quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Sistema “incrato”

Mais um ano em que a colocação de professores não correu bem. Dizem que tudo começou com um erro num algoritmo, o que não deixa de ser uma ironia, tendo em conta que o Ministro da Educação é um académico reputado na área da Matemática.

Com os meios que hoje existem, não se compreende que a situação, em vez de melhorar, se agrave. É o aparelho (centralizado) do Estado no seu pior.

O erro está no sistema. Um sistema rígido, sem plasticidade, que mesmo com algum esforço no sentido da autonomia e responsabilização das escolas, continua a fazer recair toda a responsabilidade na estrutura central do ministério. A tentativa de maior autonomia na colocação de professores e a existência de “Territórios Educativos de Intervenção Prioritária” (oh! Eduquês!) foram submersas numa nova forma de centralização chamada curiosamente BCE, “Bolsa de Contratação de Escola” (oh! Eduquês, de novo!). Um sistema do agrado de forças sindicais que, obviamente, preferem todas as formas, directas ou indirectas, de centralização. Em suma, um sistema labiríntico e ingrato, agora também “incrato” que, por vias travessas, voltou a adicionar centralização ao que deveria ser o reforço de descentralização.

O certo é que o ministério cometeu erros, alterou situações profissionais e familiares como se tratasse de uma mera (des)ordenação de peças num computador, e no fim, pediu desculpa e ponto final. Um Estado que trata pessoas deste modo não se dá ao respeito.

Entretanto, um membro da equipa ministerial disse, há dias, na tv que os professores colocados por engano e agora postos de lado ou recolocados algures no mapa de Portugal, teriam a possibilidade de recorrer aos Tribunais (!) para defender as suas posições, posição de insensibilidade que o ministro tentou amaciar ao anunciar, no Parlamento, o estudo da criação de uma “comissão arbitral” para esse efeito.

No meio desta barafunda, os alunos e as famílias – para quem existe o sistema – esperam e desesperam. A verdadeira autonomia escolar e o papel dos pais e comunidades locais são só “para inglês ver”

António Bagão Félix

1 comentário:

anabelacampus disse...

Sim..e essa comissão arbitral, a existir, não passará de mais uma medida "tachista" para convidar os "afilhados" dos incompetentes que lá estão a terem um emprego onde não se faz nenhum e se ganham milhões. ... .