terça-feira, 30 de julho de 2024

Miguel Neiva, criador do colorADD: “Uma criança daltónica é, em muitos casos, vítima de bullying. Até por parte do professor”

O colorADD, um sistema de identificação de cores para daltónicos nasceu em Portugal pela mão do designer gráfico português, Miguel Neiva. “Surgiu por ignorância”, confessa, dizendo que todos os anos quando ia ao oftalmologista perguntava se estava a ficar daltónico. “Nunca me disseram que, se não nasci daltónico, nunca o seria.”

Além disso, sempre acreditou que o design tinha a competência e a nobre missão de poder fazer o mundo melhor. “Se alguma vez imaginei o impacto que isto teria — a criação de cinco símbolos e como os que relacionei, não de todo!”, admite, dizendo que a sociedade teve um importante papel também ao ajudar a passar a palavra.

A sua missão é tentar levar o código a oito mil milhões de pessoas porque não sendo uma doença visível, não se sabe onde estão. Para Miguel Neiva somos condescendentes com aquilo que vemos, com o que não vemos, o juízo de valor é muito depreciativo.

Já estão em 2000 escolas e trabalharam diretamente com mais de 50 mil crianças. E, apesar do direito ao código passar por um licenciamento, este é gratuito para a educação. “A educação é um pilar de desenvolvimento. São as crianças que vão fazer o mundo melhor amanhã, por isso a cor tem de chegar a todos.”

Em 2014, Miguel Neiva criou a ColorADD Social, uma associação que tem auxiliado a comunidade educativa, com programas nas escolas que ajudam a entender esta limitação e quais os constrangimentos de um daltónico no dia-a-dia. Inclusivamente possibilitam aos alunos experienciar a visão daltónica através de uns óculos.

Colocar-se no lugar do outro é fundamental para se perceber o seu problema, além de se aprender a viver com a diferença. “Uma criança daltónica é, em muitos casos, vítima de bullying. Até por parte do professor. Não por este querer, mas por não entender porque é que ele pega no lápis vermelho para pintar uma árvore, ou porque não entende um mapa”, exemplifica. Miguel Neiva diz que estes “doentes” não se queixam, principalmente os do sexo masculino — onde a doença é mais incidente, por isso quem com eles convive muitas vezes nem se apercebe que são portadores de daltonismo.

Este é um projeto de inovação social. “A área social tem de fazer parte da economia e acredito que é possível fazer o bem e ganhar dinheiro. Se a sociedade tomar consciência disso não tenho dúvida de que teremos os melhores do mundo a trabalhar do lado do bem.” No entanto, o empreendedor social adverte que não se pode querer que estes negócios se desenvolvam à velocidade de uma start up tecnológica. "Estamos a falar de um setor que tem de desmontar alguns paradigmas culturais, como a sustentabilidade e a independência dos projetos.”

Para Miguel Neiva é fundamental a profissionalização no setor social. “As coisas não podem ser feitas apenas com a emoção e paixão do indivíduo. Temos de encarar tudo isto com profissionalismo”.

O criador do colorADD chegou, em 2015, a recusar investimento de capitais de risco “por não saber o que fazer com aquele dinheiro”. Em 2021, no momento certo, quando se sentiram "preparados” tiveram apoio de fundos para iniciar o processo de internacionalização. Um percurso feito de sucesso, mas quando lhe perguntamos o que ainda falta fazer, Miguel Neiva, responde rápido: “Falta fazer tudo o que falta fazer. É um desafio interessante!”

Oiça aqui o podcast Ser ou Não Ser

Fonte: SIC Notícias por indicação de Livresco

domingo, 28 de julho de 2024

Palavras com significado: A influência da consciência morfológica na compreensão da leitura

Introdução

A consciência morfológica, definida como a consciência da estrutura morfémica das palavras e a capacidade de manipular e reflectir sobre essa estrutura, desempenha um papel fundamental na aprendizagem da leitura. De acordo com a literatura, a consciência morfológica inclui, especificamente, a percepção de quatro aspectos fundamentais:
  1. a forma falada e escrita dos morfemas;
  2. o significado que os afixos adicionam à palavra-base (como saber que o prefixo «re» dá à palavra-base o significado de repetição, como em reencontro, recomeço e recandidatura);
  3. a forma como os afixos impressos se relacionam com a palavra-base (saber que sufixos como «-íssimo», «-ar» e «-ção» alteram a estrutura da palavra-base, como em bonito → bonitíssimo; conceitos → conceituar; instruir → instrução);
  4. a relação entre a palavra-base e as respectivas formas inflectidas ou derivadas (saber que diversas palavras se encontram relacionadas porque compartilham a mesma base, como no exemplo de viver: vida, vivência, vivido, reviver e sobreviver).

Carlisle (2000) destaca três processos a partir dos quais as palavras podem ser formadas: 
  1. composição, que envolve a combinação de dois ou mais morfemas para criar uma palavra que mantém a classe gramatical, mas altera o significado (para + quedas = paraquedas; gira + sol = girassol);
  2. flexão, que envolve a adição de afixos para indicar informações gramaticais sem alterar a categoria gramatical da palavra-base [como em livro (singular) e livros (plural); amar (infinitivo) e amando (gerúndio); cantar (infinitivo) e cantou (pretérito perfeito)];
  3. derivação, que envolve a adição de afixos para alterar o significado e a categoria gramatical da palavra-base [como em doce (adjectivo) e adoçar (verbo); cultura (substantivo) e cultural (adjectivo); feliz (adjectivo) e felicidade (substantivo)].
De acordo com diversos estudos, a consciência morfológica está relacionada com a compreensão da leitura dos alunos com idades entre os 5 e os 14 anos (Deacon & Kirby, 2004; Levesque et al., 2021; Nagy et al., 2006).

Segundo a literatura, a consciência morfológica apoia a compreensão da leitura de diversas formas. Por exemplo, uma vez que os morfemas inflexionais marcam as relações sintáticas entre as palavras de uma frase, isto é, a função que as palavras desempenham numa frase em relação umas às outras, os alunos com consciência morfológica flexional terão maior êxito na compreensão da leitura de frases (e.g., Manolitsis et al., 2017). No entanto, embora os processos de formação de palavras (i.e. composição, flexão e derivação) possam apresentar padrões de desenvolvimento diferentes, poucos estudos têm analisado a relação entre esses processos e a compreensão da leitura. Além disso, a maioria dos estudos que analisaram a relação entre a consciência morfológica e a compreensão da leitura centrou-se nos processos de flexão e derivação, tendo poucos estudos considerado o processo de composição (Clark et al., 1986; James et al., 2020). Deacon e Kirby (2004) verificaram que a consciência da morfologia flexional aos 7 anos prediz a compreensão da leitura dos 8 aos 10 anos. Gilbert et al. (2014) e Kieffer e Box (2013) verificaram, por sua vez, que a consciência da morfologia derivacional prediz a compreensão da leitura dos 8 aos 12 anos.

Tal como a idade dos alunos e o tipo de palavras que lêem (nomeadamente palavras com origem composicional, flexional e/ou derivacional), as características dos testes que avaliam a consciência morfológica e a compreensão da leitura podem influenciar a relação entre estas habilidades. De acordo com a literatura, o formato de resposta pode influenciar o nível de dificuldade dos testes, assim como a força da relação entre a consciência morfológica e a compreensão da leitura (e.g., Apel et al., 2012; Keenan et al., 2008). Por exemplo, nos testes de consciência morfológica, as tarefas que exigem que os alunos gerem uma palavra-base e a respectiva forma derivada podem ser mais difíceis do que as tarefas que exigem que os alunos determinem a relação entre essas formas linguísticas (i.e. relação entre a palavra-base e a palavra derivada; Apel & Thomas-Tate, 2009). Por sua vez, nos testes de compreensão da leitura, as tarefas que utilizam formatos de resposta de preenchimento e correspondência de imagens estão mais relacionadas com a leitura do que com a compreensão auditiva (Keenan et al., 2008).

A modalidade de resposta pode, também, influenciar a relação entre a consciência morfológica e a compreensão da leitura. Embora a influência desta característica tenha sido pouco estudada, Stark (2011) verificou que as respostas escritas dependem de dois aspectos fundamentais, relacionados com a compreensão: vocabulário e conhecimento ortográfico. Estudos recentes têm apontado a necessidade de se considerar, ainda, dois outros aspectos, a saber:
  1. a apresentação da tarefa, já que ouvir a pronúncia da palavra pode apoiar a sua decomposição através da associação com a prosódia lexical, isto é, a pronúncia pode apoiar o reconhecimento dos morfemas da palavra, assim como as respectivas representações lexicais (e.g., Carlisle, 2003; Chan et al., 2020). Por exemplo, Carlisle (2000) verificou uma relação mais forte entre a consciência morfológica e a compreensão da leitura, avaliadas a partir de estímulos auditivos, do que Stark (2011), que avaliou ambas as competências a partir de estímulos na forma escrita;
  2. o tipo de processamento exigido pelas tarefas de compreensão, uma vez que, em comparação com as informações apresentadas de forma explícita, os leitores diferem consideravelmente na capacidade de responder a perguntas que exigem o estabelecimento de inferências (Cain & Oakhill, 1999).
O estudo de Liu e colaboradores (2024)

Liu et al. (2024) analisaram, a partir de uma revisão sistemática e meta-análise da literatura científica, a influência da consciência morfológica na compreensão da leitura de crianças e adolescentes que aprendem a ler inglês como primeira língua. Os investigadores analisaram, também, a influência da idade dos alunos, do tipo de palavras (especificamente, palavras com origem composicional, flexional e derivacional) e das características dos testes de consciência morfológica e de compreensão da leitura na relação entre ambas as habilidades (i.e., consciência morfológica e compreensão da leitura).

Principais resultados

Liu et al. (2024) analisaram os resultados de 44 estudos que incluíram 126 correlações entre a consciência morfológica e a compreensão da leitura e nos quais participaram 13.790 alunos com idades entre os 6 e os 16 anos. Os investigadores verificaram que:
  1. Existe uma relação significativa entre a consciência morfológica e a compreensão da leitura. Especificamente, os alunos com melhores resultados nos testes de consciência morfológica foram os que alcançaram resultados mais elevados nos testes de compreensão da leitura. À semelhança de estudos anteriores (James et al., 2020; Levesque et al., 2019; Tong et al., 2014), este resultado destaca a importância da consciência morfológica na compreensão da leitura;
  2. A relação entre a consciência morfológica e a compreensão da leitura não aumenta com a idade dos alunos. Embora este resultado não esteja em conformidade com estudos anteriores (Carlisle, 2000; Deacon & Kirby, 2004), permite concluir que a consciência morfológica tem um papel importante na compreensão em todas as fases da aprendizagem da leitura;
  3. O tipo de palavras influencia significativamente a relação entre a consciência morfológica e a compreensão da leitura. Ainda assim, os resultados mostraram que essa influência só se manifesta quando a consciência morfológica é avaliada através de testes que englobam palavras tanto de origem derivacional quanto flexional, em vez de apenas palavras derivacionais. Segundo Liu et al. (2024), este resultado pode dever-se ao facto de que poucos estudos incluíram medidas exclusivas de consciência morfológica flexional, o que impossibilitou a análise da sua influência específica. Por esta razão, este resultado deve ser interpretado com cuidado;
  4. As características dos testes de consciência morfológica não exercem um efeito significativo na relação entre esta habilidade e a compreensão da leitura. No entanto, em conformidade com estudos anteriores (Carlisle, 2000; Stark, 2011), os resultados mostraram que a influência destes testes é mais elevada quando os estímulos são apresentados por meio auditivo (ao invés de visualmente) e requerem respostas orais (em vez de respostas escritas). Os resultados mostraram, ainda, que a influência dos testes de consciência morfológica é maior quando utilizam um formato de resposta de escolha múltipla em vez de respostas que requeiram produção de palavras. De acordo com a literatura, tarefas de produção que exigem que os alunos gerem uma palavra-base e uma forma derivada podem ser mais complexas do que as tarefas que exigem reflectir acerca da relação entre ambas as formas linguísticas, uma vez que as primeiras são mais dependentes das habilidades de ortografia e da leitura de palavras do que as tarefas de reflexão (Apel et al., 2012; Apel & Thomas-Tate, 2009; Carlisle, 2000). Os resultados mostraram, ainda, que os testes que avaliam a consciência das unidades morfémicas das palavras têm uma influência maior na compreensão da leitura do que os que avaliam a consciência dos significados dos afixos, assim como das alterações que estes provocam nas palavras-base;
  5. As características dos testes de compreensão da leitura também não exercem um efeito significativo na relação entre a consciência morfológica e a compreensão. Este resultado permite concluir, assim, que a natureza da avaliação da compreensão da leitura tem pouco impacto na sua relação com a consciência morfológica.
Conclusão

No essencial, Liu et al. (2024) verificaram que a consciência morfológica desempenha um papel fundamental na compreensão da leitura, independentemente da idade dos alunos e dos testes que as avaliam. Os resultados do presente estudo destacam, assim, a importância de integrar o ensino da morfologia na aprendizagem da leitura desde os primeiros anos de escolaridade até aos anos mais avançados.

Célia Oliveira e Soraia Araújo

sexta-feira, 26 de julho de 2024

Regime especial de recuperação do tempo de serviço dos educadores de infância e dos professores dos ensinos básico e secundário

Foi publicado o Decreto-Lei n.º 48-B/2024de 25 de julho, que estabelece o regime especial de recuperação do tempo de serviço dos educadores de infância e dos professores dos ensinos básico e secundário dos estabelecimentos públicos de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, doravante designados "docentes", cuja contagem esteve suspensa entre 30 de agosto de 2005 e 31 de dezembro de 2007 e entre 1 de janeiro de 2011 e 31 de dezembro de 2017.

O decreto-lei procede, ainda, à primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 74/2023, de 25 de agosto, que estabelece os termos de implementação dos mecanismos de aceleração de progressão na carreira dos educadores de infância e dos professores dos ensinos básico e secundário.

quinta-feira, 25 de julho de 2024

KIT de Recursos Educativos Digitais | Cidadania Marítima: Prevenção Balnear



A pensar na época balnear, divulgamos um conjunto de recursos disponíveis na plataforma #EstudoEmCasa Apoia que se relacionam com este tema. Integram este conjunto palestras, vídeos, quizzes, entre outros.

Estes recursos foram desenvolvidos em parceria com a Autoridade Marítima Nacional (AMN), o Comité Português para a Comissão Oceanográfica Intergovernamental - UNESCO (CP-COI), o Centro Europeu se Riscos Urbanos (CERU), Associação de Surf de Aveiro e a Câmara Municipal de Ílhavo e o Serviço Municipal de Proteção Civil do Marco de Canaveses garantindo, assim, informações credíveis e atualizadas essenciais para prevenir acidentes e assegurar que todos possam desfrutar das praias em segurança.


Fonte: DGE

quarta-feira, 24 de julho de 2024

Quem é o Encarregado/a de Educação: o pai, a mãe ou os dois?

Estamos a aproximar-nos do início de mais um ano letivo.

Uma situação que pode ser geradora de muitos conflitos entre a escola e a família parental e mesmo dentro desta, é quando os pais, estejam juntos ou separados, não podem ser ambos encarregados de educação. Que razão pode assistir a isso, se a criança ou adolescente tem dois pais e a participação e envolvimento de ambos na educação dos filhos é fundamental para o seu desenvolvimento e aprendizagem.

Embora se saiba que a maioria das escolas só aceita um dos pais como encarregado de educação, e que algumas escolas negam mesmo informações a um dos pais por não ser o encarregado de educação. Julgamos que seria muito importante que esta situação se alterasse e que todas as escolas envolvessem intencionalmente ambos os pais na vida escolar dos filhos. Podem fazê-lo através do envio de informações por mensagem de email para ambos os pais (simplesmente utilizando os dois endereços de email como destinatários das mensagens) permitindo que recebam as informações sobre as presença e faltas, as datas dos testes, as convocatórias para reuniões, os convites para as festas da escola, acolhendo e respeitando os seus alunos e as respetivas famílias. Esta simples decisão permitiria evitar uma série de conflitos, nomeadamente quando os pais estão separados, evitando por exemplo a frequente dolorosa decisão sobre quem é definitivamente a/o encarregada/o de educação, ou sobre a distribuição desta responsabilidade, alternadamente assumida por pai e mãe em anos pares e ímpares.

A responsabilidade pela assunção dos deveres parentais, incluído o da educação, está legislada em Portugal. A Constituição da República Portuguesa, no seu artigo 36º, n.º 3 consagra como princípio fundamental que: “5. Os pais têm o direito e o dever de educação e manutenção dos filhos” (cit.). O Código Civil, no seu artigo 1878º, sobre o “Conteúdo das Responsabilidades Parentais”, refere que: “1. Compete aos pais, no interesse dos filhos, velar pela segurança e saúde destes, prover ao seu sustento, dirigir a sua educação, representá-los, ainda que nascituros, e administrar os seus bens” (cit., destaque nosso). E especificamente no seu artigo 1885º, dedicado à Educação, refere que: “1. Cabe aos pais, de acordo com as suas possibilidades, promover o desenvolvimento físico, intelectual e moral dos filhos” (cit.).

Todos os pais tem o direito e o dever de decidirem em conjunto sobre os assuntos educacionais dos seus filhos, sobretudo quando se encontram separados ou divorciados, tal se prevê no artigo 1906º, n.º 1 do Código Civil relativo ao “Exercício das responsabilidades parentais em caso de divórcio, separação judicial de pessoas e bens, declaração de nulidade ou anulação do casamento”: “1 – As responsabilidades parentais relativas às questões de particular importância para a vida do filho são exercidas em comum por ambos os progenitores nos termos que vigoravam na constância do matrimónio, salvo nos casos de urgência manifesta, em que qualquer dos progenitores pode agir sozinho, devendo prestar informações ao outro logo que possível” (cit., destaque nosso). A lei estabelece assim que, entre outras, as decisões educacionais em relação aos filhos sejam obrigatoriamente tomadas em conjunto por ambos os pais. Esta orientação faz todo o sentido, uma vez que as decisões sobre a segurança, saúde, educação e formação são todas elas centrais e fundamentais para o desenvolvimento das crianças e jovens.

Particularmente em relação educação, e embora não exista uma lista determinada pela lei, podem identificar-se algumas questões fundamentais onde a parceria de decisão e a sua implementação deveria acontecer. Falamos da escolha/mudança de estabelecimento de ensino (particular ou público); a educação religiosa (até aos 16 anos de idade); o ir levar e ir buscar os filhos à escola; o acompanhamento nos trabalhos escolares; a realização da matrícula na escola); a participação numa atividade ou numa visita de estudo pela criança/jovem com cuidados especiais de saúde; a participação da criança/jovem numa viagem promovida pelo estabelecimento de ensino; a prática de atividades desportivas extracurriculares.

De um modo mais operacional, a regulação das decisões em relação à determinação de quem é o Encarregado/a de Educação e qual é o seu papel, está prevista na Lei 51/2012, que aprova o Estatuto do Aluno e Ética Escolar, estabelecendo os direitos e os deveres do aluno dos ensinos básico e secundário e o compromisso dos pais ou encarregados de educação e dos restantes membros da comunidade educativa na sua educação e formação. No artigo 43.º desta Lei, relativo à “Responsabilidade dos Pais ou Encarregados de Educação”, refere-se que: “4 – Para efeitos do disposto no presente Estatuto, considera-se encarregado de educação quem tiver menores a residir consigo ou confiado aos seus cuidados: a) Pelo exercício das responsabilidades parentais; b) Por decisão judicial (…) 5 – Em caso de divórcio ou de separação e, na falta de acordo dos progenitores, o encarregado de educação será o progenitor com quem o menor fique a residir. 6 – Estando estabelecida a residência alternada com cada um dos progenitores, deverão estes decidir, por acordo ou, na falta deste, por decisão judicial, sobre o exercício das funções de encarregado de educação. 7 – O encarregado de educação pode ainda ser o pai ou a mãe que, por acordo expresso ou presumido entre ambos, é indicado para exercer essas funções, presumindo-se ainda, até qualquer indicação em contrário, que qualquer ato que pratica relativamente ao percurso escolar do filho é realizado por decisão conjunta do outro progenitor” (cit.) (Para melhor compreender este assunto, pode consultar-se o “Guia para os estabelecimentos de ensino, pais, mães e encarregados de educação”, da Associação para a Igualdade Parental e Direito dos Filhos, de 2014).

Salvo se existir decisão judicial que o proíba, qualquer um dos pais, seja ou não o encarregado de educação, tem o direito de, sempre que quiser, ir à escola solicitar uma reunião com o professor(a) ou diretor (a) de turma do seu filho(a), para recolher ou fornecer as informações que desejar, nomeadamente, como se está a realizar a sua integração no espaço escolar, qual é natureza da sua relação com os adultos (professores e auxiliares de ação educativa e com os pares (amigos), quais são a sua assiduidade e pontualidade, o seu desempenho académico (registos de avaliação), conhecer o processo individual do aluno, e os assuntos relativos à sua alimentação, entre muitas outras. Não é legítimo que a escola recuse trocar informações com o pai ou mãe que não seja o encarregado de educação.

Se as escolas tiverem dúvidas sobre se podem ou não dar informações ao pai ou à mãe quando não é o encarregado de educação, e para que não se criem situações desconfortáveis, podem pedir o acordo das responsabilidades parentais de forma a perceberem se existe alguma decisão que impeça que deem igual informação a ambos, ficando assim salvaguardada e sua imparcialidade.

Quando existe um maior envolvimento, colaboração e participação ativa de ambos os pais no processo educativo dos filhos (em casa, na escola, na comunidade), ocorre uma melhoraria significativa dos seus desempenhos sociais e académicos. Não obstante, algumas escolas insistem em criar dificuldades para que isso sucede.

Eva Delgado-Martins

Fonte: Observador por indicação de Livresco

sexta-feira, 19 de julho de 2024

João Costa: diretor da European Agency for Special Needs and Inclusive Education

European Agency for Special Needs and Inclusive Education tem o prazer de anunciar a nomeação do Dr. João Costa como nosso novo diretor a partir de 1 de janeiro de 2025.

O Dr. Costa substituirá o atual diretor, Dr. Cor J. W. Meijer, que, após quase 20 anos no cargo de diretor, partirá para uma merecida reforma no final de 2024.

Até há pouco tempo, o Dr. Costa era professor de linguística na Universidade Nova de Lisboa. De 2015 a 2024, trabalhou no Ministério da Educação em Portugal, como Secretário de Estado da Educação, Vice-Ministro da Educação e, de 2022 a 2024, como Ministro da Educação.

Fonte: European Agency for Special Needs and Inclusive Education

quarta-feira, 17 de julho de 2024

Pais são “determinantes” no sucesso escolar dos filhos (mas não precisam de fazer trabalhos de casa)

“Em Portugal, as famílias são um dos fatores mais determinantes para o sucesso dos alunos.” A afirmação é feita sem hesitações por dois especialistas em Educação. No dia em que é divulgado o Rankings das Escolas, a Renascença quis saber qual a importância das famílias na boa prestação escolar.

“A família é um dos fatores mais determinantes, sobretudo quando falamos do vínculo que as figuras significativas – pai, mãe, avós, cuidadores — têm junto das crianças e jovens”, diz Sofia Ramalho, vice-presidente da Ordem dos Psicólogos Portugueses e especialista na área da Educação. A psicóloga explica que “a aprendizagem é um processo que não é só cognitivo, é também emocional, de envolvimento das crianças e dos jovens com a aprendizagem”.

Assim, acrescenta, “a relação pais/filhos e a segurança que essa relação traz, o apoio afetivo que os pais dão neste processo de crescimento e educação dos filhos, vai ter um papel crucial para que eles se possam confrontar com as tarefas mais académicas e os desafios cognitivos”. Esse acompanhamento dos filhos passa, por exemplo, por fazer trabalhos de casa com eles ou estudar para os testes? Sofia Ramalho garante que não.

“Na sua componente académica ou pedagógica, os pais não têm que saber acompanhar este domínio, mas têm de apoiar emocionalmente, ou seja, estar presente, perguntar sobre o que está a acontecer”, explica. No entanto, adverte, “sem que isso seja uma fonte de pressão ou stress para os jovens e crianças”.

A psicóloga sintetiza: “Acompanhar no sentido de monitorizar aquilo que os seus filhos estão a fazer, o que não é a mesma coisa que sentar ao lado e fazer com eles, não é isso que se pede aos pais.”

Resultados de públicas e privadas sem diferenças, se famílias fossem iguais

João Marôco, investigador do ISPA – Instituto Universitário, especialista em educação, tem uma linha de pensamento semelhante. Também considera que a família é um dos fatores mais determinantes para o sucesso escolar dos alunos.

Marôco tem feitos estudos e analisados dados dos alunos portugueses em relatórios internacionais, como o PISA, por exemplo, e conclui que as famílias, como fornecedores de recursos facilitadores das aprendizagens, são fundamentais.

Mas, o que são os recursos facilitadores de aprendizagens? “Ter um quarto próprio, uma secretária para estudar, acesso à internet, ter um computador, ir com a família a eventos culturais, visitar museus”, enumera o especialista. O professor universitário lembra que, habitualmente, são as famílias de estratos socioeconómicos mais elevados que conseguem fornecer estes recursos e, por isso, são as crianças e jovens destas famílias que conseguem melhores resultados escolares.

Nestas declarações feitas à Renascença a propósito da divulgação do Rankings das Escolas, Marôco explica que é por isso que estas tabelas são lideradas por colégios. “Os privados não têm melhores professores do que as públicas. O que difere é a matéria-prima e por matéria-prima entenda-se os alunos”, adianta. “Se as escolas públicas tivessem o mesmo tipo de alunos, do mesmo tipo de famílias, haveria diferenças entre escolas públicas e privadas?”, questiona este especialista, dando de imediato a resposta: “Não, as diferenças desapareceriam.”

Pais hiper protetores chegam ao ensino superior

Num olhar para o desempenho escolar dos alunos e para a importância das famílias, Marôco aborda ainda a valorização da carreira docente, não só do ponto de vista salarial, mas do ponto de vista social.

“Muitas vezes os colegas do [ensino] secundário e básico, e mesmo do superior, queixam-se que os alunos não têm respeito porque os próprios pais dizem ‘o teu professor não sabe nada sobre isso, as contas de somar ou dividir fazem-se assim, foi assim que eu aprendi, o teu professor está a ensinar de maneira diferente e ele não sabe nada do que está a fazer’. Isto retira qualquer autoridade profissional a um professor e isso faz com que o aluno, de alguma forma, sinta que tem capacidade de enfrentar o professor, tem capacidade de questionar aquilo que o professor está a fazer”, explica.

Mâroco mostra-se preocupado com a evolução das políticas educativas em Portugal, assegurando que os resultados dos alunos portugueses nos relatórios internacionais estão a cair, um fenómeno que relaciona “com um menor interesse dos alunos pela educação”, mas também por pais que, ainda que com boas intenções, protegem os filhos em demasia.

Este docente universitário dá um exemplo do que vê na faculdade. “Há uma maior imaturidade dos alunos que resulta de terem pais hiper protetores e isso nota-se muito na chegada ao Ensino Superior. Quando comecei a dar aulas não me lembro de ver pais com os filhos a fazer as matrículas. Hoje em dia, quando passo pelo corredor, e os alunos estão em fila à espera da sua vez, geralmente estão sempre acompanhados pelos pais. Este protecionismo dos pais tem consequências nefastas para a autonomia e resiliência dos alunos”, defende.

O especialista em educação termina com um outro exemplo: “Eu, enquanto professor universitário já tive pais a virem falar comigo a pedir explicações sobre a nota que o filho teve no exame.”

Fonte: RR por indicação de Livresco

sábado, 13 de julho de 2024

Petição contra calendário escolar diferenciado já tem assinaturas suficientes para ser discutida no Parlamento: "Há crianças que estão na escola o ano inteiro"

O Movimento de Professores em Monodocência (MPM) está contra a proposta do Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) de calendário escolar para os próximos quatro anos letivos e lançou uma petição online "Contra a proposta de um calendário escolar diferenciado. A favor de um calendário que respeite TODOS!", que, lançada a 16 de junho, conta já com mais de 7600 assinaturas, mais do que suficientes para ser discutida na Assembleia da República. Em causa, a diferenciação de datas para o final do ano letivo, que mantém as crianças do pré-escolar e do primeiro ciclo mais duas semanas na escola do que os alunos do 5.º, 6.º, 7.º, 8.º e 10.º anos e mais 21 dias do que os alunos do 9.º, 11.º e 12.º anos.

“Não há estudos, muito pelo contrário, que comprovem que quanto mais tempo de aulas houver, mais sucesso escolar haverá. As crianças cansam-se da rotina. Há relatos de colegas que dizem que as crianças, a determinada altura, já nem brincar querem, quanto mais estudar”, sublinha Paula Costa Gomes, educadora de infância e porta-voz do MPM.

O MECI colocou, a 6 de junho, em consulta pública uma proposta de calendário escolar para os anos letivos de 2024/2025, 2025/2026, 2026/2027 e 2027/2028. A título de exemplo, para o próximo ano letivo, o MECI propõe que as aulas comecem entre 12 e 16 de setembro, com o primeiro período a terminar a 17 de dezembro, o segundo período a começar a 6 de janeiro e a terminar a 4 de abril e o terceiro a iniciar a 22 de abril e a terminar a 6 de junho para os alunos do 9.º, 11.º e 12.º anos, a 13 de junho para os estudantes do 5.º, 6.º, 7.º, 8.º e 10.º anos e a 27 de junho para o pré-escolar e primeiro ciclo.

Os argumentos dos exames nacionais e da descoordenação do calendário escolar com os horários de trabalho dos pais com que muitos justificam esta diferenciação no calendário escolar não colhem junto dos autores da petição. “Compreendemos que determinados anos tenham de terminar mais cedo por causa dos exames, mas isso não justifica que as crianças do primeiro ciclo e do pré-escolar fiquem na escola mais três semanas. Quanto ao facto de muitos pais não terem onde deixar os filhos em tempo de férias escolares também não é argumento, porque é colocar mais peso na vertente assistencial da escola. É a resposta mais fácil e mais básica”, considera Paula Costa Gomes.

“O Governo tem é de insistir em políticas de apoio à família como existem noutros países, como alargamento das licenças de parentalidade ou apoios que permitam aos pais ficarem em casa mais tempo com os filhos. Eu deixo esta pergunta: os pais querem deixar os filhos horas sem fim na escola? Muitas crianças de três e quatro anos estão na escola desde as 08:00 às 19:00. Há crianças que estão na escola o ano inteiro, nem têm férias. Do ponto de vista do desenvolvimento infantil é o pior que pode existir. Pensemos do ponto de vista dos adultos: há algum adulto que se sinta bem no seu local de trabalho horas sem fim, sem férias?”, questiona.

Embora sublinhe que o que move o MPM nesta iniciativa é “o bem-estar e o desenvolvimento das crianças”, Paula Costa Gomes alerta ainda para a exigência “física e psicológica” que é o primeiro ciclo e o pré-escolar para os professores em monodocência, que estão “num cansaço extremo”. E acrescenta que o corpo docente destes níveis de ensino está muito envelhecido, com a previsão de reforma para muitos nos próximos anos. “Qualquer dia, mesmo que queiram dar uma resposta assistencial na escola, não vão conseguir, porque não há professores. É empurrar o problema com a barriga. Isto vai rebentar, mais cedo ou mais tarde. Se calhar, mais cedo do que mais tarde”, avisa.

Ainda não são conhecidos os resultados da consulta pública à proposta de calendário escolar do Governo para os próximos quatro anos letivos, mas desde o início que foi contestada pelos diversos atores da comunidade escolar.

Fonte: CNN Portugal por indicação de Livresco

sexta-feira, 12 de julho de 2024

Um guia prático para ensinar a escrever

Há dados que indicam um desencontro entre o que os professores de Portugal e do Brasil, por um lado, pensam do ensino da escrita e, por outro, concretizam na prática de ensino. Isso mesmo foi confirmado no estudo «Teaching writing to middle school students in Portugal and in Brazil: an exploratory study».

Nesse estudo, entrevistaram-se 195 professores de ensino básico dos dois países. A maior parte dos entrevistados acredita ter sido adequadamente preparada pelo ensino superior para ensinar escrita. Em Portugal, a maioria dos professores declarou ter recebido formação adequada tanto durante a licenciatura (64%) quanto em ações de formação (51%). Além disso, de todos os professores entrevistados, mais de 50% concordam que a escrita é importante no sucesso escolar e no futuro profissional dos alunos.

Apesar das percepções positivas, mais de 60% dos professores disseram nunca ou raramente empregar práticas baseadas em evidências no ensino da escrita autorregulada — por exemplo, adotar objetivos específicos para o texto a elaborar, realizar atividades anteriores à escrita ou empregar técnicas de revisão com diretrizes preestabelecidas.

O tempo dedicado à escrita também não condiz com a importância atribuída à prática: em Portugal e no Brasil, o tempo médio dedicado à escrita é de 34 a 47 minutos por semana, ainda que a maior parte dos professores entrevistados fossem responsáveis por aulas de linguagem ou humanidades.

Assim, revela-se um desencontro entre a percepção dos professores e a prática efetiva do ensino da escrita. É necessário, pois, alinhar o que a investigação científica tem mostrado ser eficaz e o que se realiza nas salas de aula.

O que nos diz a ciência?

As atividades pedagógicas com maior evidência de impacto positivo no desenvolvimento das habilidades de escrita dos adolescentes estão muito alinhadas com os princípios do ensino explícito. São muito relevantes as fases associadas ao ensino explícito, sobretudo as seguintes:
  • a modelagem, em que o professor demonstra explicitamente uma lógica e/ou um procedimento;
  • a prática orientada, em que os alunos, assistidos pelo professor, praticam o que lhes foi ensinado na etapa de modelagem;
  • a prática autónoma, em que os alunos praticam sozinhos o que estudaram na prática orientada, com intervenções mais pontuais do docente.
Ainda que a escrita seja uma tarefa muito aberta — pois são infinitas as formas de compormos um texto —, os alunos beneficiam muito de atividades que possam ser explicitamente modeladas pelo professor. Essa modelagem incide não tanto no pormenor do texto em si, mas sim nos elementos e nas etapas do processo. Na escrita de um conto, por exemplo, o professor pode delimitar os elementos constitutivos da narrativa (o conflito, o clímax, o desfecho), ajudar a organizar parágrafos e estabelecer as etapas de composição das personagens.

Os professores e os alunos conhecem a importância desses elementos, mas poucos estabelecem formas mais eficazes de os aplicar. Assim, e em linha, por exemplo, com o estudo de Steve Graham e Dolores Perin «A meta-analysis foi writing instruction for adolescent students», destacam-se as seguintes atividades pedagógicas no ensino e na aprendizagem da escrita.

Como pode o professor planear e aplicar atividades de escrita?

1. Estabelecer objetivos especı́ficos

É benéfico estabelecer objetivos específicos no objetivo geral de redigir um texto de determinado género. Esses objetivos podem ser estabelecer uma situação de interlocução concreta — para o aluno refletir sobre as diferentes implicações linguísticas de escrever para um dado público ao empregar escolhas lexicais e/ou estruturas linguísticas particulares, estudadas na sala de aula. Os objetivos, gerais e específicos, devem ser poucos: caso contrário, os alunos podem dispersar-se no meio de tantas obrigatoriedades a cumprir.

2. Analisar bons textos e usá-los como exemplos

Em sala de aula, bem como nos manuais e materiais didáticos, mais do que disponibilizar exemplos do género textual para leitura dos alunos, é benéfico que os textos sejam explicitamente analisados, para que os alunos identifiquem o que há de bom neles, digno de imitar.

3. Dar reforço positivo aos alunos

Nos comentários feitos aos alunos durante o processo de escrita, é importante elogiar explicitamente os pontos fortes da produção, tanto por escrito quanto verbalmente. Assim, os alunos, desenvolvendo atitudes positivas na aprendizagem, empenham-se mais no processo e ampliam o repertório, na memória de longo prazo, de procedimentos linguísticos profícuos, aumentando a possibilidade de eles próprios se monitorizarem. Isto não quer dizer, contudo, que não se corrijam os erros e não se possa dar sugestões.

Que atividades de escrita podem os alunos desenvolver?

1. Combinar frases

Como forma de lapidar a construção sintática dos alunos, é benéfico realizar atividades de combinação de frases mais simples na formação de frases mais complexas. Os alunos podem aprender melhor a coordenar e subordinar orações, a intercalar e inverter os termos sintáticos, e a empregar sinais de pontuação, tais como a vírgula, o ponto e vírgula, os dois-pontos e o ponto final.

2. Elaborar resumos e sínteses

Uma excelente forma de desenvolver a concisão, parte do bem escrever, é elaborar resumos e sínteses com base em textos do manual escolar ou selecionados pelo professor. Os alunos centram-se assim na forma como o conteúdo foi e vai ser apresentado. Podem assim conseguir, por exemplo, hierarquizar, ordenar e exemplificar melhor as ideias num texto.

3. Produzir a partir de textos modelares

É benéfico analisar bons textos, e que os alunos neles se inspirem ao produzir os seus próprios textos. É importante, no entanto, que essa inspiração seja consciente, após análise e compreensão dos elementos estruturantes de um bom texto. Sem essa análise, a atividade é mera reprodução acrítica: pode resultar numa boa produção textual, mas dificilmente leva o aluno a autonomizar o seu pensamento.

4. Produzir entre pares

Contar com o apoio dos colegas de turma em todas as fases do processo da escrita promove bons resultados. Da pesquisa inicial ao planeamento, da leitura da primeira versão à revisão final, os comentários dos pares promovem o desenvolvimento da escrita entre adolescentes. Não se trata, contudo, de dividir a tarefa entre os colegas, mas de partilhar as etapas e o processo como um todo da tarefa individual: cada aluno deve compor individualmente o seu próprio texto.

Que estratégias pode o professor adotar antes da atividade de escrita?

1. Pesquisar informações e organizar ideias

É comum os alunos associarem a boa escrita a um talento inato, a uma inspiração súbita ou a uma capacidade criativa acima da média. No entanto, os bons escritores — amadores ou profissionais, adultos ou crianças e adolescentes — realizam um processo de pesquisa, deliberado ou não, do assunto sobre o qual vão escrever, organizando depois as informações recolhidas e as ideias que tenham surgido na pesquisa. É também comum os materiais didáticos e/ou os professores alertarem os alunos para a importância desse processo, sem, contudo, os orientarem; os dados mostram justamente o benefício da orientação explícita. É importante que os alunos tenham acesso, por exemplo, a guiões de pesquisa, a listas e critérios de reconhecimento de fontes fidedignas e a modelos de organização gráfica de ideias.

2. Planear o que escrever e como escrever

Feita a pesquisa e organizadas as ideias, os alunos devem planear o que vão escrever e como o fazer. Novamente, alertar para a importância do planeamento não basta, é preciso ensiná-lo e orientá-lo. Por isso, é positivo que os alunos aprendam a hierarquizar ideias, a fazer corresponder a abordagem de um tema a determinado género textual, visto que, por exemplo, escrever um conto sobre violência é diferente de escrever uma crónica sobre violência, e a planear a sequência de informações e ideias ao longo dos parágrafos e das frases.

E que estratégias pode o professor adotar depois da atividade de escrita?

1. Rever o texto com estratégias e diretrizes preestabelecidas

A importância de rever e editar o texto é consensual, mas é preciso orientar os alunos. Combinar com eles os passos a dar, reiterando-os aula após aula até se tornarem automatizados e instintivos, é uma excelente prática pedagógica. No aprimorar da escrita, são disso exemplos os procedimentos por vezes designados por MAPS (maiúsculas e minúsculas, aparência estética geral, pontuação, separação silábica na quebra de linha) e o STAR (substituir palavras genéricas por palavras precisas, tirar repetições desnecessárias, adicionar informações em falta, reorganizar ideias de maneira mais lógica).

2. Incentivar a colaboração entre alunos

Pedir aos alunos que discutam o seu texto com colegas e incentivar os alunos com maior domínio a ajudar os que tenham mais dificuldade contribui para consolidar e ampliar conhecimentos. A partilha de textos entre colegas também ajuda a identificar dificuldades e a resolver problemas - e isso desenvolve a autonomia dos alunos.

Arthus Bustamante e Olivia Portela de Mauro

quinta-feira, 11 de julho de 2024

Divulgação dos resultados das candidaturas a acreditação de Centros de Recursos para a Inclusão

Em cumprimento do ponto 11, do Aviso n.º 6252/2024/2, publicado no Diário da República, 2.ª série, n. º 59, de 22 de março são divulgados os resultados finais das candidaturas a Centros de Recursos para a Inclusão (CRI).

A Direção-Geral da Educação procede à divulgação das listas finais, homologadas pela Presidente do Júri de Avaliação, por delegação, das instituições acreditadas, bem como das instituições excluídas a Centros de Recursos para a Inclusão (CRI), por deliberação do Júri de Avaliação, que decorreu na 2.ª reunião do júri, a qual teve lugar no dia 17 de junho de 2024, nos termos do citado Aviso.




Fonte: DGE

Regime especial de recuperação do tempo de serviço

O Conselho de Ministros, reunido no dia 11 de julho de 2024, no edifício Campus XXI:

Aprovou um Decreto-lei que estabelece regime especial de recuperação do tempo de serviço dos educadores de infância e dos professores dos ensinos básico e secundário dos estabelecimentos públicos de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, cuja contagem esteve suspensa entre 30 de agosto de 2005 e 31 de dezembro de 2007, e entre 1 de janeiro de 2011 e 31 de dezembro de 2017. A recuperação do tempo de serviço efetua-se nos seguintes termos: a 1 de setembro de 2024, 599 dias; a 1 de julho de 2025, 598 dias; a 1 de julho de 2026, 598 dias; a 1 de julho de 2027, 598 dias. O presente decreto-lei produz efeitos a partir de 1 de setembro de 2024. Este diploma legal concretiza o diálogo e posterior acordo alcançado com as estruturas representativas dos professores;

terça-feira, 9 de julho de 2024

Uso mais saudável dos ecrãs? A Ordem dos Psicólogos Portugueses tem um guia e recomendações

Em Portugal existem mais de 17 milhões de smartphones ativos e apesar dos benefícios reconhecidos não faltam alertas para os efeitos nocivos e impactos na saúde mental, especialmente pelo uso excessivo. Segundo os dados partilhados, 90% das crianças e adolescentes, entre os 9 e os 17 anos, utiliza o smartphone todos os dias; 73, 6% dos jovens até os 24 anos utilizam as Redes Sociais para fugir a emoções desagradáveis; 64,5% das crianças e adolescentes utiliza o smartphone como atividade de tempos livres.

Destaca-se ainda o facto de 43,5% das pessoas – jovens, adultos e adultos mais velhos – utilizarem a Internet como forma de “escape” ou para aliviar o seu estado psicológico.

"O uso da tecnologia pode assim ser saudável ou um perigo, dependendo das causas, horas e assuntos que consumimos. Os riscos do uso de ecrãs parecem, de modo geral, relacionados com o tempo excessivo de utilização, em detrimento da realização de outras atividades longe de ecrãs, com a diminuição da qualidade das interações com adultos e pares e, ainda, com aquilo que se vê e faz online, e as suas consequências", reconhece a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP).

O tema gera muitas inquietações e perguntas, sobretudo em relação a crianças e jovens, e os pais e cuidadores procuram perceber que limites devem impor, qual é o tempo de utilização saudável e equilibrado e se deve haver proibição. Por isso mesmo a associação desenvolveu um guia que pretende ser um manual para todos, com evidência científica e orientações para uma utilização saudável da tecnologia, redes sociais e jogos online.


Fonte: Sapo por indicação de Livresco

segunda-feira, 8 de julho de 2024

50 anos após abril: DIVERSIDADE, EQUIDADE E INCLUSÃO

O 8.º CONGRESSO INTERNACIONAL, subordinado ao tema '50 anos após abril: DIVERSIDADE, EQUIDADE E INCLUSÃO', conta com o Alto Patrocínio de Sua Excelência O Presidente da República Portuguesa.

Este evento ocorrerá nos dias 18, 19 e 20 de julho de 2024, no Campus do Instituto Politécnico de Benfica, em Lisboa, e resulta da parceria entre a Pró-Inclusão - Associação Nacional de Docentes de Educação Especial, o Instituto de Educação da Universidade de Lisboa (IE-ULisboa) e a Escola Superior de Educação de Lisboa (ESE-IPLisboa).

O Congresso está acreditado pelo Conselho Científico Pedagógico da Formação Contínua (CCPFC) como Curso de Formação de 19 horas, tendo como destinatários Educadores de Infância, Professores do Ensino Básico e Secundário e Professores de Educação Especial (no âmbito do Despacho n.º 4840/2023, releva na dimensão científico pedagógica para a progressão da carreira docente).




Para mais informações sobre o PROGRAMA E INSCRIÇÕES visite o website do Congresso em VIII Congresso Internacional '50 anos após abril' - Início e inscreva-se já para garantir a sua vaga (INSCRIÇÕES - VIII Congresso Internacional '50 anos após abril')

sábado, 6 de julho de 2024

O crédito malparado da Educação

O problema maior que a escola pública enfrenta hoje não é a insegurança ou a superficialidade curricular, fenómenos atmosféricos cíclicos que nenhum sistema escolar alguma vez erradicou nem erradicará, e que, por isso mesmo, não devem ser subestimados.

O maior de todos os males é, porém, a indiferença. Desconhecer o lugar que o saber ocupa é o maior adversário do professor e o mais potente inimigo dos miúdos. Estas são as verdadeiras más companhias.

Permanece uma visão romântica do que é uma escola e do que é um professor. E todos dizem tudo. Ao mesmo tempo que ouvimos dizer que as escolas não evoluíram, também ouvimos que está tudo muito diferente. É o que dá darmos ouvidos a pessoas que já não entram numa sala de aula há anos mas que arengam – e receitam - sobre Educação.

Que fique claro: dantes é que era mau. A escola tem hoje uma relação incomparavelmente mais produtiva e activa com os miúdos; não se reclama de um aluno a passividade e a apatia.

Durante décadas, ninguém se ralou com o contexto de aprendizagem, as dificuldades familiares. Entendia-se estes calvários pessoais como irremediáveis, o que atirou milhões de jovens para longe da escola. A verificação formal do conhecimento e um comportamento acrítico eram recompensados. A passividade e a obediência garantiam o sucesso.

A maior angústia de um professor contemporâneo é justamente essa passividade. O que lhe interessa hoje é garantir que os jovens beneficiam de uma atmosfera certa, dentro e fora de uma sala de aula, que lhes permita desejar a procura do saber. E esse é o seu maior problema.

Um problema que cresce fora da escola. Apesar da escola. Existe hoje uma verdadeira pandemia de conformismo que é diariamente combatida pelos professores, e um conformismo graniticamente preguiçoso do lado de fora das grades das escolas.

Ai, no meu tempo...

Do Estado Novo aos nossos dias todos testemunhámos uma desformalização da figura da escola e, por arrasto, do professor. Ou seja, as relações entre os alunos e o professor são hoje muito mais baseadas num conceito de procura do Outro e não numa hierarquização de estatuto. E isto não significa que não continue a existir uma hierarquia bem definida dentro de uma relação de aprendizagem, como é inevitável, mas essa relação deve ser definida pela qualidade do saber que está a ser partilhado e não pela definição de um estatuto formal que coloque os dois intervenientes em posições opostas.

Um professor contemporâneo encara-se a si mesmo como alguém que aprende e não como uma fonte solenizável de onde o conhecimento brota. No que diz respeito à curiosidade, esta equiparação entre aluno e professor deve ser rigorosamente idêntica. De resto, não é aceitável que um aluno tenha mais curiosidade do que o seu professor. Mas o contrário é igualmente intolerável.

Resiste uma visão saudosista da autoridade do professor, que é muito repousante e vigorosa, mas que se evidencia imprestável e ineficiente. Genericamente, aquilo que era esperado de um professor era a afirmação da sua indiscutível autoridade, mesmo que imerecida.

Hoje, aquilo que todos os pais e alunos procuram num professor, mais do que autoridade, é a sua idoneidade, conseguida através do prestígio do seu saber e da qualidade da relação humana, pedagógica, que consegue estabelecer com os jovens.

Passámos, assim, de um sistema autoritário para um sistema de envolvimento com aquele que aprende, um respeito inabalável pelas suas dificuldades, o seu contexto de aprendizagem e pela sua individualidade.

Vestir a camisola

A escola serve para aprender coisas. Saber mais. O que polui tudo é a visão sem sentido de que se estuda para se ter um curso. Estudar não serve para ter um curso, nem para ter acesso à universidade. E nem sequer para ter emprego. Essa não pode ser a pulsão maior do acto de aprender. Quando se estuda não é para tirar uma licenciatura; a ideia nem sequer é trabalhar para ter boas notas. E deve dizer-se isto a todos os nossos miúdos, todos os dias, em todas as ocasiões. E este aspecto tem de permanecer, para qualquer professor, crucial. Aquilo que faz de cada um de nós pessoas civicamente influentes e decisoras, é saber mais.

O estudo não serve para fazer funcionários e pessoas empregadas, essa não é a função da escola. O estudo serve para se saber mais e saber como se pode saber mais ainda. Tentar perceber dá boas notas e bons empregos. Saber mais, perceber mais.

Cada vez mais as empresas se estão nas tintas para os títulos. Estão mais interessadas em procurar outras valias nos seus trabalhadores. A curiosidade, o entusiasmo, o vestir a camisola, a lealdade, a criatividade, a solidariedade, o espírito de equipa, o pragmatismo, até o humor.

A escola pode fazer muito por todas estas coisas. Aguçá-las todas. É por isso que, como comunidade, todos temos de ter muito cuidado em não nos deixarmos colonizar por esta visão utilitária da cultura. A Escola tem de servir para o estudo, mas o estudo não termina na Escola. Ela deve converter-se no lugar onde irrompam autênticas experiências de aprendizagem.

Estudar serve para saber mais e a Educação utilitária desvia-nos para outros propósitos mais improdutivos, menos valorizados pelo mundo real. Veja-se que logo à entrada da universidade se começa a utilizar a palavra “créditos”, que converte aquilo que deve ser o acto de aprender numa espécie de mercantilização do Ensino. Uma escola não é uma mercearia. Somar créditos não conferem prova de aprendizagem. Créditos conferem diplomas. Créditos geram dívidas. O acto de aprender tem de regressar à sua pulsão primeira. Rever-se na alegria de aprender, na importância de se desconhecer o mínimo possível, o gosto de saber coisas, o dominar o real.

Refinaria de créditos

Desde há muitos anos que se tem vindo a trabalhar esta ideia de pensar a Educação não como uma refinaria de créditos ou um entreposto de notas mas como uma experiência de afirmação individual. Exagera-se muito acerca do poder real que a escola tem. Mas temos mudado muitos mundos e muitas vidas. Aos milhões.

É duvidoso que os pais de ontem tenham tido uma vida melhor que os pais de hoje. Ao contrário do que se diz por aí, estudar funciona. Há muitos miúdos que compreendem que a única forma de saírem do poço da pobreza é através do estudo.

Todo o professor tem muitos ex-alunos bem na vida sem serem descendentes de famílias endinheiradas. Alguma coisa correu bem. A questão não é a ausência do dinheiro, mas sim o desprestígio que a Escola, a Cultura e o Saber, têm no seio das famílias. Temos demasiados alunos oriundos de meios muito desfavorecidos que são excelentes, em grande medida por insistência dos seus pais que, não obstante as suas dificuldades, percebem que a única forma de crescerem em termos pessoais é aplicando-se na única escada social à sua disposição.

A grande missão da sociedade é aquilo que Roosevelt designava por “freedom from want”, ou seja, todas as pessoas devem ter direito a uma vida decente e o mínimo indispensável para sobreviverem com dignidade. A Escola não tem qualquer capacidade para garantir essa qualidade de vida. Nem pode prometê-la. O mundo pode ser uma escola ininterrupta, mas o mundo não é um estabelecimento de ensino. Essa é a competência dos governos. É para isso que servem.

A cultura como água potável

As escolas e os professores podem e sabem como apoiar quem mais precisa de ajuda. Mas, na verdade, esse constitui o papel histórico da política. Permitindo que permaneçam na indigência, vamos construindo uma sociedade mais injusta e deixando uma grande quantidade de miúdos para trás. Toma-se o todo pelas partes com uma facilidade irresponsável.

Quando se descobre, mediaticamente, uma rua inteira que vive, parasitariamente, à custa do Estado e, por causa disso, se decide abater uma política de amparo social, entregamos milhares de crianças à pobreza. Assistimos a isso muitas vezes e assistiremos a isso cada vez mais. Atravessamos um período histórico que pode designar-se como o delírio da percepção: a realidade não tem interesse nenhum, apenas importa aquilo que se mexerica sobre ela. O que mais há é famílias, ruas e vilas inteiras de gente que trabalha, paga impostos e que, mesmo assim, continuam pobres… Famílias pobres a quem o Estado diz não serem suficientemente pobres para serem apoiadas. Deste modo não há possibilidade de alertar consciências e de pôr os miúdos a estudar.

É extraordinário que se pense que um miúdo que não tem duas refeições quentes por dia, que não tem um quarto, ou um sítio onde estudar tranquilamente sem que esteja alguém aos gritos à volta, que não tem electricidade ou água potável, que não tem uma casa porque os pais não a conseguem pagar, que basta entregar-lhe um computador, ou um professor muito bom e já não tem desculpa para as más notas. É espantoso que se namore ideias tão ingénuas e desligadas da realidade, e que ultrapassam em muito aquilo que a escola tem de fazer e com que lida todos os dias.

As costas largas da escola

Que grandes costas tem a Escola. A política conta com a escola para se desembaraçar das suas responsabilidades. Se os miúdos não sabem as regras de trânsito, é porque a Escola falhou. Se não respeitam o ambiente, a Escola falhou. Se não aprenderam literacia financeira, a Escola falhou. E isto tudo é uma conveniência para todas as outras instâncias de decisão não terem de ser responsabilizadas.

Uma boa escola não é um faz- tudo. Uma boa escola é aquela que consegue transmitir a genuína felicidade de conseguir perceber e saber coisas. Ter assunto. Ter noção. Não se trata de lirismo. Trata-se da essência elementar de uma educação culta. O alicerce de qualquer sistema educativo. É isso que faz com que alguém goste daquilo que vê no seu espelho. E não é de afectos que falamos.

A escola não é nenhum gabinete de massagens, centro terapêutico ou spa medicinal.

Essa coisa da escola dos afetos remete para um lugar muito escorregadio. Talvez seja mais embaraçado dizer que a Escola tem de ser um local de atenção. Atenção pela pessoa que aprende – o aluno e o professor – e pela individualidade e afirmação de cada um; atenção pelo conhecimento – somos melhores se soubermos mais –; atenção social – pela enorme dívida que temos em relação ao resto da comunidade e porque devemos atender às necessidades e dificuldades dos outros, tentando resolvê-las.

A Escola é uma oficina de entreajuda, tanto quanto conhecimento. Não há nenhuma civilização que sobreviva sem as prestações da solidariedade. Uma escola meramente utilitarista acumulará sempre um crédito que nunca saberá como pagar.

Rui Correia

Fonte: SIC Notícias por indicação de Livresco

quinta-feira, 4 de julho de 2024

Governo prolonga de novo o prazo para realização de matrículas escolares

As últimas falhas do Portal de Matrículas “alheias às empresas OutSystems e Babel, que têm vindo a colaborar com o IGeFE”, estão na origem de um novo adiamento para a realização das matrículas escolares.

Em esclarecimento ao Diário de Notícias, o Ministério da Educação (ME) explica que “na sequência de falhas de comunicação por parte do IGeFE nas instruções às escolas para o carregamento de ofertas no âmbito do Ensino Artístico Especializado, o prazo será prorrogado até segunda-feira”.

“O adiamento do prazo serve para permitir que os alunos do Ensino Artístico Especializado e as suas famílias tenham mais tempo de realizar as matrículas de forma tranquila. Até ao momento foram registadas 2314 matrículas destes alunos”, esclarece o Governo. Segundo o ME, “até às 16.00 de hoje, foram registadas 87.073 matrículas ou renovações de matrículas”.

O ME adianta, contudo, que “as últimas falhas do Portal de Matrículas são alheias às empresas OutSystems e Babel, que têm vindo a colaborar com o IGeFE”.

Recorde-se que o Governo decidiu, a 26 de junho, prolongar o prazo para renovação de matrículas do 6.º, 7.º, 8.º, 9.º e 11.º anos. O prazo, que terminava na passada sexta-feira, foi estendido até dia 5 de julho e, agora, para o dia 8.

Ontem, em declarações aos jornalistas à margem da sessão de abertura do Encontro Ciência 2024 sob o tema “+Ciência para Uma Só Saúde e bem-estar global”, no Porto, Fernando Alexandre, titular da pasta da Educação lamentou as falhas que “prejudicam centenas de milhares de famílias”, afirmado que o ME estava a tentar ser resolver os constrangimentos com equipas a trabalhar 24 horas por dia.

Estes problemas com o Portal das Matrículas não é novo. O ano passado a plataforma também falhou. No seguimento desses constrangimentos, o anterior Governo adjudicou, em fevereiro de 2024, o desenvolvimento de uma nova plataforma às empresas OutSystems e Babel. Ambas iniciaram os trabalhos em março, altura em que foram detetados problemas com a plataforma.

A renovação de matrícula para o 7.º ano (mudança de ciclo) é obrigatória e para o 6.º, 8.º, 9.º e 11.º anos deverá ocorrer apenas nas seguintes situações: a mudança de estabelecimento de educação ou de ensino, a alteração do encarregado de educação; a mudança de curso ou de percurso formativo e a escolha de disciplinas.

Fonte: DN

segunda-feira, 1 de julho de 2024

50 anos após abril: DIVERSIDADE, EQUIDADE E INCLUSÃO

18 a 20 de julho 2024 | Escola Superior de Educação de Lisboa



Celebrar 50 anos de DEMOCRACIA, significa, sobretudo, celebrar o longo e sustentado caminho que percorremos para que, na Escola, haja lugar para TODAS as crianças e jovens, independentemente da sua condição social, de saúde, religiosa, cultural ou outra.
Celebrar 50 anos de DEMOCRACIA, significa compreender e aceitar a DIVERSIDADE como uma das componentes fundamentais das sociedades atuais, constituindo-se como a sua maior riqueza, profunda e comprovadamente, promotora de inovação e desenvolvimento em todas as suas dimensões, humana, científica, tecnológica, social, cultural...
Contudo, este é também o momento para refletirmos sobre este mesmo caminho, sobre o lugar e tempo em que nos encontramos e para onde queremos ir.
Que desafios a Escola vive e como se deve organizar para enfrentá-los.
Que professores somos e que professores desejamos ser.
Junte-se a nós nesta celebração e nesta reflexão!
Esperamos por si!