quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Educação (...) não cumpre o Decreto-Lei n.º 54/2018 para crianças com necessidades especiais: entenda os direitos

Educação Inclusiva e o Direito das Crianças com Necessidades Especiais: Um Caso de Urgência

A legislação portuguesa, nomeadamente o Decreto-Lei n.º 54/2018, estabelece o direito de todas as crianças a uma educação inclusiva e personalizada que promova o seu desenvolvimento integral. Este princípio aplica-se também às crianças com capacidades cognitivas avançadas, que, desde os primeiros meses de vida, podem apresentar sinais de superdotação e, por isso, necessitar de um ambiente educativo que vá além das abordagens convencionais.

A situação de crianças com desenvolvimento precoce, muito à frente dos seus pares em termos de capacidades motoras e cognitivas, exige uma resposta adequada por parte das instituições educativas. No entanto, nem sempre a resposta das creches ou infantários é imediata, o que pode colocar em risco não só o bem-estar da criança, mas também o dos seus pais, que enfrentam desafios significativos ao tentar equilibrar as necessidades exigentes do seu filho com a vida profissional e pessoal.

O Direito a uma Educação Adequada

O Decreto-Lei n.º 54/2018 é claro ao estabelecer que a educação inclusiva visa responder à diversidade de necessidades de todos os alunos, através de uma participação ativa no processo de aprendizagem, que deve ser ajustada às suas capacidades e ritmo de desenvolvimento. Neste sentido, crianças com desenvolvimento precoce ou superdotadas têm direito a um ambiente de aprendizagem que respeite as suas competências e promova o seu crescimento pleno.

As instituições de educação, incluindo as creches, têm a responsabilidade de adaptar o ambiente para garantir que cada criança receba os estímulos necessários ao seu desenvolvimento, seja promovendo a sua inclusão em grupos etários mais avançados, seja garantindo o acesso a uma vaga de forma urgente, quando a sua condição o justifique.

A Urgência na Abertura de Vaga: Um Direito Garantido por Lei

A legislação portuguesa sublinha que todas as crianças têm direito a frequentar uma creche ou infantário que se ajuste às suas necessidades, e que o seu desenvolvimento deve ser apoiado de forma contínua e personalizada. O artigo 20.º do Decreto-Lei n.º 54/2018 refere que a identificação de necessidades especiais de suporte à aprendizagem e inclusão deve ocorrer “o mais precocemente possível”, sendo que a falta de resposta adequada pode constituir uma violação desse direito.

Nos casos em que a creche ou infantário não promove a inclusão da criança num grupo etário mais avançado ou não disponibiliza uma vaga, os pais têm o direito de exigir uma resposta imediata. Este direito não só é essencial para o desenvolvimento da criança, como também visa aliviar o impacto negativo que a falta de apoio adequado pode ter sobre a vida familiar e profissional dos pais. O Decreto-Lei estabelece que a participação ativa dos pais é fundamental em todo o processo educativo e que as instituições têm o dever de fornecer a informação e os recursos necessários para garantir o bem-estar das crianças.

O Impacto no Bem-Estar Familiar

A ausência de uma vaga adequada ou a falta de adaptação do ambiente educativo às capacidades da criança pode ter um impacto significativo na vida dos pais, que muitas vezes são forçados a reorganizar as suas vidas pessoais e profissionais para lidar com as exigências de cuidar de uma criança com necessidades educativas especiais. Este fardo adicional pode causar desgaste emocional, físico e financeiro.

Estudos têm demonstrado que o apoio institucional, especialmente nas primeiras fases da vida da criança, é crucial para o bem-estar tanto da criança quanto da família. Quando as creches e infantários não proporcionam o ambiente adequado, as famílias podem enfrentar situações de exaustão, que afetam diretamente a sua capacidade de trabalhar e de manter uma qualidade de vida saudável.

Os Direitos dos Pais e das Crianças

Os pais têm o direito, consagrado na lei, de participar ativamente em todas as decisões relacionadas com a educação dos seus filhos e de exigir que as instituições proporcionem um ambiente adequado ao seu desenvolvimento. Além disso, a creche ou infantário tem o dever de fornecer soluções imediatas quando é identificada uma necessidade especial, como no caso de uma criança com capacidades cognitivas ou motoras avançadas para a sua idade.

Os pais podem recorrer às autoridades competentes, como a Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE) e outras entidades ligadas à educação inclusiva, para garantir que os direitos da criança sejam respeitados. Caso a creche ou infantário não consiga fornecer uma vaga ou um ambiente adequado de forma voluntária, é possível que se tome ação legal para assegurar o cumprimento dos direitos da criança.

O que fazer nestes casos?

Em casos como este, os pais devem primeiramente recorrer à Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE) ou à Segurança Social, que supervisionam o cumprimento dos direitos educativos e podem intervir junto das creches ou infantários. Caso não haja uma resposta adequada, é recomendável consultar um advogado especializado em educação ou direitos das crianças. Se os pais não tiverem condições financeiras para pagar um advogado, podem recorrer à Proteção Jurídica, um serviço oferecido pela Segurança Social que garante acesso a apoio jurídico gratuito ou a custos reduzidos. Além disso, é fundamental obter um laudo de um profissional habilitado, como um psicólogo ou pediatra em Portugal, que comprove as necessidades específicas da criança, pois este documento será essencial para formalizar a queixa e garantir que os direitos da criança sejam respeitados conforme o Decreto-Lei n.º 54/2018.

Em Portugal, as leis sobre educação inclusiva garantem que todas as crianças, independentemente das suas capacidades ou desenvolvimento, tenham direito a um ambiente educativo que promova o seu pleno potencial. Nos casos de crianças com desenvolvimento precoce, como é o caso de superdotação, a urgência em encontrar uma vaga ou adaptar o ambiente educativo deve ser reconhecida como uma prioridade pelas instituições. Os pais, por sua vez, têm o direito de exigir que estas medidas sejam implementadas de imediato, de forma a garantir não só o bem-estar da criança, mas também a saúde e estabilidade da família.

O sistema educativo tem o dever de agir rapidamente e de forma eficaz para assegurar que todas as crianças possam crescer num ambiente que respeite as suas necessidades únicas, promovendo, assim, uma verdadeira inclusão desde os primeiros anos de vida.

Fonte: Paivense, de Castelo de Paiva para o Mundo por indicação de Livresco

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