Espaço de debate, informação, divulgação de atividades, partilha de documentos e troca de experiências relacionados com a inclusão, a educação inclusiva e as medidas de suporte à aprendizagem e à inclusão
quinta-feira, 31 de dezembro de 2020
Recursos humanos na educação inclusiva no Orçamento do Estado 2021
quarta-feira, 30 de dezembro de 2020
A importância do Braille na atualidade - Ação de informação
A Delegação de Vila Real da ACAPO - Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal assinala o Dia Mundial do Braille com a realização de uma ação de informação subordinada ao tema "A importância do Braille na atualidade", no dia 8 de janeiro de 2021, às 15h00.
terça-feira, 29 de dezembro de 2020
Ser professor hoje não é fácil
segunda-feira, 28 de dezembro de 2020
As dificuldades escolares
domingo, 27 de dezembro de 2020
Covid-19: Alunos que ajudavam colegas carenciados são quem agora precisa de apoio
sábado, 26 de dezembro de 2020
Ministério testa aprendizagens de 30 mil alunos no início do 2.º período
quarta-feira, 23 de dezembro de 2020
Estado da Educação 2019: Educação Inclusiva
O Conselho Nacional da Educação (CNE) lançou o documento "Estado da Educação 2019". Nele, é feito uma análise da situação da educação Inclusiva que a seguir se publica.
Educação inclusiva
A Figura 4.2.5 revela que a despesa com a educação inclusiva6 tem vindo a crescer desde 2012, ano de menor investimento, registando, em 2019, um acréscimo de 87,32 milhões de euros, em relação àquele ano. De acordo com as prioridades políticas educativas do Programa Orçamental de 2019, este crescimento visou, sobretudo, o reforço dos recursos humanos dos serviços especializados das escolas, conforme se pode inferir do que a seguir se transcreve:
(Cf. p. 292)A Educação Inclusiva surge como uma resposta que visa garantir a todos os alunos melhores aprendizagens, contribuindo para a democratização da escola e para que a escola pública seja cada vez mais um fator de mobilidade social para todos. […] Este modelo surge no culminar de vários anos de reforço dos recursos dedicados aos serviços especializados das escolas, incluindo o aumento do número de psicólogos e de outros profissionais. A dotação prevista para 2019 cresce – à semelhança do verificado nos últimos orçamentos –, garantindo uma colocação mais alargada de docentes de educação especial em mobilidade em diferentes tipos de serviços, com vista ao apoio em parceria com os docentes dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas no trabalho com os alunos (Ibidem: 4).
Na Estratégia Europeia para a Deficiência 2010-2020, a Comissão Europeia identifica oito grandes áreas de ação no que diz respeito à eliminação das barreiras que se colocam às pessoas com deficiência: acessibilidade, participação, igualdade, emprego, educação e formação, proteção social, saúde e ação externa. Define como grande objetivo para a área da educação e formação o seguinte: promover a educação inclusiva e a aprendizagem ao longo da vida para os alunos e os estudantes com deficiências (Comissão Europeia, 2010).
Em Portugal, o Decreto-Lei nº 54/2018, de 6 de julho, alterado pela Lei nº 116/2019, de 13 de setembro, estabelece os princípios e as normas da educação inclusiva, com o propósito de assegurar a escolarização para todos, tendo em conta as singularidades e as necessidades educativas particulares, bem como as medidas de suporte à aprendizagem e à inclusão.
Este diploma distingue-se da legislação anterior por apresentar um novo desenho da educação inclusiva, ao considerar que todos os alunos têm necessidades, embora diferentes, esbatendo fronteiras entre os que têm e os que não têm necessidades especiais e propondo uma tipologia diferenciada de medidas de suporte à aprendizagem e à inclusão. De igual modo, estabelece a criação de Equipas Multidisciplinares de Apoio à Educação Inclusiva e de Centros de Apoio à Aprendizagem (Rodrigues, 2019).
Com o intuito de promover uma escola inclusiva, na qual todos tenham lugar e que respeite as características, a diversidade de necessidades e de expectativas dos alunos, são definidas medidas de suporte à aprendizagem e à inclusão, organizadas em três níveis de intervenção: medidas universais, medidas seletivas e medidas adicionais.
As medidas universais estão disponíveis para todos os alunos e visam promover a participação e a melhoria das aprendizagens; as seletivas têm o propósito de apoiar alunos que precisam de suporte complementar e cujas necessidades não foram suprimidas pela aplicação das medidas universais; as adicionais propõem-se responder a dificuldades acentuadas e persistentes, ao nível da comunicação, interação, cognição ou aprendizagem, exigindo recursos especializados à aprendizagem e à inclusão.
O referido diploma introduz mudanças a nível da terminologia, ao abandonar algumas conceções restritas, assumindo a escola como um todo, o que reflete a multiplicidade das suas dimensões e a interação entre as mesmas, e pressupondo que qualquer aluno pode, ao longo do seu percurso escolar, necessitar de medidas de apoio à aprendizagem (DGE, 2018).
A perspetiva de implementação de uma visão mais ampla dos apoios a garantir pela escola inclusiva, obstou à aplicação do questionário às «Necessidades Especiais de Educação», no ano 2018/2019, que, dessa forma, deixou de fazer parte da lista de operações estatísticas oficiais registadas no Sistema Estatístico Nacional.
Na sequência da entrada em vigor deste diploma, a DGEEC aplicou, pela primeira vez, no ano letivo de 2019/2020, o «Questionário à Educação Inclusiva», em escolas públicas da rede do Ministério da Educação, não existindo ainda resultados. Assim, os dados que se apresentam são os reportados até ao ano letivo de 2017/2018.
O âmbito da Intervenção Precoce na Infância (IPI), como tem sido mencionado em anteriores relatórios do Estado da Educação, refere-se à adoção de medidas de apoio integrado centrado nas crianças e nas famílias, incluindo ações de natureza preventiva e reabilitativa, designadamente no espaço da educação, da saúde e da ação social, cujo principal objetivo é garantir as condições necessárias ao desenvolvimento das crianças, dos zero aos seis anos, com limites no seu crescimento pessoal, social e/ou dificuldades de participação nas atividades próprias para a sua idade.
A intervenção Precoce na Infância é assegurada por equipas multidisciplinares, constituídas por educadores de infância, professores, enfermeiros, médicos de família/pediatras, assistentes sociais, psicólogos, terapeutas e outros profissionais.
O Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância (SNIPI) é desenvolvido através da atuação coordenada dos Ministérios do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social , da Saúde e da Educação, com envolvimento das famílias e da comunidade.
A Figura 6.1.12 mostra o número de crianças apoiadas, em simultâneo, através das medidas estabelecidas no Decreto-Lei nº 3/2008, de 7 de janeiro, então em vigor, e pelo SNIPI, em 2017/2018. Em termos globais, o nível etário com mais crianças apoiadas foi o dos 5 anos (34,0%), a que se seguiu o dos 4 anos (28,7%), registando o dos 7 anos a menor proporção (1,0%). As regiões com mais crianças apoiadas foram a AML, com 845 crianças, seguida da Região Norte (681), e a que registou o menor número foi a do Algarve, com apenas 79 crianças.
Em 2017/2018, foram identificados 145 agrupamentos de referência para a intervenção precoce na infância (Tabela 6.1.1), que se situavam em maior número na região Centro, apesar de não ser das regiões com mais alunos apoiados. O menor número de agrupamentos de referência registou-se no Algarve.
Relativamente aos docentes de IPI, a região que contabilizou mais educadores de Infância com especialização em educação especial foi a do Norte, seguida da região Centro, e a que teve menos foi a do Algarve. A região Norte, no entanto, contou com menos professores dos ensinos básico ou secundário com especialização, o que pode encontrar explicação no facto de esta região ter menos crianças apoiadas com 6 e 7 anos.
Quanto aos docentes sem especialização em educação especial, as regiões com mais educadores de infância foram as do Centro e do Norte e com mais professores dos ensinos básico ou secundário as do Algarve e do Centro, embora, neste último caso, os números sejam muito reduzidos e as diferenças pouco expressivas.
O número de crianças e jovens que frequentam instituições de educação especial tem vindo a baixar, globalmente, registando-se, em 2017/2018, menos 36,7% do que no início da série (Tabela 6.1.2). Também no que diz respeito às NUTS II do Continente, este número baixou em todas as regiões, com maior expressão nas regiões Norte e Alentejo. A AML, em que se observa um aumento dos inscritos em instituições de educação especial, até 2013/2014, baixou esse número desde então, em todos os anos letivos. Estes dados podem indiciar uma maior inclusão dos alunos com necessidades específicas e, simultaneamente, a melhoria de condições para a integração de todos. No entanto, é de salientar que, em 2017/2018, houve um aumento do número de crianças e jovens em instituições de educação especial, face ao ano anterior, nas regiões Norte e do Alentejo.
Como se pode ver na Tabela 6.1.3, registou-se um aumento global da inclusão de crianças e jovens nas escolas de ensino regular entre 2010/2011 e 2017/2018 (+5367), apesar do decréscimo ocorrido em 2012/2013. Em 2017/2018, é no 3º CEB que o número de jovens com necessidades específicas é maior, seguindo-se o 1º CEB. O nível de educação que contabilizou menos crianças sinalizadas e integradas foi a educação pré-escolar.
Até 2017/2018, existiram unidades especializadas, integradas nos estabelecimentos de ensino de referência, que disponibilizaram, em complemento da educação escolar, medidas de suporte para a aprendizagem e a inclusão, abrangendo metodologias adaptadas e estratégias de intervenção interdisciplinares e transdisciplinares, destinadas a públicos específicos.
De acordo com o Decreto-Lei nº 54/2018, de 6 de julho, as unidades de apoio especializado foram integradas nos Centros de apoio à aprendizagem, que funcionam como novas estruturas de apoio à aprendizagem e à inclusão, agregadoras dos recursos humanos e materiais, dos saberes e competências dos agrupamentos de escolas/escolas não agrupadas.
Em 2017/2018, as unidades de apoio especializado em multideficiência e surdocegueira congénita (UAE), tinham no total 2156 alunos, menos 21 do que no ano anterior (Figura 6.1.13). Neste mesmo ano, deu-se um aumento do número de unidades no Centro, no Alentejo e no Algarve, e um decréscimo nas restantes regiões.
Ao longo dos cinco anos representados, a região Norte apresenta sempre o maior número de alunos a frequentar estas unidades e a do Algarve o menor.
O número global de alunos que, em 2017/2018, frequentaram unidades de ensino estruturado para alunos com perturbações do espectro do autismo (UEE) foi de 2117, mais 496 do que em 2013/2014 e mais 104 do que no ano anterior (Figura 6.1.14). Este acréscimo aconteceu nas regiões Norte, AML e Algarve, sendo a AML a região com o maior número de alunos a frequentar UEE, ao longo dos cinco anos. O Algarve foi a região com menos alunos neste tipo de unidades de apoio.
(Cf. pp. 345-349)
O que influencia as competências literárias nas escolas
terça-feira, 22 de dezembro de 2020
Património em Gestos - Visita guiada
segunda-feira, 21 de dezembro de 2020
Número de alunos com acção social em queda. A excepção é o 1.º ciclo do ensino básico
domingo, 20 de dezembro de 2020
O poder dos pares
“Todas as escolas devem criar um programa de mentoria que estimule o relacionamento interpessoal e a cooperação entre alunos. Este programa identifica os alunos que, em cada escola, se disponibilizam para apoiar os seus pares acompanhando-os, designadamente, no desenvolvimento das aprendizagens, esclarecimento de dúvidas, na integração escolar, na preparação para os momentos de avaliação e em outras atividades conducentes à melhoria dos resultados escolares." (Orientações para a organização do ano letivo 2020/2021 da Dgeste)
sábado, 19 de dezembro de 2020
Galardão de Compromisso com a Inclusão
sexta-feira, 18 de dezembro de 2020
Estratégia Nacional para os Direitos da Criança para o período 2021-2024
Relatório SAPA 2019
quinta-feira, 17 de dezembro de 2020
TPC. Sim, não ou talvez?
quarta-feira, 16 de dezembro de 2020
Aprendizagem interdisciplinar e colaborativa
Trabalhar por projeto, de forma colaborativa, interdisciplinar e integrada é para mim a essência da escola do século XXI, tendo em conta que o mercado de trabalho exige, cada vez mais, profissionais competentes e empenhados que saibam trabalhar em equipa, com vista à resolução de problemas, e com capacidade de adaptação à mudança – que será cada vez mais célere com a inteligência artificial a entrar pela porta principal da nossa vida.
Mais do que saberem replicar os conteúdos de um manual ou de um conjunto de materiais disponibilizados pelo professor, sem se apropriarem verdadeiramente do conhecimento, procuro que os meus alunos aprendam a pensar, aprendam a relacionar, aprendam a colaborar, aprendam a aplicar o conhecimento que adquirem em sala de aula para além das quatro paredes onde estão inseridos.
Se parar para pensar no que tem sido o meu percurso enquanto eterna aprendente, a forma como «aprendi a dar aulas» não é de todo passível de ser aplicada numa sala de aula do século XXI. Os recursos que tinha ao meu dispor, há 18 anos quando entrei pela primeira vez numa sala de aula, não são os mesmos e, acima de tudo, os alunos não são os mesmos, não têm acesso à mesma informação nem aos mesmos recursos.
Enquanto professora de Português e de Inglês, para mim faz todo o sentido realizar projetos interdisciplinares com os meus colegas e alunos.
Já há 5 anos a minha visão era esta, quando propus uma abordagem interdisciplinar da magnífica obra de Sophia de Mello Breyner O Cavaleiro da Dinamarca – transmitir aos meus alunos que é possível aprender História, Geografia, Ciências, artes, Matemática, Português, Inglês ou Francês quando estudamos de forma aprofundada e integrada uma obra literária.
Em termos organizacionais, numa primeira fase procedeu-se à planificação do projeto num documento partilhado entre os professores do conselho de turma, em que cada um inseriu os temas a serem trabalhadas nas suas áreas disciplinares.
Na disciplina de Português, os alunos exploraram as categorias da narrativa (tempo, espaço, narrador, personagens, etc.), realizaram a biografia da autora e a bibliografia do trabalho, bem como um resumo da obra, recorrendo a diversas ferramentas. Para tal, foi disponibilizado aos alunos um padlet com diversas ferramentas que poderiam ser utilizadas Ferramentas úteis.
Nas disciplinas de Francês e Inglês, os alunos criaram uma apresentação com os países, nacionalidades, capitais e bandeiras europeias. Em Físico-Química, procederam à exploração das referências às estações do ano que o Cavaleiro enfrentou durante a sua viagem, bem como à explicação da posição do Planeta em relação ao Sol em cada uma das estações.
Na área das artes (Educação Visual), cada aluno fez uma ilustração do Cavaleiro que partilhou num padlet Cavaleiro da Dinamarca.
Em Geografia, descreveram as paisagens pelas quais o Cavaleiro vai passando, a vegetação, as formas de relevo, as construções humanas, entre outros elementos. Caracterizaram ainda os estados de tempo e os climas.
Nas Ciências Naturais, exploraram a sismicidade e o vulcanismo nessas mesmas regiões.
Em Matemática, calcularam, utilizando escalas, a distância percorrida pelo Cavaleiro e a média de quilómetros percorridos por dia.
Na disciplina de Educação Moral e Religião Católica, exploraram os passos que o Cavaleiro deu em Belém e as tradições natalícias dos países que aquele atravessa.
Em sala de aula, procedeu-se à constituição dos grupos de trabalho de forma aleatória recorrendo-se à aplicação Random Team Generator e todas as informações foram disponibilizadas na plataforma institucional utilizada pela escola.
Um outro aspeto que considero essencial é a reflexão sobre o percurso que é realizado de forma individual e colaborativa. Daí que, no final de cada aula, todos os alunos fizessem a autoavaliação do trabalho realizado com recurso a um wiki (um espaço colaborativo editável por todos os elementos da turma).
O resultado de cerca de 1 mês de trabalho colaborativo interdisciplinar foi absolutamente fantástico. Alunos que tinham acabado de chegar ao 3º ciclo produziram materiais excelentes, que colocaram, eles próprios, num Google Maps, a partir do qual as apresentações foram realizadas. Um exemplo do que falo pode ser visto aqui.
A gestão da apresentação dos trabalhos foi também realizada de forma aleatória recorrendo-se ao Wheeldecide.
No final das apresentações, os alunos realizaram ainda um teste de verificação de leitura disponível aqui, bem como a avaliação do trabalho realizado.
Na disciplina de Português, para além dos trabalhos produzidos que constituíram instrumentos de avaliação (resumos, vídeos, biografia, bibliografia), os alunos foram avaliados na componente da oralidade tendo em conta as rubricas definidas, fizeram um teste de verificação de leitura e um teste sumativo abarcando as várias componentes (compreensão do oral, leitura e educação literária, gramática e expressão escrita).
Em termos globais, para além da excessiva rapidez com que as aulas passaram para todos, verifiquei que os alunos retiraram aprendizagens do trabalho realizado, não só em termos de conteúdos programáticos mas também em termos das soft skills tão necessárias no século XXI.
Ana Paula Loureiro
Fonte: Aula Digital da Leya