sábado, 5 de junho de 2021

Como saber se o seu filho é vítima de «bullying»?

A escola, espaço de eleição para educar para a cidadania, para a não violência, para a paz, é muitas vezes palco de situações violentas que marcam para a vida. A vitimação por "bullying" prejudica seriamente a competência escolar dos alunos e promove o insucesso escolar, pois afeta-os não só a nível social mas também a nível académico.

Bullying é qualquer tipo de agressão entre pares (crianças ou jovens), em que um ou vários indivíduos abusam intencionalmente da sua situação de superioridade sobre a vítima, sem que tenha havido provocação prévia, e que ocorre, repetidamente, ao longo do tempo.

As intimidações e a vitimação não acontecem ao acaso; o bully, ou agressor, é mais forte a nível físico, tem um perfil violento e ameaçador, o que impede as vítimas de se defenderem ou de pedirem auxílio. As consequências são, potencialmente, graves.

É importante referir que as brincadeiras em que existe envolvimento físico, o “andar à luta” e outras formas de comportamento agressivo, mas que não têm a intenção de causar danos, não podem nem devem ser consideradas bullying.

Podemos classificar os envolvidos nas situações de bullying em três tipos: vítimas passivas, vítimas provocadoras, que são simultaneamente agressores e vítimas, e os agressores (bullies).

Quanto aos tipos de bullying, podemos referir os seguintes: físico (bater, empurrar), mais usado pelos rapazes; verbal (ameaçar, chamar nomes, chantagear, contar segredos ou levantar rumores), mais usado pelas raparigas; social (exclusão do grupo de pares); cyberbullying (abuso através de meios eletrónicos e novas tecnologias da comunicação). A todos estes tipos de bullying está associada a agressão psicológica.

O que fazer se suspeitar que o seu filho é vítima de bullying?
  • Incentivar a partilha de problemas, especialmente se notar alterações no comportamento: recusa em ir para a escola, queixas somáticas constantes (dor de cabeça, de barriga, tonturas…), mas sem insistir em demasiado.
  • Ouvir atentamente, sem críticas e julgamentos negativos, o relato de situações problemáticas e elogiar essa partilha.
  • Averiguar da veracidade do relato, discretamente.
  • Fazer um diário dos acontecimentos.
  • Abordar a escola (professor, diretor de turma, direção) e apresentar calmamente a situação para, conjuntamente, serem encontradas soluções.
  • Reunir regularmente com o interlocutor escolar para fazer o ponto da situação.
  • Aconselhar o jovem a procurar evitar o(s) agressor(es), especialmente se estiver sozinho, e a procurar ajuda junto dos adultos (professores, assistentes operacionais).
  • Tentar "treinar" o que fazer na próxima situação (verbalizar «não, afasta-te de mim», etc.); deve enfrentar o bully mas não usar da agressividade e violência deste.
  • Monitorizar diariamente junto da criança/adolescente o problema, de forma calma e ponderada, e respeitando o tempo e a vontade da criança/adolescente.
As consequências das situações de bullying, quer a curto, médio ou longo prazo, são dramáticas e repercutem-se por todas as áreas da vida do indivíduo. Assim, o bullying pode afetar a saúde física, emocional e social das crianças envolvidas e ter consequências graves, tais como depressões e, em última análise, suicídio.

Os envolvidos em situações de bullying – vítimas, vítimas provocadoras, agressores e, inclusive, espectadores – devem ser encaminhados para acompanhamento psicológico ou outro, no sentido de minorar as consequências.

O bullying é um problema da sociedade, não só dos intervenientes. Quanto à escola, esta deve, em primeiro lugar, reconhecer o problema, querer resolvê-lo, definir prioridades e delinear programas de prevenção do bullying que simultaneamente envolvam alunos, pais, professores, técnicos (psicólogos, assistentes sociais, etc.), assistentes operacionais e a comunidade envolvente. Só a cooperação entre todos permitirá reverter ou minorar esta problemática.

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