quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Investigadores de Coimbra desenvolvem dispositivo biocompatível para tratamento do Glaucoma

Uma equipa de investigadores das Faculdades de Ciências e Tecnologia (FCTUC) e de Medicina (FCMUC) da Universidade de Coimbra desenvolveu um Biodispositivo inovador para o tratamento do Glaucoma, uma doença ocular progressiva declarada como a segunda causa Mundial de perda de visão.


Introduzido nas estruturas oculares através de uma pequena e rápida cirurgia sem sutura, o novo dispositivo assemelha-se a um “micro comprimido” e contém no seu interior fármaco que se vai libertando de forma progressiva e adequada à doença, substituindo assim o uso dos colírios (gotas) – actualmente a solução mais comum no tratamento de glaucoma e que exige diversas aplicações ao longo do dia, sem controlo clínico.

Considerando a elevada prevalência do Glaucoma nos idosos, este biodispositivo desenvolvido ao longo dos últimos três anos,  "irá melhorar a qualidade de vida dos doentes. Como o actual tratamento por meio de colírios exige diversas aplicações diárias, os doentes podem falhar algumas, aplicar em excesso ou mesmo administrar as gotas de forma incorrecta, levando a que o fármaco não actue", explica a investigadora principal do projecto.

Por outro lado, alerta Madalina Natu, "o facto de o médico não poder controlar se o doente emprega o medicamento de forma adequada, a administração incorrecta das gotas poderá causar mais problemas do que resultados positivos no tratamento da doença. Com o dispositivo desenvolvido, estas situações não se verificam porque a libertação do fármaco é controlada".

A nova tecnologia revela-se ainda mais económica porque, explica a Catedrática Helena Gil, orientadora da Tese de Doutoramento resultante da investigação, “segundo estudos conhecidos, no tratamento pelo uso das gotas só 5 por cento do fármaco actua, o restante perde-se. Com esta tecnologia não ocorrem perdas. Assim sendo, carece de quantidades reduzidas de medicamento”.

Os resultados dos testes in vivo (animais), realizados ao longo de vários meses, mostraram o bom desempenho do biodispositivo (onde foi introduzido um fármaco em uso clínico para o tratamento do glaucoma – Dorzolamida), não se tendo registado qualquer reacção agressiva ou de rejeição. O próximo passo é encontrar parceiros da indústria (empresas farmacêuticas) interessados em co-financiar testes clínicos para trazer este dispositivo para o mercado.
 
De facto, esta equipa de investigação está muito interessada em estabelecer parcerias com a indústria para assegurar que os resultados do trabalho de investigação chegam a ser postos em prática por lançamento de produtos inovadores nos mercados português e mundial.

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