sábado, 19 de abril de 2025

Quase metade das crianças com necessidades específicas sofreu discriminação ou maus tratos

Resultado de um inquérito dirigido a pais e encarregados de educação de crianças com necessidades educativas específicas, promovido pelo Movimento por uma Inclusão Efectiva nas Escolas.Um inquérito dirigido aos pais de crianças e jovens com necessidades educativas específicas (NEE) revelou que 44% dos progenitores já se confrontou com situações em que os menores foram alvo de discriminação ou maus tratos na escola. Mas o cenário pode ser ainda pior, já que os autores do documento acreditam que muitos pais não respondem por medo de represálias.

O questionário foi criado pelo Movimento por uma Inclusão Efectiva nas Escolas (MIEE) e esteve disponível entre 29 de Janeiro e 3 de Março, tendo recebido 1036 respostas válidas. O objectivo era obter a percepção dos pais ou encarregados de educação sobre a inclusão nos estabelecimentos de ensino nacionais. Os resultados, que mostram que em 44% dos casos os inquiridos “sentiram ou verificaram” que os menores foram vítimas de discriminação ou maus tratos na escola, não surpreenderam os seus promotores.

“Na prática, acreditamos que até serão mais. Temos muitos pais que têm medo de represálias e, apesar de o questionário ser anónimo, têm algum receio em assumir estas situações. E há alguns que não sabem o que se passa nas escolas, já que os filhos podem ser não-verbais ou não contarem. Por isso, é um cenário muito complicado e bastante perturbador”, diz Filipa Nobre, do movimento.

Entre as 24 questões colocadas aos participantes, uma prendia-se exactamente com o tipo de discriminação ou maus tratos sofridos, e as respostas foram muito variadas. Há quem se tenha referido a bullying, gozo ou humilhação, isolamento, desrespeito pela diferença ou descredibilização da criança com necessidades específicas, mas há outro tipo de violência, física, verbal e psicológica, traduzida em vários exemplos deixados pelos pais.

O relatório elaborado pelo movimento sobre esses casos identifica empurrões, chapadas na cara, olhos negros, mãos marcadas no rosto ou nódoas negras nos braços, mas também o tratamento por “burro”, “anormais”, “atrasado mental”, “feia” ou “maluco”, além de situações em que os menores são “rebaixados pelos colegas porque dizem que não sabem ler” e que passam ainda por “taparem-lhe a boca” ou “despirem-no da cintura para baixo”. (...)

Continuação da notícia em Público.


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