terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Punir as crianças quando mentem não funciona

As crianças são mais inclinadas a dizer a verdade para agradar a um adulto ou por estarem convencidas de que é a coisa certa a fazer. Se quer que o seu filho diga a verdade, é melhor não ameaçar puni-lo se ele mentir. Esta é a conclusão de pesquisadores na sequência de uma experiência simples realizada com 372 crianças de quatro a oito anos. Em que consistia a experiência?

A equipa de pesquisa, liderada pela professora Victoria Talwar do Departamento de Psicopedagogia e Psicologia da Universidade de McGill, deixou cada criança sozinha durante um minuto numa sala onde um brinquedo foi colocado em cima de uma mesa atrás dela. A criança foi instruída para não olhar para o brinquedo na ausência do pesquisador. Entretanto uma câmara de vídeo filmava a cena dentro do quarto.

Quando o pesquisador voltou perguntou à criança: "Durante minha ausência voltaste-te para ver o brinquedo?

O que descobriram os pesquisadores?

Um pouco mais de dois terços das crianças olharam para o brinquedo (67,5% ou 251 crianças dos 372 participantes). Quanto mais velhas eram menos tendiam a fazê-lo.

Quando os pesquisadores perguntaram às crianças se tinham olhado para o brinquedo dois terços mentiam (167 crianças ou 66,5%). Quanto mais velhas, mesmo que apenas um mês mais propensas eram a mentir e a sustentar a sua mentira.

O que mais chamou a atenção dos pesquisadores?

As crianças eram menos propensas a dizer a verdade se estavam com medo de serem punidas do que se os pesquisadores lhes pedissem para dizer a verdade para agradar a um adulto ou por ser a coisa certa que as faria sentirem-se bem.

Os pesquisadores descobriram, como esperavam, que se as crianças mais novas eram mais propensas a dizer a verdade para agradar a adultos, as mais velhas tinham assimilado melhor as normas de conduta que as levaram a dizer a verdade por ser a coisa certa a fazer.

"Em suma, punir uma criança não a incentiva a dizer a verdade", diz Victoria Talwar, investigadora principal do estudo. "Na realidade, pode ter o efeito oposto. Esta informação pode ser útil para todos os pais de crianças pequenas e para os profissionais que trabalham com elas, como professores, que desejam encorajar os mais pequenos a serem honestos".

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