domingo, 3 de outubro de 2010

“Diferença de idades sugere atitude perversa”

Pequena entrevista a Álvaro Carvalho, Psiquiatra e presidente da Rede de Cuidadores sobre bullying na EBI Martinlongo em Alcoutim, publicada no Correio da Manhã:



Correio da Manhã - O que devem fazer os pais da criança de dez anos abusada por três jovens de 17?
Álvaro Carvalho - Participar à escola e ao Ministério Público. Trata--se de um caso de bullying, no qual a diferença de idades entre vítima e agressor sugere uma atitude perversa muito grande.
- É um caso de polícia?
- Se a escola não der garantias de que vai dar seguimento ao caso os pais devem denunciá-lo às autoridades. Todas as pessoas com mais de 16 anos já são imputáveis de indícios criminais. São jovens que já podem ser responsabilizados criminalmente.
- O comentário do director da escola é ajustado à situação?
- Parece-me ser um director muito pouco informado sobre o que são situações de bullying e o que são os comportamentos de jovens com aquelas idades.
- O que pode acontecer aos três jovens agressores?
- São jovens com 17 anos que devem ser acompanhados psicologicamente. A diferença de idades, o facto de serem três contra um, são tudo indicadores de uma perversidade muito grande.

3 comentários:

Atena disse...

Nem tenho palavras para expressar a minha indignação!!! Como é possivel? Para onde caminhamos?

anabelacampus disse...

olá joão. preciso de ajuda urgente, se ma puder dar.
estou a coordenar o que no meu agrupamento chamam de SEAE (serviços especializados de apoio educativo). está a ser muito dificil para mim pois não tenho experiencia no ensino especial. o serviço inclui 3 prof. do EE, 2 do apoio socioeducativo do 1º ciclo e a pscologa do CEF que nos va fazendo uns favores, pois está colocada apenas para os cursos CEF, pelo que dizem.
surgem-me agora casos como professores que não querem os alunos NEE nas suas aulas porque dizem que nada lá estão a fazer e perturbam. é certo de que os alunos de que falo têm um grau de deficiência elevado e comportamentos muito perturbadores. nesta escola não há unidade de apoio `multideficiencia. existe apenas uma sala sem condições onde se concentram os prof de EE e para onde vão esses alunos. o caso que alunos NEE não podem estar o dia todo numa sala com a desculpa de no seu CEI não frequentarem aula de ingles ou matematica. o horário das colegas do EE não dápara cobrir tudo nem para ficar com 14 alunos numa sala com 10 metros quadrados.
por favor ajude-me.

João Adelino Santos disse...

Olá Anabela
Não é fácil responder-lhe assim, neste espaço. Mas vou tentar fazê-lo, ainda que resumidamente.
1º - Os alunos NEE estão integrados na turma, pelo que a responsabilidade é de todos! No meu agrupamento, todos os docentes da turma assinam o PEI, vinculando-os à sua aplicação, mesmo nos casos em que o professor não contacta com o aluno, por este não frequentar a disciplina. No entanto, faz parte do conselho de turma, logo, deve participar, colaborar... os professores não se podem demitir das suas responsabilidades.
2º - Há muitos colegas que não vêem com bons olhos a inclusão dos alunos nas escolas ditas "regulares". Independentemente das opiniões, a política educativa é esta: todos os alunos, independentemente das suas limitações, deficiências, características, devem frequentar o sistema educativo regular, ou seja, as escolas, e não as escolas de ensino especial! (Alguns ainda frequentam, mas só será até 2013, penso!).
3º - O apoio dos professores de EE aos alunos com NEE deve ser prestado preferencialmente no sala de aula regular! Proponha aos colegas essa medidas: os professores de EE especial, em articulação com o professor da disciplina, apoiar o aluno na sala de aula, na turma! (Muitos não aceitam, porque é uma violação do "seu" espaço!!).
4º - Para muitos alunos com CEI, devido ao perfil e funcionalidade, talvez não seja benéfico frequentar algumas disciplinas. Nessas horas, o professor de EE especial deve desenvolver algumas áreas necessárias, talvez numa sala de apoio. Mas não é retirar os alunos completamente da turma só porque apresentam um comportamento diferente! Que fazem aos alunos não NEE que também apresentam comportamentos desviantes?!
Quando não há horas lectivas suficientes para trabalhar com os alunos NEE, estes integram a turma e os docentes da disciplina devem programar actividades para eles!
5º - Parece-me claramente que existe falta de espaços e de docentes de EE. Neste caso, proponho que apresente o caso à direcção na tentativa de recrutar mais professores! Ou procurar canalizar outros docentes para apoiar os alunos!
6º - O maior problema, segundo me parece, reside na falta de sensibilidade dos professores das diversas disciplinas em aceitar os alunos com NEE na turma e em programar um trabalho específico para eles. Neste caso, proponha à direcção ou ao director do centro de formação dessa área geográfica a realização de uma acção de formação/sensibilização para todos professores da escola! Será um momento oportuno para discutirem, analisarem e,eventualmente, apresentarem propostas de actuação!
7º - Já agora, quando os colegas se mostrarem renitentes em relação ao trabalho a desenvolver com os alunos NEE, pergunte-lhes como gostariam que lidassem com um filho deles nessas circunstâncias!?

Espero ter contribuído para atenuar as suas angústias! Não é a única a passar por estes problemas!! A EE continua a ser o parente pobre da educação, por vários motivos!
Estou disponível para tentar ajudar, colaborar!