Todas as crianças têm potencial necessário para se tornarem génios. A teoria é defendida por Fernando Alberca, autor do livro “Todos as crianças podem ser Einstein”, que acredita ser apenas preciso motivação adequada para que se concretize esse potencial. “Todos temos uma mente brilhante”, assegura.
Fernando Alberca, especialista em educação, avisa que o título do livro não resulta de uma estratégia de marketing e que acredita ser mesmo possível, com a motivação certa, uma criança transformar-se num génio.
O autor está convencido que se se motivar adequadamente uma criança que tira más notas ela pode passar “de um fracasso enorme a alguém que sobressai”.
Alberca explica um pouco melhor a vida de Albert Einstein para provar a tese que pôs em livro. O cientista aprendeu a ler e a falar corretamente apenas aos nove anos, a mãe pensava que era atrasado e a professora classificou-o como “mortalmente burro”.
Einstein viveu com este rótulo até aos 15 anos, porque não “encontrou as pessoas adequadas para estimular a sua inteligência e a sua motivação”. Descobriu-as junto de um estudante de medicina, que começou a emprestar-lhe revistas de divulgação científica, e junto de um professor de matemática que deixou que assistisse às suas aulas.
“Houve uma série de pessoas que o começaram a motivar, sobretudo a família adotiva que o acolheu quando teve de se mudar para estudar e que o começou a tratar como uma pessoa inteligente e cuja a opinião era interessante”, contou Alberca numa entrevista à TVE.
A genialidade do cientista reside no facto de ter sido capaz de usar o hemisfério direito, o mais criativo e intuitivo, para resolver problemas próprios do hemisfério esquerdo, o mais ordenado, mais racional, o mais matemático.
“Quando num jogo de futebol Messi se adianta aos outros jogadores, parece-nos muito brilhante, parece-nos genial e é... porque está um passo à frente por ter usado o hemisfério direito”, ilustra, para explicar por que é tão importante que as crianças desenvolvam os dois hemisférios cerebrais de forma a desenvolver todo o potencial.
O ensino tradicional está desenhado para “desenvolver mais o hemisférios esquerdo”. “Todas as disciplinas dividem-se em trimestres, em lições... No ordenado”, nota Alberca, para defender o desenvolvimento do hemisfério direito, “mais generalizador e que permite desenvolver a intuição”.
A chave para que uma criança desenvolva todo o seu potencial está em ver quais as partes do cérebro em que se apoia menos, para potencia-las. “Os seres humanos são como pianos com todas as suas teclas. Até por doença pode faltar alguma tecla, mas pode sempre tirar-se pela melodia. E isso sim, depende do intérprete que saia uma melodia ou outra”, explica.
Se numa criança, predomina mais o hemisférios esquerdo, o mais racional, “não podemos explicar-lhe alguma coisa que use só esse hemisfério, mas é preciso incentivar também o lado direito. Se tem de resolver um problema de matemática em que um rapaz tem quatro canecas podemos pedir-lhe para imaginar como é esse rapaz, qual a cor de cabelo ou como está vestido, por exemplo”.
“Ficamos inteligentes a aprender. Sermos capazes de resolver os problemas que nos angustiam é o que faz com que essa inteligência vá crescendo”, garante Alberca. “Por isso, é que os pais têm a possibilidade de motivar verdadeiramente os filhos”, defende o escritor, explicando que ao desenvolver cada parte do cérebro é possível estimular nas crianças “a memória, a concentração, a atenção, a intuição, a imaginação, a criatividade”.
É fundamental não confundir motivação com alento. “Não é dizer-lhes tu podes. Esse é o tipo de motivação utilizada pelos norte-americanos e que fracassou porque cria uma oportunidade nova para ficar mal e a criança tem medo do fracasso, pouco auto-estima”.
É preciso mostrar-lhe que “já foram capazes de fazer coisas grandes”. Em concreto, é fundamental que os pais não façam as coisas pelos filhos. “Há que deixar que eles vistam o casaco ainda que demorem mais, em vez de sermos nós a vesti-lo. Fazer com que resolva os seus pequenos problemas. Ao não protege-los excessivamente estamos a torna-los capazes de resolver os seus problemas”.
“Se quisermos que o nosso filho seja autónomo, capaz, que se sinta seguro perante um exame, temos, quanto antes, de ensinar-lhes a ser independentes”, explica Alberca.
Quanto aos trabalhos de casa, o investigador defende que se existe alguém que acompanha a criança quando faz os deveres, deve começar a separar-se gradualmente. “Pode até estar sentada ao lado, mas não é preciso que indique com o dedo os exercícios que tem de fazer”, concretiza.
As atividades fora da escola podem ser uma oportunidade para estimular partes do cérebro, mas é preciso “que seja sempre a criança a dominar a situação, não o contrário”, adverte Fernando Alberca. “Tudo o que for preencher o dia com aprendizagens está bem, mas até certo limite”, explica, até porque o sítio onde as crianças aprendem mais é em casa, com os pais ou os avós.
Para educar uma criança, faz falta tempo e ama-lo muito, tanto quanto trabalhar para que seja independente o quanto antes. O maior problema das crianças, hoje, é a sobreproteção dos pais, não a falta de tempo, nota Fernando Alberca.
In: Em Letra Miúda
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