domingo, 31 de outubro de 2010

Portugal importa reabilitação neurológica de Cuba

É o primeiro braço mundial do Centro Internacional de Reabilitação Neurológica (CIREN) e vai instalar-se em Portugal. Um protocolo de transferência tecnológica entre o centro cubano e a Fundação Padre António Vieira vai trazer para o país as técnicas ali aplicadas. A iniciativa tem como epicentro o Instituto Superior de Saúde do Alto Ave (ISAVE), que a partir de Julho de 2011 começará a receber os primeiros doentes em ambulatório, nas instalações na Póvoa de Lanhoso, e num novo hospital-escola de 30 milhões de euros a inaugurar em Valongo.
Em causa estão tratamentos para doentes com paralisia, deformações congénitas como síndrome de Down ou doenças neurodegenerativas como Parkinson. Pedro Paraíso, administrador do ISAVE, explicou que a grande diferença da metodologia aplicada em Cuba é a intensidade e a multidisciplinaridade do acompanhamento: o plano de tratamento é personalizado e envolve uma equipa de nove técnicos - um neurologista e um fisiatra, entre terapeutas da fala, terapia ocupacional ou cultura desportiva - em ciclos de 28 dias. A importação das técnicas, diz, vai demorar os próximos cinco anos, sendo o objectivo formar de raiz especialistas portugueses para acompanharem em casa os 300 doentes que recorrem a Havana, mas também doentes de outros países europeus.
Dia 15 de Novembro partem para Cuba dez técnicos do ISAVE para um mês de formação. Em Janeiro arranca a formação em Portugal, explicou o responsável. A ideia é virem para o país cinco técnicos cubanos para períodos de formação de três a seis meses, até 2016. Em Havana, cada quatro semanas de tratamento têm um custo base de 20 mil euros. Pedro Paraíso não adiantou os preços que serão praticados em Portugal.
Os familiares de doentes ouvidos falam de discriminação na comunidade médica em relação à abordagem cubana e garantem que os resultados são visíveis. Pedro Paraíso, que regressou esta semana de Cuba, dá um exemplo: conheceu uma doente portuguesa paralisada num acidente de automóvel há quatro anos e que num programa de tratamento de três meses voltou a falar e a andar. 
Pedro Nunes, bastonário da Ordem dos Médicos, é peremptório: "É preciso a maior prudência em relação a estas iniciativas", diz, acrescentando que alguns tratamentos podem ser embustes. Rui Costa, especialista em neurociências da Fundação Champalimaud, é menos pessimista. "É óbvio que é preciso haver mais investigação na área, mas muitas técnicas de fisioterapia começam a ser aplicadas antes de se conhecerem os seus efeitos exactos." Sobre a técnica cubana, o especialista confirma que em alguns doentes os resultados superaram o acompanhamento tradicional, mas a grande dificuldade é garantir que funcione para todos. "É sempre bom testar novas metodologias, desde que se respeite o potencial de risco."

sábado, 30 de outubro de 2010

Rapaz de 11 anos já é analista da Microsoft


Mahmoud Wael, um miúdo egípcio de 11 anos, tornou-se técnico da poderosa Microsoft devido à sua capacidade invulgar e precoce de resolver cálculos complexos em poucos segundos e dominar as redes de computadores.
"O meu pai descobriu esta minha habilidade quando eu tinha três anos ao resolver uma conta de multiplicar da minha irmã", contou Mahmoud. Após a descoberta, um exame determinou que o seu coeficiente intelectual é de 155.
A poderosa multinacional de computadores sempre atenta a estes fenómenos, deu-lhe de presente há seis anos um computador e recentemente nomeou-o analista tecnológico.
Mahmoud matriculou-se aos nove anos na prestigiada Universidade Americana do Cairo, onde estuda Informática. "Agora já sou um profissional em redes de computadores e já poderia trabalhar", afirmou o rapaz que se diz apaixonado por informática. "Talvez eu acabe a trabalhar para a Microsoft", referiu, acrescentando que foi o profeta Maomé quem lhe deu a inteligência: "Meu coeficiente é uma das muitas razões pelas quais eu amo Deus".



sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Os 12 pilares da sabedoria num teste de meia hora

À partida é mais um teste de QI online, mas sem aquelas surpresas de no final tentarem arrancar -lhe o número de telemóvel para lhe darem os resultados. A Unidade de Ciências do Cérebro da Universidade de Cambridge, em parceria com a revista "News Scientist" e com o Discovery Channel, apresenta esta semana o "teste da inteligência por excelência". Com base nos últimos avanços das neurociências, conseguiram reduzir um teste cognitivo abrangente a 12 exercícios, com uma duração de meia hora. 

O teste é feito online (aqui), e no final tem um questionário para introduzir idade, naturalidade, prática religiosa ou outros dados como quantas horas dormiu na noite anterior ou quantos cafés bebeu. 
Sem estragar o desafio, os 12 exercícios exploram áreas como a memória, a dedução lógica ou a capacidade de planeamento. Os resultados surgem instantes depois e revelam, para cada tarefa, se o desempenho esteve acima da média e em que faixa da população se insere para uma determinada competência - com alguma trivia à mistura, por exemplo que os chimpanzés chegam a ter melhor memória espacial que os estudantes universitários. Adrian Owen, um dos cientistas que participaram na concepção do teste, escreve na "News Scientist" que se pode chamar a esta síntese das neurociências os "12 pilares da sabedoria". Os resultados vão ajudar os investigadores a tornar mais robusto o conceito de inteligência.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Governo criminaliza violência escolar

O Executivo Governamental aprovou hoje em Conselho de Ministros a criminalização da violência escolar. Passará a abranger “maus tratos físicos ou psíquicos, incluindo castigos corporais, privações de liberdade e ofensas sexuais a qualquer membro da comunidade escolar a que pertença o agressor”. O bullying está também previsto. 
A futura lei pretende produzir dois efeitos: dissuasor e de punição. A ministra da Educação, Isabel Alçada, acrescentou que lei vai distinguir as “situações mais graves das menos graves”. Para estas últimas será a escola a resolver.

Haverá ainda diferenças tendo em conta a idade do agressor. No caso de ser menor, a punição nunca passará de “medidas tutelares educativas”. No caso de ser maior, e no tipo de violência mais grave, poderá implicar uma pena de prisão entre um a cinco anos.

Livro Verde Educação Especial (UK)

Decorreu uma discussão pública sobre a Educação Especial no Reino Unido, prevendo-se no final deste ano a divulgação do Livro Verde da Educação Especial.
Lorraine Petersen é responsável pela Associação Profissional para as NEE - NASEN - e escreveu o artigo que se transcreve abaixo, relevando:
· A necessidade duma formação de professores (inicial e contínua) sólida e de qualidade que contribua para melhorar a aprendizagem de uma população escolar particularmente vulnerável, tranquilizando os pais sobre a resposta adequada às necessidades específicas dos seus filhos:
· A importância do papel dos coordenadores para as NEE - SENCO , liderando e orientando os professores da Educação Especial no terreno;
· A identificação precoce das crianças com necessidades especiais e respectiva avaliação, aliviando a burocracia e custos para os pais, e intervindo mais cedo no apoio à criança;
· A rentabilização dos recursos, numa lógica de rede, tendo em conta os tempos de crise e de reduções financeiras;
· A necessidade de uma boa comunicação e consistência nos processos de transição de ciclo escolar dos alunos e de transição para a vida activa, e de uma boa articulação entre a escola, a família e outros actores.
CRTIC

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Insucesso escolar

Numa reunião com professoras do 1.º ciclo, em que foi abordado o insucesso escolar, afirmei que a escola 'assassina' muitos alunos. Face ao olhar espantado das professoras presentes, acrescentei que é 'assassina' na medida em que, dá a muitas crianças a certeza de que não são capazes de fazer nada certo... a escola 'assassina' a auto-estima de muitos alunos...
Todos os alunos com insucesso escolar deveriam ler 'Calvin e Hobbes' para sentirem que não estão sós no mundo. Ler os pensamentos e os sentimentos do Calvin seria uma excelente forma de alguns alunos verem os seus próprios pensamentos e sentimentos reflectidos no espelho. Este exercício poderia ajudá-los a relativizar um pouco a dificuldade em obter o tão desejado sucesso escolar!
Deixemos as consequências para o fim e comecemos pelas causas... As causas do insucesso escolar podem ser variadíssimas: problemas sensoriais, físicos, intelectuais, emocionais e processológicos são alguns dos responsáveis pelo insucesso escolar. Os problemas processológicos, mais vulgarmente designados por dificuldades de aprendizagem, são os que mais contribuem para o insucesso académico. Os alunos com dificuldades de aprendizagem apresentam problemas de recepção, organização e expressão de informação. Estes, embora apresentem uma capacidade intelectual média ou acima da média, apresentam uma realização escolar que é abaixo da média numa ou mais áreas académicas, embora não em todas. 
A discrepância entre a realização escolar e a capacidade intelectual é notória em uma ou mais das seguintes áreas: expressão oral, compreensão auditiva, expressão escrita, capacidade básica de leitura, compreensão da leitura, cálculos matemáticos e raciocínio matemático (Fedul Registar, 1977). Miranda Correia (1997) faz ainda referência a outro grupo de alunos considerados 'em risco educacional'. Estes alunos também poderão experimentar insucesso escolar na medida em que estão expostos a ambientes socioeconómicos e socio- emocionais muito desfavoráveis. Como poderão ter um percurso escolar 'normal' alunos (são tantos!) que vivem em condições habitacionais degradadíssimas e no seio de famílias completamente desestruturadas?
As consequências do insucesso poderão manifestar-se de formas diferentes, mas têm sempre na base uma forte desmotivação, uma baixa auto-estima e um baixo autoconceito académico.
Numa reunião com professoras do 1.º ciclo, em que foi abordado o insucesso escolar, afirmei que a escola 'assassina' muitos alunos. Face ao olhar espantado das professoras presentes, acrescentei que é 'assassina' na medida em que, dá a muitas crianças a certeza de que não são capazes de fazer nada certo... a escola 'assassina' a auto-estima de muitos alunos...
Quando o aluno sente que apesar do seu esforço não consegue obter sucesso, vai procurar proteger a sua auto-estima desistindo da tarefa académica. Muitos destes alunos deixam de ir às aulas: as aulas tornam-se o espelho da sua incapacidade... A imagem que tem de si como estudantes é muito negativa (auto-conceito académico), por isso, procuram investir em actividades em que o sucesso seja realmente possível, por exemplo em actividades desportivas.
O número de alunos que abandonam a escola antes de concluir a escolaridade obrigatória e aqueles que apesar de estarem na escola não vão às aulas é assustador! Uma das razões que justificam fortemente este facto é sem dúvida a sua incapacidade em obter sucesso escolar. Associado ao vazio de nada ter para fazer vem tudo o resto: o primeiro contacto com a droga, a prostituição, a gravidez indesejada...
Não menos preocupante é a situação dos alunos que apesar do insucesso persistem na tarefa de aprender, vivendo dia a dia o sofrimento de receber negativa atrás de negativa... Muitos destes deprimem, outros permanecem em silêncio, sofrendo a angústia de não ser capaz...
As consequências são dramáticas... por esta razão, a escola tem urgentemente que se reorganizar para dar a cada aluno a possibilidade de desenvolver as suas áreas fortes. Só desta forma a escola poderá ser verdadeiramente inclusiva.
Adriana Campos

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Ser pai no Século XXI

Como devem ser os pais dos tempos modernos? Democratas ou autoritários? O equilíbrio parece ser a chave do sucesso.
Pais autoritários, pais passivos, pais democratas. Qual o modelo de paternidade mais aconselhado em pleno Século XXI? O equilíbrio parece ser a chave do sucesso, embora nem sempre seja fácil de alcançar.
Não será por acaso que a paternidade é considerado um dos principais desafios que se coloca ao ser humano. Mas parece que de nada vale tentar colocar em prática o modelo que nos foi transmitido pelos nossos progenitores, que por sua vez foi 'beber' inspiração à geração anterior.
Os desafios do século XXI são outros e a geração dos telemóveis e dos chats reclama mais autonomia e parece ter nascido para consumir. Neste contexto, como educar um filho? Pais autoritários, pais passivos ou pais democratas? 'Pais democratas, obviamente, mas democracia não implica negociar até ao impasse, inversão de valores ou laxismo. A democracia exige decisão. Os pais não são nem podem ser 'colegas' dos filhos, mas pais. Afectuosos mas firmes. Pais que amam os filhos mas que os educam e estabelecem regras. Que sabem quebrá-las com os filhos mas ensinando-os os limites', sustenta o pediatra Mário Cordeiro.
'E há que estabelecer o espaço dos pais e o espaço dos filhos, em termos físicos, de tempo, de actividades, de expectativas. Os filhos não podem ser um 'buraco negro' que absorve tudo, nem os pais podem ser independentes como se não tivessem filhos. A relação saudável é a da autonomia progressiva, dentro de uma gestão afectiva e efectiva da capacidade de entre-ajuda, de ensino-aprendizagem e de amor', prossegue o professor universitário. 
A verdade é que equilibrar a partilha de decisões com o controlo da autoridade nem sempre é fácil. Ser pai é uma 'profissão' que exige sensatez, solidez, esclarecimento, bom-senso. Tudo coisas nem sempre fáceis de alcançar, principalmente numa sociedade a braços com problemas como o insucesso escolar, a toxicodependência, a gravidez na adolescência, o alcoolismo e a violência.
Daniel Sampaio traça os diferentes tipos de pais existentes: 'No caso dos pais indulgentes aplica-se o lema 'Criança rei, adolescente tirano'. Há um facilitismo e uma passividade excessivos durante a infância, que dão origem a dificuldades acrescidas na adolescência: são os mais novos que controlam toda a rotina da família. Já os progenitores autoritários não exprimem qualquer desejo de 'negociar' com os filhos, cultivando a obediência àquilo que eles julgam estar certo. Estes pais não têm muito sucesso educativo e necessitam de ser ajudados a rever a interacção dos filhos', explica.
Segundo o autor, os pais ausentes são pouco cuidadosos: 'Encaram a educação como uma relva que é preciso deixar crescer sem grandes atenções. Só uma aparadela, de vez em quando', postula o psiquiatra especialista em adolescentes.
O modelo mais equilibrado é, por isso, o tendencialmente democrata. 'Os pais democratas estão extremamente atentos aos movimentos dos filho, escutam as suas opiniões mas a decisão final é deles. Estão atentos aos sinais de prazer e desprazer que os filhos emitem mas são capazes de traçar limites', sentencia Daniel Sampaio. 
Daí que os pais não devam abandonar de todo a autoridade. 'É preciso claramente que os pais tenham autoridade desde que o filho nasce até que saia de casa', refere o psiquiatra. 'Mas uma autoridade dita democrática. O voto de uma criança com três anos não pode ser igual ao voto do pai que tem 30, embora a sua opinião deva ser respeitada. Os pais devem fazer compromissos com os filhos mas mantendo a capacidade de decidir', acrescenta. 
Daniel Sampaio alerta ainda para a questão da segurança, à qual os pais devem estar particularmente atentos, dada a existência de riscos, hoje em dia, que não existiam anteriormente. 'Uma coisa é correr alguns riscos, próprio da adolescência, outra é ter um comportamento de risco permanente', avisa. 
Normalmente esse comportamento comporta mais do que uma variável e traduz-se, segundo o médico, no consumo de álcool e drogas, absentismo escolar, depressão, auto-mutilação e sexo sem protecção.

Bethany Hamilton - um exemplo de vida

Quando Bethany saiu de casa, com a mãe, na madrugada de 31 de Outubro de 2003, jamais imaginou como a sua vida mudaria para sempre.

Actualmente com 20 anos (com 13 na altura do acidente) , a jovem Bethany Hamilton , surfista norte-americana, residente no Hawai com os pais e irmãos, pratica surf desde tenra idade idade. O que me que me leva a falar dela, não é ser apenas ser um caso de sucesso ou ser mulher, mas também por ser um exemplo a seguir, sobretudo nas alturas em que achamos que o caminho certo é "esconder a cabeça na areia".
Para Bethany, o surf não era apenas um passatempo, mas uma forma de vida. Até então era uma jovem campeã,  vencedora de inúmeros troféus, hoje, além de vencedora, é um exemplo de vida, pela sua coragem e determinação, não apenas para jovens, como também para adultos. 
31 de Outubro 2003 - 6h40m
Nessa manhã de "Halloween", e antes de entrar na água da praia de Tunnels Beach, no Havai, Bethany não sabia que estava a minutos de ser mordida por uma das mais perigosas espécies de tubarões, o tubarão-tigre, que em segundos, lhe arrancou o braço esquerdo, e quase a vida.
Sobreviveu e venceu o trauma, e três semanas após o acidente estava determinada a voltar a surfar, ou melhor, pegou na prancha e entrou no mar. Desde então já venceu campeonatos mundiais e o seu exemplo de vida deu mote a várias campanhas de solidariedade, entre eles o apoio aos sobreviventes do Tsunami de 26 de Dezembro de 2004, que afectou gravemente a India, Sri-Lanka, Tailândia, ilha da Samatra, Ilhas Maldivas, Malé, Bangladesh, entre outros países.
A realização de um sonho custou caro a Bethany, e sem dúvida merece o mérito de ser uma surfista reconhecida mundialmente. Todavia, o mais admirável de toda a história é que não reclama e critica o mundo que a rodeia, por ter perdido um braço, ou fecha a cara a uma contrariedade que poucos teriam coragem de aceitar. É com naturalidade  que diz que a falta do braço deu-lhe até mais firmeza nas pernas para "dirigir" a prancha, fazendo-a dominar as ondas como uma verdadeira campeã! E depois, não existem doenças e males muito piores?
E nós, com dois braços, duas pernas, tanta vida e saúde, quantas vezes criticamos e mundo que nos rodeia, e nada fazemos para mudá-lo.
São estas histórias de vida que nos ensinam que, apesar da vida não ser um caminho perfeito, é muitas vezes através de atalhos que aprendemos a dar-lhe maior sentido. Somos imperfeitos, é certo, mas são as imperfeições que fazem de cada um de nós seres únicos e simplesmente admiráveis, com as nossas falhas, as nossas incapacidades, mas sem dúvida com muita força, coragem e determinação para dizer que amanhã será sem dúvida, um dia muito melhor.
Boa semana!
Sofia Rijo

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

500 mil alunos em risco

Cerca de meio milhão de alunos dos ensinos Básico e Secundário correm o risco de ver reduzido o apoio recebido pela Acção Social Escolar, devido ao Orçamento do Estado. O alerta foi dado ontem pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), à margem da apresentação do relatório ‘Estado da Educação’, no Parlamento.

"Esperamos que o futuro não esteja em causa. Estudaremos as medidas. Temos de ver em que é que são os cortes. É muito complicado se forem ao nível do apoio das escolas aos alunos com mais dificuldades", alertou Ana Maria Bettencourt, presidente do CNE, mostrando-se preocupada com os efeitos da crise na Educação: "Se o País precisa de fazer esse esforço, espero que todos possamos fazer esse esforço sem as crianças e os jovens serem prejudicados."


Ana Maria Bettencourt alertou ainda para "as inúmeras assimetrias existentes na escola pública". "Estamos preocupados com os cortes que possam existir nos apoios", afirmou.
O Ministério da Educação garante que continuará a assegurar a frequência na escola de todos os alunos e que nenhum abandonará o sistema educativo "por dificuldades económicas".
Nos ensinos Básico e Secundário existem 1 175 211 alunos, dos quais 504 096 beneficiam do apoio da Acção Social Escolar.

Padrões de desempenho docente

Através do Despacho n.º 16034/2010, de 22 de Outubro, são estabelecidos, a nível nacional, os padrões de desempenho docente. 
Mais um instrumento para o complexo sistema de avaliação de desempenho.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

“Deficiência - Contra as Barreiras da Diferença” em Beja

No âmbito do Programa Nacional do Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social, no próximo dia 27 de Outubro de 2010, irá ter lugar, nas instalações do Centro de Formação Profissional de Beja, o Encontro: “Deficiência - Contra as Barreiras da Diferença”, que conta com a presença de várias entidades e figuras públicas, que aceitaram o desafio de reflectirem com a população em geral a problemática da deficiência e a sua relação com a pobreza e a exclusão social.

Programa:

14h30: Recepção dos participantes
Visita a exposição organizada por instituições do distrito de Beja

15h00: Abertura do Seminário
- Jorge Pulido Valente (Presidente da Câmara Municipal de Beja)
- Manuel Monge (Governador Civil de Beja)
- Edmundo Martinho (Coordenador Nacional do AECPES)

15h25: Apresentação de Vídeo "Contra as barreiras da indiferença"

15h45: Painel de Oradores
- Alexandra Pimenta (Instituto Nacional de Reabilitação)
- Jerónimo Sousa (Centro de Reabilitação Profissional de Gaia)
- Vítor Franco (Universidade de Évora)

16h30: Debate

17h00: Encerramento

A iniciativa é da responsabilidade do Centro Distrital de Segurança Social de Beja.

Projecto “Epilepsiae” cria sistema para prevenir crises de epilepsia

Durante as IV Fornadas de Epilepsia, que se realizaram na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, o investigador António Dourado, docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) manifestou que "é possível criar um aparelho que preveja, em tempo real, as crises de epilepsia, embora ainda haja muito trabalho a fazer nesse sentido”.
O projecto apresentado pelo investigador denomina-se “Epilepsiae”, e surge através de uma parceria entre a FCTUC, os Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) e entidades de França, Alemanha e Itália.
Ao longo dos três anos que a investigação tem vindo a ser desenvolvida, com financiamento da União Europeia (UE), já foi possível criar um pequeno aparelho capaz de emitir previsões de crises de epilepsia, no entanto, ainda "não resulta em todos os doentes", nem "alcançou resultados clinicamente credíveis". 
Segundo António Dourado, “O sistema inteligente de alarme preventivo que está a ser estudado, ligado ao doente e transportado por ele próprio, emitirá informações para um computador que enviará ao doente a informação, em tempo real, de previsão de uma crise. 
O dispositivo, de dimensões relativamente reduzidas e com ligações sem fios, fabricado pela empresa italiana Micromed, está a ser testado em duas centenas de doentes portugueses, franceses e alemães e no próximo ano deverá ser ensaiado em mais uma centena de doentes, pois há indicações que apontam para que a UE continue a apoiar o projecto”.
No mercado já estão disponíveis medicamentos capazes de controlar a epilepsia, no entanto, perto de um terço dos pacientes epilépticos não reage à medicação, factor que os expõe a crises em qualquer momento e em quaisquer circunstâncias, sem a possibilidade de prever atempadamente a sua ocorrência, e é especificamente para este tipo de pacientes que o dispositivo está a ser desenvolvido. 
De acordo com os dados da Liga Portuguesa Contra a Epilepsia e da Associação Portuguesa de Familiares, Amigos e Pessoas com Epilepsia, organizadoras das IV Jornadas de Epilepsia, em Portugal estão diagnosticadas cerca de 50 mil pessoas com epilepsia e calcula-se que surjam anualmente cerca de quatro mil novos casos.

Ensino tem dificuldade em recuperar maus alunos

Em 1994/95 entraram no sistema educativo, no 1.º ano de escola- ridade, 109 233 crianças. Doze anos depois, apenas 32 526 (cerca de 30%) tinham concluído sem chumbar o percurso escolar completo, encontrando-se a frequentar o último ano do secundário. O dado consta do relatório Estado da Educação 2010 - percursos educativos, do Conselho Nacional da Educação (CNE), que será apresentado hoje à Assembleia da República pela presidente deste órgão consultivo independente, que constata que o nosso sistema de ensino tem dificuldade em recuperar alunos maus.
Numa apresentação prévia aos jornalistas, na passada terça-feira, Ana Maria Bettencourt citou os dados do relatório PISA, da OCDE para comprovar esta realidade, no qual são analisados os desempenhos de estudantes de 15 anos, de vários países, nos domínios da Ciência, Matemática e domínio da língua. "Estes alunos são seleccionados pela idade, não pelo ano de escolaridade em que se encontram", lembrou a especialista. "E o que os números demonstram é que, quando os nossos alunos estão no ano de escolaridade correspondente à sua idade, têm desempenhos comparáveis aos melhores." Já os repetentes ficam muito abaixo do exigível.
Dados que conduzem a uma constatação sobre o próprio sistema de ensino português: "Somos muito bons a ensinar alunos bons e médios, mas temos dificuldade em recuperar os menos bons."
Apesar desta conclusão, a presidente da CNE destaca os progressos educativos das últimas décadas em Portugal. (...)
Porém, a análise de uma geração específica de estudantes - os que chegaram ao 1.º ano de escolaridade em 1994 - ao longo dos anos levou também os conselheiros a concluírem que em Portugal "temos um problema grave com os nossos percursos", que leva a que muitos estudantes acabem por abandonar ou, pelo menos, atrasar-se à medida que vão evoluindo na sua escolaridade.
No relatório, o CNE cita os exemplos de várias escolas que - beneficiando de contratos de autonomia ou de condições especiais por se integrarem em territórios educativos de intervenção prioritária (TEIP) - "desenvolveram estratégias de sucesso" para recuperar alunos em dificuldades. E aponta a descentralização do ensino como a fórmula para conseguir melhores resultados.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Secretário de Estado anuncia contratação de 200 psicólogos para as escolas

O Ministério das Finanças autorizou a contratação de 200 psicólogos para as escolas, anunciou hoje no Parlamento o secretário de Estado adjunto e da Educação, Alexandre Ventura.
Segundo o governante, após estas contratações haverá mais de 800 psicólogos a trabalhar em contexto escolar e não “em contexto lunar”. Foi assim que o secretário de Estado se insurgiu contra as críticas da oposição, que acusou o Governo de baralhar os dados relativos a estes profissionais para não diferenciar os diferentes contextos em que exercem as suas competências, nomeadamente nos territórios educativos de intervenção prioritária (TEIP) e no âmbito das Novas Oportunidades.
Alexandre Ventura acrescentou que esta matéria, polémica nas últimas semanas, depende do Ministério das Finanças, que agora autorizou a sua concretização. O secretário de Estado afirmou não corroborar as críticas dos psicólogos e dos partidos da oposição sobre a falta de especialistas nesta área em mais de 300 escolas para trabalharem em contexto escolar.
Alexandre Ventura lamentou o clima criado em torno desta questão e, ironicamente, enalteceu a “capacidade de mobilização” da classe. As escolas irão começar a receber na próxima semana informação para os procedimentos de contratação, acrescentou o secretário de Estado.

Governo cancela concurso extraordinário de professores

Isabel Alçada anunciou hoje que o Governo não vai realizar o concurso extraordinário para professores contratados previsto para 2011.
"O contexto que vivemos impede o Ministério de levar a cabo esse concurso em 2011", disse hoje a ministra Isabel Alçada na Comissão de Educação, ainda a decorrer.
A ministra justificou o "adiamento" do concurso com a "necessidade de repartir o esforço de uma forma justa e equilibrada" e garantiu que não se trata de uma medida "arbitraria" porque "não é um adiamento que se faz apenas para os professores mas para todos os trabalhadores da função pública".
O governo comprometeu-se em Janeiro deste ano a realizar um concurso para a integração nos quadros de docentes com mais de dez anos de serviço.
Isabel Alçada assumiu que esta foi "uma hipótese séria" colocada nas reuniões com os sindicatos e que "era essa a intenção" do Ministério, mas referiu que esta cláusula não foi assinada no âmbito do acordo sobre o estatuto da carreira docente.
Económico

O meu filho é diferente... será autista?


As manifestações da doença são notadas quase sempre antes dos 3 anos, geralmente entre os 6 e os 20 meses de idade.
Desde os primeiros tempos de vida, a maioria das crianças são sociáveis e procuram activamente o contacto com os outros: jogam ao "faz-de-conta", brincam com os seus pares, gostam de dar e receber mimos.
No entanto, em certos casos, os pais notam que o seu filho não interage com os outros desta forma. É o que acontece com a criança autista, na qual existe problemas em três domínios: socialização, comunicação e comportamento.
Leo Kanner descreveu esta patologia em 1943 e cerca de um ano mais tarde, um grupo de crianças com características semelhantes foi descrito por Asperger.

Em que idade aparece?
As manifestações da doença são notadas quase sempre antes dos 3 anos, geralmente entre os 6 e os 20 meses de idade.
Tipicamente não existe um período de desenvolvimento normal, embora em cerca de 20% dos casos os pais tenham descrito um desenvolvimento relativamente normal durante um ou dois anos.

É uma doença frequente?
Não. Segundo os estudos mais recentes, para uma população de 10 000 indivíduos há 10 pessoas com autismo. Transpondo para o nosso país, haverá cerca de 10 000 pessoas com esta doença.
O autismo pode ocorrer em qualquer família, independentemente do seu grupo racial, étnico, socio-económico ou cultural.
Sabe-se que é mais frequente no sexo masculino, numa proporção de 4 a 5 rapazes para 1 rapariga.

Quais as causas desta doença?
Foram propostas diversas teorias para tentar explicar o autismo.
Trata-se de uma perturbação biológica, com forte componente genético; contudo, a sua etiologia é desconhecida, parecendo ser multifactorial.
Nas décadas de 40 e 50 acreditava-se que a causa do autismo residia nos problemas de interacção da criança com os pais/família. Hoje sabe-se que esta ligação não tem qualquer fundamento.
A partir dos anos 60, com investigações baseadas em estudos de casos de gémeos e doenças genéticas associadas ao autismo (X frágil, esclerose tuberosa, fenilcetonúria, entre outras), descobriu-se a existência de um factor genético multifactorial e de diversas causas orgânicas relacionadas com a sua origem. Factores pré-natais (como a rubéola materna) e durante o parto (prematuridade, baixo peso ao nascer, infecções graves neonatais) também parecem ter influência no aparecimento das perturbações do espectro do autismo.

Quais as manifestações a que os pais devem estar atentos?
O bebé com autismo apresenta determinadas características diferentes dos outros bebés da sua idade.
Pode mostrar indiferença pelas pessoas e pelo ambiente ou ter medo de objectos. Por vezes tem problemas de alimentação e de sono.
Pode chorar muito sem razão aparente ou, pelo contrário, pode nunca chorar.
Quando começa a gatinhar pode fazer movimentos repetitivos (bater palmas, rodar objectos, mover a cabeça de um lado para o outro).
Ao brincar não utiliza o jogo social nem o jogo de faz-de-conta.
Tem grande dificuldade de interagir com as outras crianças.
Não utiliza os brinquedos na sua função própria: um carro pode servir como objecto de arremesso e uma boneca para desmanchar.

Que outras características têm estas crianças?
Partindo do que se denomina a tríade de perturbações do autismo, com manifestações nos já citados três domínios, podemos agrupar as características:
Domínio social
·  Parecem viver no seu próprio mundo, desligadas, alheadas, desinteressadas e insensíveis aos outros.
·  Grande dificuldade em interagir com outras crianças: partilhar, cooperar ou jogar à vez são para eles tarefas muito difíceis.
·  Seres humanos, animais e objectos poderão ser tratados da mesma forma.
·  Relativa incapacidade de partilha de alegrias ou procura de ajuda/conforto em situações de stress.
Domínio da comunicação
·  Evitam o contacto ocular e podem resistir ou mostrar desagrado ao serem pegados ou tocados.
·  Têm perturbações da linguagem (tanto da compreensão como da expressão), por vezes mesmo uma ausência de linguagem que faz pensar em surdez. Se existe linguagem, o vocabulário é pobre. É frequente não usarem o eu e repetirem de modo estranho, como que em eco, o que acabaram de ouvir (ecolalia).
·  Problemas na comunicação não-verbal: mantêm-se muito próximas ou muito afastadas dos interlocutores e olham para os lábios em vez de para os olhos durante a comunicação. Fazem um uso muito pobre da mímica facial ou dos gestos.
Domínio do comportamento
·  Tendem a entregar-se a jogos e rotinas repetitivas, de forma isolada, como por exemplo fazer girar objectos. Têm com frequência, em particular em situações de angústia e excitação, movimentos repetitivos das mãos, dedos, etc. (por exemplo abanar as mãos como a imitar um passarinho).
·  Grande rigidez do pensamento e comportamento, por vezes com crises de auto e heteroagressividade face às mudanças das rotinas ou do meio que as rodeia ou quando são contrariadas.
·  Ligações bizarras a certos objectos ou partes destes.
·  Por vezes são extremamente sensíveis a cheiros, sabores e sensações tácteis.
·  A hiperactividade é um problema comum.
·  Em certos casos existem talentos especiais, por exemplo para o cálculo, a música ou o desenho.

Todas as crianças com autismo têm atraso mental?
O défice cognitivo (atraso mental) ocorre em 65-88% dos casos. Algumas destas crianças têm inteligência normal ou até superior, como pode acontecer na síndrome de Asperger.

Há tratamento para esta doença?
É muito importante que a criança seja orientada o mais precocemente possível para uma consulta de Pediatria de Desenvolvimento, onde, no caso de se concluir por este diagnóstico, se irá traçar um programa de intervenção específico. Este envolve vários tipos de terapia (psicológica, de linguagem, ocupacional) e estratégias educativas. O tratamento pode também envolver psicofármacos em situações de agressividade, autodestruição ou convulsões. É fundamental a participação activa da família.

Qual a evolução destas situações?
O prognóstico do autismo tem vindo a melhorar. De acordo com estudos recentes, 5% a 10% destas crianças tornam-se adultos autónomos.
É importante relembrar que nesta doença há uma ampla variedade, quer na qualidade quer na gravidade das manifestações da doença e que cada caso é único e tem que ser abordado de modo individualizado.

Gabriela Marques Pereira
Serviço de Pediatria do Hospital de Braga

Deficiência tem custos para famílias


Ter uma pessoa com deficiência ou incapacidade na família implica custos adicionais que oscilam entre os 4.103 e os 25.307 euros por ano, revela o Estudo de Avaliação do Impacto dos Custos Financeiros e Sociais da Deficiência, apresentado, ontem, terça-feira, em Coimbra.


"As condições de vulnerabilidade social e económica das pessoas com deficiência são óbvias", concluiu Sílvia
Portugal, coordenadora do estudo, realizado pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, a pedido do Instituto Nacional para a Reabilitação. De acordo com a investigadora, a existência de pessoas com deficiência significa "elevadíssimos custos" para as famílias.
O modelo para calcular os custos consistiu na identificação de dez perfis, em função dos diferentes tipos de deficiência, com base na Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF).
Aquele que supõe um custo efectivo mais elevado - 25.307 euros anuais - é o perfil número dez, alusivo às pessoas com deficiências graves no que respeita à mobilidade e às faculdades de manipulação, e que possuem elevadas necessidades de assistência pessoal. O perfil que tem o custo mais baixo - 4.103 euros por ano - é o número oito. Diz respeito às pessoas que têm dificuldade em deslocar-se, devido a alterações nos membros inferiores, embora não careçam de cadeira de rodas.
Estes valores referem-se aos custos efectivos (neles está deduzida a contribuição do Estado) da satisfação das necessidades da pessoa com deficiência, da garantia da sua autonomia e qualidade de vida, não correspondendo ao que as famílias gastam, como vincou Sílvia Portugal, em declarações aos jornalistas. Há quem gaste menos que isso, por falta de condições financeiras; e quem, podendo, gaste mais.
Outra conclusão apontada pela investigadora é que "os apoios do Estado ainda são insuficientes, apesar do esforço enorme que foi feito", na área, nos últimos anos.
"Pela primeira vez, temos um ponto de partida para que possamos olhar para os diferentes cenários e os diferentes tipos de deficiência e ver quais são os custos associados e que são acrescidos para as famílias com pessoas com deficiência", disse a secretária de Estado Ajunta e da Reabilitação, Idália Moniz, aos jornalistas, à margem da sessão.
Sem deixar de observar que a deficiência é uma área sobre a qual "não é muito habitual produzir-se conhecimento", no país.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Acessibilidades em espaços públicos – Seminário

No Auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva em Braga vai realizar-se no próximo dia 29 de Outubro, entre as 09:00h e as 17:30h, um Seminário subordinado ao tema “Acessibilidades em Espaços Públicos”.
Este seminário conta com o apoio da Biblioteca Municipal de Lúcio Craveiro da Silva – serviço de documentação e apoio à inclusão e do Instituto Nacional para a Reabilitação.
O Seminário pretende sensibilizar os cidadãos para a importância da temática do acesso de deficientes a espaços públicos, na necessária disponibilização de serviços públicos e gratuitos que proporcionem o seu acesso à informação e formação ao longo da vida, contribuindo para a literacia e inclusão social.
Pretende-se também divulgar o serviço BAI desenvolvido e prestado pela Biblioteca atendendo às necessidades especiais dos frequentadores do espaço, numa perspectiva de inclusão nos espaços públicos.
O BAI constitui um serviço público de apoio ao deficiente visual (mais especificamente), pautado pelos princípios de equidade no acesso à informação e à cultura a todos os cidadãos, equipado com tecnologia especializada e documentação em Braille.
Apoio esse concretizado a nível individual e institucional, para o que concorre destacadamente a parceria estabelecida com a ACAPO – Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal, delegação de Braga e o Gabinete para a Inclusão da Universidade do Minho. A entrada e participação no seminário são gratuitas, e será atribuído a cada participante um diploma de participação.
Conheça o Programa detalhado, e faça já a sua inscrição.
Este seminário terá o apoio na tradução para a língua gestual portuguesa.

200 psicólogos contratados

As escolas que tiveram psicólogo no último ano lectivo vão receber a indicação, durante esta semana, para a renovação dos contratos com estes profissionais. A garantia foi dada ontem pelo Ministério da Educação, após uma reunião com Telmo Baptista, bastonário da Ordem dos Psicólogos (OP).
Em causa estão 200 psicólogos cujos contratos terminaram no final do ano lectivo passado. "É importante que os profissionais continuem nas escolas, pois trabalham nos projectos de inclusão, nas necessidades educativas especiais, entre outras áreas", realçou Telmo Baptista.

O bastonário alertou Isabel Alçada para a urgência de portaria que permita aos psicólogos darem aulas de Psicologia. "É um problema com mais de 25 anos, e não é lógico que a um psicólogo não seja reconhecida habilitação para a docência." Outra proposta apresentada pela OP é a exigência de identificação de quem pratica actos psicológicos em contexto escolar. "Há muitas pessoas a exercer, não apenas nas escolas, que não são psicólogos. Tem de se exigir cédula, vinhetas, algo que identifique o profissional", explicou.
Segundo o bastonário, a OP detectou 64 profissionais não inscritos. Em alguns casos, foi apresentada queixa no Ministério Público. "Se houver uma queixa e o profissional não estiver inscrito, é um problema do foro criminal, é um caso de usurpação de título."

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Primeira aluna surda e cega a entrar no superior


Síndrome de Usher retirou a visão a Carolina Canais, que gostava de ser escritora mas que, para já, quer apenas ter uma licenciatura.
Carolina Ferreira Canais é a primeira aluna surda e cega a ingressar na universidade. Tem 44 anos e muita vontade de continuar activa, agora que está reformada devido à perda de visão que tem sofrido nos últimos cinco anos. É surda de nascença e escolheu o curso de Língua Gestual Portuguesa da Universidade Católica de Lisboa, o único perfeitamente adaptado e pensado para quem tem deficiência auditiva, pois todas as aulas são dadas em língua gestual.
Porém, receber a Carolina exigiu um esforço redobrado por parte da universidade, tanto em recursos humanos  como em financeiros, já que foi preciso contratar dois guias-intérpretes para a acompanhar e traduzir as aulas em língua gestual táctil e converter os manuais em braille.
Foi preciso criar aulas presenciais com um tutor, porque o curso funciona maioritariamente através de vídeoconferência. De tal forma que a turma só se encontra ao sábado, de quinze em quinze dias, para oito horas de aulas que cobrem três áreas: ciências da linguagem, ciências da educação e neurociências. O objectivo é formar professores, criando uma oportunidade para os 35 000 surdos portugueses. "Porque eles não têm problemas cognitivos", explica a coordenadora do curso, Ana Mineiro. Só precisam que a comunicação lhes seja adaptada.
Durante pouco mais de três anos, será este o desafio de Carolina. Veio em busca de "um novo caminho" porque não gosta de estar "de braços cruzados". Sonha ser escritora, mas nunca tinha pensado voltar à escola, até se ver "encostada".
Trabalhava como funcionária administrativa na Indústria Aeronáutica de Portugal, mas há quatro anos a perda de visão levou-a à reforma. "Percebi que o meu pesadelo se ia concretizar." Descobriu que tinha a síndrome de Usher, de tipo I, e que iria ficar cega.
Mas não baixou os braços. Queria aprender braille, a usar a bengala, a orientar-se. Tudo o que precisasse para continuar a fazer a sua vida sozinha. E então foi para o Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos, que a princípio não a queria receber por ser surda e não estar completamente cega. "Mas aquela era a melhor escola para cegos de Portugal, e eu batalhei porque não queria entrar noutra."
Hoje, a sua cegueira ainda não é total, apesar de estar progressivamente a piorar, e diz-se "solteira e independente". Vai, sem ajuda, ao centro de artes, ao café, às compras ou à natação. Aprendeu a cozinhar pelo olfacto e a tratar da roupa sem a ver. Vive num lar em Lisboa, dactilografa com a ajuda de um teclado de comunicação aumentativa e usa uma lupa para escrever mensagens no telemóvel.
"Distingo tudo pelo toque", conta. Os ouvintes comunicam com ela desenhando as letras na palma da sua mão, os surdos por língua gestual apoiada, também nas mãos. Mas para comunicar, utiliza a língua gestual, que é a sua língua natural desde criança.
A fala só aprendeu aos 24 anos, com a ajuda de uma terapeuta. Mas o seu rosto transparece muito mais. A expressão acrescenta significado ao gesto. Como em qualquer língua, na linguagem gestual há regionalismos e calão. Mais ainda, uma "cultura surda" assente nela.