sábado, 18 de janeiro de 2020

SESSENTA E CINCO AGRUPAMENTOS JÁ ESTÃO A “INDISCIPLINAR A ESCOLA”

Sessenta e cinco agrupamentos de escolas de todo o país estão já a trabalhar num dos programas do Plano Nacional das Artes, lançado em junho de 2019, disse (...) o seu comissário, Paulo Pires do Vale.

Ao intervir no 4.º Encludança – Encontro Internacional de Arte e Acessibilidade, que decorre em Viseu, Paulo Pires do Vale referiu que estes agrupamentos se encontram a trabalhar com as medidas propostas pelo programa “Indisciplinar a escola”, que tem como objetivo pensar a cultura de uma forma transdisciplinar.

Se no passado se pensou que a forma de as artes entrarem nas escolas passava por criar mais disciplinas, como Música ou Educação Visual, o Plano Nacional das Artes apresentado em 2019 considera que, por exemplo, “a matemática pode ser trabalhada a partir do teatro e a filosofia através do cinema”, explicou.

Segundo Paulo Pires do Vale, o plano propõe a criação de projetos culturais, que terão um coordenador, “que é uma espécie de programador da escola”.

“Esse projeto cultural tem de partir de uma necessidade, de uma questão que aquele território tem à qual a cultura pode dar uma resposta”, frisou.

O comissário contou que, na zona de Odemira, um dos dramas sentido é o de alunos oriundos da Índia, do Bangladesh e do Paquistão, que “caem na escola sem falar uma palavra de português”.

“Como incluir estes alunos na escola? E como é que o projeto cultural da escola pode ajudar a que isto aconteça?”, questionou.

Outro exemplo que apontou foi o de uma escola de Faro, situada no meio de grandes superfícies comerciais, num local “em que o desperdício alimentar é obvio e visível”.

“Em cada lugar, o que propomos é que se identifique uma questão e como é que culturalmente a dança, a música, o teatro lhe pode responder”, sublinhou.

Outro dos programas é o do “Artista Residente”, que estará na escola não para ser mais um professor, mas “para pensar como é que aí pode continuar a sua prática artística”, respondendo ao que lhe pedem e fazendo propostas.

“Por exemplo, em Armamar, numa parceria do Teatro Viriato e do Plano Nacional das Artes, temos uma artista residente a trabalhar este ano”, exemplificou.

Paulo Pires do Vale disse haver a consciência de que, à medida que os projetos foram crescendo, terão de ser arranjadas novas formas de financiamento.

“Não há forma de financiar, por exemplo, artistas residentes em todas as escolas. São cerca de 800 agrupamentos de escolas no país, não há forma de financiar do ponto de vista central, ou seja, temos que descentralizar”, afirmou.

Nalguns lugares, o objetivo é o de que “seja a própria Câmara Municipal a perceber a valia e a fazer o financiamento ao artista residente”, acrescentou.

Desenvolvido pelas áreas governativas da Cultura e da Educação, o Plano Nacional das Artes tem como objetivo tornar as artes mais acessíveis aos cidadãos, em particular às crianças e aos jovens, através da comunidade educativa, promovendo a participação, fruição e criação cultural, numa lógica de inclusão e aprendizagem ao longo da vida.

Fonte: Jornal do Centro por indicação de Livresco

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