segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Joana quer cadeiras de rodas partilhadas em Aveiro

A ideia nasceu de “uma necessidade que apareceu num momento pessoal”: o dia em que Joana Coimbra e os pais foram passear por Aveiro — “uma cidade que se faz a pé” — e a mãe, que sofre de artrite reumatóide, “estava muito cansada” logo no início da caminhada. “Pensei que podia ter ali uma cadeira de rodas para a transportar”, conta ao telefone com o P3, depois de saber que foi eleita P3rsonalidade de 2019, com 18,61% dos 2762 votos, distribuídos por dez nomeados.

Foi assim que a jovem de 23 anos, natural do Entroncamento, actualmente a trabalhar nos Serviços de Gestão Académica da Universidade de Aveiro, criou o projecto Reinventar a Roda. Trata-se de um sistema que propõe a partilha de cadeiras de rodas na cidade de Aveiro — ideia que foi também o tema da sua tese de mestrado em Planeamento Regional e Urbano, avaliada com 17 valores. E o funcionamento é simples: pressupõe a criação de uma plataforma que permita pegar em cadeiras de rodas que não estão em uso, recuperá-las e colocá-las em diversos espaços centrais da cidade, como posto de turismo, estação de comboios e museus, por exemplo, para que possam ser usadas por quem precisa. 

Cerca de cinco meses depois da primeira conversa com o P3, Joana refere que o Reinventar a Roda “ainda não está” concretizado, mas tem desenvolvido “trabalho a nível teórico” com os orientadores de mestrado, que continuam a apoiar a jovem no projecto.

Ainda que esteja “numa fase teórica”, tudo parece indicar que a ideia tem pernas (ou rodas) para andar: em Novembro último, o projecto ficou em terceiro lugar na Startup Weekend Aveiro, o que lhe abriu portas para “uma sessão de estratégia” com uma empresa e para a Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro, que vai doravante acompanhá-la. “A ideia não é que o Reinventar a Roda se torne numa empresa, mas talvez numa associação ou cooperativa”, afirma.

Por agora, ainda não tem cadeiras para reinventar as suas rodas. O próximo passo é pedir a instituições “cadeiras que não estão em uso” e encontrar parceiros para as arranjarem. O departamento de Mecânica da Universidade de Aveiro é uma das opções que estão em cima da mesa. Depois, quando tiver “ideia dos custos”, vai concorrer a financiamento. E se tudo correr bem, da próxima vez que a mãe a for visitar, já poderá percorrer a cidade. (...)

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