sábado, 31 de janeiro de 2009

Moda chega aos cidadãos deficientes

Uma spin-off da Universidade do Minho desenvolveu a primeira colecção de roupa para pessoas em cadeira de rodas, depois de quatro anos de investigação. Um conceito revolucionário e inclusivo que vai expandir-se pelo Mundo.
Às 16 horas deste sábado, sobem ao palco do Parque de Exposições de Braga, onde decorre o Congresso Internacional de Deficiência, sete homens e oito mulheres, a quem a vida ou a genética alterou a forma de locomoção, para desfilar as 38 peças casuais e oito vestidos de gala e noiva que compõem a colecção Primavera/Verão da "Weadapt", empresa constituída maioritariamente por professores e investigadores da UM.
Segundo o responsável Miguel Carvalho, engenheiro têxtil da UM, as peças foram completamente modificadas para responder às especificidades anatómicas e ergonómicas de quem vive sentado. Em nome do conforto, da qualidade de vida e da auto-estima. Para chegar às formas ideais, que abolem costuras, bolsos traseiros e atendem a medidas totalmente distintas da roupa normal, foram estabelecidas teias de parcerias com associações e visitados centros de reabilitação.
Um conceito que promete ser também um rastilho para mudar mentalidades. "Entramos nas lojas e tudo é difícil. Às vezes, nem conseguimos entrar nos provadores. Depois, as roupas sobram em todo o lado, nas mangas e dos lados, metem-se nas rodas da cadeira. Muitas pessoas desistem e passam a andar de roupas largas e fatos de treino", descreve Olívia Silva, membro da Direcção da Associação de Deficientes de Braga. No momento da reportagem, Olívia veste o primeiro protótipo desenvolvido pela UM. Um fato clássico que lhe assenta na perfeição e que é o símbolo de uma mudança.
Envolvida neste projecto está também Daiane Heinrich, uma brasileira que veio para a UM doutorar-se em Ergonomia do Vestuário e quis associar-se ao projecto, que, futuramente, disseminará pelo Brasil. O resultado final das peças obedece a uma investigação profunda. "As roupas têm em conta as tendências da moda, mas as medidas são todas diferentes. É preciso ter em atenção a parte dos ombros, joelhos, nádegas, os tecidos. Para melhorar a mobilidade e evitar feridas", explica.
A modelo brasileira Samanta Almeida, em cadeira de rodas desde os 14 anos, depois de se balear acidentalmente, espalha bom humor. Convidada para desfilar hoje, acredita que mudar de condição não significa, necessariamente, mergulhar em revoltas e depressões. Atleta paralímpica da selecção brasileira de ténis em cadeira de rodas, prova um vestido azul de gala, um dos oito desenvolvidos pelo estilista vimaranense Rafael Freitas, o primeiro criador de vestuário convidado a envolver-se na iniciativa.
"Isto é uma pequena revolução que trará outras revoluções. Se eu me sinto mais bonita, saio mais, vou a bares, confeitarias, restaurantes, ateliês. Os donos vêem que têm de fazer adaptações nos seus espaço. Agora se a pessoa se isola e se evita todos os sítios, tem o efeito contrário. Houve uma altura em que eu nem bebia nada quando saía à noite, para não ter de usar o WC", sublinha Samanta, enquanto posa, iluminada de força de viver, para a lente do profissional de fotografia.
Outro exemplo de autonomia e serenidade é Sara Coutinho, quase 10 anos após uma queda que a incapacitou de andar em pé, mas não de voltar a ser feliz "Foi uma fase horrível, mas ultrapassei. Tenho uma vida activa, normal. Faço parte do Fórum de Deficiência da Câmara de Guimarães, sou designer gráfica e faço natação", revela, noutro vestido de gala, "confortável e lindo".
JN online

Transplante de células estaminais pode reverter esclerose múltipla

Transplantes de células estaminais da medula óssea do próprio doente conseguiram reverter a esclerose múltipla, em 21 doentes que estavam numa fase inicial da doença, relata uma equipa internacional de cientistas na revista The Lancet Neurology.
A esclerose múltipla é uma doença auto-imune, em que as células do sistema imunitário atacam a mielina, o material que reveste as extensões das células do sistema nervoso, tal como as capas de plástico protegem os fios eléctricos. Numa fase inicial, os sintomas vêm e vão — só numa fase mais avançada os problemas se tornam permanentes. Neste estudo participaram doentes jovens, ainda na fase inicial da doença.
As injecções das células estaminais sanguíneas (que dão origem a todo o tipo de células que formam o sangue) parecem ter reposto o funcionamento do sistema imunitário. No entanto, este é um pequeno estudo.
Apesar de o estudo ser ainda preliminar, 81 por cento dos doentes mostraram sinais de melhoria dos sintomas da doença com tratamento — que previamente tinham sido sujeitos a quimioterapia, para destruir o seu sistema imunitário. “Começamos tudo de novo, com o transplante”, disse à agência Reuters Richard Burt, da Northwestern University (EUA), principal autor do estudo.
Mas estes são resultados preliminares — esta técnica tem sido usada experimentalmente nos últimos 15 anos, embora sem estudos que afiancem a sua eficácia. São precisos outros ensaios clínicos, mais alargados e com grupos de controlo (pessoas que não fazem o tratamento), sublinhou Burt.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Educação especial: nos caminhos da idiossincrasia

As descrições abstractas, hipotéticas, por vezes eivadas de idealismo, não passam, na maioria dos casos, de conjecturas altamente desfasadas das realidades da sala de aula.
Numa era em que se pensava, fruto da muita investigação credível existente, que era possível levar a verdadeira inovação às escolas e às salas de aula, eis que, no que respeita à educação especial, mais uma vez, as metas são traçadas por aqueles que ao deterem o poder decidem quais as políticas desejáveis, descurando o conhecimento científico acerca da forma como, hoje em dia, se deve responder às necessidades dos alunos com necessidades educativas especiais (NEE).

Vem isto a propósito da informação prestada pela Lusa sobre a avaliação que o ministério da educação pretende levar a cabo, que terá por base o sistema de sinalização de alunos com NEE utilizando a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF).

Dá-se aqui uma primeira machadada na investigação. Sinalizar alunos com NEE utilizando a CIF? Mas, se a CIF é apenas uma classificação (classificar não será já em si um acto discriminatório?) que se alimenta das observações e avaliações efectuadas, nos vários domínios de desenvolvimento do aluno (académico, socioemocional e pessoal) e nos contextos onde ele se move (escola, casa, comunidade), por professores e outros agentes especializados, como pode, por si só, sinalizar seja o que for? É que o âmago da CIF, para quem a desconhece, baseia-se numa grelha (em termos científicos, numa escala gradativa) que, tendo por base um sistema de codificação, exige que seja aposto um visto numa de quatro opções. Impera, assim, a subjectividade, tantas vezes em prejuízo do aluno. Mais, se já se efectuaram avaliações cujos resultados, pressupostamente, permitem a elaboração de programações eficazes para os alunos com NEE, por que carga de água se vai despender mais tempo e dinheiro para, ainda por cima, subjectivar tudo o que já foi feito?

A segunda machadada (neste caso não só à investigação), ao continuar a ler a informação da Lusa, tem a ver com, quem?, o quê?, porquê?

No que concerne ao, quem?, não é verdade que Rune Simeonsson seja o autor da CIF, nem pouco mais ou menos. A sua equipa, isso sim, limitou-se a acrescentar-lhe alguns itens para adaptar a sua utilização a crianças e adolescentes.

Quanto ao, o quê?, considerar o autor da adaptação da CIF para conceber o modelo de avaliação que irá testar a sua eficácia é como perguntar ao Cristiano Ronaldo quem é, na sua óptica, o melhor jogador de futebol do mundo.

No que respeita ao, porquê?, pergunto porque é que Rune Simeonsson sentiu a necessidade de frisar que a CIF tem "em conta os contextos envolventes, e não as doenças". Aqui adivinha-se o pretender tornear um complexo sanitário (relativo à saúde e não à higiene, claro!) que, provavelmente, muito o tem atormentado, uma vez que a Organização Mundial de Saúde (OMS), cujo objectivo é o de "dirigir e coordenar as actividades internacionais relativas a questões sanitárias e de saúde pública", ao referir-se à CIF, diz que, "Como novo membro da Família de Classificações Internacionais da OMS, a CIF descreve a forma como os povos vivem com as suas condições de saúde... A CIF é útil para se compreender e medir os resultados de saúde...". Mais, num comunicado emanado da OMS (Press Release, WHO/48), pode ler-se, "A CIF põe em pé de igualdade todas as doenças e condições de saúde, sejam quais forem as suas causas...Têm sido feitos estudos científicos rigorosos para assegurar a aplicabilidade da CIF... no sentido de se poderem recolher dados fidedignos e comparativos no que diz respeito à saúde de indivíduos e populações". Assim sendo, não me restam quaisquer dúvidas de que a CIF diz respeito à saúde e que qualquer extrapolação para a educação pode trazer consequências desastrosas para os alunos com NEE. Quanto aos contextos envolventes (por contextos envolventes pretende-se dizer ambientes de aprendizagem e de interacção do aluno), que parece ser a imagem de marca da CIF, é importante que se diga que é uma imagem de marca já muito gasta, dado que desde os anos sessenta/setenta eles sempre foram considerados quando se efectuavam avaliações aos alunos com NEE. Ainda, continuando no porquê, não se percebe como um especialista de renome nos vem afirmar que com o uso da CIF, vamos assistir a uma "diferença radical" no atendimento a alunos com NEE e "a um passo inédito que Portugal tomou com a sua aplicação". Só pode ter sido por, a todo o custo, pretender vender o seu produto e por nos considerar uns saloios sem quaisquer cuidados científicos ou pretensões educacionais.

A terceira machadada, por incrível que pareça, vem confirmar o absurdo, ou seja, se, por um lado, o secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, afirma que a "tutela vai avaliar a aplicação da CIF", como que a querer dizer-nos que ela se encontra numa fase piloto e, por conseguinte, sem consequências gravosas para os alunos com NEE, por outro lado, diz-nos que não está minimamente "preocupado" com o "facto de a aplicação da CIF ter reduzido o número de crianças com apoio". Com estas afirmações, Valter Lemos está não só a demonstrar a sua insensibilidade em relação aos problemas dos alunos com NEE, mas também a entrar numa contradição flagrante, pois reconhece o uso da CIF como definitivo, atirando para o insucesso esse "número de crianças com apoio" que, de uma forma "administrativa" (fruto de directrizes e inspecções a escolas), verão, com certeza, o seu insucesso escolar aumentar, conjuntamente, na maioria dos casos, com a erosão da sua auto-estima.

A quarta machadada, também dada por Valter Lemos, refere-se à sua douta frase de que "partir do pressuposto de que quantas mais crianças forem apoiadas melhor é errado" (espero que se perceba a sua afirmação, a necessitar, pelo menos, de pontuação), não percebendo o secretário de Estado da Educação que, quanto mais e melhores forem os apoios para os alunos, melhores e mais ricas serão as suas aprendizagens. Mais, ainda, ao afirmar que "Tínhamos freguesias em que todas as crianças de etnia cigana estavam sinalizadas", ao retirar-lhes os apoios, não fez mais do que atirá-los para a sarjeta educacional, sem respeitar minimamente os seus direitos. Já agora, ainda em relação às etnias, ao afirmar que "Isso não é uma resposta adequada", quero chamá-lo à atenção de que existem respostas adequadas para este tipo de alunos, consignadas na designada "educação bilingue/bicultural" que, a saber, nem sequer existe no país.

Finalmente, a quinta machadada tem a ver com a exigência de, até 2013, ter "todas as crianças com NEE nas escolas de ensino regular." Ter-se-á esquecido Valter Lemos dos direitos que a Constituição Portuguesa confere a todas as crianças, incluindo as crianças com NEE? É que esse esquecimento desrespeita o direito à liberdade de escolha e a uma igualdade de oportunidades que nem sempre se processará nas escolas regulares, especialmente por falta de recursos, humanos e materiais?

Todas estas machadadas, dadas aos princípios fundamentais que regem os direitos das crianças, designadamente das crianças com NEE, devem-nos envergonhar e fazer com que actuemos com firmeza em defesa desses direitos, expressando um forte espírito de solidariedade que o nosso ministério da educação parece ter esquecido. É que o desafio, o prazer e, tantas vezes, o sofrimento que os professores e os pais sentem ao trabalhar com crianças com NEE ultrapassa, em muito, o que os políticos, os especialistas e os comentadores escrevem ou glosam sobre a forma como se devem educar estas crianças. As descrições abstractas, hipotéticas, por vezes eivadas de idealismo, não passam, na maioria dos casos, de conjecturas altamente desfasadas das realidades da sala de aula. No momento presente, iria mais longe, adicionando-lhes a retórica, o oportunismo político, a ignorância, a insensatez e a arrogância de quem só olha para o umbigo, rejeitando o diálogo a todo o custo, por medo que se descubra que o rei realmente vai nu.

Numa palavra, diria, que o ministério da educação continua a espalhar-se a todo o comprimento, como aliás já nos habituou.

Luís de Miranda Correia

Monitorização dos Projectos de Cooperação ao Abrigo do Nº 1 da Portaria 1102/97 e Artigo 30º do DL 3/2008

Informa-se que o prazo para preenchimento on-line do questionário “Monitorização dos Projectos de Cooperação ao Abrigo do Nº 1 da Portaria 1102/97 e Artigo 30º do DL 3/2008” foi prorrogado até dia 13 de Fevereiro.

Dia Internacional de Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina - 6 de Fevereiro de 2009

... pelos direitos humanos de meninas e mulheres em todo o mundo é preciso fazer face, eliminar, abandonar, prevenir, desencorajar e pôr fim à mutilação genital feminina.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Ministério avança com concurso para mobilidade de professores titulares

O Ministério da Educação (ME) vai abrir a posssibilidade de os professores titulares concorrerem, por transferência, às 2300 vagas que ficaram por preencher nas escolas no concurso de 2007, segundo um despacho a que a Lusa teve hoje acesso.
O documento já tinha sido deixado à consideração dos sindicatos no final de Dezembro do ano passado, mas o Governo chegou a ponderar, em Janeiro, retirá-lo, depois de não terem sido suspensas as acções de protesto que estavam agendadas. Na altura, os docentes consideraram que esta e outra proposta não eram suficentes para abrandar a contestação.
"As nossas opções são em função das escolas e dos professores. Esta possibilidade de mobilidade dos titulares é útil para os professores e para a gestão educativa, respondendo às necessidades do sistema", afirmou o secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, acrescentando que o procedimento deverá arrancar "na próxima semana".
De acordo com o despacho, que aguarda publicação em Diário da República, a tutela justifica esta medida com as "necessidades de funcionamento dos agrupamentos" e com a existência de "professores titulares que pretendem uma mudança" de agrupamento ou escola não agrupada. Questionado sobre o que sucede às vagas deixadas nas escolas pelos professores que concretizem a transferência, Valter Lemos garantiu que as mesmas serão disponibilizadas no próximo concurso para professor titular, a realizar "ainda este ano".
Os professores titulares que pretendam beneficiar do "procedimento de transferência" devem manifestar as suas preferências pelos lugares vagos identificados, numa aplicação electrónica que será disponibilizada pela Direcção Geral de Recursos Humanos da Educação (DGRHE). Se o número de interessados exceder o número de lugares vagos para o respectivo departamento ou grupo de recrutamento é utlizada a pontuação obtida no concurso de acesso a titular de 2007.
No caso de subsistir igualdade entre os interessados em determinada vaga é aplicado o critério do grau académico mais elevado, seguindo-se o da assiduidade nos cinco anos com menor número de faltas no período entre os anos lectivos de 1999/2000 e 2005/2006.

Conhecimentos da Língua: desenvolver a consciência linguística

Da autoria de Inês Duarte, esta publicação constitui um importante instrumento de suporte para o trabalho dos professores na reflexão sobre o funcionamento da língua e o conhecimento explícito e sobre os princípios que devem nortear as práticas pedagógicas neste âmbito. Para além de actividades de desenvolvimento da consciência fonológica, morfológica, lexical, sintáctica, textual e discursiva, apresenta ainda um exemplo de laboratório gramatical.
Conhecimentos da Língua: desenvolver a cosnciência linguística

A Educação em Portugal (1986-2006): alguns contributos de investigação

No contexto do Debate Nacional sobre Educação, o Conselho Nacional de Educação encomendou à Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação a realização de um trabalho que abarcasse os principais campos de conhecimento da educação em função de uma temática comum: a investigação em educação nos últimos vinte anos.
Aceite o desafio, a Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação realizou um seminário interno para discutir os possíveis referentes para a realização do trabalho e suas formas de abordagem. Não sendo fácil isolar áreas de investigação em educação, mais ainda quando se verifica que, depois da aprovação da Lei de Bases do Sistema Educativo, a produção bibliográfica e a investigação cresceram de forma significativa, os participantes concordaram na exploração de quatro temáticas principais: Administração Escolar, Desenvolvimento Curricular, Formação de Professores e Educação não Formal.
É assim que se apresenta "A Educação em Portugal (1986-2006). Alguns contributos de investigação", subdividido em quatro temáticas: Administração da educação e autonomia das escolas (Licínio C. Lima, Universidade do Minho); Currículo, investigação e mudança (José Augusto Pacheco, Universidade do Minho); Formação de professores: das concepções às realidades (Manuela Esteves, Universidade de Lisboa); Aprender sem ser ensinado. A importância estratégica da educação não formal (Rui Canário, Universidade de Lisboa).
Os critérios para a elaboração dos textos são da responsabilidade de cada autor, esperando-se que este trabalho se torne num ponto de partida para a discussão fundamentada e séria, cada vez mais necessária, sobre educação.

Depois do foguetório

Afinal o tal relatório da OCDE "elogioso" das políticas educativas do Governo não é da OCDE e foi encomendado e pago… pelo Governo. Valeria a pena ter lido o documento antes de dar crédito ao "site" do PS e ao Ministério da Educação. Com efeito, o relatório é uma encomenda do ME e a relação que tem com a OCDE é que "segue de perto a metodologia e abordagem [da] OCDE" (pág. 7).
Por outro lado, "a avaliação teve na base um relatório (…) preparado pelo ME" (pág. 26); a imensa maioria das entidades ouvidas pertence à estrutura hierárquica do ME, sendo que das 7 câmaras envolvidas no estudo, 6 são dirigidas pelo PS e a sétima é Gondomar (págs. 87 e 88); por fim, a documentação em que se baseia é constituída por publicações do ME e "informações e dados produzidos por todos os Serviços Centrais do ME" (pág. 89).
Sem questionar os méritos que o estudo eventualmente tenha nem a idoneidade dos autores (nem a importância da reforma em curso no 1.º Ciclo do Ensino Básico), talvez tudo isto chegasse para, noutro tempo, noutro lugar e com outros intervenientes, justificar um pouco menos de estardalhaço.
Manuel António Pina

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Pró Inclusão - Associação Nacional de Docentes de Educação Especial



Através do blog Educação Especial, da colega Susel Gaspar, tomei conhecimento da existência da Pró Inclusão - Associação Nacional de Docentes de Educação Especial.

A Pró Inclusão - Associação Nacional de Docentes de Educação Especial, foi criada em Julho de 2008 por um grupo de professores de Educação Especial com o objectivo de:

- apoiar a profissionalidade dos docentes de Educação Especial na busca de padrões de excelência e inovação nas práticas, na investigação e nas políticas e

- promover uma educação de qualidade para os alunos com NEE, no âmbito dos valores da Inclusão.
QUEM PODE ADERIR?
- Podem ser sócios efectivos os docentes de Educação Especial, com habilitação própria para exercício dessa função (especialização), regulamentada pela legislação.
- Podem também aderir: instituições, investigadores, formadores, docentes, ou outros, com formação e/ou desempenho de funções na área da Educação Especial, Inclusão ou Apoios Educativos.
COMO ADERIR?
- Preencher ficha de adesão e juntar 1 foto tipo passe.
- Efectuar pagamento de adesão de 35€ (inclui quotas 2009, revista profissional da associação e desconto no congresso).
- Juntar comprovativo de Transferência Bancária (NIB: 003601069910004232974 Montepio)
- Enviar para a sede da Associação e aguardar cartão de sócio.


MORADA: Quinta da Arreinela de Cima, 2800-305 Almada
TLM: 927 138 331
EMAIL: proandee@gmail.com
SITE: http://proinclusao.com.sapo.pt/

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Tem 8 anos e anda na universidade


O inglês Ainan Cawley é considerado o menino mais inteligente do mundo. Tem oito anos e estuda química numa universidade, um ano depois de ter passado no exame de acesso à Universidade.
O menino sobredotado começou a andar aos dois meses, a falar os quatro e aos oito meses já lia. Apesar de ser um prodígio, faz uma vida normal. Vive em Singapura com a família expatriada e confraterniza com crianças da mesma idade, segundo o pai do menino.
“Ele tem muitos amigos da mesma idade e brinca com jogos tal como qualquer outro rapaz de oito anos. No entanto, relaciona-se com adultos de forma fácil”, explica: “É um rapaz dotado para explorar e perceber coisas, especialmente ciência”, acrescentou.

Afectos e ausência deles

Muitas crianças nascem com problemas desconhecidos. Inibição em socializar, défice de atenção ou ausência de afecto. Testemunhos de pais e psicólogos, que nos alertam para um mundo (ainda) em fase de descodificação, num encontro promovido pela Associação Caleidoscópio.
Entre as quatro paredes de uma sala cheia, levanta-se o véu e todos compreendem o óbvio: que há meninos sem uma deficiência estampada no rosto, mas que têm diagnósticos que a sociedade ignora. Asperger, DAMP, Síndrome de Williams e um calafrio que varre a audiência com o nome de perturbação reactiva da vinculação.
Por momentos, tudo funciona, ou seja, pouco continua a funcionar, mas o discurso é entendido e aceite. Porque não é necessário fundamentar que a birra não é mimo, é mesmo autismo, ou que a falta de concentração na sala de aula não é preguiça, mas sim défice de atenção, motricidade e percepção (DAMP). Assim se explicaram pais, pediatras e psicólogos no encontro que a Caleidoscópio organizou este fim-de-semana na Fundação Engenheiro António de Almeida, no Porto.
"A culpa é dos pais"
Gonçalo aparece feliz na apresentação que a mãe expõe no auditório. Com a irmã mais nova, vestido de palhaço, com um olhar doce em bebé, divertido na praia. Se pudesse escolher, diz a mãe, "o Gonçalo jogava a bola ou corria na praia todo o dia". Gonçalo ouve a mãe da assistência, calmo e concentrado. Gonçalo tem 11 anos e é um caso de défice de atenção, motricidade e percepção. O que quer dizer que não parece prestar atenção ao que se diz ou a detalhes tem enormes dificuldades de concentração. A mãe deste menino ainda não arrisca em falar num final feliz. Como será a adolescência e a idade adulta, o que lhe reserva o futuro? Apesar de tudo, Gonçalo está bem na escola, tem uma família unida e empenhada em ajudá-lo, tem todos os apoios educativos necessários às suas especificidades. Mas antes disto, a mãe teve que ouvir afirmações que jamais esquecerá: "Esta criança é um deficiente mental e a culpa é dos pais", "Nunca vi nada assim, não sei o que lhe faça" ou "Oh mãe, se a senhora o consegue aturar e a professora também, não lhe dê nada [medicação]". Todas ditas da boca de profissionais de medicina.
Como uma cassete que se rebobina e volta a passar. Bebés aparentemente normais, que chegam aos três anos sem falar ou com enormes comprometimentos na linguagem. Diagnósticos confusos, percursos sinuosos, obstáculos na escola. Miguel Palha, pedopsiquiatra, fundador da Associação Diferenças, e que presta apoio clínico na Associação Caleidoscópio, no Porto, insiste na evidência: "Sempre que uma criança não fala correctamente aos 2 anos, tem que ser vista por um pediatra do desenvolvimento." Mesmo que os profissionais de saúde acalmem as ansiedades dos pais com o tradicional "ele vai desemburrar". Porque, como afirma Miguel Palha, "em 80% dos casos até desemburram, mas em 20%, não".
"Chegar a casa era um inferno"
Cristina Dantas está nervosa. Rodrigo vai fazer 11 anos e é "uma criança muito meiga e muito fechada". Foi a coberto desta reserva que os pais só ficaram a saber, no final do primeiro período do primeiro ano da escola, que ele tinha sido colocado na sala das crianças com paralisia cerebral. "A professora dizia que não conseguia trabalhar com o meu filho", recorda. E o que se faz quando, mesmo após um contacto com os apoios educativos, se insiste no erro? Queixa à DREN e, depois desta, à Inspecção-Geral da Educação. Rodrigo passou de diagnóstico em diagnóstico até chegar ao défice de atenção e hiperactividade, com dislexia e disgrafia. Actualmente, não tem uma única negativa na escola, os tempos em que "chegar a casa à noite era um inferno" estão mais amaciados. Ainda que Cristina não consiga equilibrar a revolta do acontecido.
Os afectos parecem compensar todos os sofrimentos. Por isso é que as palavras do psicólogo Emanuel Pereira circulam como gelo sobre os ouvintes. Emanuel é psicólogo numa instituição para rapazes e foi lá que recebeu um menino muito especial. Perturbação reactiva da vinculação é o nome científico da deficiência que faz com que seja imune a sentimentos ou afectos. Algo que se transformou numa psicopatia sem retorno, que o faz praticar maldades sem arrependimento. Mas, como refere o psicólogo, "a terapia é bem mais importante do que o diagnóstico". Por isso, afirma, tentam reforçar os afectos para que "no futuro, possa assaltar uma casa, mas não mate ninguém". Este menino foi abandonado à nascença, terá sofrido maus tratos, não restabeleceu vínculos e foi adoptado aos 3 anos, aparentemente tarde de mais. Uma encruzilhada sem final feliz.
Sofia adora conversar
Existem também exemplos como os do Frederico e a mãe, Francisca. Frederico tem Asperger, muita dificuldade na socialização com os seus pares, na escola. Depois das curvas e contracurvas iniciais, chegou ao 8.º ano com boa concentração, a respeitar as regras da sala de aula e com resultados muito positivos na escola. Claro que a gramática é mais fácil do que a interpretação e é um facto que continua a passar os intervalos "ao telemóvel com a mãe". Mas não mente, tem um sentido elevado da justiça, é dedicado e leal às amizades e sente-se feliz na companhia da irmã mais nova, com quem "a socialização é muito boa".
Com pena, Sofia só descobriu que sofria de síndrome de Williams aos 16 anos. Até aí, a família assistia, confusa, a certas estranhezas. Exemplo: nunca ter reprovado e mal saber assinar o nome. Sofia é óptima com as novas tecnologias e adora conversar. A síndrome de Williams dá-lhe um aspecto facial um pouco diferente do comum e uma apetência sadia para a conversa. Adora água, aprendeu a falar inglês a ver televisão, começa a entender-se com a escrita, tem 19 anos, é "uma adulta meiga e feliz". Afirma a irmã e ela sorri ansiosa por conversar.

Supermercados ajudam cegos nas compras

As pessoas com dificuldades visuais têm, desde esta terça-feira, apoio garantido nas idas às compras nos supermercados. Além do acompanhamento por pessoal especializado, levam para casa produtos etiquetados em braile.
Para Isabel, cega desde criança, o grande problema de ir às compras estava em confundir as embalagens iguais de produtos muito diferentes. "Um pacote de leite é igual ao de sumo, uma lata de feijão é igual à do tomate, um frasco de shampô é igual ao do gel de banho. E, pelo tacto, como vou distinguir os vários tipos e paladares de iogurte?".
Para dar resposta a todas estas dificuldades que se colocam a quem tem problemas de visão, Isabel valia-se do apoio de um familiar, com quem ia às compras. Depois, em casa, arrumava os produtos da melhor forma possível, para que nunca os confundisse. "Às vezes, lá calhava abrir uma lata de feijão supondo que era de cogumelos", referiu ao JN.
A partir de hoje, Isabel não mais confundirá as embalagens. Além disso, pela leitura de braile também passará a saber se o produto está dentro ou fora do prazo de validade.
Para a satisfação de Isabel e dos cerca de 165 mil cegos que se acredita existirem em Portugal - para além de outras pessoas que, embora não cegas, têm capacidade de visão muito reduzida -, entra hoje em vigor a Lei n.º 33/2008, de 22 de Julho. A legislação estabelece medidas de promoção da acessibilidade à informação sobre determinados bens de venda ao público para pessoas com deficiências e incapacidades visuais. Contudo, não são todos os estabelecimentos de comércio misto que são abrangidos. A legislação respeita apenas às grandes empresas com mais de cinco lojas, com uma área superior a 300 metros quadrados cada uma. Ou seja, são os grandes supermercados e hipermercados os abrangidos. A lista dos estabelecimentos onde o apoio aos invisuais está garantido pode ser consultada no site da Direcção-Geral do Consumidor (www.consumidor.pt). Ela compreende estabelecimentos das redes Continente, Modelo, Bonjour, Jumbo, Pingo Doce, Feira Nova, Minipreço e Pão de Açúcar. Em todas as lojas, passa a haver, obrigatoriamente, funcionários com formação no acompanhamento de invisuais.
"Mal chega um invisual à nossa loja, um funcionário especializado recebe-o. Primeiro, procuramos saber que produtos pretende comprar, pois assim é mais fácil guiar o cliente ao longo da loja, pelas diversas prateleiras", disse, ao JN, José Teixeira, responsável. Ali, como em todas as lojas da rede Continente/Modelo/Bonjour, o funcionário presta todas as informações sobre os diversos produtos, de forma a facilitar a escolha. Uma vez escolhido o produto, o funcionário etiqueta-o em braile com toda a informação desejada pelo cliente.
"O mesmo se passa no final das compras com o talão de venda. Toda a informação sobre o preço final, os descontos feitos e o valor debitado no cartão de cliente é traduzida em braile", referiu José Teixeira. Além disso, o cliente é acompanhado com as compras até ao seu meio de transporte ou paragem de autocarro.
Mariana Rocha, dirigente da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal, congratulou-se com a nova legislação. "A nossa esperança é que, no futuro, os produtos já venham etiquetados em braile das fábricas", referiu.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Dia escolar tornou-se "muito longo para as crianças" portuguesas

Melhores instalações e currículos "de melhor qualidade". Um relatório de peritos internacionais elogia a reforma do primeiro ciclo do Ensino Básico, mas destaca que o dia escolar se tornou "muito longo para as crianças".
Elaborado por uma equipa liderada por Peter Matthews, avaliador que também trabalha para a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), o estudo foi encomendado pelo Ministério da Educação e será hoje apresentado em Lisboa, numa cerimónia apadrinhada pelo primeiro-ministro. Elogioso na maioria dos parâmetros, o relatório acentua a "forma vigorosa" como foram encerradas "pequenas e ineficazes escolas" e a "visão política clara" que ditou as mudanças.
O grupo de peritos reconhece que a oferta da escola a tempo inteiro responde a "uma marcada necessidade social de assegurar a guarda das crianças ao longo do dia", o que é "particularmente importante no apoio às famílias de baixos rendimentos e às famílias monoparentais".
O problema está no reverso da medalha: como na maioria das escolas o enriquecimento curricular se desenvolve em sala de aula e usa métodos dirigidos pelo professor, "o efeito é o de alongar o currículo nuclear através do acréscimo de disciplinas suplementares, tornando o dia escolar muito longo para as crianças". Recomenda-se "experimentação e pensamento inovador" para melhor gestão e articulação de currículos.
Com alguma ironia, o psicólogo Eduardo Sá tem alertado para o problema dizendo que "é a favor de um horário de trabalho para a criança que não vá além das 40 horas semanais". Ouvido pelo JN, elogia a observação feita pelo grupo de peritos e destaca que as actividades de enriquecimento devem ter uma forte componente desportiva e criativa, para "proporcionar um desenvolvimento plural". Caso contrário, a sobrecarga horária apenas resulta em "mais distracção, mais hiperactividade e crianças mais zangadas com a escola".
O alerta não é apenas dirigido a decisores políticos e professores, mas também a pais que inscrevem os filhos em muitas actividades extra-curriculares, tornando-os "jovens tecnocratas de fraldas e de mochila". Brincar é um assunto sério e essencial para o crescimento: "É uma actividade obrigatória todos os dias e não apenas ao fim-de-semana".

Dislexia afecta mais de 7% das crianças

Mais de sete por cento das crianças sofre de dislexia, de acordo com um estudo envolvendo quase 1500 crianças do Norte do País. "É uma situação que tem consequências graves para o desenvolvimento da pessoa humana e que seria evitável com o devido tratamento", alertou Ana Paula Vale, da Universidade de Trás-os-Montes, durante as jornadas luso-espanholas de linguagem infantil, em Braga.
Em seu entender, a dislexia - um problema de linguagem que se caracteriza por dificuldades de leitura e escrita, com a troca de letras e falhas na associação do som à letra - acarreta problemas graves ao nível da aprendizagem escolar e académica, da integração social e progressão profissional.
CM, formato de papel, 25/01/2009

sábado, 24 de janeiro de 2009

Processo de reabilitação só começa depois de "fazer o luto da doença"

Quando ficam cegas, "as pessoas chegam aqui completamente perdidas, todas encolhidas, enroscadas, quase em posição fetal para se protegerem, porque têm medo de cair ou chocar contra as coisas", diz Conceição Luís, directora do Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos, em Santa Apolónia, Lisboa. "São pessoas que viam normalmente e, de repente, cegaram e ficaram perdidas", referiu ao DN.
"Trabalhamos imenso na recuperação da auto-estima. No primeiro mês e meio, a nossa função principal é tirar as pessoas do buraco em que se encontram", explicou, pois "entraram em depressão e ainda não aceitam o facto de terem cegado. Têm de fazer o luto. É preciso que a pessoa aceite que está cega".
"Não posso ensinar braile nem pôr a bengala na mão de uma pessoa que ainda não assumiu que está cega", esclarece a directora do centro, revelando que "todos têm a secreta esperança de que vão voltar a ver. Acreditam que a ciência vai evoluir e resolver o problema".
Salienta que "uma pessoa só está reabilitada quando está integrada. Por isso, tentamos colocar as pessoas em postos de trabalho, através dos serviços do Instituto do Emprego e Formação Profissional. Mas é muito difícil, porque os responsáveis das empresas ainda não estão muito receptivos. O objectivo é colocá-los na função que queriam desempenhar antes de ficarem cegos".
"Se não ficarem com uma actividade, eles voltam a fechar-se em casa e a isolar-se. A solução é um emprego ou outra formação, como, por exemplo, o programa Novas Oportunidades para os que não têm a escolaridade completa", declarou.
E dá um exemplo: "Tive aqui um jovem de 20 anos, com descolamento da retina, que tinha feito várias operações e chegou a uma altura em que já não havia solução. Cegou." Nas aulas participava e era expert em informática. Quando não estava nas aulas, ficava fechado no quarto. Perguntámos-lhe porque se isolava assim e ele respondeu: "Quando não estou nas aulas, durmo, porque enquanto durmo sonho e enquanto sonho eu vejo", contou. "Está a tirar um curso de programação informática e é DJ numa discoteca", revelou Conceição Luís, considerando que, "se ele fosse embora daqui sem ter uma colocação noutra actividade, acabaria por se fechar em casa e ficar outra vez perdido".
Adianta que, "normalmente, eles dizem que após terem cegado ainda conseguem imaginar as coisas às cores. Mas depois passa a ser tudo a preto e branco".
Este centro, que pertence à Segurança Social, existe há 46 anos e tem capacidade para 22 internos, que vêm de fora de Lisboa e ali permanecem durante o processo de reabilitação. Tudo é gratuito, incluindo refeições e alojamento. Quem vive na capital frequenta as aulas em regime externo.
Os períodos de reabilitação "são normalmente de três meses para utentes com baixa visão e de cinco meses a um ano para casos de cegueira total", informou a directora.
Ali ensinam mobilidade de quatro níveis, como movimentarem-se no interior do centro, na zona envolvente, nos transportes públicos e na área de residência. No programa de actividades da vida diária, a equipa de reportagem do DN encontrou Maria Bárbara na cozinha a receber formação e a confeccionar um bolo de ananás. Residente em Vila Viçosa, vê abaixo dos 10%. "Desde os 17 anos que tenho baixa visão, mas há cinco anos, devido a uma depressão, o problema agravou-se muito", contou Bárbara, que trabalhava no Centro de Saúde de Vila Viçosa, mas desde há três anos está em casa. "Os meus filhos já são crescidos e vão-me ajudando, mas não me sentia muito bem a cozinhar e às vezes atrapalhava-me, porque não conseguia ver as coisas. Por isso vim para aqui. Agora já consigo fazer quase tudo mais à vontade", relatou, com um sorriso de satisfação.
A directora do centro revela que também acompanham os utentes "ao teatro, ao cinema e a outros eventos para perceberem que podem continuar a ter vida social". Foram ver o filme Ensaio sobre a Cegueira, na antestreia, com auscultadores que lhes transmitiam por voz o que passava nas legendas. Salienta que, "no final do filme, um cego recupera a visão. Ficaram com aquela mensagem de esperança que os cegos podem voltar a ver".
"Gostei muito do filme. Aquele retrato das pessoas que perdem a visão de repente é mesmo o estado em que elas nos chegam aqui ao centro: completamente perdidas", observou Conceição Luís.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Aplicação da CIF: como quantificar?

Têm surgido inúmeras dúvidas quanto ao preenchimento da CIF, mormente no que respeita às Funções do Corpo (o preenchimento exige, inequivocamente, o contributo de um médico). Para esclarecimento e melhor interpretação desta situação, cumpre-me fazer a seguinte reflexão:
A CIF é particularmente útil em crianças ou adolescentes com Deficiência Cognitiva ou perturbações similares (por exemplo, gravíssimas alt. Comportamentais, …), não se adaptando bem às Perturbações Específicas do Desenvolvimento, uma vez que não se baseia na teoria e métodos do Desenvolvimento Infantil (perspectiva desenvolvimentalista);
A decisão de se iniciar uma intervenção (de natureza médica, educativa, social ou outra) não depende dos valores dos qualificadores atribuídos. Assim, por exemplo, no âmbito da intervenção educativa, poderá ser proposto que uma criança com um valor de 1 na atenção beneficie de condições especiais de avaliação e de apoio pedagógico personalizado;
Relativamente às funções cognitivas, o valor 4 corresponde a uma deficiência completa ou profunda, ou seja: deverá ser atribuído a crianças e a adolescentes que apresentem funções compatíveis com QI inferior a 25 (vida praticamente vegetativa, sem linguagem e socialização, como são os casos das crianças com paralisias cerebrais muito graves e que conduzem ao acamamento);
No mesmo âmbito, o das funções cognitivas, o valor 3 corresponde a uma deficiência grave, ou seja: deverá ser atribuído a crianças e a adolescentes que apresentem funções compatíveis com QI entre 25 e 40. Exemplos clássicos: as funções desenvolvimentais típicas de uma T21 grave, de um Síndrome de Kanner, de um síndrome do X frágil grave, …;
No mesmo âmbito, o valor 2 corresponde a uma deficiência moderada, ou seja: deverá ser atribuído a crianças e a adolescentes que apresentem funções compatíveis com QI entre 40 e 55. Exemplos clássicos: as funções desenvolvimentais típicas de uma T21 corrente, de um síndrome de Williams problemático, …;
De forma similar, o valor 1 corresponde a uma deficiência ligeira, ou seja: deverá ser atribuído a crianças e a adolescentes que apresentem funções compatíveis com QI entre 55 e 70 (estado-limite da normalidade cognitiva). Nesta categoria, incluímos as funções desenvolvimentais típicas de uma T21 com elevado funcionamento, da maioria dos SW, …
As incapacidades específicas de crianças com um desenvolvimento cognitivo global não muito desviado da média, como são exemplos paradigmáticos: a linguagem nas PEL, na SA, nas PDD-NOS, …; a motricidade nas PDCM, nos DAMP, nos SA, nas PDD-NOS, …; o Défice de Atenção na PHDA, no DAMP, na SA, nas PDD-NOS, …; as Dificuldades de Leitura nas Dislexias, …, correspondem, geralmente, a incapacidades ligeiras. Todavia, se estas incapacidades específicas forem muito graves, poderemos atribuir os valores 2, 3 ou, mesmo, 4. Mas atenção: são incapacidades específicas e não globais;
As crianças com Dificuldades de Aprendizagem ligeiras, bem caracterizadas, com um desenvolvimento cognitivo convencional (por exemplo: dificuldades no princípio alfabético aos 7 a; dificuldades na fusão silábica aos 8 a; velocidade lenta aos 9 a; …) não poderão receber um valor superior a 1 (trata-se, inequivocamente de uma incapacidade ligeira). Com muita benevolência, poderão receber um 2, mas não mais (o 3 corresponde, como dito acima, a uma incapacidade grave!....). Nos casos de Dificuldades de Aprendizagem graves (muito mais pronunciadas do que as acima assinaladas), poderão ser atribuídos os valores 3 ou 4 em funções específicas com aquelas relacionadas.
Comentário:
Considerei este texto interessante por ir ao encontro de algumas angústias que tenho sentido e partilhado com os colegas, no âmbito da avaliação de alunos referenciados. No entanto, o texto refere-se mais em concreto às Funções do Corpo.
Porém, no nosso dia-a-dia, temos sentido alguma dificuldade em aplicar os qualificadores de capacidade ao nível das Actividades e Participação. Agradecia, antecipadamente, se alguém pudesse disponibilizar informação mais concreta, designadamente testes que se possam aplicar, de forma a quantificar os resultados e, assim, avaliar com mais precisão e realismo a situação dos alunos envolvidos.

ME lança avaliação externa sobre a implementação do novo diploma da Educação Especial

O Ministério da Educação (ME) convidou uma equipa de especialistas na área da Educação Especial a concretizar um projecto de avaliação da implementação do Decreto-Lei n.º 3/2008, que define os apoios especializados a prestar nos diversos níveis de ensino para dar respostas adequadas aos alunos com necessidades educativas especiais de carácter permanente.
A equipa que integra o projecto é dirigida por Rune J. Simeonsson, também conhecido como o mentor da Classificação Internacional da Funcionalidade (CIF), e pela investigadora Manuela Sanches Ferreira.

Este projecto, com enfoque nos três eixos fundamentais do diploma (referenciação - que não se realizava até agora, afectação de recursos e organização da rede de respostas) pretende ainda responder a três questões centrais:
Como contribuiu a CIF para o processo de tomada de decisões?
Quais as dificuldades experimentadas na utilização da CIF?
Como pode a CIF ser usada para melhorar a avaliação e a intervenção com os alunos?
Para avaliar a utilização da CIF na identificação dos alunos com necessidades educativas especiais de carácter permanente, os métodos escolhidos consistem na análise documental, entrevistas, questionários e focus-grupo a pais, professores, órgãos de gestão da escola e outros intervenientes.
O projecto visa também analisar os recursos e apoios existentes em ambiente escolar relativos à educação especial e a outros serviços relacionados, através de um inquérito prospectivo, bem como proceder ao levantamento das atitudes e nível de conhecimento acerca da CIF, designadamente o modelo e instrumento de avaliação bem como o planeamento da intervenção.

Os especialistas que integram o projecto assumem, como objectivo central da sua concretização, a obtenção dos seguintes resultados:
Influenciar o pensamento dos diferentes agentes educativos acerca da educação especial;
Melhorar o Manual de Apoio à Prática em Educação Especial;
Preparar instrumentos com base na CIF para a avaliação e intervenção;
Apresentar recomendações à tutela que permitam a tomada de decisões no domínio das políticas educativas.

Esta avaliação apresenta-se como mais uma das medidas integradas na reforma em curso da educação especial.
Para além desta medida, salienta-se também o investimento na organização do sistema e em equipamento, a formação de professores, a criação de uma rede de escolas e de agrupamentos de referência e de unidades de apoio especializadas, o crescimento do número de técnicos especializados, a criação de novos centros de recursos TIC, a elaboração de um programa curricular de Língua Gestual Portuguesa e o aumento do número de manuais escolares em formato acessível, entre outras medidas.
Neste sentido, o ME apostou num reinvestimento no sector, permitindo a criação de condições nas escolas para responder às diferentes necessidades destes alunos, disponibilizando 215 milhões de euros, neste ano lectivo, para a Educação Especial.
Publicado há um ano, o Decreto-Lei n.º 3/2008, que tem a educação inclusiva como pressuposto, visa criar as condições necessárias para que a Educação Especial proporcione uma resposta adequada aos alunos com necessidades educativas especiais de carácter permanente, apostando num sistema de referenciação e avaliação dos alunos através da CIF.

Regras para aplicação das ponderações e dos parâmetros classificativos

Foi publicado o Despacho n.º 3006/2009, de 2009-01-23, que altera e republica o anexo xvi ao despacho n.º 16 872/2008, de 7 de Abril, que aprova os modelos de impressos das fichas de auto-avaliação e avaliação do desempenho do pessoal docente, bem como as ponderações dos parâmetros classificativos constantes das fichas de avaliação.

Deficientes - Falta de apoios nas universidades: Barreiras superiores

Os alunos deficientes ainda enfrentam muitas barreiras nas universidades portuguesas. O simples acto de ouvir um professor numa aula, de tirar apontamentos ou até de aceder ao site da instituição é, nos dias que correm, um problema para os alunos com necessidades especiais. O alerta foi dado ontem por especialistas de diversas universidades no ‘I seminário GTAEDES – Contributos para uma Universidade Inclusiva’, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (UL).
A secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação, Idália Moniz, abriu a sessão dizendo que "é urgente dotar as instituições de Ensino Superior de apoios para os alunos com necessidades especiais, pois todos têm direito a aprender". "O diploma de Ensino Superior é um projecto de vida a que todos devem ter acesso, mesmo sendo diferentes", afirmou.
António Nóvoa, Reitor da UL, também esteve presente e deixou "bem claro que a igualdade ainda não é um valor presente na educação". "Existem muitas dicotomias na educação e o acesso igual para todos é um dos maiores problemas existentes", disse.
De recordar que o direito ao ensino em como garantia uma " igualdade de oportunidades de acesso" para todos, estando estipulado no artigo 74º da Constituição da República Portuguesa.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

“Um Toque de Braille”

No âmbito da homenagem a Louis Braille por ocasião dos 200 anos do seu nascimento, estão abertas inscrições para a 2.ª edição da acção de carácter prático, denominada “Um Toque de Braille”.
Destina-se a docentes que, por curiosidade ou por qualquer outra razão, queiram conhecer o alfabeto braille, iniciar-se na leitura e experimentar a escrita à máquina e na pauta por meio deste sistema.
LOCAL: Escola Básica Poeta Manuel da Silva Gaio, em Coimbra.
DATA: A estabelecer entre os interessados e a responsável
DURAÇÃO: um dia = seis horas, ou dois dias =3+3 horas.
RESPONSÁVEL: Ana Maria Fontes
Os colegas interessados em usufruir desta oferta educativa deverão inscrever-se via e-mail para: anafon@sapo.pt, ou pelo telefone 96 4035804.
No acto da inscrição basta indicar o nome, o endereço de correio electrónico, a escola onde lecciona e a disciplina.
Por restrições devidas ao material disponível e à natureza da Acção, esta realizar-se-á desde que haja duas inscrições.
Vantagens: possibilidade de maior aproveitamento individual e facilitação de consenso quanto à data e modo de funcionamento da Acção.
Cada candidato deverá apenas trazer uma caneta de acetato.

“Ciganos no ensino especial é aberração”

"Havia freguesias inteiras, e ainda há casos, em que todas as crianças de etnia cigana estavam no Ensino Especial. Numa escola democrática isto não se pode conceber, é uma aberração." A denúncia foi feita ontem pelo secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, na apresentação do projecto de avaliação e acompanhamento da reforma na educação especial.
Comentário:
A generalização de situações a uma população alvo, deve ser desvalorizada quando não se apresentam dados concretos! No caso dos alunos ciganos, pelo que vou conhecendo, trata-se, de facto, de uma população estudantil que evidencia muitas dificuldades de aprendizagem e de desenvolvimento cognitivo! Seria bom que os responsáveis, antes de proferirem afirmações ao desbarato, tomassem conhecimento da realidade e a apresentassem tal como ela é!
Qual é a população cigana estudantil?
Quantos alunos destes se encontram a beneficiar das medidas do regime educativo especial?
Quais as medidas aplicadas?
Na mentalidade de alguns políticos, tudo serve para justificar algumas medidas! Tem sido o caso dos alunos abrangidos pelas medidas da da Educação Especial.

Hipnose liberta memórias de vidas passadas

Muitos problemas psicológicos e físicos têm origem em vidas passadas, a cujas memórias é possível aceder através da hipnose. Esta polémica tese foi defendida, em Lisboa, pelo psiquiatra Brian Weiss.
"É possível aceder a vidas passadas da mesma forma que se acede a qualquer memória, seja da infância ou de quando se era bebé. Regredir significa simplesmente voltar atrás no tempo", explicou o médico norte-americano ao JN. Desde a publicação de "Muitas vidas, muitos mestres" - o livro em que relata, pela primeira vez, a experiência de regressão a vidas passadas de uma paciente, Catherine, que sofria ansiedade -, Brian Weiss criou uma legião de admiradores e de críticos em todo o Mundo.
Nas suas obras, defende ideias tão controversas como a reencarnação, o reencontro de almas-gémeas e a transmissão de experiências e padrões emocionais de vida para vida. "Através da terapia regressiva, é possível chegar à causa do sintoma e curá-lo", sublinha o terapeuta. Como provas, apresenta relatos de pessoas que recordam, com elevado nível de detalhe, as suas famílias anteriores e que acabam por conseguir localizá-las. Há também casos de pacientes que descrevem correctamente acontecimentos, datas ou locais de que não tinham conhecimento e, ainda, os que falaram em línguas que não dominavam, durante as regressões.
"Mas, a prova mais importante é que cura. Mesmo que o paciente ou o terapeuta não acreditem em vidas passadas, funciona. Trata-se de uma técnica terapêutica, não de magia", garante Weiss.
O autor faz, ainda, questão de desmistificar a hipnose - estado de concentração ou relaxamento que permite aceder a conteúdos inconscientes - e os alegados perigos de ficar bloqueado numa memória ou perder o controlo. "É um processo em que se recupera uma memória, não uma máquina do tempo", salienta.
O propósito da vida e do ciclo de reencarnações é, para Brian Weiss, o desenvolvimento do potencial espiritual que acredita existir em todos os seres humanos. Uma espécie de escola em que vamos repetindo, em vários corpos (ou vidas), as lições que a alma ainda não aprendeu.
(...)

"Perturbações do Desenvolvimento Infantil: a Palavra aos Pais"


2009-01-24
Auditório da Fundação Eng.º António de Almeida
A Caleidoscópio, Associação de Apoio e Terapêutica das Perturbações do Desenvolvimento, organiza este seminário que tem como objectivos a partilha de testemunhos e experiências de pais de crianças com:
- Perturbações do Espectro do Autismo (Síndrome de Asperger, Autismo, PDD-NOS, etc.).
- Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção.
- Défice Cognitivo.
- Dificuldades de Aprendizagem.
- Trissomia 21.
A inscrição é gratuita, mas obrigatória.Incrições: caleidoscopio-olhares@iol.pt

"Sobredotação em Portugal: 10 anos de contributos da ANEIS"

2009-01-24
Auditório do Centro de Estudos Camilianos
Seminário organizado pela Associação Nacional para o Estudo e a Intervenção na Sobredotação (ANEIS), Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão e Didaxis, S. Cosme do Vale, com o objecivo de sensibilizar as escolas e as famílias para o tema da sobredotação e apresentar os estudos e as experiências que decorrem em Portugal nesta área, nomeadamente da responsabilidade da ANEIS.
Incrições: A participação é gratuita, mas com inscrição prévia limitada às primeiras 150 inscrições.
Mais informações: aneisportugal@hotmail.com

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Ministério vai avaliar sinalização de crianças com necessidades especiais

O Ministério da Educação vai avaliar a aplicação da Classificação Internacional de Funcionalidade na sinalização de crianças com necessidades educativas especiais, sendo os resultados preliminares conhecidos dentro de seis meses, anunciou hoje a tutela.
Este é um dos eixos fundamentais do projecto de avaliação da reforma da Educação Especial, apresentado hoje pelo secretário de Estado da Educação, que pretende ainda conhecer os recursos e apoios existentes em ambiente escolar. "Lançámos um sistema de acompanhamento e avaliação desta área com o objectivo de verificar os aspectos que devem ser aprofundados e quais devem ser revistos ou objecto de correcção", afirmou Valter Lemos, num encontro com jornalistas.
Para tal, o autor da Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF), o sueco Rune Simeonsson, desenhou um modelo de avaliação para apurar a forma como a CIF contribui para a tomada de decisões e as principais dificuldades registadas na sua utilização, entre outros aspectos. O projecto vai assentar em estudos de caso, questionários, inquéritos e discussões, procurando envolver todo o tipo de agentes, como pais, professores, técnicos especializados e órgãos de gestão de escola, entre outros.
"A CIF não exclui ou inclui. É baseada na avaliação de funções e capacidades, tendo em conta os contextos envolventes, e não as doenças. Permite apurar mais informação para sustentar a tomada de decisões e para aplicar as respostas mais adequadas a cada caso", defendeu Simeonsson, sublinhando a "diferença radical" com a utilização deste sistema e o passo "inédito" que Portugal tomou com a sua aplicação.
A investigadora Manuela Sanches Ferreira, que vai coordenar a avaliação da reforma da educação especial, indicou que os resultados preliminares deverão ser conhecidos daqui a "seis meses", mas que o projecto deverá durar "cerca de dois anos". "Melhorar o manual de apoio à prática em educação especial e apresentar recomendações à tutela" são alguns dos resultados, segundo a responsável, que se esperam desta avaliação.
O secretário de Estado da Educação recordou os problemas "gravíssimos" que existiam na sinalização das crianças e jovens com necessidades educativas especiais, afirmando ainda que não o "preocupa" o facto de a aplicação da CIF ter reduzido o número de crianças com apoio. "Partir do pressuposto de que quantas mais crianças forem apoiadas melhor é errado. Tínhamos freguesias inteiras em que todas as crianças de etnia cigana estavam sinalizadas. Isso não é uma resposta adequada", afirmou Valter Lemos, rejeitando as críticas de que esta reforma foi puramente economicista.
O Ministério da Educação quer ter até 2013 todas as crianças com necessidades educativas especiais nas escolas de ensino regular, ao mesmo tempo que as escolas de ensino especial estão a ser transformadas em centros de recursos para a inclusão. O orçamento da Educação Especial para este ano lectivo é de 215 milhões de euros, segundo Valter Lemos.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Plano de Transição para Jovens com Necessidades Especiais: guia de apoio na comunidade


O Plano de Transição para Jovens com Necessidades Educativas Especiais: Guia de Apoio na Comunidade, foi elaborado para permitir aos membros da comunidade (pessoal da escola, assistentes sociais e pessoas da comunidade) utilizarem informações e ideias que ajudem o processo de transição dos jovens com necessidades especiais.
Neste texto, a expressão jovens com necessidades especiais, refere-se a jovens que necessitam de apoios especiais para promover a sua saúde e para participar nas actividades diárias em casa, na escola e na comunidade, dados os problemas que apresentam nas seguintes áreas:
- saúde
-compreensão
- capacidades sensori-motoras
- integração social
-capacidades emocionais/comportamentais
- capacidade de auto-ajuda
Este Guia foi elaborado com os seguintes objectivos:
1. Prestar informações ao pessoal das escolas, assistentes sociais, membros da comunidade – incluindo serviços para jovens e adultos – sobre as melhores práticas e sobre os factores-chave que apoiam a planificação da transição baseada na pessoa, para jovens com necessidades especiais.
2. Apresentar ideias que apoiem a participação activa dos jovens com necessidades especiais e suas famílias no processo de transição.
3. Prestar informações que promovam uma perspectiva colaborativa no planeamento da transição.

Superar a exclusão através de abordagens inclusivas na educação: um desafio e uma visão


A inclusão é vista como um processo que consiste em responder às diferentes necessidades de todos os alunos através de uma maior participação na aprendizagem, na cultura e na comunidade, assim como reduzir a exclusão dentro da educação. Implica mudanças e alterações de conteúdo, métodos, estruturas e estratégias, numa visão comum que abarque todas as crianças dos mesmos níveis etários, e partindo da convicção que compete aos sistemas educativos regulares educarem todas as crianças. (UNESCO, 1994).
A educação inclusiva actua no fornecimento de respostas pertinentes para todo o universo de necessidades educativas nos contextos pedagógicos escolares formais e informais. Em vez de se tornar num tema marginal sobre como se podem integrar alguns alunos na corrente educativa vigente, é uma abordagem que foca a transformação dos sistemas educativos a fim de responderem à diversidade de alunos. O seu objectivo é permitir que os docentes e os discentes assumam positivamente a diversidade e a considerem um enriquecimento no contexto educativo, em vez de ser um problema.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Alunos com deficiência aprendem a velejar

Alunos com deficiência aprendem vela. Aulas no âmbito de um protocolo com o Clube de Vela da Costa Nova. É uma forma de estimular o sentimento de responsabilidade em jovens com dificuldades de aprendizagem.
A sexta-feira é o dia mais desejado pelo grupo de cinco alunos do Centro de Acção Social do Concelho de Ílhavo (CASCI) que participam nas aulas de vela, ao abrigo de um protocolo com o Clube de Vela da Costa Nova. Os rostos sorridentes e a boa disposição compravam o prazer que estes jovens (três com Síndrome de Down e dois com dificuldades de aprendizagem) sentem. "É uma forma de aprendermos coisas novas e de espairecer", diz Mariana Cardoso, de 20 anos, que se intitula como "a engenheira do grupo". Carlos Martins, 30 anos, assume-se como "o capitão do barco". É com esta boa disposição que os cinco jovens se equipam e começam a carregar o material para aparelhar o barco, antes de irem para a ria. "Hoje está pouco vento, não sei se vai dar para velejar", diz Henrique Santos, monitor do CASCI.
Para o professor, estas aulas, mais do que "espairecer" como diz a Marina, servem para os ajudar a "cultivar um sentimento de responsabilidade e de trabalho em equipa". "Eles nestas aulas são obrigados a cumprir certas rotinas e isso é muito importante quando falamos de jovens que apresentam algumas dificuldades", acrescenta.
Opinião partilhada por José Teixeira, monitor do Clube de Vela. "Apesar de serem alunos com dificuldades, cumprem um programa de treino como os restantes, mas com o treinador dentro do barco, o que acaba por ser uma aprendizagem mais personalizada", sublinha.
Mas voltemos aos alunos que já começaram a içar as velas. "Puxa ai, com força", ordena Mariana. E vestindo a pele de líder, lá vai conseguindo, em conjunto, com os restantes colegas aparelhar o barco.
É a parte que mais agrada a Carlos, de 30 anos, que sofre de Síndrome de Down. "O que mais gosto é mexer nas peças e montar as coisas para o barco ir para a água", diz, acrescentando que também sabe fazer nós e que não tem medo de cair à água. "Sei nadar, se caísse sabia vir para terra. Mas nunca caímos...". Mariana é a aluna mais antiga destas aulas e por isso é das poucas que já sabe conduzir a embarcação e, diz com grande orgulho, que também sabe "fazer viragens de bordo". O objectivo desta jovem, de 20 anos, é aprender a velejar para "um dia ir sozinha para a ria no meu barco".

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Meditação pode ajudar hiperactivos


Crianças com Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção podem melhorar com a prática de meditação transcendental. Um estudo pioneiro realizado nos EUA permitiu concluir que a meditação reduz a ansiedade das crianças que sofrem deste distúrbio, permitindo melhorias no seu comportamento e um aumento da sua capacidade de concentração e raciocínio. Os benefícios foram muito significativos, mais ainda do que esperavam os investigadores. As crianças analisadas melhoraram ao nível da atenção, da memória, da organização e do comportamento.
A meditação mexe com o sistema nervoso e altera positivamente padrões orgânicos determinantes como a respiração e a pressão sanguínea.
Duas vezes 10 minutos por dia
As crianças têm de aprender apenas as mais básicas técnicas de meditação - e praticá-las - para poderem ter resultados positivos. Até as crianças com hiperactividade e défice de atenção podem fazer esta aprendizagem e, mais importante, beneficiar com ela. Bastam duas sessões de 10 minutos por dia, afirmam os investigadores.
Sentadas confortavelmente numa almofada, com os olhos fechados repetem mentalmente um mantra - uma frase, como se fosse um refrão, ou apenas um som. Isso irá transmitir uma enorme calma, tanto a nível físico como mental.
Os resultados deste estudo foram publicados no jornal on line Current Issues in Education.
Envolvimento dos pais é determinante
Patrícia Almeida promove cursos de meditação para crianças em Portugal e acredita que as técnicas que lhes ensina podem, de facto, ter benefícios em casos de hiperactividade e défice de atenção.
Apesar de ter tido nas suas «aulas» apenas duas crianças com este diagnóstico, considera que os benefícios da meditação estão ao alcance das crianças com hiperactividade. Mas há um factor determinante para que estes sejam conseguidos: «Os pais têm de acreditar e envolver-se para acompanharem os filhos em casa. Eu estou com eles apenas uma hora por semana. A meditação tem de ser praticada todos os dias, pelo menos uma vez. Uma criança normal consegue adquirir esta rotina sozinha, uma criança hiperactiva não.»
O acompanhamento dos pais não foi suficiente nos dois casos que passaram pelo Zudhakidz: «A criança mais nova tinha cinco anos e estava medicada com ritalina. Eu senti que ele estava num estado estranho, reagia pouco. O mais velho também estava medicado. E nem num caso nem no outro, houve envolvimento suficiente dos pais», conta Patrícia Almeida.
Mas há muitas crianças que conseguem criar a rotina da meditação e já não passam sem ela: «Uma menina que fez o curso comigo contou-me que pratica até durante os testes. Às vezes está tão ansiosa que não consegue lembrar-se de nada. Então pratica um bocadinho de meditação e a seguir tudo corre melhor.»
O trabalho de Patrícia Almeida passa por ensinar exercícios respiratórios, visualizações, afirmações positivas que trabalham a auto-estima. «Tudo isto pode ser muito útil a crianças hiperactivas, mas os pais têm de se envolver, de praticar em casa com elas», alerta.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Qualificação dos pais determinante

Um estudo realizado pelo Ministério da Educação junto de estudantes do 10.º ano permite concluir que a qualificação escolar dos pais tem mais peso no sucesso escolar dos filhos do que a origem social ou os rendimentos da família.
De acordo com as conclusões do estudo, entre os jovens com bom aproveitamento escolar dois terços correspondem a filhos de pais com profissões muito qualificadas, sendo que esta percentagem desce para pouco mais de um terço entre os alunos filhos de operários.
Por sua vez, a maioria dos alunos que opta por cursos profissionais também pertence a famílias com menor escolaridade. O estudo, baseado em inquéritos realizados a mais de 46 mil alunos, confirma ainda que as raparigas têm em média melhores notas do que os rapazes.
Outra das conclusões do estudo, denominado “Estudantes à Entrada do Ensino Secundário”, indica que dois terços dos estudantes que em 2008 chegaram ao ensino secundário ultrapassaram ou estão quase a ultrapassar as habilitações literárias dos pais.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

"Eixos de Esperança"

A Direcção Regional de Educação Especial e Reabilitação, da Madeira, acaba de publicar o n.º 22 da revista "Diversidades", cujo título é "Eixos de Esperança".
Os leitores, participantes activos nesta partilha de conhecimentos, são convidados a reflectir, questionar e criar práticas mais humanistas e inclusivas e a comprometer-se com o desafio de originar novas plataformas de discussão, promotoras de inovação e mudança.
Os restantes volumes podem ser consultados aqui.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

IX Jornadas de Abordagem Centrada na Pessoa

As IX Jornadas de Abordagem Centrada na Pessoa, organizadas pela Universidade Autónoma de Lisboa em colaboração com a Associação Portuguesa de Psicoterapia Centrada na Pessoa e de Counselling, decorrerão nos dias 27 e 28 de Fevereiro de 2009, nas instalações da Universidade, sitas na Rua de Santa Marta, em Lisboa.
Em Dezembro de 2009 cumprem-se 69 anos sobre a data geralmente considerada em todo o mundo como sendo a do início da Terapia Centrada no Cliente. A Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), que começou por ser inicialmente utilizada do ponto de vista psicoterapêutico, tendo depois evoluído para outro tipo de aplicações, bastante diversas, ocupa hoje outros campos tais como organizações, escola e família, grupos e resolução de conflitos, entre outros.
As IX Jornadas de Abordagem Centrada na Pessoa, promovidas pela nossa Associação, destinam-se a reflectir sobre o estado da arte em Portugal, e sobre a aplicação da ACP nos mais diversos domínios de actividade, à partilha de experiências e ao enriquecimento geral e mútuo, tanto do ponto de vista profissional como académico.
Procurar-se-á dar ênfase, muito em especial, à Psicoterapia, ao Counselling, nos seus diversos domínios, e à Pedagogia, enquanto actividades fortemente inspiradas pela Abordagem Centrada na Pessoa, ou rogeriana.
As próximas Jornadas terão o tema Empowerment e Instituições.
As normas sobre a apresentação de comunicações e inscrições estão disponíveis no site da APPCPC em http://www.appcpc.com/noticia1.htm
A Ficha de Inscrição online, está disponível em http://www.appcpc.com/jornada02.htm

Autismo detectado antes do nascimento

Investigadores britânicos esperam ter aberto caminho à possibilidade de detectar o autismo através de rastreios pré-natais, ou seja, durante a gravidez. Um estudo desenvolvido pelo Centro de Investigação do Autismo da Universidade de Cambridge conclui que a presença de elevados níveis de testosterona no líquido amniótico das grávidas estará ligado a traços autistas. Os resultados, publicados no British Journal of Psychology e citados pelo The Guardian, abrem a possibilidade de tratar a doença durante a gravidez ou de a interromper, à semelhança do que já se passa com o síndroma de Down (trissomia 21).
Durante cerca de oito anos, uma equipa do centro de investigação observou o desenvolvimento de 235 crianças. Todas elas têm mães que fizeram amniocenteses durante a gravidez, teste usado geralmente acima dos 35 anos e que visa despistar anomalias genéticas. De acordo com um dos investigadores, citado pelo mesmo jornal, foi encontrada uma ligação consistente entre os níveis de testosterona - hormona masculina - no útero e traços ligados ao autismo, como a dificuldade em socializar, falar correctamente ou expressar necessidades. As crianças tinham entre oito e dez anos e foram sujeitas a dois testes distintos, mas o estudo ainda vai continuar.
Nos primeiros anos do estudo não foi possível medir os traços nas crianças, mas os cientistas já tinham encontrado alguns indicadores. Foi o exemplo de rapazes que não olhavam outras pessoas nos olhos. Já se sabia que a doença afecta sobretudo rapazes e que tem várias causas na sua origem. Mas os investigadores defendem também que a doença é "uma consequência da masculinização do cérebro", refere o The Guardian. Logo, relacionada com a testosterona.
Esta investigação levanta duas hipóteses de aplicação. Uma delas é a possibilidade de a mulher saber antes do nascimento se o seu filho terá ou não grandes probabilidades de vir a ter a doença. Jorge Branco, presidente da Comissão Nacional de Saúde Materna e Neonatal, diz ao DN que, "se se confirmar esta ligação, a possibilidade de testar será interessante". Mas ressalta que "seria necessário ter a certeza dos valores de testosterona associados ao autismo. Mas aí era preciso saber quais os valores normais".
Antes da realização de qualquer teste, é necessário garantir a certeza desta ligação. A avançar para a hipótese de interromper uma gravidez na sequência desta descoberta, "temos de ter dados mais válidos. E o caminho ainda é longo", refere ao DN.
A interrupção da gravidez na sequência da detecção de autismo é uma temática muito polémica. Por um lado, porque há pais de crianças autistas que consideram que esta possibilidade iria gerar ainda mais discriminação e perda de meios de apoio, que demoraram a ser alcançados. A hipótese de conhecer o diagnóstico antes do parto seria importante também para que os pais se preparassem para mais rapidamente intervir e dar o melhor apoio à criança.
Mas há ainda outras razões para debater. Jorge Branco lembra que a doença pode não implicar elevado grau de dificuldades mentais. "Uma criança autista pode ter uma vida perfeitamente normal".
Também Isabel Cottinelli Telmo, da Federação Portuguesa de Autismo, salienta que este estudo pode trazer uma "grande avanço". Mas tem a certeza de que "muitos pais continuariam a preferir ter o seu filho", o que aliás ainda acontece com os casos de trissomia 21. Contudo, as consequências das duas doenças são totalmente diferentes.
E tratar?
A controvérsia é igual quando se analisam as consequências destas conclusões ao nível do tratamento. "Podíamos fazer algo em relação a isso. Alguns investigadores ou laboratórios podiam ver isto como uma oportunidade para desenvolver um tratamento pré-natal", diz ao The Guardian Simon Baron-Cohen, o director desta equipa de investigação. Um exemplo seria um bloqueante de testosterona.
Para avançar com qualquer tratamento, era preciso "avançar com um ensaio clínico, o que, só por si, é complicado porque estamos a falar de mulheres grávidas, diz António Vaz Carneiro, do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Na Assembleia Geral das Nações Unidas que teve lugar em Nova York, no passado dia 13 de Dezembro de 2006, foi adoptada a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência a qual foi aprovada por 127 países e começou oficalmente a vigorar no dia 3 de Maio de 2008.

A Convenção foi negociada durante oito sessões da Assembleia Geral , de 2002 a 2006, e os termos do Artigo 24.º, dedicado à Educação foram acordados após cinco anos de debate, ficando nele proclamado que os governos devem garantir um sistema educativo inclusivo, a todos os níveis, a fim de permitir que as pessoas com deficiência desenvolvam, na sua máxima potencialidade, os seus talentos, a sua personalidade, a sua criatividade e as suas capacidades físicas e mentais.

Artigo 24º - Educação:
1. Os Estados Membros reconhecem o direito das pessoas com deficiência à educação. Para garantir esse direito sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades, os Estados Membros assegurarão um sistema educativo inclusivo, a todos os níveis, bem como a aprendizagem ao longo de toda a vida, com os seguintes objetivos:
a) O pleno desenvolvimento do potencial humano e do sentido de dignidade e auto-estima, além do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos, pelas liberdades fundamentais e pela diversidade humana;
b) O máximo desenvolvimento possível da personalidade, dos talentos e da criatividade das pessoas com deficiência, assim como das suas competências físicas e intelectuais;
c) A participação efetiva das pessoas com deficiência numa sociedade livre.

2. Para a realização deste direito os Estados Membros assegurarão que:
a) As pessoas com deficiência não sejam excluídas, com base na deficiência, do sistema educativo geral, e que as crianças não sejam excluídas, da educação primária, gratuita e oibrigatória, ou da educação secundária, com base na deficiência;
b) As pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino primário inclusivo, de qualidade e gratuito, e ao ensino secundário, em condições similares às demais pessoas da comunidade em que vivem;
c) Sejam garantidas as adptações adequadas às necessidades individuais;
d) As pessoas com deficiência recebam o apoio necessário, no âmbito do sistema educativo geral, com vista a facilitar a sua educação;
e) Sejam adotadas medidas de apoio individualizadas eficazes, em ambientes que pomovam o desenvolvimento académico e social, de acordo com a meta da plena inclusão.

3. Os Estados Membros assegurarão às pessoas com deficiência a possibilidade de adquirir as competências práticas e sociais necessárias, de modo a facilitar a sua plena e participação no sistema de ensino e na vida em comunidade. Para tal, os Estados Membros tomarão as medidas apropriadas, incluindo:
a) A aprendizagem do Braille, escrita alternativa, modos, meios e sistemas de comunicação aumentativa e alternativa, terino de orientação e mobilidade, além da promoção do apoio e aconselhamento entre pares;
b) A aprendizagem da língua gestual e a promoção da identidade lingüística da comunidade surda;
c) A garantia de que a educação de pessoas, em particular de crianças, cegas, surdocegas e surdas, seja ministrada nas línguas e nos modos e meios de comunicação mais adequados e em ambientes que favoreçam ao máximo o seu desenvolvimento académico e social.

4. A fim de contribuir para o exercício desse direito, os Estados Membros tomarão medidas apropriadas para empregar professores, inclusive professores com deficiência, habilitados para o ensino da língua gestual e/ou do Braille, e para capacitar profissionais e equipas que actuem a todos os níveis de ensino. Essa capacitação incluirá a sensibilização sobre a deficiência e a utilização de modos, meios e sistemas apropriados de comunicação aumentativa e alternativa, assim como técnicas educativas e materiais de apoio para as pessoas com deficiência.

5. Os Estados Membros assegurarão que as pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino superior e à formação profissional, de acordo com a sua vocação, à educação de adultos e à aprendizagem ao longo da vida, sem discriminação e em igualdade de condições. Para tal, os Estados Membros assegurarão a existência de adaptações adequadas às pessoas com deficiência.

O texto integral desta Convenção das N.U. pode ser consultado em Português no site Brasileiro
http://www.bengalalegal.com/convencao.php

Comentários à convenção podem ser consultados em Inglês em :
http://inclusion.uwe.ac.uk/csie/un-draft-convention-alert.htm
e em
http://inclusion.uwe.ac.uk/csie/CSIE%20PR%20Dec%2006%20UN%20Convention%2adoption.pdf

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Educação de Sobredotados na Europa



O GEPE diponibiliza um documento, editado pelo Eurydice, subordinado ao tema "Educação de Sobredotados na Europa".
A educação é reconhecida como um direito fundamental de todas as pessoas. Neste contexto, cada país desenvolve, na medida do possível, a política de educação mais adequada às necessidades de todos os alunos, com vista a promover a igualdade de oportunidades na educação e a permitir que todos os jovens desenvolvam em pleno o seu potencial.

Foi com este espírito que uma recomendação do Conselho da Europa de 1994 sublinhou as necessidades educativas específicas de jovens de potencial excepcional, insistindo ao mesmo tempo na importância de lhes prestar a ajuda e o apoio necessários.
‘… Embora, em termos práticos, os sistemas educativos tenham de estar organizados para ministrar uma educação adequada à maioria das crianças, haverá sempre crianças com necessidades específicas, para as quais é necessário prever disposições especiais. Um dos grupos dessas crianças é o das crianças sobredotadas (…) As crianças sobredotadas devem poder beneficiar de condições educativas apropriadas que lhes permitam desenvolver plenamente as suas capacidades, tanto para seu benefício como para benefício da sociedade no seu todo. Efectivamente, nenhum país pode dar-se ao luxo de desperdiçar talentos, e seria um desperdício de recursos humanos não identificar em devido tempo potencialidades intelectuais ou de outro tipo. Para isso, são necessárias ferramentas adequadas’.
Sem reivindicar uma atenção prioritária para as crianças excepcionalmente sobredotadas, o texto da recomendação afirma claramente que é necessário oferecer-lhes uma educação que lhes
permita desenvolver todo o seu potencial. A investigação levada a cabo sobre esta matéria indica que a percentagem de jovens em questão não é negligenciável. De acordo com as estimativas e critérios utilizados em diferentes países, as crianças sobredotadas correspondem entre 3 a 10% da população escolar. Além disso, a investigação realizada constatou que vários alunos sobredotados experimentam dificuldades e procuram assistência social organizada, por exemplo, por motivos de insucesso ou abandono escolar.

Monitorização dos Projectos de Cooperação ao Abrigo do Nº 1 da Portaria 1102/97 e Artigo 30º do DL 3/2008

Encontra-se disponível, até dia 30 de Janeiro, a aplicação informática para preenchimento on-line do questionário Monitorização dos Projectos de Cooperação ao abrigo do nº 1 da Portaria 1102/97 e artigo 30º do DL 3/2008.

Autismo

O grau de severidade do autismo varia bastante. Os casos mais severos são caracterizados por comportamentos extremamente repetitivos e auto-agressivos. Estes comportamentos podem persistir por muito tempo e podem ser muito difíceis de mudar...
'Tenho uma aluna que tem atitudes muito desconcentrantes: ora está eufórica, ora está apática, leva tudo o que se lhe diz à letra, é muito coscuvilheira, é muito infantil, chora com uma facilidade enorme, mas também gosta de provocar o choro nos colegas, etc... Será que é autista?!'
Margarida Alves, S. João de Lourosa
A melhor forma de esclarecer esta dúvida é clarificar o que é o autismo. Actualmente, não se fala em autismo mas em 'perturbações do espectro do autismo', devido à grande variabilidade de características apresentadas pelos sujeitos que eram designados simplesmente de autistas. As perturbações do espectro do autismo são consideradas como uma constelação de anomalias do desenvolvimento, que apresentam um conjunto de características comuns. Essas características são: reduzida interacção social, problemas de comunicação verbal e não verbal, actividades e interesses limitados ou pouco usuais.
As crianças com esta perturbação frequentemente tratam as outras pessoas como se fossem objectos inanimados, apresentam comportamentos repetitivos, não olham nos olhos, nem interagem com outras crianças. A ecolália (linguagem que consiste em repetir literalmente o que se ouve) é também um tipo de linguagem muito comum, uma vez que estas crianças repetem literalmente o que ouvem. Além disso, manifestam grande confusão entre os pronomes 'Tu' e 'Eu'.
O grau de severidade do autismo varia bastante. Os casos mais severos são caracterizados por comportamentos extremamente repetitivos e auto-agressivos. Estes comportamentos podem persistir por muito tempo e podem ser muito difíceis de mudar. As formas mais simples assemelham-se a uma desordem de personalidade associada a dificuldades de aprendizagem.
As perturbações do espectro do autismo frequentemente surgem associadas a outro tipo de distúrbios, como deficiência mental, alterações cromossomáticas, epilepsia, etc. A taxa de prevalência desta perturbação é de 1:1000 indivíduos, sendo os rapazes quatro vezes mais atingidos que as raparigas. Esta perturbação foi encontrada em todo mundo, em pessoas de todas as raças e níveis sociais.
As perturbações do espectro do autismo não são o resultado de uma causa única, existindo provas crescentes de que estas podem ser causadas por uma variedade de factores, tais como factores genéticos e ambientais (químicos e vírus). A crença de que os hábitos dos pais eram os responsáveis por esta perturbação foi refutada.
Embora não exista uma cura para o autismo, com tratamento e treino apropriado, algumas crianças podem desenvolver certas competências, que lhes permitam obter um maior grau de autonomia. As terapias ou intervenções devem ser planeadas de acordo com os sintomas específicos de cada indivíduo. As terapias mais bem estudadas incluem as intervenções médicas e comportamentalistas. As primeiras implicam o uso de medicamentos, a maioria dos quais afectam os níveis de serotonina (composto químico cerebral libertado e reabsorvido pelos neurónios). As segundas implicam um trabalho intensivo por parte de terapeutas, que procuram, sobretudo, ajudar estas crianças a desenvolverem destrezas sociais e de linguagem. Este tipo de intervenção surte mais efeitos se for desenvolvida precocemente.
Podemos assim concluir que a aluna que suscitou o 'nascimento' deste artigo não é de certeza autista, parece apresentar, sim, uma profunda instabilidade emocional, cujas causas deveriam ser analisadas através da recolha de dados adicionais.
Adriana Campos

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

International Conference: "Changing Practices in Inclusive Schools"

Nos dias 15 e 16 de Maio, decorre, no auditório da Universidade de Évora, a Conferência Internacional "Changing Practices in Inclusive Schools"
Catorze anos após a Declaração de Salamanca, a Educação Inclusiva era ainda um conceito muito distante para muitas escolas e professores. As práticas nas escolas ao longo da Europa variam desde a integração parcial de alunos até à inclusão total. As crianças oriundas das escolas de ensino especial têm acesso a currículos diferenciados. Algumas continuam a frequentar escolas de educação especial enquanto outras frequentam as escolas regulares sendo integradas na vida dessas escolas. Por outro lado, outras estão no ensino regular participando apenas em aulas seleccionadas em função das suas aptidões. A inclusão efectiva exige que se desvie o foco da atenção da criança para a escola e a sua comunidade.
As práticas inclusivas requerem que o professor amplie os seus horizontes e perspectivas implicando maior colaboração e trabalho de equipa na escola. Vivenciar a inclusão representa uma mudança radical no ensino. Modificar o modo de ensinar é o objectivo do projecto.
O objectivo da Comunidade Europeia será a inclusão completa. Porém, as leis nos vários países europeus variam, o que faz com que as escolas dos vários países parceiros no projecto estejam em diferentes níveis deste processo.
O projecto IRIS (Improvement through Research in Inclusive Schools) tem o objectivo de melhorar as escolas de forma a que estas possam progressivamente caminhar em direcção à inclusão.
É para ajudá-las a ser mais eficientes e, portanto, mais efectivas.
Nesta Conferência Internacional apresentaremos o projecto IRIS e os seus produtos. Especificamente, apresentaremos materiais de avaliação das práticas dos professores - Aide memoir and bookmark - e uma reflexão global acerca dos planos educativos individuais nas escolas Europeias. Além disso, apresentaremos propostas para a formação de professores baseadas em práticas inclusivas e uma webpage de suporte à disseminação dos pacotes e materiais desenvolvidos."

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Procedimentos de referenciação e avaliação: 60 dias?

O Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de Janeiro, com as alterações introduzidas pela Lei n.º 21/2008, de 12 de Maio, estipula que o processo de avaliação deve ficar concluído 60 dias após a referenciação com a aprovação do programa educativo individual pelo presidente do conselho executivo (art.º 6º, ponto 5).
Uma questão pertinente se levanta: que procedimentos aplicar quando não for possível cumprir estes prazo?
No Agrupamento, registaram-se dois processos de referenciação. A equipa reuniu e, face à fundamentação apresentada, elaborou um roteiro de avaliação, onde se previa como fundamental a realização de uma avaliação psicológica.
Porém, o Agrupamento não dipõe de psicólogo próprio. Vai-se socorrendo, de acordo com o nível escolar dos alunos envolvidos, da colaboração da autarquia e de um projecto local, ao abrigo do Progride. Estes organismos vão cedendo os serviços dos psicólogos dos seus quadros, dentro de um determinado horário semanal. Neste horário, são providenciadas diversas actividades, como por exemplo, acompanhamento psicológico dos alunos, realização de sessões de despiste vocacional, avaliações psicológicas...
Na gestão dos processos referenciados, constatámos que o final do prazo se aproximava e não possuíamos o resultado da avaliação psicológica. Era impossível cumprir o prazo dos 60 dias porque a psicóloga não teve disponibilidade de horário para realizar a respectiva avaliação, fundamental para estes processos.
Como proceder nestas situações?
1- Elabora-se um relatório técnico-pedagógico, ainda que provisório e inconclusivo, salvaguardando-se o cumprimento dos prazos estabelecidos no enquadramento legislativo?
2- Ignora-se o prazo dos 60 dias e aguarda-se pela conclusão da avaliação psicológica, elaborando-se posteriormente o relatório técnico-pedagógico?
3- Outra solução?!
Nos casos em concreto, optámos por elaborar um relatório técnico-pedagógico, provisório e inconclusivo, justificando-se com a necessidade de cumprir o prazo dos 60 dias, onde se indicava que o processo se encontrava em fase de avaliação, sendo, posteriormente, elaborado um novo relatório conclusivo!
No quotidiano das escolas, é-nos exigido o cumprimento de determinadas normas sem, no entanto, nos proporcionarem as condições necessárias para as concretizarmos! Este é apenas um exemplo!

Decreto Regulamentar: as alterações durante o primeiro ciclo de avaliação

O Decreto Regulamentar n.º 1-A/2009, que complementa a regulamentação do processo de avaliação até ao final deste 1.º ciclo de avaliação, em Dezembro de 2009, concretiza as medidas adoptadas pelo Governo, sem prejuízo do que deva ser objecto dos despachos competentes.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Portugueses com doenças raras serão tratados na UE

Os portugueses com doenças raras vão passar a ser tratados em centros de referência, não só em Portugal mas também noutros países da União Europeia, sempre que se justificar.
De acordo com José Robalo, subdirector-geral da Saúde, o Ministério terá de assumir essa responsabilidade caso não haja capacidade de resposta cá". E dá o exemplo: "Pode não fazer sentido criar centros se houver muito poucos casos. É preferível enviar um doente para outro centro lá fora", diz.
O geneticista Luís Nunes refere que o problema, tal como em todos os casos de mobilidade, está no reembolso dos tratamentos, cuja fórmula tem de ser discutida quando estiver a ser aplicado. (...)