Num estudo publicado na revista científica Current Biology, um grupo de investigadores, liderado por Zachary Mainen (na foto) do Centro Champalimaud, em Lisboa, observou que há uma relação entre a activação dos neurónios que produzem serotonina e o tempo que os ratos estão dispostos a esperar por uma recompensa. Este mesmo estudo permitiu também rejeitar a ideia de que o aumento de serotonina produz um efeito gratificante.
A serotonina é um neuromodulador químico, alvo de medicamentos antidepressivos, como o Prozac, que são utilizados frequentemente no tratamento da depressão e de outros distúrbios, como é o caso da dor crónica. A serotonina é produzida por um pequeno conjunto de neurónios. No entanto, sabe-se ainda muito pouco sobre o que provoca a activação destes neurónios e consequente libertação da serotonina, e como é que a serotonina afecta a actividade cerebral.
Com o objectivo de investigar a relação entre a serotonina e a paciência, os investigadores desenvolveram uma tarefa na qual os ratos têm que esperar pacientemente por uma recompensa que chega em momentos aleatórios.
Madalena Fonseca, uma das investigadoras envolvidas no estudo, explica: "A optogenética é uma técnica que combina ferramentas genéticas e ópticas, de forma a tornar os neurónios produtores de serotonina sensíveis à luz. Assim, sempre que incidimos luz sobre estes neurónios, libertou-se serotonina por todo o cérebro."
Os cientistas observaram que, quando os neurónios de serotonina eram ativados pela luz, os ratos tornavam-se mais pacientes. "Quanto mais serotonina era produzida pelos neurónios, mais tempo os ratos esperavam", diz Masayoshi Murakami, outro cientista envolvido na pesquisa.
Este estudo tem implicações para a compreensão do envolvimento de serotonina na depressão e outras doenças. "Como se pensa que os antidepressivos aumentam os níveis de serotonina, é comum as pessoas assumirem que quanto mais serotonina os neurónios produzirem, melhor se irão sentir. O que os nossos resultados vêm demonstrar é que a história não é assim tão simples", conclui Zachary Mainen.
Sem comentários:
Enviar um comentário