ia pedir ontem reunião de urgência com a Direcção Regional de Educação do Norte (DREN). O Gabinete de Apoio às Escolas esteve também no terreno.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Universidade Fernando Pessoa vai propor ensino das emoções nas escolas


O director do Laboratório de Expressão Facial da Emoção, da Universidade Fernando Pessoa, António Freitas-Magalhães, defendeu hoje a importância do ensino das emoções nas escolas portuguesas, revelando que vai apresentar uma proposta nesse sentido ao Ministério da Educação.

"Vou apresentar ao Ministério da Educação um programa inovador de literacia emocional", revelou o investigador, frisando que a sua proposta envolve "educação emocional para todos, a partir da pré-primária".

Segundo Freitas-Magalhães, o ensino das emoções nas escolas serve para as pessoas reconhecerem, identificarem, regularem e usarem as emoções básicas. "Isto permitiria uma mais fácil integração na sociedade e diminuiria muita da turbulência que existe nas escolas, que é originada por juízos e interpretações erradas das situações", afirmou.

O programa, denominado 'Se às vezes digo que as flores sorriem', será composto por módulos teórico-práticos, que recorrem a plataformas de interfaces informáticos desenvolvidos pelo Laboratório de Expressão Facial da Emoção. Para o director do Laboratório de Expressão Facial da Emoção, "a aprendizagem das emoções deve ser um imperativo básico na educação integral do indivíduo".

Nesse sentido, considerou que o facto de não existir actualmente esta formação constitui "uma lacuna do sistema educativo".

No quadro das investigações que tem vindo a realizar, o Laboratório de Expressão Facial da Emoção, da Universidade Fernando Pessoa, vai apresentar, a 27 de Março, no Porto, o Projecto FACE, que se estenderá durante a próxima década, até 2019. Este projecto, pioneiro em Portugal, pretende "tentar reconhecer os portugueses pela face", revelou Freitas-Magalhães.

O FACE vai tentar cartografar a expressão facial dos portugueses, com recurso a tecnologia de imagiologia, o que permitirá depois a criação de um banco de dados de expressão facial disponível para as mais diversas aplicações sociais, como a saúde, a justiça ou a educação.

O Laboratório de Expressão Facial da Emoção, fundado em 2003, é uma instituição única em Portugal e tem sido já distinguido por diversas instituições internacionais pelo pioneirismo do seu trabalho científico.

Relações entre idade desenvolvimental, dimensões do comportamento adaptativo e envolvimento observado

Este estudo examina a relação entre variáveis de desenvolvimento, dimensões do comportamento adaptativo e o envolvimento observado (interacções da criança com os outros, com os objectos e com ela própria) em contexto de creche. Cento e vinte crianças (com idades compreendidas entre 14 e 49 meses) de 15 creches da Área Metropolitana do Porto participaram no estudo. As crianças foram observadas individualmente nas salas de actividades de forma a determinar a percentagem de tempo que passavam em diferentes níveis e tipos de envolvimento. O seu nível de desenvolvimento foi avaliado através da aplicação de uma escala. As mães avaliaram dimensões do comportamento adaptativo das crianças através de um questionário preenchido com base numa entrevista. Os resultados revelaram que as crianças passavam mais tempo envolvidas nos níveis diferenciado e atenção focalizada e que o envolvimento social era mais frequente do que o envolvimento com objectos. Todas as medidas de desenvolvimento e de comportamento adaptativo, com excepção do quociente de desenvolvimento, revelaram uma associação positiva com o nível de envolvimento sofisticado e uma associação negativa com o não envolvimento. Estas variáveis de desenvolvimento e de comportamento adaptativo estavam positivamente relacionadas com o envolvimento com pares e negativamente relacionadas com o envolvimento com o adulto. São discutidas as implicações para a investigação bem como para a prática em educação precoce.

Relações entre idade desenvolvimental, dimensões do comportamento adaptativo e envolvimento observado

domingo, 15 de março de 2009

Milhares de crianças têm de corrigir a fala

Há milhares de crianças com dificuldades de comunicação que precisam de tratamento para evitar o insucesso escolar. Faltam terapeutas nas escolas e o acompanhamento particular custa centenas de euros.
Dizem sor em vez de sol; xelado em vez de gelado; gagafa em vez de garrafa. E são muito mais do que se possa imaginar. Alguns rastreios realizados em diferentes concelhos revelam que entre 20% a 30% das crianças portuguesas, em idade pré-escolar e no primeiro ciclo, precisam de uma intervenção ao nível da terapia da fala. O Ministério da Educação sinalizou, em 2007, apenas 893 casos (do pré-escolar ao secundário).
O número está muito longe da realidade, que aponta para mais de 152 mil casos na pré-escola e na primária (20% dos 764 mil alunos matriculados no pré-escolar e primeiro ciclo em 2006/2007). Só em Matosinhos, psicólogos da Câmara sinalizaram 300 casos em pouco mais de mil crianças e em Gaia e na Maia o número é semelhante. Muito longe do ideal está também a resposta das escolas. Neste ano lectivo, "estão afectos ao sistema regular de ensino 231 terapeutas da fala", que trabalham em parceria com os professores de educação especial, informou o Ministério da Educação, em resposta ao JN. Feitas as contas, dá um total de 1 especialista por cada 54 escolas do ensino público.
As carências nas escolas são evidentes para quem trabalha na área. "Não cobre nem metade do que seria necessário", afirma Maria Emília Pinto dos Santos, presidente da Associação Portuguesa de Terapeutas da Fala. Uma coisa é certa, garante: as crianças que não corrigem os problemas de fala vão ter dificuldades na aprendizagem da leitura e escrita, o que leva ao insucesso escolar. Em alguns casos, estas crianças são também gozadas pelos colegas e até vítimas de bullying (actos de violência física ou psicológica). Por todas as razões, quanto mais cedo for a intervenção melhor.
"O que acontece nas escolas é que os terapeutas têm tantas crianças para ver que não conseguem fazer o melhor trabalho", reconhece Maria Emília Pinto dos Santos, também coordenadora do departamento de Terapia da Fala da Escola Superior de Saúde de Alcoitão, a primeira universidade portuguesa a formar aqueles especialistas. Em Portugal, há cerca de 1200 terapeutas da fala.
Os estudos feitos por alunos daquele curso em escolas de vários municípios revelam que "30% das crianças precisam de se ser seguidas em terapia da fala ou, pelo menos, de uma avaliação mais pormenorizada". Nos rastreios da Escola de Alcoitão foram também detectadas "imensas crianças por sinalizar". Normalmente, é ao professor que cabe detectar a deficiente comunicação do aluno.
A mesma percepção tem Márcia Cruz, psicóloga do Apoio XXI - Centro de Acção Psicopedagógica, que funciona em Vila Nova de Gaia. No ano lectivo de 2006/2007, participou num rastreio a duas mil crianças, com 4 e 5 anos, a maioria de escolas públicas de Gaia. "Cerca de 20% precisava de uma avaliação mais aprofundada", refere. Mais grave, adiantou, foi ter detectado "crianças com deficiências que nem sequer estavam sinalizadas".
Na sequência daquele rastreio, os pais dos alunos com dificuldades ao nível da fala foram avisados e aconselhados a procurar apoio de especialistas. "Mas muito poucos encaminharam os filhos para os tratamentos. Uns porque desvalorizaram, outros por dificuldades financeiras".
Os tratamentos de terapia da fala no privado podem custar centenas de euros. Tudo depende da duração do acompanhamento. Em média, uma sessão individual de uma hora no centro Apoio XXI custa entre 25 a 40 euros. No Centro Clínico e Educacional da Boavista, a primeira consulta fica por 50 euros e as sessões individuais, também de uma hora, variam entre 30 e 40 euros.
Comentário:
A notícia é bem esclarecedora sobre a situação do país ao nível dos apoios daterapia da fala. Infelizmente, a realidadeé esta! O mesmo se passa com o apoio psicológico, com a não coolocação de psicólgos nas escolas! Há que reconhecer a sensibilidade de algumas, raras, autarquias que pensam na situação educacional dos seus munícipes e zelam pelo seu futuro.

Afinal, dizer "xopinha de maxa" é grave

Para o Diogo, "ontem estava um dia de muito sor [sol]" e as "tesouas sevem pa recotar foias [tesouras servem para recortar folhas]". Se, à primeira vista, o discurso da criança até tem piada, um olhar mais profissional antevê problemas muito em breve.
Aos cinco anos, Diogo fala sem vergonha, mas omite uma série de consoantes e troca algumas letras. Está sinalizado para terapia da fala, tal como outros 300 alunos do pré-escolar e primeiro ciclo das escolas públicas e IPSS de Matosinhos.
O número de crianças com dificuldades de comunicação despertou a atenção da Câmara de Matosinhos que decidiu levar até às escolas terapeutas da fala, sem custos para os pais. Através de um protocolo com a Universidade Fernando Pessoa, 730 crianças do pré-escolar e 470 das IPSS, com cinco anos, estão a ser avaliadas por finalistas do curso de terapia da fala, com supervisão da docente do curso. No próximo ano, começam a ser acompanhadas para corrigir as deficiências na comunicação.
Numa sala pequena da EB1 da Cruz de Pau, em Matosinhos, longe do barulho e da troça dos colegas, Hugo vai respondendo às perguntas da avaliadora que rapidamente percebe as perturbações em causa. Nos papéis que têm diante de si aparece a imagem de um gelado, mas Hugo chama-lhe "xelado". Quando surge um galo pronuncia "alo" e em vez de laranja diz "lalanja".
"Os sons da língua devem estar todos adquiridos até aos seis anos. Se há sons omitidos, substituídos ou assimilações de sons os pais devem procurar terapeutas da fala", alerta Joana Rocha, terapeuta da fala e docente da Universidade Fernando Pessoa. Mas também não vale a pena entrar em pânico se a criança aos cinco anos ainda não consegue pronunciar correctamente a palavra frigorífico.
Antes do projecto começar, os casos mais "gritantes" detectados nas escolas de Matosinhos eram encaminhados para a Clínica Pedagógica de Terapia da Fala da Universidade Fernando Pessoa, onde as consultas são gratuitas.
Mas, recorda Joana Cruz, coordenadora do projecto agora em curso, havia muitos pais que não levavam os filhos", ou por dificuldades financeiras e de falta de tempo ou por desvalorizarem os problemas. "Ainda há a ideia de que com o tempo os miúdos corrigem a fala, mas o tempo só vai piorar as perturbações", alerta Joana Cruz, defendendo que as avaliações devem ser feitas o mais cedo possível.
Entre as 300 crianças sinalizadas em Matosinhos, as perturbações fonológicas são as mais comuns. Seguem-se as articulatórias, os atrasos no desenvolvimento da linguagem e, com menor frequência, as disfonias (rouquidão) e a gaguez. E quais são os motivos ? Há vários e cada caso é um caso.
As deficiências no desenvolvimento da linguagem podem estar relacionadas com perturbações auditivas (otites repetidas podem culminar na perda de audição), perturbações cognitivas, neurológicas, deficiências respiratórias e de deglutição, predisposição genética, entre outros factores. Até o chuchar na chupeta ou no dedo, depois dos três anos, pode interferir na fala.
Esse é, aliás, um dos problemas de Marco. Tem cinco anos e um sorriso que desperta a atenção da avaliadora. Os dentinhos da frente descrevem um arco, em cima e em baixo, sem juntar. Aquele "buraco" que fica no meio da boca dificulta a colocação da língua e interfere na fala, conforme se percebe quando lhe pedem para pronunciar cavalo: "cava-o", diz o aluno.
A intervenção precoce é uma das melhores formas de prevenir o insucesso escolar e também a exclusão social. "Se não forem acompanhadas, vão ser crianças de risco, com dificuldades acrescidas na aprendizagem da leitura e da escrita e prováveis vítimas de exclusão social ou até bullying", retrata outra especialista ligada ao projecto de Matosinhos. "As crianças são muito cruéis entre si".
Os terapeutas da fala lidam com todo o tipo de problemas de comunicação, dos menos graves aos mais severos, mas um dos mais frequentes nas crianças é a pobreza de vocabulário, sobretudo em escolas inseridas em meios menos desenvolvidos. São pouco estimuladas em casa e reflectem-no na comunicação. Dizem poucas palavras e tem dificuldade em construir frases correctamente.
Por outro lado, há "as muito espertas", que são capazes de dizer automóvel em vez de carro porque sabem que não conseguem pronunciar os "erres". "Mas esses casos são fáceis de corrigir porque são crianças inteligentes e têm noção do erro", refere Joana Rocha.

sábado, 14 de março de 2009

Primeira reunião dos avaliadores externos da Educação Especial

A primeira reunião da Comissão de Acompanhamento do Projecto de Avaliação da Aplicação do Decreto-Lei n.º 3/2009, que define os apoios especializados a prestar nos diversos níveis de ensino aos alunos com necessidades educativas especiais de carácter permanente, realizou-se ontem, a partir das 11:00 horas, na Escola Superior de Educação do Porto.
A Comissão é coordenada por Rune Simeonsson, da Universidade de Carolina do Norte, director do projecto, e Manuela Sanches Ferreira, da Escola Superior de Educação do Porto.
As suas atribuições são as seguintes:
- monitorização / acompanhamento da execução do projecto de avaliação, assegurando que a concretização e o andamento do projecto estão conforme o previsto e sugerindo possíveis questões a estudar, com base nos relatórios apresentados;
- contribuir para a reflexão acerca dos resultados do projecto de avaliação da aplicação do Decreto-Lei n.º 3/2008, com os conhecimentos, as percepções e a experiência pessoal e profissional dos seus membros;
- e dar parecer sobre os relatórios apresentados.
São membros da Comissão:
. Albino Almeida, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap),
. José Afonso Baptista, professor da Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa,
. José Barros, presidente da Federação Portuguesa das Associações de Paralisia Cerebral,
. José Biscaia, presidente do Conselho Executivo da Escola Secundária Azevedo Neves,
. Maria do Carmo Vale, coordenadora do Centro de Desenvolvimento da Criança do Hospital D. Estefânia,
. Maria Luísa Rocha Campos, professora de educação especial do Agrupamento de Escolas de Lamaçães, e
. Natália Cabral, em representação do presidente do Conselho de Escolas.

Sala especial para crianças multideficientes

É a quarta sala do género numa escola pública do país e servirá de experiência-piloto à autarquia. Denominada "Sala Snoezelen", o espaço proporciona o conforto e oferece uma grande quantidade de estímulos sensoriais, desde efeitos de música, sons, luz, estimulação táctil e aromas. Na prática, as crianças com necessidades educativas especiais desenvolvem capacidades sensoriais sem necessidade de recorrer às capacidades intelectuais.
No Agrupamento Vertical das Escolas de Paredes entre os cerca de 2600 alunos do ensino básico há 60 com necessidades educativas especiais, das quais sete frequentam a escola básica e jardim-de-infância da Redonda, na freguesia da Madalena.
Esta pequena escola tem desde há muitos anos uma unidade de apoio a alunos com deficiência. Ontem, a escola inaugurou uma sala de aula mutisensorial destinada a promover a estimulação sensorial visando a diminuição dos níveis de ansiedade e de tensão.
A sala foi totalmente equipada com investimento municipal. O presidente da Câmara de Paredes, Celso Ferreira sublinhou ao JN a importância deste tipo de investimentos até porque "o sonho é ter um território educativo inclusivo e absolutamente exemplar". "Esta sala, sendo a primeira numa escola pública de Paredes funcionará como experiência-piloto. Queremos perceber o seu sucesso e analisar a frequência do seu uso para, se for o caso, criarmos salas do género noutros argumentos escolares", frisou o autarca.
Esta é a quarta sala do género numa escola pública no país, referiram os responsáveis da escola.

Entrevista a uma sobredotada

A revista Única do semanário Expresso, publicado hoje, contém uma entrevista a uma aluna sobredotada. Ainda não li, mas, partindo da pequena apresentação disponível online, parece ser interessante analisar a sobredotação pela perspectiva de um aluno.
Carolina Duarte, 13 anos, é uma criança como qualquer outra. Apenas aprende mais depressa do que as outras da sua idade.

sexta-feira, 13 de março de 2009

A Experiência de Deixar de Ver: aspectos a considerar na avaliação e na intervenção psicológica

Apresenta-se um estudo realizado com recurso a uma metodologia qualitativa, a Grounded Theory, junto de sujeitos que experienciaram a perda de visão. Através dele, foi possível encontrar um conjunto de aspectos que marcam o processo individual de perda, as implicações que daí decorrem, as formas como cada sujeito lida com a experiência e as condições que as medeiam. Foi ainda possível compreender a vivência de um processo de reabilitação.
Do estudo resultaram pistas para futuras investigações e orientações para o acompanhamento psicológico a proporcionar a estes sujeitos.

Detecção precoce do glaucoma pode salvar da cegueira

"O glaucoma é uma doença que cega sem dor. As pessoas vão perdendo a visão e nem se apercebem. Os números da Organização Mundial de Saúde são assustadores: 2.400 novos casos por ano". Palavras proferidas pelo presidente da SPO, António Travassos, ontem, no Hotel D. Luís, em Coimbra.
O oftalmologista falava numa conferência de imprensa a pretexto do Dia Mundial do Glaucoma, na qual se sublinhou a necessidade de detectar o problema precocemente. "Há que motivar as pessoas para, a partir dos 40 anos, serem devidamente observadas por um oftalmologista. Porque a doença é, em muitos aspectos, difícil de diagnosticar", explicou.
O glaucoma ataca o nervo óptico e constitui a segunda causa de cegueira irreversível no mundo ocidental, mas pode ser controlado. O risco de sofrer desta doença é três vezes superior nas pessoas de pele negra, e aumenta, também, se se tiver hipotensão arterial, hipertensão ocular e antecedentes familiares, informou Pedro Faria, da secção de glaucoma do Serviço de Oftalmologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra. Mas o médico colocou a tónica na prevenção, que passa pelo rastreio da hipertensão ocular, tratando-a logo, se detectada, e pela intervenção ao nível dos factores de risco.
"Se o glaucoma já estiver instalado, também é possível prevenir a cegueira", defendeu, ainda, Pedro Faria. Para tal, há que detectar a doença precocemente, fazer exames periódicos, ser seguido pelo médico e cumprir o tratamento. Ora, esta é uma das maiores preocupações, no entender de António Travassos, já que "os doentes não têm percepção da gravidade da doença" e descurarem a terapêutica, assente na aplicação de gotas (colírios) nos olhos. "Cerca de 60% não aplicam convenientemente os colírios", garantiu.
O Grupo Português de Glaucoma, da SPO, pretende fazer um levantamento exaustivo das necessidades do país, no que respeita aos meios de diagnóstico e acompanhamento da doença, e apresentá-lo ao Ministério da Saúde (MS), possivelmente, este ano.
O coordenador do grupo, Carlos Nunes da Silva, denunciou, a este propósito, o desequilíbrio entre o Litoral e o Interior, em matéria de recursos técnicos e humanos: "A grande maioria está à beira-mar". E Travassos deixou uma proposta: "Neste momento, há oftalmologistas a deslocarem-se às cidades do interior. É possível o MS estabelecer um acordo com esses médicos, para que façam o rastreio e tratamento desses doentes, enquanto não conseguirem colocar oftalmologistas".