quinta-feira, 29 de maio de 2008

Dispráxias


Não há fronteiras bem delimitadas entre os sintomas dispráxicos da criança e a “debilidade motora”. As primeiras caracterizam-se basicamente pela existência de grandes perturbações do esquema corporal e da representação espaciotemporal. No plano clínico, estas perturbações manifestam-se na criança por dificuldades em cumprir certas sequências motoras relativamente habituais: vestir-se, calçar-se e atar os atacadores, abotoar a camisa, andar de bicicleta, etc. Estas dificuldades são ainda maiores ao nível das actividades motoras que exigem algum ritmo (conjugar o bater as palmas com o bater nas pernas, por exemplo) e nas actividade gráficas (grandes dificuldades em desenhar). O insucesso é total nas operações espaciais e nas operações lógico-matemáticas, levando a grandes dificuldades na integração escolar destas crianças. O exame neurológico destas crianças é normal.
No plano afectivo podemos distinguir dois grupos de crianças: uns apresentam dificuldades motoras prevalentes mas sem traços psicopatológicos significativos (encontramos, por vezes, uma certa imaturidade povoada de atitudes infantis e uma inibição nos contactos com os outros provocada por reacção às atitudes do ambiente). Outras crianças manifestam perturbações bem mais profundas da organização da personalidade que se traduzem no plano clínico pelo seu aspecto bizarro, pela dificuldade do contacto, pelo seu relativo isolamento em relação às outras crianças. Nos testes projectivos revelam frequentemente uma vida fantasmática invadida por temas arcaicos. Estas crianças apresentam sintomas claros de organização pré-psicótica ou mesmo psicótica.

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