sábado, 13 de dezembro de 2025

Inclusão e desporto de mãos dadas para mostrar que não há limites

Imagine rematar numa bola de futebol de olhos fechados? Pode ser difícil e, à primeira, pode nem acertar na bola, mas há jogadores que, por serem cegos ou terem baixa visão, praticam futebol de forma profissional, por exemplo no Sport Club Conimbricense. Para muitos alunos da Escola Básica Eugénio de Castro esta era uma realidade difícil de acreditar, até serem desafiados a fazê-lo durante a Semana Paralímpica que decorreu no pavilhão desportivo para dar a conhecer modalidades como andebol em cadeira de rodas, futebol para cegos, paraciclismo, boccia ou capoeira.

«O nosso objetivo era sensibilizar toda a comunidade da escola para o desporto adaptado, trouxemos vários atletas de alto nível de várias modalidades para que os alunos conhecessem o percurso deles e, no fundo, sensibilizar os alunos para a necessidade da inclusão também no desporto», explicou Diogo Ribeiro, um dos quatro professores estagiários da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra. Em conjunto com Tânia Domingues, Bárbara Ferreira e Pedro Oliveira e com a colaboração do professor Edgar Ventura, os professores estagiários tornaram real este desafio de levar até à escola as modalidades adaptadas. Em conversa com o Diário de Coimbra, Tânia Domingues confessou que a experiência foi «bastante gratificante». «Ver o sorriso na cara dos miúdos com as várias experiências que têm tido aqui ao longo da semana tem sido muito bom».

As atividades prolongaram-se ao longo de uma semana e envolveram centenas de alunos dos vários anos de escolaridade e o entusiasmo foi sentido por todos. «Esta semana foi incrível, porque aprendemos muito com estas pessoas que mostraram ser capazes de tudo», dizia Gustavo Antunes, aluno do 9.º ano e que participou em várias atividades. A mais difícil e mais desafiante foi «sem dúvida jogar futebol às cegas», confessou. Diogo Cancela e Matilde Gaspar, da natação adaptada; Telmo Pinão, atleta de paraciclismo, a equipa de andebol em cadeira de rodas da Associação Rovisco Pais, a equipa de boccia da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra estiveram presentes e mostraram que apesar das adversidades muitos atletas se tornaram verdadeiros profissionais e medalhados.

«O que trazemos até aqui é uma pequena demonstração do que podemos fazer, até porque está muito barulho no pavilhão e estes desportos requerem quase silêncio absoluto», adiantou Eunice Santos, pessoa com deficiência visual e que participou na iniciativa. «Foi muito interessante ver o entusiasmo dos alunos a experimentar as várias modalidades», acrescentou. Com cadeiras de rodas adaptadas, os próprios alunos tiveram a oportunidade de experimentar andebol adaptado e jogar ao lado dos atletas do Rovisco Pais. Com os olhos vendados alguns deles conseguiram marcar um golo na baliza e outros ainda experimentaram goalball e colocaram à prova o sentido auditivo e sensitivo.

«É com muito orgulho que recebemos, mais uma vez, a Semana Paralímpica e os vários atletas que vieram até à escola para dar o seu testemunho, a sua vivência, quais são as suas dificuldades e mostrar a tamanha superação face a todos os desafios», referiu Adosinda Rodrigues, diretora do Agrupamento de Escolas. A experiência correu tão bem, tanto para os atletas, como para os alunos, que a diretora do agrupamento espera ver a iniciativa replicada nas várias escolas, como forma de sensibilização para a inclusão de todos.

Fonte: Diário de Coimbra por indicação de Livresco

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