quarta-feira, 9 de junho de 2010

Sobredotados


À semelhança de todos os outros alunos, o aluno sobredotado necessita de vivenciar sistematicamente situações de sucesso, para que se sinta motivado e possa progredir na aprendizagem.
Qual o tipo de intervenção educativa que deve ser desenvolvida com alunos sobredotados? Esta foi a questão com que terminei o último artigo e que irá ser agora retomada.
Qualquer intervenção deverá ser definida com base no conhecimento das necessidades educativas da criança ou jovem sobredotado, devendo esta ser adequada a essas necessidades. Uma vez escolhidas as metodologias, estas devem ser submetidas frequentemente à avaliação do professor, de forma a analisar se contribuem realmente para o 'crescimento' efectivo do aluno. Uma vez definidas as necessidades, poderão ser colocadas em marcha variadas estratégias de intervenção.
À semelhança de todos os outros alunos, o aluno sobredotado necessita de vivenciar sistematicamente situações de sucesso, para que se sinta motivado e possa progredir na aprendizagem. A grande exigência e capacidade crítica dos sobredotados, por vezes, dificulta o autoreconhecimento de sucesso nas tarefas desenvolvidas, pelo que o professor deverá estar atento a este facto. Impedir estes alunos de concluir uma tarefa é para eles fonte de grande frustração, pois a não conclusão é frequentemente interpretada como indicador de incapacidade, o que provoca um efeito negativo sobre a autoconfiança, motivação e participação futura do aluno. Atendendo ao que foi referido, a flexibilização dos tempos é a melhor estratégia, deixando, sempre que possível, o aluno terminar a tarefa em que está envolvido.
A possibilidade de assumir responsabilidade e participar na planificação de actividades é também decisiva na motivação dos alunos sobredotados. Por esta razão, o professor deverá permitir e estimular a participação activa por parte destes, quer na organização de actividades, quer na planificação e avaliação do trabalho realizado. A valorização de experiências e conhecimentos exteriores à escola poderá constituir, também, uma importante estratégia de motivação para estes alunos. O insucesso é frequentemente vivenciado pelos sobredotados como uma grande ameaça, na medida em que pode significar o risco de perder a confiança e afecto dos outros. Por esta razão, é sempre preferível ter uma atitude positiva face ao erro/insucesso, o que implica analisar a sua natureza e as formas de o ultrapassar.
Os sobredotados necessitam de um ensino individualizado ao nível dos conteúdos que dominam melhor, o que implica a flexibilização dos programas, de forma a adaptarem-se a ritmos de aprendizagem mais rápidos. O acesso a recursos adicionais de informação (enciclopédias, Internet, etc.) e a visita a bibliotecas, instituições recreativas e culturais e a exposições, que se enquadrem no seu universo de interesses, pode ser determinante para que estes se mantenham interessados e possam exprimir e desenvolver as suas potencialidades.
Criar momentos que lhe permitam partilhar os seus interesses e competências com os outros, nomeadamente através de apresentações de comunicações nas aulas, é outra excelente estratégia que permitirá não só motivar e promover o desenvolvimento destes alunos, como também desencadear o desenvolvimento dos outros colegas. Como em termos sociais os sobredotados frequentemente se isolam, é fundamental o professor estar atento a esta área, colocando em marcha estratégias que facilitem a sua integração e percepção de pertença ao grupo. Neste sentido, o professor poderá incentivar o aluno a participar activamente nas tarefas de grupo, ajudando-o a perceber o efeito de determinados comportamentos e atitudes. Clarificar e discutir regras e analisar as consequências do seu infringimento são também estratégias que poderão facilitar as trocas sociais.
Embora não existam receitas para a resolução dos problemas que resultam da sobredotação, deixo estas sugestões que espero possam facilitar a integração e rentabilização das potencialidades destes alunos com necessidades educativas especiais.
Bibliografia consultada: 'Crianças e Jovens Sobredotados'. Intervenção Educativa. Ministério da Educação.
Adriana Campos

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