sábado, 9 de junho de 2012

Pré-escolar. A oportunidade para um bom começo

Escolher uma creche ou jardim-de-infância será das decisões mais importantes que os pais tomam pelos filhos. Parece exagero, mas não é, garantem os especialistas. O pré-escolar é o princípio de tudo. É o ponto de partida que tem de arrancar bem para as crianças terem mais hipóteses de crescer e ser bem-sucedidas. Haverá poucas oportunidades como o pré-escolar para encurtar a distância que separa os sortudos dos menos afortunados, que não podem pedir aos papás que paguem o ballet, o teatro, a música ou até as explicações de matemática.

A creche e o jardim-de-infância são importantes para garantir a igualdade de oportunidades, mas isso só será verdade se oferecerem um plano educativo correto às crianças, adverte o presidente da Associação de Jardins-Escolas João de Deus. “Um bebé oriundo de uma família muito desfavorecida ao ter acesso a uma creche com educadores de infância que sabem como estimular as suas funções cerebrais terá exatamente a mesma possibilidade de sucesso que o outro bebé, que nasceu numa família de um nível cultural e económico elevado”, defende António Ponces de Carvalho.

APRENDER A BRINCAR 
O pré-escolar é importante pela simples razão de grande parte das funções cerebrais do ser humano se desenvolver até aos cinco anos. Cálculo aritmético ou lógica são aptidões que se aprendem nos primeiros anos: “Mesmo a aprendizagem da leitura, sabe-se hoje, deve começar entre os quatro e os seis anos.” Boa parte do desenvolvimento do bebé depende portanto de uma educadora de infância que sabe o que está a fazer quando conta uma história ou brinca com jogos, plasticina ou folhas de papel: “É através destes estímulos que os meninos vão desenvolver as suas computações neuronais.” Sem esse bom ponto de partida, o desenvolvimento neuronal será muito mais lento e limitado, diz Ponces de Carvalho.

É claro que nem tudo está perdido quando a criança perdeu essa oportunidade. É sempre possível aprender mais tarde. Só que nunca será com a mesma facilidade porque a estrutura cerebral perdeu a plasticidade que caracteriza a criança até aos cinco anos. E é por isso que o presidente das Escolas João Deus está convencido de que uma instituição que se limita a guardar as crianças enquanto os pais estão a trabalhar está a prestar um “péssimo serviço e a perder um tempo que é precioso para a criança crescer e se desenvolver em pleno”.

O pré-escolar é determinante não só porque ajuda a criança a crescer, mas também porque assume uma função diferente da escola básica, acrescenta o dirigente da Confederação Nacional de Associações de Pais (Confap). “Ao contrário do que acontece nos outros ciclos de ensino, em que a função dos encarregados de educação é complementar à escola, no pré-escolar há uma substituição do seu papel”, avisa Albino Almeida. Além de terem de assegurar os cuidados de saúde, a segurança, a educação e os afetos, as creches e os jardins-de-infância são os lugares onde os profissionais devem também estar preparados para detetar e despistar eventuais problemas, como dislexia, espetro de autismos, dificuldades auditivas ou de visão.
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