quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Testemunho de uma mãe: integração e ou inclusão?!

Como mãe, há já algum tempo que relativiso um pouco a vasta informação disponibilizada, em geral, sobre as melhores terapias, os melhores médicos, as melhores "isto e aquilo" - concretamente sobre autismo... (após alguns anos, tal variadade vai cansando).
Fica-me, no entanto, uma ideia, depois de muito ler e ouvir: pouco há de comprovado nesta área e a história vai-se fazendo há décadas de estudos, opiniões, de experimentações e suposições... ou seja, estamos longe de respostas concretas àcerca do que chamam o enigma do Autismo, que, por acaso, engloba um espectro tal, que vai de 8 a 80 na sua manifestação de características, de forma perfeitamente variada e distinta - praticamente como se cada individuo fosse comprometido com o Autismo de forma única - pelo que estranho que se venha a confirmar ser resposta para esta problemática uma mesma e única via para todos. (O que há de certo, é uma sentença de não cura, logo à partida, que quase desfaz os pais)!
Ainda assim, respeito todas as opiniões, porque muitas revelam, por certo, o interesse que se deposita nesta área e, acima de tudo, porque há caminhos que efectivamente podem ajudar a melhorar certas incapacidades, devendo cada criança ser acompanhada individualmente.
Continuareí a procurar informação por toda a parte, porque continuo à espera de avanços e possíveis descobertas que possam clarificar o tal enigma, mas muito mais calmamente e com um filtro incorporado! Relativiso alguma informação e prossigo o meu caminho OLHANDO PARA O MEU FILHO COMO SER ÚNICO QUE É - pessoa com qualidades e defeitos - como todos, com capacidades e incapacidades-(não digo como todos, mas como muitos). Prossigo a busca porque tenho esperança que algum dia a comunidade científica chegue a algum lado que seja verdadeiramente útil a esta problemática. (E compreendo que tal não seja fácil).
Até lá, tento focar-me cada vez mais na pessoa que é o meu Vasco, que faz 8 anos dentro de 1 mês e que tem como diagnóstico uma perturbação do espectro do Autismo em caracterízação (ainda), mas que me prova a cada dia que é possivel ir superando algumas das suas dificuldades com o seu esforço e o das pessoas (algumas) que o rodeiam na escola e que, graças a deus, são do melhor que existe, tanto profissional como humanamente!
Para mim, a melhor terapia é, portanto, a INTEGRAÇÃO ESCOLAR (e não inclusão), acompanhada sobretudo por profissionais que mostrem sensibilidade, interesse, empenho e amor, e que as entidades cumpram na íntegra a lei que criaram, não faltando com nenhum dos meios (humanos, ou materiais... Conseguir isto tudo é que é quase um milagre).
Efectivamente, para o meu filho, e até ao momento, essa resposta tem sido positiva, ainda que com todas as dificuldades que a sociedade nos coloca.
A nossa luta tem que ser contornar e ultrapassar essas falhas. Mas bem sei que o meu filho é apenas um dos milhares com NEE's abrangidos pela dita Lei (e também aqui isto é discutível - a elegibilidade para as NEE). A questão é que, talvez mais que consensos e descobertas, há um longo caminho a percorrer que deve ser feito em sociedade, de forma séria e dedicada, e para o qual pequena parte da sociedade está voltada.
Cristina Franco

2 comentários:

Mina disse...

Na minha modesta opinião a integração e a inclusão são indissociáveis, não se pode incluir alguém sem primeiro o integrar...
O que acaba por ser um pouquinho irrealista por um lado, se o meu conceito é o que referi no paragrafo anterior.
Na prática, já não se verifica e eu tenho como exemplo o meu filho adulto, que esteve razoavelmente integrado( aceite) no ensino oficial, até ao 12ª. ano, no entanto creio que não terá sido incluído por todos.
E aqui os professores têm um papel preponderante, até na aceitação por parte dos outros alunos,de dar formação e não só informação...
Um abraço a todos

Atena disse...

Olá,
Gostava de explicar melhor a minha "preferencia" pela palavra Integração. Provavelmente tem apenas a ver com o conceito que para está explícito nas 2 palavras e que talvez possa ser discutível.
Mas para mim, inclusão tem a ver com incluír = colocar lá apenas, parece-me uma designação pouco abrangente para aquilo que se pretende.
A palavra integração, desde logo já me incita a pensar que as crianças serão lá colocadas, mas não apenas... serão também integradas na comunidade escolar, com um trabalho que é necessário fazer pelos intervenientes daq educação na escola, um trabalho de transmitir, valores como igualdade de oportunidades, descriminação positiva, solidariedade, enfim... de facto um trabalho necessário faz<er, para além do relacionado com as aprendizagens.
Encaro a palavra integrar num sentido muito mais amplo e por isso soa-me melhor que simplesmente incluír. De qualquer forma, as palavras não são matemáticas e muitas vezes têm o entendimento de acordo com quem as interpreta, por isso, consigo perceber outros entendimentos ao conceito inclusão e no fundo também acho que podem conviver alegremente os 2 conceitos. Prefiro apenas 1 para não ter que usar muitas palavras e pelos motivos que atrás descrevo.
Beijos a até...